30/06/2007

Eles partiram a loiça toda.

28 de Junho de 2007 - Metallica no Super Bock Super Rock 2007

Foram 2 horas e 22 minutos de músicas old school num ritmo frenético. Não tocaram músicas do albúm mais recente de originais (St. Anger, 2004) e abusaram, como deve ser, nos potentes temas dos seus primórdios. Desde Creeping Death até Seek & Destroy, passando por Ride The Lightning, The Four Horsemen, Fade To Black ou Master of Puppets, os homens "partiram a loiça toda". Literalmente!

Um concerto memorável, que superou o de 2004 no Rock in Rio. Sem dúvida, o melhor que já tive oportunidade de assistir ao vivo. Digam o que disserem, mas nenhuma banda neste festival superará o virtuosismo, a elegância e a potência dos Metallica.

Velhos são os trapos.

25/06/2007

Para quê ver com os olhos em bico?

Ao folhear o Record do dia, deparei-me na página 43 - secção de Opinião, com o seguinte título: "Aposta na Formação". Sem perder tempo, debrucei-me no artigo de Rui Cartaxana, escrito com base numa carta de um leitor - Tomás de Campos. [Interessante, pensei.]

Focando a política de recrutamento de jogadores dos clubes, Tomás de Campos não hesita:

"Os presidentes dos nossos clubes, (...) julgam que dirigir um clube é dar umas 'bocas' para os media, (...) negociar com terceiros os direitos de TV e com empresários (...) a compra e venda de jogadores. E ficam sentados à espera dos resultados, uns por preguiça ou desleixo, outros por incompetência." [Nem mais!]

Pelo meio, fiquei a saber que Portugal lidera, desde 2002, a "importação" de jogadores brasileiros, com "140 futebolistas/ano, à frente de todos os países ricos da Europa". [Caramba, somos assim tão fracos na formação?]

Finalmente, o caso do SL Benfica, "(...) clube que, pela popularidade junto das classes menos favorecidas e mais numerosas, podia ser um especial chamariz junto dos dois milhões de jovens portugueses que fazem do futebol um centro de interesse." Ao invés, a "escola do ex-sindicalista A. Carraça", em vez de formar portugueses, importa chineses e alcança o feito, época 2006/2007, de não ganhar nada nos escalões de Iniciados, Juvenis e Juniores. [Precisamente, perdeu os títulos para FC Porto (Iniciados e Juniores) e Sporting CP (Juvenis).]

A rematar esta postagem, só uma 'achega' de Rui Cartaxana:

"Os clubes só têm uma hipótese: ou apostam a sério na formação e reduzem ao máximo a compra de estrangeiros ou abrem falência a curto/médio prazo."

Pelo artigo, pela opinião, pela frontalidade... foram 0,75€ muito bem gastos.

23/06/2007

Entre, Sr. Cardozo.

Oscar "Tacuara" Cardozo

Contratado por 9,1 milhões de euros (80% do passe) aos argentinos do Newell's Old Boys, parece-me ser o avançado que o SL Benfica há muito precisava. Repito, parece-me. É bem verdade que o futebol sul-americano tem características diferentes do futebol europeu. Também é verdade que já outros jogadores rotulados de craques chegaram a Portugal, provenientes da América do Sul, e pouco ou nada renderam. Lembram-se do Donizete ou do Paulo Nunes?

Não obstante, algo me diz que este Sr. Cardozo vai deixar a sua marca em Portugal. De estatura invenjável (1.93m), é bom no cabeceamento, tem excelente sentido posicional próximo da baliza e um remate de pé esquerdo terrivelmente potente e colocado (ver). Em pontapés livre descaidos sob o corredor direito pode ser bastante útil à equipa, acrescentado mais soluções de cariz estratégico ao plantel. A possibilidade de jogo directo pode ser equacionada com um jogador com estas características na grande-área.

Sem deitar "foguetes antes do tempo", creio que é um bom reforço. Vamos lá ver!

17/06/2007

Algo que me dilacera, bem lá no fundo.

O que mais me doi é te ter magoado. Não o mereces.
A culpa não é tua, é minha e não há palavras que alterem o que te disse. Não te vou pedir desculpa, mas vou mudar. Há erros que vêm por bem, podem é vir tarde demais.

Porque é que são sempre as pessoas que mais gostamos que sofrem com as nossas injustiças? Caramba, se ao menos pudesse voltar atrás.

Quem mais sofre sou eu.

Imagens do Corpo.

- Olá, bom dia! Como estás? – pergunto à Monalisa, em pleno museu do Louvre, Paris. Ela não responde, permanecendo imóvel com o seu olhar misterioso.

- Tens algo para me dizer, eu sei... aproveita agora que não está aqui ninguém – continuo, sussurrando. Mas ela... nada!

- Queres fazer "jogo" comigo é? – pergunto irritado, e continuo: – Pensas que me podes ignorar, tal como fazes com os milhares de corpos que ano após ano te veneram? Pois fica sabendo que tu não passas de tela e óleo, nunca sentiste, nunca cheiraste, nunca ouviste, nem nunca provaste. Só vês! Conheces de cor todos os cantos deste átrio, mas eu posso sentir a chuva a cair, cheirar o perfume da rosa, ouvir o cântico dos melros ou fazer caretas ao provar a acidez do limão.

Mais uma vez sou ignorado, é inútil... ela não me ouve.

Entretanto, aproxima-se um grupo de turistas para ver o célebre quadro. Diante da tela, mergulham como que hipnotizados na imagem daquela rapariga enigmática. Nem me olham! Porquê? Eu era o único corpo que estava presente! Será que é por ser igual a eles que não reparam? E se por artes mágicas o meu corpo fosse estampado num quadro e exposto ao lado dela? Passaria de três para duas dimensões, mais nada! Ah... e deixaria de sentir, ouvir, provar ou cheirar... apenas iria ver, durante 5, 10, 100 ou 1000 anos, milhares de corpos no “pára-arranca” com a mesma paisagem de fundo. Sentir-me-ia bem? Nem sequer me iria sentir, o meu mundo enquanto corpo terminaria no processo de estampagem de mim próprio.

Lanço um último olhar ao quadro, a pintura representa um corpo que está ausente, não se manifesta. De facto ele quer-nos dizer qualquer coisa, mas nós nunca saberemos o quê, pois simplesmente não habita nos padrões psicofisiológicos da nossa realidade. Resumindo: é material... só e somente!

Sorrio perante tal raciocínio e deixo o local. Subitamente, perdi a vontade de ver qualquer quadro ou peça de arte... hoje não é dia para isso. Antes de sair, imagino-me ali mesmo, estampado ao lado da Monalisa... e se de honra falássemos, ficaria muito lisonjeado, mas como prevalece a existência... prefiro viver, sentindo!

09/06/2007

A Síndrome de Ulisses

"Os psiquiatras definem a síndrome de Ulisses como um novo transtorno mental que afecta a maioiria dos imigrantes ilegais. A síndrome é desencadeada sobretudo pela sensação de perda por que uma pessoa passa ao abandonar o seu país de origem."

Esteban, um jovem colombiano licenciado em Filologia Hispânica, decide emigrar para Paris em busca de uma vida melhor. Enriquecer os seus estudos, arranjar um emprego decente e, porventura, publicar o seu romance é um sonho que rapidamente se transforma em pesadelo. Paris não é mais a cidade luminosa dos turistas e dos estudantes, mas sim a cidade subterrânea e cinzenta dos imigrantes, dos que perderam a esperança no seu próprio país. Lavar pratos no subsolo de um restaurante coreano para pagar os estudos na Sorbonne não é propriamente um pecúlio da cidade dos sonhos.

Um tremendo testemunho por onde passam línguas e peles muito diferentes: africanas, orientais, latinas e francesas. Com uma escrita sublime e conteúdo dramaticamente real, esta obra do colombiano Santiago Gamboa merece, de acordo com a minha precária capacidade de crítica literária, um Muito Bom.

07/06/2007

The Cranberries - Zombie (1994)

And the violence caused such silence,

Who are we mistaken?

(...)

With their tanks and their bombs

And their bombs and their guns.

In your head, in your head, they are dying...