22/10/2006

Linguagem e corpo: a rapariga de azul.

Entrámos na Disco às 4h da manhã. Na verdade, a minha vontade não era muita, mas... em nome da amizade, fui solidário. Consumo mínimo, blá, blá, blá... passei pela pista de dança e estabeleci-me no balcão a mirar os corpos que se expressavam no centro daquele pequeno universo.
Varri a sala de lado a lado com o olhar e notei algumas expressões faciais de deleite nos meus parceiros de género, orientadas para um ponto atrás do pilar do lado oposto onde me encontrava. Fiquei curioso. Saí do meu posto, atravessei a pista de dança aos sobressaltos por entre corpos energicamente balanceados pelo ritmo da música e procurei pelo “epicentro” daquela atenção.
Logo, apenas vi grupos de pessoas em pleno acto de comunicação, contudo, havia algo que destoava dos restantes corpos, simplesmente, normais. Por momentos passei os olhos pelo chão cintilante, a luz era tão intensa que me ofuscou. Mas não, não era a luz das “psicadélicas”, era a luz de um corpo cuja profundidade das formas vulgarizava qualquer movimento efectuado naquela altura, naquele lugar. O “epicentro” daquele sismo de emoções era uma rapariga vestida de azul, um poder tremendo, um campo gravitacional fortíssimo que fixava a visão da maioria dos presentes, masculinos ou femininos.
Perguntei-me como seria possível um corpo mexer com tanto fenómeno fisiológico alheio sem fazer nada de mais, apenas por ser e estar. Na ânsia de responder a tal questão, dei por mim a vaguear em diferenças culturais, expressões corporais, processos psicológicos, genéticos... enfim, tanto raciocínio para nada. Enchi o peito de ar e decidi remeter a resposta a essa mesma questão para a “rainha da noite”.

No meu caminho, os meus passos soavam humildemente e eu ficava cada vez mais pequeno e dominado qual meteorito atraído por um planeta gigante. Quando estava a meio metro da rapariga, tremendo como varas verdes, tentei articular um “boa noite” tímido que não saiu. Inspirei fundo, a fim de baixar a frequência cardíaca, e disparei:

- Olá! Como consegues submeter tantos seres à tua presença sem fazeres algo de realmente importante para eles?

Soou-me a ridículo, absurdo e a estúpido. O que acabara de dizer? Ela olhou para o lado, bastante admirada e encolheu os ombros. Imediatamente, uma amiga aproximou-se e disse:

- Desculpa, mas a minha amiga Luísa é surda-muda, não percebeu o que disseste.
Recuei dois passos, completamente em choque e perfeitamente incapaz de saber o que fazer.
- Ah... ok! – murmurei, virando cobardemente as costas, e afastei-me.

Desde então que me questiono acerca da minha capacidade de comunicar. Porque não aprender linguagem gestual? Porque não tirar um curso de boas maneiras? Sim, porque a minha atitude naquela noite foi deplorável, vergonhosa e lastimável. Revelei-me um autêntico deficiente e detesto empregar esta palavra macabra. Deficiente em termos de atitude e em termos de comunicação. De que me serviu tirar um curso de Comunicação Social durante 5 anos? Afinal de contas, sou jornalista!

Resumindo, foi a noite mais marcante da minha vida. Experimentei n tipos de sensações (satisfação, admiração, receio, coragem, incapacidade, vergonha e pena), pus em causa o meu trabalho, a minha formação... o MEU CORPO, e o mais importante, aprendi que a palavra deficiente cabe apenas àqueles que agem como eu agi, porque os outros – surdos-mudos, cegos ou atrasados mentais – são planetas gigantes circulando num mundo onde somente alguns meteoritos acabam por se aproximar.

P.S. - O texto acima é pura ficção e resultou de um trabalho que realizei no 4º ano da faculdade para a cadeira de Epistemologia da Motricidade Humana.

14/10/2006

Sexta-feira, 13!

Ontem, sexta-feira - dia 13 de Outubro de 2006 - aconteceu algo que nunca me tinha acontecido. Depois de um dia extenuante de trabalho, furei o pneu dianteiro esquerdo do meu carro ao regressar a casa por volta das 21h15. Foi a cereja no topo de bolo no final de uma semana bem preenchida.

Eu que até não sou supersticioso, não pude deixar de pensar no "dia do azar". Nos 365 dias de 2006, tinha logo de ser na segunda, e última, sexta-feira 13 do ano!
Para quando um "dia da sorte"? Pode muito bem ser uma sexta-feira, a ver se a Marisa Cruz me "oferece" o prémio do Euromilhões...

05/10/2006

"O Primeiro Relvado"

O Governo apresentou esta semana a iniciativa "O Primeiro Relvado", que pretende dotar todos os municípios com, pelo menos, um campo sintético de Futebol. São cerca de 80 os municípios que ainda não dispõem de um, pelo que se justifica o investimento. De acordo com o Jornal Região-Sul, 75 por cento deste investimento será comparticipado por fundos nacionais e internacionais, e os restantes 25 por cento por fundos das autarquias com as candidaturas aprovadas.

Para quem anda no Desporto, mais concretamente no Futebol, sabe que o "campo pelado" sempre foi um constragimento a uma prática desportiva saudável e cativante. Digo-o por experiência própria, pois não raras foram as vezes em que, durante os 6 anos de camadas jovens, cheguei a casa todo esfolado. Por outro lado, para o Futebol em si, é extremamente positivo, visto que em termos desportivos visa uniformizar os terrenos de jogo que por cá temos, com todos os benefícios técnicos, tácticos e volitivos que tal acarreta.

Com esta medida, tiro o chapéu à secretaria de Estado do Desporto e ao Instituto do Desporto de Portugal. Muito bem!