27/04/2024

Artigo do mês #52 – abril 2024 | Influência da nova regra de substituições nos Campeonatos Mundiais e Europeus de futebol, masculinos e femininos, na última década

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto. 

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Autores: Wei, X., Shu, Y., Liu, J., Chmura, P., Randers, M. B., & Krustrup, P.

País: China

Data de publicação: 12-fevereiro-2024

Título: Analysing substitutions in recent World Cups and European Championships in male and female elite football – influence of new substitution rules

Referência: Wei, X., Shu, Y., Liu, J., Chmura, P., Randers, M. B., & Krustrup, P. (2024). Analysing substitutions in recent World Cups and European Championships in male and female elite football – influence of new substitution rules. Biology of Sport, 41(3), 267–274. https://doi.org/10.1080/02640414.2024.2309814

  

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 52 – abril de 2024.

 

Apresentação do problema

Uma das adaptações estratégico-táticas mais comuns feitas pelos treinadores de futebol durante os jogos passa pela realização de substituições, que podem ser utilizadas para modificar o dispositivo tático, promover mudanças no estilo de jogo da equipa ou manter níveis elevados de performance física, de modo a alcançar as intenções da equipa técnica (Siegle & Lames, 2012; Reilly et al., 2008). Na realidade, a competência dos substitutos é frequentemente considerada como um indicador de qualidade de uma equipa (Gómez et al., 2016; Hills et al., 2018). Em 2020, a Fédération Internationale de Football Association (FIFA) adotou a regra das 5 substituições para salvaguardar a condição física e a saúde dos jogadores de elite durante e após a pandemia de COVID-19, e essa regra tem sido mantida desde então. Com base nesta mudança de regra e no aumento da intensidade dos jogos de futebol (Barnes et al., 2014; Ekstrand et al., 2022), Nassis e colegas (2020, 2022) previram que os substitutos se tornariam ainda mais importantes no futebol do futuro, pelo que os treinadores devem ter esse fator em consideração. Neste contexto, é essencial estudar as características das substituições no futebol moderno. 

Através da análise de movimento-tempo, Bradley et al. (2014) e Carling et al. (2009) constataram que os substitutos correm mais em alta intensidade, tanto em termos de corrida acumulada, como em períodos de pico de intensidade. A nível situacional, Janusiak et al. (2024) verificaram que a diferença na distância de sprint entre titulares e substitutos foi maior no final do jogo, entre os 90 e os 95 minutos. Apesar de os substitutos entrarem em campo com intensidades de corrida mais elevadas, a carga física acumulada tende a ser consideravelmente menor do que a dos titulares devido ao menor tempo de exposição ao esforço (Gualtieri et al., 2020; Sydney et al., 2023). Mais recentemente, a investigação tem demonstrado que, sob a nova regra das 5 substituições, as equipas têm um aumento geral no desempenho de corrida, reduzindo, porém, a carga física global e a perceção subjetiva de esforço (Kobal et al., 2022; López-Valenciano et al., 2023; Meyer & Klatt, 2023). Este aspeto é particularmente importante em períodos congestionados de jogos (Tønnessen et al., 2013), enfatizando a importância de se executar múltiplas substituições (figura 2).

 

Figura 2. Múltiplas substituições sob a nova regra que estabelece um máximo de 5 por jogo (fonte: https://www.express.co.uk/) (imagem não publicada pelos autores).

 

Mediante a caracterização estratégico-tática das substituições, Del Corral et al. (2008) e Bradley et al. (2014) identificaram que, na LaLiga e na Premier League, as substituições ocorrem principalmente na segunda parte do jogo e mais frequentemente envolvendo médios. Os resultados mostraram ainda que as substituições na LaLiga ocorrem mais cedo do que na Premier League, e que os defensores são substituídos mais tarde em comparação com os atacantes (Del Corral et al., 2008). Especificamente, o tempo médio de jogo para os substitutos nas equipas da Ligue 1 francesa foi de 23 a 25 minutos (Carling et al., 2010), o que significa que as substituições ocorrem, em média, por volta dos 70 minutos. Além disso, os investigadores comprovaram que as equipas em desvantagem no marcador fazem substituições mais cedo no jogo por motivos estratégicos (Del Corral et al., 2008; Myers, 2012), apresentando maiores probabilidades de alterar o resultado ao realizar as 3 substituições antes dos minutos 58, 73 e 79, respetivamente (Myers, 2012). As substituições tardias são, por vezes, efetuadas para colocar em campo jogadores para os desempates por grandes penalidades, havendo alguma evidência que suporta esta prática (McGarry & Franks, 2000). 

No futebol masculino e feminino, os/as jogadores/as possuem diferentes capacidades e performances físicas (Sonesson et al., 2022; Pappalardo et al., 2021), sendo que as futebolistas tendem a experienciar fadiga mais cedo no jogo, comparativamente com os homens (Krustrup et al., 2005, 2010). Assim, os treinadores podem adotar estratégias de substituição distintas consoante o sexo dos jogadores. Até ao momento, não foi estudada a existência de diferenças entre o timing, o número ou a importância das substituições no futebol de elite masculino e feminino. No entanto, dados recentes sugerem que o futebol masculino é caracterizado por mais corridas de alta intensidade sob a regra de 5 substituições, o mesmo não se verificando no futebol feminino (Ayabe et al., 2022; López-Valenciano et al., 2023; Kobal et al., 2022). Por outro lado, os jogos em torneios internacionais tendem a ser fisicamente mais exigentes, também devido ao calendário mais congestionado (Modric et al., 2023). Neste caso, uma boa rotatividade do plantel é fundamental para o desempenho global da equipa, especialmente para os jogadores mais sobrecarregados (Kołodziejczyk et al., 2021). Portanto, justifica-se que seja realizada uma investigação específica sobre substituições em torneios internacionais. 

Assim, os objetivos deste estudo foram analisar as características das substituições e da marcação de golos nos Mundiais e Europeus de futebol masculino e feminino nos últimos 10 anos, em relação a diferentes regras, sexos, fases, torneios, tempo de jogo regular e desempates por grandes penalidades.

 

Métodos

Amostra: foram analisados um total de 549 jogos e 3738 substituições englobando os Campeonatos do Mundo da FIFA femininos de 2015, 2019 e 2023, os Campeonatos do Mundo da FIFA masculinos de 2014, 2018 e 2022, os Campeonatos Europeus da UEFA femininos de 2013, 2017 e 2022, bem como os Campeonatos Europeus da UEFA masculinos de 2016 e 2020. A regra das 5 substituições foi aplicada em 39,1% e 37,3% do total de partidas examinadas para homens e mulheres, respetivamente. Os dados foram recolhidos dos sites oficiais da FIFA (www.fifa.com) e da UEFA (www.uefa.com) e transferidos para um ficheiro Excel. 

Procedimentos: os dados dos substitutos (i.e., suplentes utilizados) para os diferentes resultados dos jogos (vitória, empate e derrota), fases (grupos e a eliminar), sexos (masculino e feminino) e regras de substituição (3 e 5) foram comparados e analisados separadamente. O tempo médio de substituição foi calculado como a soma total dos tempos de substituição para todos os substitutos dividida pelo número total de substituições. O tempo da primeira substituição foi registado quando o primeiro substituto entrou em campo. Ao comparar o tempo médio das substituições e o número médio de minutos de jogo para os substitutos, os dados dos prolongamentos (tempos extra) foram excluídos para evitar confusão (Liu et al., 2015, 2020). No entanto, os golos dos substitutos no tempo extra foram incluídos na caracterização dos golos. Adicionalmente, o resultado após o tempo de jogo regulamentar foi utilizado como o resultado do jogo. Os golos dos substitutos foram ainda categorizados como golos com ou sem impacto no resultado final, em função de o resultado do jogo ter ou não mudado com o golo do jogador que substituiu um companheiro de equipa. Relativamente aos jogos com prolongamento, os dados estatísticos foram apenas considerados no que se refere à participação dos substitutos no desempate por grandes penalidades. 

Análise estatística: os dados foram analisados através do software SPSS 26.0 (IBM, Chicago, EUA). A normalidade foi verificada através de testes de Kolmogorov-Smirnov. Os dados foram apresentados como médias e desvios padrão. As diferenças de tempo e número de substituições entre os diferentes resultados, sexos, fases, regras, impacto no jogo e torneios foram dissecadas mediante os testes não paramétricos U de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, com comparações post hoc de Dunn. Os testes de qui-quadrado foram aplicados para analisar diferenças nas proporções de golos entre suplentes utilizados e titulares, bem como entre homens e mulheres. O nível de significância foi estabelecido em p < 0,05.

 

Principais resultados

 

·     Tempo médio das substituições

O tempo médio das substituições foi significativamente superior com a regra das 5 substituições, comparativamente à regra das 3 substituições (70,6 vs. 69,2 minutos). Contudo, não foram encontradas diferenças significativas entre sexos, fases e torneios.

 

·     Tempo da primeira substituição

Não foram detetadas diferenças significativas no tempo da primeira substituição para as variáveis sexo, regras e torneios. Apesar disso, o tempo da primeira substituição foi significativamente diferente entre as fases dos torneios, ocorrendo mais tarde na fase a eliminar (59,8 minutos) face à fase de grupos (57,2 minutos).

 

·     Número de substituições

Com a inclusão da regra das 5 substituições foram realizadas mais 48% de trocas de jogadores em competição (4,3 vs. 2,9). No futebol masculino também houve mais substituições comparativamente ao futebol feminino (3,5 vs. 3,2), embora não tenham sido observadas diferenças significativas entre as diferentes fases dos torneios e entre os torneios analisados.

 

·     Características das substituições em relação ao resultado do jogo

Considerando o resultado do jogo, foi verificada uma diferença significativa no tempo da primeira substituição (figura 3), com as equipas vencedoras e as que empataram a fazerem a primeira substituição mais tarde em comparação com as equipas derrotadas (59,3 e 60,2 vs. 55,3 minutos, respetivamente). Quanto ao número de substituições, os testes estatísticos não revelaram diferenças significativas em função dos resultados dos jogos.

 

Figura 3. Caracterização das substituições em relação ao resultado do jogo (Wei et al., 2024).

 

·     Comparação dos golos marcados por titulares e substitutos

A percentagem de golos marcados por suplentes nos Campeonatos Europeus e Mundiais dos últimos 10 anos foi de 13,4%, não sendo observadas diferenças significativas entre sexos (masculino: 14,8% vs. feminino: 11,7%), regras de 5 e 3 substituições (14,7% vs. 12,5%, respetivamente), fases do torneio (13,5% vs. 13,0%) e torneios (13,2% vs. 13,6%). A taxa de sucesso dos jogadores suplentes em desempates por grandes penalidades foi significativamente menor comparativamente aos jogadores titulares (61,4% vs. 73,9%, respetivamente). 

Não houve diferenças significativas entre o futebol masculino e feminino ao nível da contribuição para golos por parte de suplentes em função de diferentes fases dos torneios, regras e impacto no jogo (figura 4). Porém, identificou-se uma tendência para mais golos marcados por suplentes no futebol masculino durante as fases a eliminar (31,0% vs. 19,0%), com uma tendência para um impacto maior nos resultados (54,0% vs. 41,3%), em comparação com o futebol feminino.

 

Figura 4. Distribuição de golos entre jogadores titulares e substitutos durante os Campeonatos do Mundo e Europeus de 2013 a 2023, no futebol masculino e feminino (Wei et al., 2024).

 

Os suplentes que marcaram golo entraram em campo mais tarde nos jogos masculinos do que nos jogos femininos (66,3 vs. 60,3 minutos), e durante a fase a eliminar em comparação com a fase de grupos (61,4 vs. 71,9), enquanto não houve diferenças entre regras, torneios e impacto no resultado do jogo. Os jogadores suplentes que marcaram golos entraram em campo 18,1 minutos antes do golo, sem diferenças para as regras, sexos, fases, torneios e impacto no resultado final.

 

Aplicações práticas

Na sequência dos resultados apresentados, foram elaboradas 5 sugestões práticas para que as equipas técnicas possam rentabilizar a realização de substituições ao nível do futebol de elite:

 

1.  Efetuar substituições estratégicas e devidamente ponderadas: os treinadores devem utilizar estrategicamente as substituições, especialmente nas segundas partes dos jogos, de modo a maximizar o desempenho e manter a frescura da equipa. Ponderar devidamente as substituições é mais relevante em jogos de alta intensidade, como aqueles que ditam a eliminação direta de uma das equipas.

 

2.  Atentar à contribuição que os suplentes utilizados podem ter na marcação de golos: as equipas técnicas devem reconhecer a contribuição significativa dos jogadores substitutos na marcação de golos, com cerca de 50% dos seus golos a influenciar diretamente os resultados dos jogos em Campeonatos Europeus e Mundiais. Planear apropriadamente as substituições pode ter um impacto positivo nos resultados de alguns jogos. 

3. Jogadores substitutos têm uma menor eficácia nos desempates através de grandes penalidades: na preparação de desempates através de grandes penalidades, os treinadores devem equacionar cuidadosamente a seleção de jogadores para a especificidade destes eventos. Os suplentes utilizados tendem a ter uma taxa de erro mais alta devido a fatores como a falta de experiência ou pressão psicológica aumentada. Estar a par destas tendências ajuda a tomar decisões informadas para selecionar jogadores para momentos cruciais. 

4. Garantir uma preparação mental específica para os suplentes utilizados, no caso de entrarem em períodos críticos do jogo: é fundamental estar ciente das exigências mentais de certos períodos (ou eventos) dos jogos, como os prolongamentos e os desempates por grandes penalidades, para assegurar uma preparação mental adequada para os suplentes a utilizar, já que poderão experienciar pressão e ansiedade aumentadas. Por muito competentes que os jogadores possam ser do ponto de vista tático-técnico, se não forem resilientes mental e emocionalmente não conseguirão mostrar o desempenho esperado. 

5. Adaptar o tipo de substituição às fases de torneios internacionais: é conveniente analisar e compreender as tendências estatísticas dos substitutos marcadores de golos. Geralmente, entram mais tarde nas fases a eliminar, visto que as equipas técnicas procuram introduzir jogadores frescos para melhorar o desempenho coletivo no período de prolongamento. Em caso de a equipa estar em desvantagem no marcador, será prudente tentar inverter a tendência do resultado promovendo substituições mais cedo.

 

Conclusão

Os autores observaram um aumento assinalável do número de substituições e do tempo médio de jogo dos substitutos com a introdução da regra das 5 substituições. A fração de golos marcados por suplentes utilizados alcançou um valor próximo dos 15%. Também se verificou que os substitutos marcadores de golo entraram mais tarde nos jogos a eliminar, em comparação com a fase de grupos. Atualmente, são realizadas mais substituições no futebol masculino do que no feminino. Curiosamente, a taxa de sucesso nos desempates por grandes penalidades foi significativamente menor nos substitutos relativamente aos titulares, tanto em torneios internacionais masculinos como femininos. O presente estudo providencia informações valiosas sobre as características das substituições nos torneios internacionais de elite de futebol masculino e feminino. Em termos práticos, os treinadores podem utilizar estas informações para tomar melhores decisões sobre quando e como promover substituições, colocando em campo os jogadores certos para as circunstâncias contextuais em causa, elevando, assim, a probabilidade de obter melhores resultados em competição.

 

P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rubrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Biology of Sport.

13/04/2024

Sports Engineering (Vol. 27, 2024) | O “Video Assistant Referee” (VAR) no futebol: Uma revisão

No final de agosto do ano passado fui apanhado de surpresa com uma proposta para colaborar num projeto de investigação internacional. Na ocasião, explicou-me o autor principal do estudo – Dr. Jaime A. Teixeira da Silva –, a revisão narrativa sobre o impacto do vídeo-árbitro (VAR) no futebol já se encontrava numa fase adiantada de produção, mas a equipa necessitava de inputs para reforçar conceitos, verificar a respetiva precisão, expandir a base de literatura analisada e restruturar o conteúdo, se necessário. 

Sem compromissos, aceitei o desafio e tentei dar o melhor de mim para auxiliar uma equipa multidisciplinar e oriunda de diversas partes do mundo: Japão, Ucrânia, Chéquia, Alemanha e Reino Unido. Após alguns meses de um esforço colaborativo notável, exemplarmente liderado pelo Dr. Jaime, o estudo viu ontem a “luz do dia” na revista Sports Engineering (figura 1).

 

Figura 1. Informações editoriais da revisão narrativa sobre o VAR no futebol, publicada na revista Sports Engineering.

 

A revisão incluiu 117 títulos sobre o tema e, utilizando literatura em inglês indexada de 2018 a 2024, foram propostos quatro pontos focais para análise e discussão: (1) o impacto do VAR na arbitragem; (2) os resultados práticos da implementação do VAR em diversas competições; (3) a influência do VAR nos adeptos e na pressão mediática; (4) as limitações técnicas e os problemas na implementação do VAR à escala global.

 

1. Impacto do VAR na arbitragem

Este tópico explora a influência do VAR nas decisões dos árbitros e dos árbitros assistentes, abordando os desafios enfrentados pela equipa de arbitragem em ambientes de alta pressão. A adaptação dos árbitros ao VAR também foi discutida. Apesar dos benefícios percebidos do VAR no aumento da precisão das decisões, existem preocupações sobre a inconsistência e controvérsia nas revisões, especialmente em situações de fora de jogo, destacando a necessidade de mais estudos para entender melhor a experiência dos árbitros assistentes após a implementação desta inovação tecnológica.

 

2. Experiências e resultados práticos da implementação do VAR em diversas competições

A revisão também analisou o impacto da introdução do VAR em várias competições de futebol, revelando alguns resultados diversos, consoante a competição em causa. De facto, o VAR pode ter impacto nos resultados dos jogos e, por vezes, reverter as decisões iniciais dos árbitros. A este nível, convém salientar que a precisão da tomada de decisão dos árbitros aumentou 6% com o VAR. Verificou-se, ainda, uma tendência geral para o aumento do tempo total de jogo pós-VAR, acompanhada por uma diminuição do número de faltas e foras de jogo. No entanto, a posição da literatura existente sobre o número de golos, cartões (amarelos e vermelhos) e distância percorrida pelos jogadores, por exemplo, não é consensual. No geral, o VAR parece ter tido um impacto positivo em termos de experiências práticas e resultados em diferentes competições nacionais e internacionais.

 

3. A influência do VAR nos adeptos e na pressão dos média

Os adeptos de futebol desempenham um papel crucial na dinâmica do jogo e as suas opiniões sobre o VAR devem ser consideradas. A investigação aponta para uma maioria favorável à introdução do VAR, independentemente da afiliação a um clube. Contudo, a perceção do VAR pode variar, com alguns adeptos a manifestar insatisfação sobre a aplicação da tecnologia e o impacto negativo na atmosfera dos jogos. Além disso, enquanto alguns estudos sugerem um acolhimento positivo por parte dos fãs que assistem em casa, outros estudos apontam para uma tendência geral de descrédito em relação ao VAR. Apesar de ser uma ferramenta controversa, o VAR é percebido como benéfico para a transparência e objetividade das decisões, embora uma precisão absoluta nunca possa ser garantida devido à intervenção humana. Em suma, os trabalhos examinados fornecem uma perspetiva interessante sobre as experiências dos adeptos com a aplicação do VAR, enfatizando a importância de equilibrar a eficácia das decisões com a satisfação da experiência dos fãs enquanto consumidores da modalidade.

 

4. Limitações técnicas e problemas na implementação do VAR à escala global

As limitações técnicas e outras questões relacionadas com o uso do VAR em todo o mundo são exploradas nesta secção. A operacionalização eficaz do VAR depende da colocação estratégica de câmaras para garantir uma cobertura adequada do jogo. As ferramentas de rastreamento em tempo real ainda apresentam margens de erro que não as tornam totalmente fiáveis. Enquanto o VAR é visto como uma ferramenta para melhorar a tomada de decisão dos árbitros, não constitui uma solução universal rápida para os vieses da condição humana. A implementação do VAR também se encontra limitada por questões orçamentais, especialmente em ligas economicamente menos viáveis. Ademais, a distância entre as salas de operação do VAR pode resultar em viagens extensas para os operadores. Estas limitações podem comprometer a integridade do processo de tomada de decisão do VAR e a sua capacidade de melhorar a eficácia decisional dos árbitros em competição. 

O resumo original do estudo consta a seguir (figura 2).

 

Figura 2. Abstract da revisão narrativa publicada na revista Sports Engineering (p. f., clique para ampliar).

 

Agradeço imenso o convite que me foi endereçado e manifesto o enorme prazer que tive em colaborar com uma equipa repleta de competência, organização, espírito crítico e colaborativo. Que possa ser útil para a comunidade futebolística.

 

Reference

Teixeira da Silva, J. A., Nazarovets, S., Carboch, J., Deutscher, C., Almeida, C. H., Webb, T., & Scelles, N. (2024). The video assistant referee in football. Sports Engineering, 27, 14. https://doi.org/10.1007/s12283-024-00459-3

27/03/2024

Artigo do mês #51 – março 2024 | Quão efetivas são as dicas externas e as analogias na melhoria do desempenho de sprint e salto em jovens jogadores de uma academia profissional de futebol?

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto. 

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Autores: Moran, J., Allen, M., Butson, J., Granacher, U., Hammami, R., Clemente, F. M., Klabunde, M., & Sandercock, G.

País: Inglaterra

Data de publicação: 1-fevereiro-2024

Título: How effective are external cues and analogies in enhancing sprint and jump performance in academy soccer players?

Referência: Moran, J., Allen, M., Butson, J., Granacher, U., Hammami, R., Clemente, F. M., Klabunde, M., & Sandercock, G. (2024). How effective are external cues and analogies in enhancing sprint and jump performance in academy soccer players? Journal of Sports Sciences, 1–8. Advance online publication. https://doi.org/10.1080/02640414.2024.2309814

  

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 51 – março de 2024.

 

Apresentação do problema

Uma dica de treino é uma instrução verbal que pode ser utilizada para direcionar o foco de atenção de um indivíduo para o movimento, no sentido de otimizar a sua execução (Benz et al., 2016). As dicas que centram a atenção do praticante no resultado da ação no ambiente externo (e.g., num objeto) ou interno (e.g., numa parte corporal) afetam o desempenho motor (Chua et al., 2021; Porter et al., 2013; Vance et al., 2004). A hipótese da ação condicionada sugere que a atenção interna controla o movimento de forma deliberada, enquanto o foco externo promove a automatização da ação (McNevin et al., 2003; Wulf, 2012). Os treinadores podem recorrer a instruções com foco externo para promover a eficiência de movimento (Guss-West & Wulf, 2016), potencialmente melhorando a aprendizagem ao longo do tempo (Nicklas et al., 2022). 

Com base em estudos anteriores, Winkelman (2018) demonstrou os efeitos positivos de incluir uma componente direcional numa dica verbal para aprimorar o desempenho motor. É evidente que as dicas com foco de atenção distal são mais eficazes para a performance em saltos do que as com foco proximal. No contexto da locomoção, observou-se que os praticantes podem melhorar consideravelmente o seu desempenho quando o foco está voltado para um ponto ou alvo distante (Winkelman, 2018). 

Por outro lado, um aspeto pouco explorado na literatura sobre o treino de habilidades motoras é o uso de analogias para transmitir o propósito de uma instrução específica. Uma analogia é uma ferramenta verbal valiosa que integra informações biomecânicas de forma a facilitar a comunicação da velocidade e posição corporal necessárias para a execução da habilidade, ainda que de maneira simbólica (Powell et al., 2021). Os estudos indicam que crianças apresentaram um desempenho significativamente melhor em habilidades de andebol quando as dicas de treino foram apresentadas por meio de analogias (Fasold et al., 2020). Esta abordagem pode ser particularmente benéfica ao trabalhar com jovens, uma vez que melhora a compreensão e o desempenho subsequente (Kushner et al., 2015; Radnor et al., 2020). Contudo, são necessárias mais pesquisas para avaliar completamente a eficácia desta estratégia pedagógica. 

A literatura tem documentado que o uso de uma dica de treino externa, ou foco de atenção externo, pode resultar em melhores desempenhos em comparação com uma dica de treino interna, ou foco de atenção interno (Li et al., 2022; Makaruk et al., 2020; Wulf, 2012). No entanto, recentemente, numa ampla amostra internacional diversificada de jovens, foi comprovado que o mesmo princípio pode não se aplicar em idades inferiores a 18 anos (Moran et al., 2023). A adoção das técnicas de treino mencionadas para desenvolver habilidades, como correr e saltar, pode não representar necessariamente a estratégia ótima de treino para jovens (figura 2). Apesar de alguns estudos terem examinado o efeito do foco de atenção no desempenho de habilidades motoras em idades juvenis, os resultados parecem variar mais do que os realizados na idade adulta. Torna-se, assim, difícil determinar se a manipulação do foco de atenção através de dicas pode (ou não) melhorar a performance de jovens, como parece suceder nos adultos. Enquanto os adultos tendem a exibir uma maior propensão para se concentrarem em informações relevantes, os jovens focam-se tanto em informações relevantes como irrelevantes (Jung et al., 2023), o que, embora potencialmente vantajoso, pode afetar negativamente o nível de atenção que dedicam a uma instrução concreta (Connell, 2003).

 

Figura 2. Recurso a dicas de treino internas e externas para melhorar a performance de salto em jovens atletas (fonte: https://athletesacceleration.com) (imagem não publicada pelos autores).

 

À luz dos resultados reportados em jovens praticantes (Moran et al., 2023), tem sido especulado que, devido ao período de atenção mais curto e ao desenvolvimento cognitivo menos avançado, os indivíduos mais jovens podem ser menos recetivos a certas dicas de treino, comparativamente com os adultos (Yamada et al., 2022). Porém, considerando as coortes incluídas no estudo de Moran e colegas (2023), nenhuma poderia ser considerada como “elite”, quer em termos de longevidade, como na qualidade de treino a que os participantes foram expostos ao longo das respetivas carreiras desportivas. Deste modo, numa tentativa de suprimir as limitações desse estudo, os autores procuraram explorar a eficácia de dicas externas, dicas internas e “analogias com componente direcional” no desempenho de habilidades motoras em jogadores de futebol de elite, pertencentes a academias profissionais. Embora as analogias possam ser muito úteis no treino, até ao momento, os efeitos desta técnica associada a uma componente direcional (ou seja, “perto” vs. “longe”) ainda estão por confirmar (Winkelman, 2020).

 

Métodos

Participantes: 20 jovens jogadores de uma academia profissional de futebol (idade média: 14,7 ± 0,25 anos; idade biológica média: 14,6 anos; estatura média:166,9 ± 5,9 cm; massa corporal média: 53,9 ± 6,4 kg). Apenas indivíduos com menos de 18 anos e saudáveis foram elegíveis para participar no estudo. A pesquisa esteve conforme os princípios da Declaração de Helsínquia, sendo que os consentimentos dos pais e dos participantes foram obtidos antes do início da experiência. 

Desenho experimental: para examinar os efeitos de diferentes dicas externas, dicas internas e analogias com componente direcional (“perto” e “longe”) no desempenho de saltos e sprints em jovens futebolistas, foi cumprido um protoloco experimental. Os participantes realizaram saltos verticais e sprints de 20 metros, recebendo uma dica de treino específica antes de cada ação. Uma análise prévia de potência indicou que uma amostra de 20 participantes seria mais do que adequada para detetar os efeitos esperados nos testes de sprint e salto. Cada participante realizou 10 saltos e 10 sprints, com uma única dica de instrução fornecida imediatamente antes de cada ação. Foram concedidas 5 dicas diferentes para os sprints e 5 dicas diferentes para os saltos, o que significa que cada participante recebeu cada dica individual duas vezes. As dicas em si encaixavam-se em 5 categorias distintas (ver tabela 1). As dicas neutras “salte o mais alto possível” e “corra o mais rápido possível” foram usadas como dicas de controle.

 

Tabela 1. Dicas para os sprints e para os saltos (adaptado de Moran et al., 2024).

Aquecimento: antes dos testes físicos, foi realizado um aquecimento padronizado de 8 minutos, incluindo corrida de baixa intensidade, exercícios dinâmicos (e.g., skipping alto, balanços de perna para frente, lunges laterais) e saltos e sprints submáximos. Como preparação, os participantes foram autorizados a executar duas repetições submáximas ao longo de 5 metros e uma repetição máxima ao longo de 10 metros para se familiarizarem com o formato do teste de sprint (Winkelman et al., 2017). Os participantes foram incentivados a executar ações de baixa intensidade entre os testes. 

Saltos: o teste de salto vertical com contramovimento foi realizado utilizando o aparelho OptoJump (Microgate, Bolzano, Itália), conhecido pela sua validade e fiabilidade (Glatthorn et al., 2011). A cada participante foi pedido para “saltar o mais alto possível nos próximos 10 saltos”. Também foram informados de que “antes de cada salto, receberão uma dica de treino específica. Concentrem-se ao máximo nesta dica durante o salto” (Winkelman et al., 2017). Todas as dicas foram dadas a partir de uma posição sentada, cerca de um metro à esquerda da posição do participante. Houve um intervalo mínimo de 2 minutos entre os saltos, e o melhor resultados das duas tentativas foi analisado (Moran et al., 2017). 

Sprint de 20 metros: para medir a velocidade de sprint, foram utilizados portões de cronometragem (Brower Timing Systems, Draper, UT, EUA), também altamente fiáveis na medição da velocidade máxima (Shalfawi et al., 2012). Os participantes foram instruídos a adotar uma posição com 2 apoios, com os braços opostos às pernas e um pé atrás da linha de partida. Foi solicitado que cada participante realizasse os 10 sprints à velocidade máxima, com dicas de treino específicas cedidas antes de cada repetição (Winkelman et al., 2017). As dicas foram dadas a partir de uma posição sentada aproximadamente a um metro à esquerda da linha de partida. Os sprints iniciaram-se logo após a verbalização da dica, sendo propostos, no mínimo, 2 minutos de descanso entre cada sprint. Os portões de cronometragem foram posicionados um metro à frente dos participantes ao nível das coxas para capturar o movimento do tronco e evitar falsas partidas quando acionados pelos membros superiores (Ramirez-Campillo et al., 2021). 

Análise estatística: no sentido de avaliar as diferenças entre as dicas externas, dicas internas, as duas analogias com componente direcional e a dica neutra, correu-se uma ANOVA de medidas repetidas. Para o efeito, utilizou-se o software JASP (v. 10.2, Universidade de Amesterdão). As assunções de normalidade e esfericidade foram testadas com Shapiro–Wilk e Mauchly, respetivamente. Nas análises post-hoc aplicou-se a correção de Bonferroni (p < 0,05). Foram ainda utilizadas as dimensões de efeito do d de Cohen para examinar as diferenças entre as condições, sendo os valores interpretados segundo a proposta de Hopkins et al. (2009): <0,2 = trivial; 0,2–0,6 = pequeno, 0,6–1,2 = moderado, 1,2–2,0 = grande, 2,0–4,0 = muito grande, >4,0 = extremamente grande.

 

Principais resultados

A figura 3 oferece uma representação visual dos principais resultados do estudo.

 

Figura 3. Médias do tempo de sprint (em cima, em segundos) e da altura de salto (em baixo, em centímetros) para o grupo de 20 jogadores, em função de diferentes condições de foco atencional: neutro (neutral), “para longe” (away), “para perto” (towards), interno (internal) e externo (external) (Moran et al., 2024).

 

Tanto no sprint, como no salto, foram detetadas diferenças significativas entre os diversos tipos de dica. No sprint de 20 metros, as diferenças significativas entre as dicas externas e internas foram significativamente favoráveis para as dicas externas. Por sua vez, a comparação entre as dicas internas e as analogias com componente direcional “para longe” ditou resultados significativamente superiores para a analogia “para longe”. Não foram detetadas diferenças significativas entre as outras categorias de dica. 

No caso do salto vertical, não foram encontradas diferenças significativas entre as dicas, excetuando a comparação entre a analogia com componente direcional “para longe” e a dica de controlo (neutra), favorável a esta última.

 

Aplicações práticas

Dados os resultados apresentados, propomos 4 aplicações práticas que podem ser seguidas pelos treinadores para melhorar o desempenho de sprint e salto em contexto de treino:

 

1.  Utilizar dicas de treino externas e analogias com componente direcional para ações de sprint: os treinadores que trabalham com jovens futebolistas podem recorrer a dicas externas e analogias com componente direcional para melhorar a velocidade de sprint de forma mais efetiva, pelo menos quando comparadas com dicas internas. Esses 2 tipos de dicas de treino foram, de facto, mais eficazes na promoção de desempenhos superiores em alguns casos. 

2. Considerar a eficácia de dicas neutras na performance de saltos verticais: os profissionais do treino devem reconhecer que, no caso concreto das ações de salto, simplesmente aplicar dicas neutras que encorajam o esforço máximo pode ser tão eficaz quanto dicas mais sofisticadas. Encorajar o desempenho máximo, sem manipular o foco de atenção, pode incentivar esforços superiores por parte dos jovens praticantes de futebol, designadamente em tarefas ou testes de salto. 

3. Adaptar dicas instrucionais para jovens atletas: uma vez que há diferenças claras entre jovens e adultos em competências neurocognitivas e na propensão para seguir determinadas instruções, há que saber adaptar as dicas instrucionais em conformidade. Assim, os treinadores devem concentrar-se em utilizar dicas que sejam facilmente percebidas pelos jovens atletas, por forma a garantir desempenhos ótimos mais cedo e um desenvolvimento contínuo e progressivo das mais diversas habilidades. 

4. Solicitar concentração e padronizar as dicas de treino: os treinadores devem exigir que os jovens permaneçam concentrados na tarefa em mãos para maximizar o desempenho. Enquanto dicas externas e internas requerem que os participantes mantenham um foco específico no decurso da ação, as dicas neutras apenas apelam a um esforço máximo. Por outro lado, assegurar a padronização das dicas em várias tarefas torna a comunicação mais fluida e efetiva, fomentando a compreensão e a consistência da performance.

 

Conclusão

No presente estudo, encontraram-se evidências que apoiam o uso de dicas externas e analogias com componente direcional no treino da velocidade de corrida em jovens futebolistas de elite. O recurso a analogias pode constituir um modelo de comunicação mais acessível, facilitando a compreensão das instruções do treinador. Assim, uma linguagem de treino mais evocativa pode ser preferível às dicas convencionais, se resultar numa melhor compreensão contextual do que é exigido aos atletas. Contudo, os resultados do estudo não indicaram um efeito universalmente positivo das dicas experimentais nos testes de desempenho utilizados. Parece que incentivar simplesmente o desempenho máximo pode ser igualmente eficaz, especialmente em ações de salto. Estes resultados não devem desencorajar necessariamente os treinadores de utilizar dicas externas ou analogias com componente direcional, uma vez que podem ainda ser úteis na execução de uma habilidade motora. Acima de tudo, qualquer profissional do treino deve estar ciente de que o nível de experiência, a compreensão e a capacidade de atenção de um jovem podem afetar o desempenho motor, sendo aconselhável uma abordagem individualizada na orientação instrucional.

 

P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rubrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Journal of Sports Sciences.

16/03/2024

P'las Veredas de Monchique 2023/24 | Percurso Pedestre das Cascatas + Rota das Adelfeiras (10-mar-2024)

Há alguns anos que ando - literalmente! - nestas lides. Contudo, raras foram as ocasiões que me permitiram desfrutar dos 19,2 km realizados na Foia, como no passado domingo. 

Porquê? Por causa da água com que nos deparámos ao longo de todo o percurso. Não me lembro de ter descido o trilho dos castanheiros da Foia, no sentido do Penedo do Buraco, pelas bermas do mesmo, caso contrário ficaria com os pés encharcados. O trilho era o que outrora fora: um curso de água. 

As cascatas do Penedo do Buraco e do Chilrão, praticamente secas durante todo o ano, voltaram a mostrar-nos resquícios do passado: resplandecentes, refrescantes e cristalinas (figuras 1 e 2).

 

Figura 1. Cascata do Penedo do Buraco, Foia, Monchique, Portugal (10-mar-2024).

 

Figura 2. Cascata do Chilrão, Monchique, Portugal (10-mar-2024).

 

Uma vez que estes momentos podem ser cada vez mais efémeros, em seguida deixo-vos um vídeo com breves imagens da cascata do Chilrão para a posterioridade. O que foi, talvez nunca o voltará a ser do mesmo modo. A água, essa, a existir, procurará sempre os caminhos que lhe pertencem por direito.