30/10/2011

Caixinha de "futebol positivo"

O prof. Pedro Caixinha vai ser o próximo treinador do Clube Desportivo Nacional. Pessoalmente, fiquei bastante satisfeito pelo regresso ao ativo de um jovem treinador, competente na sua função e apologista do que designa por "futebol positivo".

A atitude e a postura de Pedro Caixinha foram sempre irrepreensíveis enquanto treinador principal da União Desportiva de Leiria. Ele e a sua equipa técnica, embora sem condições apropriadas para trabalhar em tal nível competitivo, procuraram criá-las durante a sua passagem por Leiria, o que foi devidamente recompensado pela direção de João Bartolomeu com um despedimento precoce à 3ª jornada. Entretanto, Vítor Pontes já seguiu o mesmo caminho, o algavio Manuel Cajuda foi eliminado da Taça de Portugal pelo Alcochetense e na Liga Zon Sagres o clube continua a carecer de pontos.

Agora, no Nacional da Madeira, Caixinha vai ter ao seu dispor outras condições e, convenhamos, um plantel recheado de bons jogadores, sobretudo no setor ofensivo. Lutar pelos lugares europeus não será uma tarefa fácil, pois a atual distância pontual assim o determina, contudo não é impossível. Se as suas ideias de "futebol positivo", privilegiando um estilo de jogo ofensivo assente numa circulação rápida da bola, forem convenientemente transmitidas (i.e., em termos de métodos de treino) e bem recebidas por jogadores como Luís Alberto, Diego Barcellos, Candeias, Mateus e Mário Rondon, creio que poderemos ver esta formação insular a subir na tabela classificativa, jogando um futebol atraente.

Esta é decerto uma grande oportunidade para o prof. Pedro abrir a "caixinha" do seu "futebol positivo". Os mendigos do bom futebol, como eu, devem estar atentos ao que poderá ser uma boa surpresa na presente edição da principal liga portuguesa.

Os meus votos de sucesso!

19/10/2011

Quando há pais assim, o que esperar do talento?

David Thiery Barreto tem dois anos e, segundo parece, o pai já lhe vaticina o estrelato como futebolista para 2030 (as contas já foram feitas). Esta criança brasileira, que se acredita possuir alguns dotes para a modalidade, está a ser amplamente promovida pelo seu pai, através do Youtube.

O que para muitos pode ser um espanto, para mim é um autêntico absurdo. O que observamos no vídeo é um ser humano, na sua primeira infância (a idade é comprovada pela desproporção entre o tamanho da cabeça e o resto do corpo), a se recriar com uma bola. Se é certo que executa muito melhor que a maioria das crianças desta idade, também entendo que em largos períodos do vídeo, nem está com atenção ao que lhe solicitam para fazer.

As expectativas já criadas em torno desta criança, rotulada como a melhor do mundo no futebol, são enormes. Imaginem a pressão com que vai ter de lidar quando falhar o primeiro passe ou o primeiro golo em situação de competição com miúdos da mesma idade. E quando outro, longe de ser o melhor do mundo, roubar a bola ao que já é o melhor do mundo? E quando, daqui por alguns anos, esta criança, então jovem, perceber que se calhar não é, nunca foi, nem nunca será o melhor, ou nem tão pouco será profissional de futebol? O seu pai está a gerar todas as circunstâncias para "assassinar" - literalmente - o futuro do filho. E não me refiro estritamente ao seu futuro no desporto.

Os encarregados de educação são, frequentemente, um valente obstáculo na formação de jovens talentos desportivos. Na minha perspectiva, devemos deixar as crianças/jovens crescer e aprender o jogo sem grandes pressões ou expectativas; quando chegarem aos Sub-17 (Juvenis) podemos compreender se, de facto, são ou não diferentes dos demais.

Até lá, há que deixar as crianças brincar, jogar e, acima de tudo, se divertir. O futuro no futebol mais cedo ou mais tarde se perceberá.