23/11/2021

Artigo do mês #23 – novembro 2021 | Compreendendo a presença de fadiga mental no futebol feminino de elite

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto.

 

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Autores: Thompson, C. J., Smith, A., Coutts, A. J., Skorski, S., Datson, N., Smith, M. R., & Meyer, T.

País: Alemanha

Data de publicação: 15-outubro-2021

Título: Understanding the presence of mental fatigue in elite female football

Revista: Research Quarterly for Exercise and Sport

Referência: Thompson, C. J., Smith, A., Coutts, A. J., Skorski, S., Datson, N., Smith, M. R., & Meyer, T. (2021). Understanding the presence of mental fatigue in elite female football. Research Quarterly for Exercise and Sport. https://doi.org/10.1080/02701367.2021.1873224

 

 

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 23 – novembro de 2021.

 

Apresentação do problema

No futebol feminino de elite, as exigências físicas do jogo (i.e., distância total de corrida, volume de corrida de alta intensidade, número de sprints) são bem conhecidas (Bradley et al., 2010; Dalton et al., 2017), porém, as exigências do foro mental permanecem por revelar, não existindo ainda evidências experimentais. A fadiga mental é um estado psicobiológico, caracterizado por sentimentos de cansaço e de falta de energia e é induzido por períodos prolongados de atividades cognitivas exigentes (Boksem et al., 2005; Loris et al., 2005). Coutts (2016) sugeriu que a fadiga mental é experienciada por jogadores de elite mediante pressões efetuadas pela equipa técnica, pelos adeptos, pela comunicação social e pelos patrocinadores. Também é provável que os jogadores estejam sujeitos a fadiga mental durante os jogos, muito devido à necessidade de se manterem vigilantes e de se adaptarem às ações dos adversários e às opções estratégico-táticas do próprio treinador. 

A verdade é que a evidência existente em torno da presença de fadiga mental no futebol feminino de elite é limitada, em primeira instância, pela falta de representatividade do género feminino na literatura (figura 2). No global, apenas seis estudos examinaram os efeitos da fadiga mental na performance específica do futebol (ver revisão de Smith, Thompson et al., 2018), todos envolvendo futebolistas masculinos de nível recreativo ou pertencentes a escalões de formação. Por exemplo, no âmbito de jogos reduzidos/condicionados, a fadiga mental proporcionou efeitos pouco claros na performance física (Coutinho et al., 2017), efeitos negativos na performance técnica (Badin et al., 2016), em conjugação com decréscimos na performance tática, devido à diminuição da dispersão da equipa e da coordenação interpessoal (Coutinho et al., 2018). Contudo, seria interessante entender as causas da fadiga mental na vida real, já que as tarefas utilizadas para induzir a fadiga mental acarretam pouca validade ecológica em contextos específicos de futebol (Carling et al., 2018; Thompson et al., 2018).

 

Figura 2. O futebol feminino de elite e a fadiga mental: um tema por aprofundar (fonte: npr.org; foto não publicada pelos autores).

 

A fim de compreender as exigências cognitivas da vida real de atletas de elite, os estudos mais recentes têm recorrido a grupos de foco e inquéritos. Uma investigação com grupos de foco compostos por atletas de elite (n = 17) e treinadores (n = 15), abrangendo oito desportos profissionais (predominantemente, netball, râguebi e cricket), culminou com diversas perceções da fadiga mental (Russell et al., 2019): (1) associação a alterações de comportamento (i.e., descomprometimento, desmotivação e falta de entusiasmo); (2) reduções na concentração, na disciplina e na atenção aos detalhes; (3) deveres para com a comunicação social, tarefas repetitivas e pensamentos sobre o desporto em questão. Por outro lado, num outro estudo com jogadores de futebol de uma academia de elite em Inglaterra (n = 256; dos Sub-14 aos Sub-23), a fadiga mental não foi percebida como prejudicial para a performance (Thompson et al., 2020). 

Assim, havendo pouco entendimento das causas reais das exigências psicológicas do futebol de elite e nenhuma representação do género feminino na literatura, o objetivo do estudo foi usar grupos de foco compostos por jogadoras de futebol de elite, de modo a explorar os tipos de atividade que resultam em fadiga mental no futebol feminino de nível internacional. As informações obtidas neste trabalho podem contribuir para o desenvolvimento de tarefas mais ecológicas para induzir fadiga mental em investigações experimentais futuras sobre os efeitos da fadiga mental no desempenho no futebol, bem como orientar os profissionais do treino para a identificação das causas da fadiga mental e para a otimização de estados psicobiológicos nocivos, aquando da sua presença.

 

Métodos

Participantes: foram recrutadas para o estudo 10 jogadoras de futebol de elite (idade: 27.1 ± 4.8 anos), todas representando a mesma seleção nacional (total de 411 internacionalizações). As jogadoras pertenciam a diversos clubes das principais ligas domésticas europeias. Além disso, todas acumulavam a prática de futebol com compromissos académicos, profissionais (part-time ou tempo inteiro) ou uma combinação de ambos. 

Procedimentos: as jogadoras foram devidamente informadas do propósito e do âmbito do estudo, tendo facultado o respetivo consentimento informado. Dadas as características da amostra, as participantes foram informadas que a confidencialidade não poderia ser sempre garantida, mas que os respetivos nomes, equipas, estádios e competições seriam removidos de eventuais dados publicados, por forma a aumentar o grau de anonimato. Após terem sido fornecidas cópias da transcrição dos grupos de foco e dos documentos posteriormente codificados a todas as participantes, foi obtida permissão para a publicação dos dados. 

Funcionamento dos grupos de foco: foram constituídos dois grupos de foco (2x5 jogadoras), cada qual tendo a duração de aproximadamente 60 minutos, de maneira a permitir que as participantes se envolvessem numa discussão aberta e partilhassem as suas opiniões num ambiente confortável (Smith et al., 1995). Como linha de orientação, foi pré-preparada uma lista de questões e criadas frases pertinentes para cumprir os propósitos do estudo. Para cada tópico, foi inicialmente apresentado um artigo de jornal/revista sobre o assunto, no sentido de facilitar a discussão e despersonalizar a questão e as potenciais respostas. Os grupos de foco consistiram numa fase introdutória e, posteriormente, num debate em torno de 5 tópicos, com a realização de outras questões mais específicas para recolher informação adicional. Os tópicos selecionados foram: (1) perceção sobre as exigências das viagens; (2) relação entre períodos concentrados de jogos e fadiga mental; (3) opinião do grupo sobre um artigo de revista relativo à potencial “paralisia de análise” ao receber grande quantidade de informação tática dos treinadores; (4) rotina das jogadoras antes do jogo; (5) análise de uma citação de um treinador de futebol de elite, num artigo de jornal, relativa à pressão mental associada com o resultado do jogo.

 

Figura 3. Grupo de foco: discussão aberta e partilha de opiniões sobre uma temática, num ambiente aprazível (fonte: adso.pt; foto não publicada pelos autores).

 

Análise dos dados: as entrevistas gravadas foram literalmente transcritas. Em seguida, as transcrições foram lidas várias vezes pelo primeiro e pelo segundo autores para aumentar a familiaridade com os dados, que foram, subsequentemente, analisados indutiva e tematicamente pelo principal autor. Através da leitura das transcrições foram gerados códigos iniciais associados a temas ou ideias comuns que surgiam em segmentos, ou elementos, dos dados em bruto. Os códigos similares (i.e., citações/temas) identificados ao longos das transcrições foram extraídos e agrupados para desenvolver temas de ordem superior. Estes temas de ordem superior foram, finalmente, categorizados em temas singulares que deram origem aos resultados do estudo.

 

Principais resultados

Os resultados do estudo foram divididos em 5 subsecções: fadiga de viagem, incapacidade para desligar do futebol, perceção das reuniões de equipa, pressão interna para ter sucesso e redução da fadiga mental pré-jogo.

 

·      Fadiga de viagem

A fadiga ocasionada pelas viagens foi citada pelos diversos elementos do plantel, com o grau de perceção de fadiga a aumentar em função das distâncias percorridas.

           

Participante 8: (…) então, quando chegas a casa na sexta-feira, tu sabes que te vais sentar e tomar o teu jantar, mas, depois, estás de pé outra vez no dia seguinte e a viajar, ficando fora o fim de semana inteiro. (…) às vezes, tu sabes a sorte de um sorteio se tiveres que viajar para um lugar distante e que pode ser mentalmente exaustivo, sim.

 

Viajar também teve um efeito adicional na prontidão percebida para treinar e na performance.

 

Participante 1: (…) por vezes há situações em que não chegas lá antes das 2 horas da manhã, depois pedem para te levantares à hora habitual, mesmo que o fuso horário tenha mudado, tu sabes, nós ainda nos estamos a habituar ao fuso horário deles. Nós levantamo-nos às 9 horas e treinamos talvez às 11 ou às 12 horas desse dia, portanto, é tal como as raparigas estão a dizer aí, acerca de estarem fatigadas mentalmente e, também, fisicamente.

 

·      Incapacidade para desligar do futebol

O impacto do jogo, por si, recebeu pouca atenção nos grupos de foco, provavelmente devido às participantes estarem expostas a um calendário competitivo mais desanuviado em comparação com o que sucede no futebol masculino. Contudo, as participantes aludiram frequentemente à elevada exposição a atividades relacionadas com o futebol a que estão sujeitas.

 

Participante 9: Sim, eu apenas penso que tudo o que faço é futebol. Quando vou para casa, o meu pai tem o futebol a dar e, de repente “como foi o teu jogo?” e é tipo “fo****”. [risos] (…) depois vais para as redes sociais e tudo, tudo o que verás é futebol, a WSL (Women’s Super League), tu sabes, é tudo futebol. É… não te consegues afastar disto, não me interpretem mal (…).

 

A necessidade de uma pausa também foi levantada.

 

Participante 2: Nós não temos, de facto, uma pausa, especialmente durante o período competitivo. Temos alguns dias de folga no período do Natal, mas tirando isso, é constante.

 

Participante 3: Embora o corpo também precise fisicamente disso, mentalmente tu precisas mesmo de fazer uma pausa.

 

·      Fadiga experienciada nas reuniões de equipa

Um ponto-chave frequentemente falado nos grupos de foco foi a longa (e desnecessária) duração das reuniões de equipa, no intuito de preparar jogos internacionais futuros. As participantes indicaram que uma reunião de equipa poderia durar cerca de duas horas.

 

Participante 6: Mas é constante, apenas raso e incide sobre o mesmo assunto, uma e outra vez, mata-me, drena a vida que há em mim.

 

A fim de melhorar as reuniões de equipa, foram recomendadas reuniões mais curtas e com informação mais concisa.

 

Participante 8: Não há necessidade para termos reuniões tão prolongadas, tipo apenas precisa de ter, no máximo, 20–30 minutos.

 

A palestra ao intervalo também foi referida como um aspeto crítico.

 

Participante 1: Pessoalmente, às vezes, eu sei que não é antes do início do jogo, mas durante o intervalo, se um treinador entra e fala todo o período de 15 minutos, eu acho que é realmente exaustivo.

 

As participantes partilharam algumas histórias de palestras eficazes ao intervalo que tiveram nos respetivos clubes.

 

Participante 2: O que eu gosto, tipo no nosso, no nosso clube, é que quando entramos no balneário ao intervalo, o nosso treinador fica em segundo plano e dá-um minuto (…) para falarmos entre nós e tomarmos as nossas bebidas e os nossos snacks (…).

 

·      Pressão interna para ter sucesso

As jogadoras citaram usualmente a existência de pressão dentro da sua equipa para obter êxito, o que influenciou negativamente a sua perceção de performance.

 

Participante 10: Eu penso que a pior coisa é quando tu sabes que fizeste algo de errado e tu ouves da linha lateral que falhaste, e tu ficas tipo: eu sei, fui eu que o fiz, não preciso que alguém grite para mim a dizer que fiz asneira.

 

A pressão para ser bem-sucedida pareceu ter um impacto mais negativo nas jogadoras mais jovens e inexperientes.

 

Participante 7: E as coisas que têm sido ditas ao longo dos anos. Se não fôssemos mentalmente fortes, há raparigas que não foram e nunca mais voltaram [à seleção].

 

Participante 8: Tantas jogadoras talentosas que apenas afastaram-se porque não conseguiram aguentar. Não foram capazes de passar por aquilo novamente, não lidaram com a pressão, e tu sabes, não é justo, pois não?

 

Aparentemente, há diferenças entre os contextos internacional e doméstico.

 

Participante 2: Tu claramente sentes-te uma jogadora mais confiante ao nível dos clubes, eu diria. (…) É que nem se compara a nível internacional, de todo.

 

·      Atividade pré-jogo (redução da fadiga mental)

De acordo com as participantes, a música desempenha um papel importante na preparação para o jogo. Em primeiro lugar, atua como fator de relaxamento nas horas que precedem a partida.

 

Participante 2: Mas, em termos de jogos internacionais, também é porreiro, tu sabes quando tens algum tempo durante o dia, deitas-te, relaxas e ouves a tua música, estar apenas deitado na tua cama e, sim, teres alguma paz por momentos.

 

Em segundo lugar, a música atua como fator motivacional mais perto do pontapé de saída.

 

Participante 6: No balneário, música ligada, preparando para o aquecimento e depois sair para aquecer.

 

Aplicações práticas

Uma vez que viagens internacionais (10–18 horas) tendem a promover decréscimos significativos na quantidade e na qualidade do sono, os/as jogadores(as) podem beneficiar de medidas educativas e de suporte à higiene do sono: rotinas bem estabelecidas, luz apropriada, evitar cafeína e tecnologias com emissão de luz e estratégias de relaxação. 

Treinadores, jogadores, professores e pais devem interagir, de forma adaptativa, para produzir um ambiente de aprendizagem ótimo e que contribua para o desenvolvimento do talento. Alguns exemplos passam por conselhos e orientação sobre o desporto praticado (e.g., desenvolvimento de qualidades psicológicas), adoção de expectativas realistas e papel de gestão de tensões. Adicionalmente, “desligar” do desporto, através de dias de folga, já se mostrou ser uma estratégia efetiva para promover a recuperação física e cognitiva (Balk et al., 2019, 2017). 

A informação recebida nas reuniões de equipa foi frequentemente caracterizada como irrelevante e repetitiva, gerando sentimentos de apatia e de cansaço físico e mental. Os treinadores devem, por isso, implementar abordagens mais concisas, livres de redundâncias e que fomentem a concentração dos(as) jogadores(as) para aspetos-chave. 

A mixórdia de efeitos da música é evidente na literatura sobre futebol feminino. Previamente, foi demonstrado que a utilização de música no aquecimento teve um impacto positivo na capacidade de sprints repetidos em jogadoras de futebol (Tounsi et al., 2019), contudo, não pareceu influenciar a corrida específica da modalidade e a frequência cardíaca ou a perceção subjetiva de esforço (Young et al., 2019). Por sua vez, a música aparenta ter o condão de inspirar, motivar e ampliar a perceção da performance na tarefa. Nas atividades pré-jogo, a introdução de música numa rotina orientada (e.g., música, aquecimento, palestra e entrada em campo) não parece produzir fadiga mental e pode até estimular estados psicológicos positivos passíveis de serem transferidos para a competição. 

Os grupos de foco reportaram um uso excessivo de feedbacks explícitos durante os jogos, o que parece comprometer os níveis de concentração e a liberdade de pensamento. Os(As) jogadores(as) de elite têm uma elevada propensão para beneficiar de instruções implícitas (e.g., “analisa o espaço envolvente antes de receberes a bola”), que lhes permitam identificar pistas contextuais e solucionar situações-problema em jogo. De resto, já foi anteriormente comprovado que este tipo de abordagem fomenta o aperfeiçoamento de competências percetivo-cognitivas (Farrow & Abernethy, 2002).

 

Conclusão

Este estudo forneceu novas evidências relacionadas com a experienciação de fadiga mental por jogadoras de futebol de elite, em situações da vida real. Algumas jogadoras sentiram-se desconfortáveis de saírem constantemente da sua rotina diária e absorvidas pela exposição permanente a atividades relativas ao futebol. Ademais, houve a perceção genérica de que as reuniões de equipa são desnecessariamente longas e ocasionam frustração e apatia. Deste modo, os profissionais do treino devem equacionar alterações às tarefas propostas nos estágios (i.e., tempo, conteúdo e duração das reuniões de equipa) e à forma como comunicam em treino e em jogo (mais instruções implícitas), tendo o cuidado de, se possível, conceder algum tempo livre para as jogadoras.

 

P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rúbrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Research Quarterly for Exercise and Sport.

03/11/2021

Capítulo no livro recém-publicado “Home Advantage in Sport” (2022) | O efeito da vantagem de jogar em casa em níveis de prática mais baixos

Na passada quinta-feira, dia 28 de outubro de 2021, a editora Routledge lançou a primeira edição do livro “Home Advantage in Sport: Causes and the Effect on Performance” (figura 1), editado pelos professores Miguel Á. Gómez-Ruano, Richard Pollard e Carlos Lago-Peñas.

 

Figura 1. Flyer do livro “Home Advantage in Sport: Causes and the Effect on Performance” (Routledge, 2022).

 

Conforme consta na descrição da obra, este é o primeiro livro que explora o conceito da vantagem de jogar em casa (“home advantage”), o reconhecido efeito positivo que os atletas e as equipas experienciam ao atuar em “casa” (i.e., no seu próprio, estádio, arena, quadra, court, campo, pista, polidesportivo, etc.) e que tem sido observado em todos os desportos, pelo mundo fora. Embora a existência do “home advantage” remonte às origens do desporto organizado, em meados do século XIX, as suas principais causas, e o modo como operam e interagem entre elas, ainda não foram totalmente clarificados. Por isso, este é um tópico de intensa investigação, envolvendo várias disciplinas e que tem o potencial objetivo de melhorar o desempenho individual e coletivo. 

Além dos 3 editores, a obra contou com o contributo de 44 autores, afiliados em instituições do ensino superior e/ou centros de investigação de 11 países diferentes (Alemanha, Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, França, Inglaterra, Israel, Itália, Países Baixos e Portugal). Os diversos temas analisados foram distribuídos por 3 secções: 1) Teoria da vantagem de jogar em casa no desporto (capítulos 1 a 8); 2) Efeitos da vantagem de jogar em casa no desporto (capítulos 9 a 16); 3) Vantagem de jogar em casa aplicada a desportos específicos (capítulos 17 a 32). 

A convite do colega Werlayne Leite (Secretarias de Educação do Estado do Ceará e de Fortaleza, Brasil), estive envolvido na redação do capítulo 16: “Home Advantage Effect at Lower Levels of Play” (figura 2).

 

Figura 2. Título e autores do capítulo 16 do livro “Home Advantage in Sport: Causes and the Effect on Performance”.

 

A revisão efetuada permitiu-nos concluir que o “home advantage” é um fenómeno robusto na maioria dos desportos e está presente em todos os níveis de prática/competitivos. No desporto infantojuvenil, a vantagem de jogar em casa tende a ser menor em relação ao desporto profissional, ainda que a magnitude aumente à medida que os atletas/jogadores envelhecem, o que sugere a existência de um processo de aprendizagem. Em termos académicos, enquanto no desporto universitário a vantagem de jogar em casa é, na generalidade, superior ao que sucede no desporto profissional, no ensino secundário a magnitude tende a ser inferior comparativamente aos desportos praticados a nível universitário e profissional. Considerando os estudos analisados em diversos desportos, a comparação dos níveis amador e semiprofissional com o nível profissional não produziu resultados consistentes. 

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