O tempo adicional,
tempo de descontos ou tempo de compensação (estas últimas expressões são frequentemente
relatadas nos meandros do futebol) consiste no tempo que é concedido pelo
árbitro principal da partida, no final do tempo regulamentar (45 ou 90
minutos), a fim de contrabalançar os períodos nos quais o jogo esteve
efetivamente interrompido (lesões, substituições, atrasos nas reposições da bola em jogo,
etc.).
Imagem: Tempo adicional no futebol (fonte: refnews.wordpress.com).
Para quem se
encontra em vantagem, o tempo adicional dado pelo árbitro é usualmente um
exagero; ao invés, para quem se encontra a perder, a compensação tende a ser
curta. Os interesses e as necessidades dos indivíduos condicionam bastante a perceção subjetiva do tempo que deve constar na placa. A meu ver, isso parece-me
perfeitamente natural. Já o mesmo não pode ser afirmado relativamente ao
elemento que deveria ser o mais imparcial do encontro: o árbitro. Será que o
tempo adicional concedido pelo árbitro é correto? Se não, tenderão estes a
pecar por excesso ou por defeito?
Estas foram as
questões colocadas pelos investigadores alemães Malte Siegler e René Prüßner,
da Universidade Técnica de Munique e cujos resultados foram publicados, no passado mês de dezembro, no International Journal
of Performance Analysis in Sport. De resto, estes autores analisaram o
tempo adicional concedido pelos árbitros no final de todos jogos (n = 31) que ocorreram no Campeonato
Europeu de seleções, em 2012, na Polónia e na Ucrânia. Para o efeito, criaram um
sistema de observação com o propósito de registar a duração e o número de
ocorrências do que designaram ser as «interrupções relevantes do jogo».
Foram registadas 196 interrupções relevantes com uma duração média de 261.3 s (± 86.5) por jogo (i.e., cerca de 4 minutos e 21 segundos). O tempo adicional médio por jogo foi de 218.1 s (± 50.0), ou seja, 3 minutos e 38 segundos. Os investigadores revelaram que, em 51% dos jogos da amostra, o tempo adicional foi demasiado curto, embora o resultado da partida não tenha sido significativamente influenciado pelo fenómeno.
Foram registadas 196 interrupções relevantes com uma duração média de 261.3 s (± 86.5) por jogo (i.e., cerca de 4 minutos e 21 segundos). O tempo adicional médio por jogo foi de 218.1 s (± 50.0), ou seja, 3 minutos e 38 segundos. Os investigadores revelaram que, em 51% dos jogos da amostra, o tempo adicional foi demasiado curto, embora o resultado da partida não tenha sido significativamente influenciado pelo fenómeno.
Portanto, os resultados deste estudo são
conclusivos: beneficia-se quem está em vantagem ou quem se encontra mais satisfeito
com o marcador e que, por norma, tende a “queimar” tempo e a adotar um estilo
de jogo mais defensivo. A bem do espetáculo que é (ou deveria ser) o futebol, é de todo recomendado que as altas instâncias da modalidade (FIFA, UEFA, etc.) e os árbitros
pensem em melhorar os métodos de cálculo da quantidade de tempo que deve ser
adicionada, findo o tempo regulamentar do jogo.
Referência
Siegle,
M. & Prüßner, R. (2013). Additional time in soccer. International Journal of Performance Analysis in Sport, 13(3), 716-723.
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