Em Atenas (2004), a comitiva portuguesa trouxe 3 medalhas para casa (2 de prata e 1 de bronze). O rescaldo dessa competição foi positivo, porque somente em Los Angeles (1984) Portugal conseguiu o mesmo número de medalhas (1 de ouro e 2 de bronze), embora com menos participantes (38 contra os 65 atletas em Atenas).
Nos Jogos Olímpicos em curso (Pequim, 2008), a missão portuguesa conta com 78 participantes e com objectivo, definido pelo Comité Olímpico de Portugal (COP), de fazer melhor que em 2004, ou seja, no mínimo trazer 4 medalhas para território luso. Até ao momento, e sabendo que alguns dos nossos atletas com maiores probabilidades de conquistar uma medalha ainda não entraram em competição, o saldo é realmente negativo. A exigência que, por norma, os portugueses geram à volta dos atletas, numa analogia do que sucede recentemente com a selecção portuguesa de Futebol, não tem trazido quaisquer benefícios para as cores nacionais.
Relembro que existem outras nações, também elas com atletas que treinam arduamente no sentido de atingir a plenitude das suas capacidades, pelo que não podemos criar expectativas elevadas ao ponto de reduzirmos o resto do mundo a um conjunto de atletas insignificantes.
Não obstante ser evidente que não podemos competir contra potências mundiais como a China, os Estados Unidos da América ou a Alemanha, não deixo de ficar apreensivo quanto à qualidade dos desempenhos da maioria dos nossos participantes, bem abaixo dos respectivos máximos individuais.
Nós, portugueses, podemos e devemos investir mais no Desporto em geral e, não somente, no Futebol, no qual, inclusivamente, nem sequer foi conseguido o apuramento para as actuais Olimpíadas. De facto, somos um país pequeno com uma população relativamente reduzida quanto comparada a muitos outros países, no entanto, isso não nos iliba do falhanço que é o nosso Desporto. É urgente tomar medidas: mais e melhores dirigentes e treinadores, aproveitando o elevado número de universidades/faculdades de Desporto em Portugal (muitas delas de qualidade dúbia); maior aposta dos clubes e associações regionais na promoção das diversas modalidades desportivas (olímpicas e não olímpicas); melhor articulação do Desporto Escolar com o Desporto Federado.
É essencial fomentar o Desporto para incrementar a qualidade de vida no país. Os ídolos desportivos - os grandes campeões - constituem uma forma inequívoca de motivação para as nossas crianças/jovens em praticarem actividade física/desporto, com todas as vantagens inerentes, por exemplo, na promoção da saúde e do bem-estar geral e, consequentemente, na produtividade ao nível do trabalho laboral.
Não se trata de nenhuma campanha, mas de uma constatação óbvia e necessária: investir no Desporto é investir em Portugal.