29/08/2013

O jovem no futebol de elite: talento e... oportunidade!

Não é novidade que entrar e singrar na elite do futebol nacional e/ou internacional não é um processo simples para o jovem futebolista. Após uma década (ou mais!) ultrapassando obstáculos na formação, lutando arduamente por sobreviver num contexto altamente exclusivo, possuir e manifestar talento não é suficiente. Raramente é suficiente para se afirmar na equipa principal. É preciso ter a sorte de privar com o treinador certo: a alma, quase caridosa, que arrisca o seu emprego para apostar na “prata da casa”. Aquele indivíduo que, conhecedor das qualidades e limitações do jovem, concede o indispensável: a oportunidade!

Não me interpretem mal. Oportunidade não é ser mais um no plantel e jogar 99 minutos/época; é efetivamente apostar, colocando-o a jogar regularmente, ainda que a utilização deva ser bem ponderada. Também não sou extremista e reclame 90 minutos/jogo. Agora, por exemplo, se uma equipa estiver a vencer 3-0 no seu estádio, porque não dar 20/25 minutos de jogo ao jovem talento? A equipa adversária iria dar a volta ao texto e vencer por 3-4? Acho bastante improvável. Este seria sim um bom contexto de… oportunidade.

Sobram os exemplos de jogadores talentosos que passam ao lado de carreiras promissoras, como consequência da falta da oportunidade. Dou por mim a refletir sobre isto. A pensar o porquê de o SL Benfica não ter portugueses na sua equipa inicial; o porquê de João Cancelo não ter oportunidade de jogar na equipa principal (talvez, porque o Maxi Pereira esteja a jogar muito bem); o porquê de Funes Mori ser contratado e o clube ter Nélson Oliveira, com os mesmos 22 anos, emprestado ao Rennes (a propósito, 3 golos em 3 jogos na Ligue 1 francesa); o porquê de termos equipas B na Liga 2 a “rodar” jogadores das equipas principais, ficando os jovens talentos no banco sem jogar (então, afinal, trata-se de um espaço de “rodagem” dos jogadores menos utilizados do plantel principal ou um espaço de “transição” da formação para o futebol sénior de alto rendimento?); o porquê de Josué nunca ter tido oportunidades prévias no seu clube de formação – FC Porto – e agora regressar, com evidente sucesso (i.e., titularidade e golos).

Foto: O jovem João Cancelo em ação pela equipa B do SL Benfica (fonte: www.google.pt). 

Pena é que o futebol não seja apenas isto mesmo: talento e… oportunidade. A oportunidade transforma-se frequentemente em oportunismo. Observe-se o reverso da medalha: o Sporting CP. Um clube que tenta rentabilizar desportivamente o investimento na formação e que, a atentar pelo começo da época 2013/2014, promete ser, novamente, bem sucedido. Mas há os empresários e os tutores e aquilo que move o mundo, o dinheiro. O caso Bruma é um claro exemplo de quando a oportunidade é desperdiçada em prol do oportunismo. Depois do Mundial Sub-20, na Turquia, o jovem jogador tinha tudo para vingar no clube de Alvalade. Faria parte do plantel principal e estou convicto de que seria opção regular de Leonardo Jardim. Supondo que não iria ganhar balúrdios, teria a oportunidade de continuar a ser seguido pelos colossos europeus e, não menos importante, a oportunidade (insisto!) de se afirmar no futebol sénior de alto rendimento. Os Euros por ele pretendidos (ou pelo empresário, ou pelo advogado) viriam como consequência do seu trabalho, do seu talento, mas a oportunidade estava lá. Dizem que foi “mal aconselhado”; infelizmente, parece-me óbvio que sim.

Este é o meu ponto de vista. Em Portugal escasseiam as oportunidades para os jovens portugueses passarem de “futebolistas promissores” a “verdadeiros craques”. Salvo raras exceções (algumas anteriormente mencionadas), a política dos clubes ainda não passa por rentabilizar (desportivamente) o investimento feito na formação e nas academias. Um erro de gestão que só pode ser explicado pela tentativa de rentabilização financeira dos clubes por outros meios, menos dados ao futebol.

Se há formação, se há talento… só falta a oportunidade. Quem ficará a perder? 

21/08/2013

Ser Espiritual: Da evidência à ciência (2013)

Ser espiritual: Da evidência à ciência”, da editora Gradiva, é a mais recente obra do médico e empresário sexagenário Luís Portela.

Imagem: Capa do livro Ser Espiritual (fonte: www.gradiva.pt).

Não somos apenas seres materiais ou físicos; também somos energia e há quem diga que essa energia nos torna seres espirituais. Estamos longe de atingirmos o conhecimento absoluto e, geralmente, aquilo que nos está oculto gera ceticismos, medos e descrenças. Neste livro, Luís Portela socorre-se da ciência e de evidências produzidas em áreas como a parapsicologia e a psicofisiologia para nos elucidar acerca de diversas temáticas da nossa vida, da nossa existência, num domínio espiritual. Para os curiosos, para os céticos, ou para os interessados no assunto, trata-se de uma obra bem escrita, coerente e que, no mínimo, nos permite ter uma perspetiva diferente daquela que a sociedade vigente nos oferece. Aqui ficam algumas breves passagens:

Ambos afirmam que o mal que fazemos aos outros há de vir bater-nos à porta – como um efeito bumerangue – e que o bem que fazemos nos é proveitoso. Assim, no presente, estamos a construir o nosso futuro, que irá ser tanto melhor quanto mais nos esforçarmos para sintonizar com as referidas Leis Universais. (…) Perante esta conceção, o acaso não existe. Tudo tem uma razão de ser, embora por vezes nos seja muito difícil descortinar as causas remotas das situações que vivemos.” (p. 32)

Alguns autores foram admitindo diferentes dimensões de consciência e outros chegaram a falar em dupla consciência: uma abarcaria apenas os dados memorizáveis a nível cerebral; a segunda, que permaneceria para lá da morte física, assumiria a dimensão universal, eventualmente limitada ao nível evolutivo próprio. A diferença entre as duas resultaria na desmemorização verificada por altura do nascimento, esquecendo a experiência passada e atuando de acordo com as limitações físicas.” (p. 36-37)

Grande parte da Humanidade admite pela fé a vida além da morte física, defendendo algumas correntes a possibilidade do regresso da alma a um outro corpo físico, que venha a nascer posteriormente. Nas últimas décadas, o tema das vidas sucessivas tem sido bastante tratado. O que não tem merecido ainda muita atenção é o que se passará no intervalo entre duas vidas físicas (Newton, 1995).” (p. 61)

Embora não demonstradas cientificamente, estas conjeturas fazem algum sentido. Será irrealista tomá-las como a verdade definitiva, mas também será desaconselhável ignorá-las ou menosprezá-las. Pelo contrário, deverão ser tidas em consideração, estudadas e aprofundadas, de forma a que a Humanidade aproveite todas as suas potencialidades e se enquadre melhor na realidade universal.” (p. 62)

Nada existe que não tenha existido primeiro como simples pensamento. A energia de um qualquer pensamento pode, aliada à energia de concretização, transformar o mundo.” (p. 132)