22/07/2008

Um problema?

De acordo com a abordagem baseada nos constrangimentos aplicada aos Jogos Desportivos Colectivos (JDC), somente o jogo e as suas variantes apelam a acoplamentos específicos percepção-acção e, portanto, o jogo deve ser a sede as aprendizagens fundamentais (Borba et al., 2007). A modificação dos elementos estruturais do jogo como situação de exercício (condicionantes regulamentares, espaciais, técnico-tácticas, temporais, numéricas e instrumentais) é um factor preponderante no ensino de comportamentos táctico-técnicos específicos de um JDC. O treinador deve, deste modo, perspectivar a utilidade da condicionante estrutural como um meio ao seu dispor, propício para induzir a progressiva aquisição/aperfeiçoamento de acções fundamentais do JDC e, por inerência, uma formação adequada do jovem jogador. Não obstante, por vezes, assiste-se ao uso despropositado da manipulação da tarefa como meio de aprendizagem, na medida em que a aplicação carece de rigor metodológico na estruturação da tarefa e fundamentação científica na avaliação dos efeitos produzidos.

O ensino do jogo de futebol tem evoluído no que se relaciona com a estruturação da tarefa. Face às exigências actuais do jogo, o mero treino da técnica encerra um domínio curto no que deve ser a formação do jovem futebolista. Neste âmbito, segundo Pacheco (2001), as acções técnicas individuais não fazem muito sentido quando tratadas de forma abstracta e isolada do contexto situacional do jogo. O domínio táctico emerge, sendo, por isso, fulcral que a actividade cognitiva dos jovens seja estimulada, de modo a que encontrem as melhores soluções para a resolução prática dos diferentes problemas colocados pelas diversificadas situações competitivas (Mahlo, 1966).

Assim sendo, de acordo com Castelo, “é fundamental precisar e centrar o design da construção dos exercícios de treino na actividade decisória dos jogadores”, sabendo, de antemão, que “a capacidade de resolução dos problemas das situações do jogo é realizada através de normas decisionais” (2004: 186). Surgem então os designados princípios do jogo, que não são mais que regras de decisão que orientam e regulam as atitudes e os comportamentos táctico-técnicos individuais e colectivos dos jogadores. De entre estes, podemos distinguir os princípios gerais e os específicos.

Os princípios específicos derivam das unidades estruturais funcionais, que são constituídas momentaneamente pelo jogador em posse de bola e elementos pertencentes às duas equipas (companheiros e adversários), com as respectivas funções de auxílio e perturbação ao raciocínio táctico do portador da bola e posicionando-se até uma distância não superior a 15 metros (centro do jogo). Por sua vez, os princípios gerais ocorrem no envolvimento às unidades estruturais funcionais (Castelo, 2004). Os princípios específicos ofensivos são, segundo o mesmo autor (2004), a penetração (1º atacante), a cobertura ofensiva (2º atacante) e a mobilidade (3º atacante), ao que correspondem a contenção (1º defesa), a cobertura defensiva (2ª defesa) e o equilíbrio (3º defesa), como princípios específicos defensivos.

Em suma, a configuração do jogo apresentada aos praticantes decorrente do arranjo particular dos seus elementos estruturais, implica repercussões ao nível dos problemas que derivam do contexto situacional e, por inerência, ao nível das acções táctico-técnicas que são produzidas (Borba et al., 2007). Neste sentido, importa clarificar o modo como a manipulação dos elementos estruturais do jogo, nomeadamente, os espaciais (dimensões do espaço) e os numéricos (número de jogadores em função do espaço de jogo; inferioridade, igualdade ou superioridade numérica), afecta a aquisição e a retenção dos princípios específicos do jogo, tanto na vertente defensiva, como na vertente ofensiva.


Referências

Borba, R., Barreto, H. & Barreiros, J. (2007). Encolhendo o espaço de jogo: insights para a compreensão do desenvolvimento táctico-técnico da criança. In J. Barreiros, R. Cordovil & S. Carvalheiro (Eds.), Desenvolvimento motor da criança (pp. 61 – 69). Lisboa: Edições FMH.

Castelo, J. (2004). Futebol – Organização dinâmica do jogo. Lisboa: Edições FMH.

Pacheco, R. (2001). O ensino do futebol. Futebol 7 – um jogo de iniciação ao futebol de 11. Edição do autor, 1ª edição.

11/07/2008

O homem certo!

Admiro particularmente o Prof. Carlos Queiroz e na impossibilidade de o ver no Sport Lisboa e Benfica, a Selecção Portuguesa é sempre uma alternativa magnífica. Reconheço-lhe enorme competência, vendo nele uma referência de elite para qualquer treinador. Torço para que tenha tanto sucesso quanto teve quando orientou a selecção sub-20 de Portugal, ou, mais recentemente, no Manchester United.

Como referi anteriormente, objectivos e ambição não podem faltar à nossa selecção. Força Portugal!