16/02/2009

Coentrão, Benfica, Porto e Selecção

Fábio Coentrão é jogador do SL Benfica e serviu de contrapartida pela vinda de Pablo Aimar do Saragoça. Entretanto, regressou a Portugal e foi emprestado ao Rio Ave. É jovem, português e já representou as selecções nacionais nos escalões de formação. É inconstante e precisa de "rodar"? Tudo bem, mas será que fica a dever alguma coisa ao Balboa ou ao Urretavizcaya? É porque não domina o espanhol?

No Nacional, ele mostrou competências e ontem, no Porto, voltou a fazer um golaço, só ao nível de quem "trata" muito bem a bola. Não é nenhuma estrela, tem potencial, mas como é português não tem espaço no plantel do SL Benfica. É por estas e por outras que já não se vêem jogadores do clube na selecção A.

Por acaso, até gostei bastante de ver o Rúben Amorim no centro do meio-campo. Um espectáculo na ocupação dos espaços e na qualidade de passe. Torço para que o mister Queiroz não se esqueça dele.

Fico constrangido por não figurar nenhum representante do SLB na selecção. Uma tristeza!

Periodização Táctica e treino de jovens




"A Periodização Táctica, como foi mencionado anteriormente, apresenta uma orientação conceptual e metodológica no sentido do alto rendimento. Em última instância, não é o processo de formação de jovens na modalidade que está em causa, mas sim a optimização da forma desportiva dos jogadores e das equipas, no quadro de acções inerentes ao modelo de jogo pretendido pelo treinador.

De uma forma geral, desde o período preparatório que é apanágio treinar-se com intensidades elevadas (Oliveira, 2005; Aroso, 2006; Alves, 2008). Nos escalões de formação de base, a aprendizagem das dimensões técnica e táctica não é um processo imediato, requerendo mais o volume que a intensidade, no intuito de aperfeiçoar acções técnicas, desenvolver a capacidade de raciocínio táctico, evitando, por outro lado, o insucesso que conduz à saturação, desistência e abandono do processo de treino e competição (Stafford, 2005). Obviamente que, para desenvolver a estrutura de rendimento complexo do jogo, é fundamental submeter as crianças/jovens a situações de jogo ou competições que sejam do ponto de vista fisiológico exigentes, embora essa não seja uma condição determinante nos primeiros passos dados no âmbito do treino desportivo.

Uma das questões essenciais na formação do jovem praticante de qualquer modalidade desportiva colectiva é a relação estabelecida entre os princípios da multilateralidade e da especificidade. Ambos são determinantes, porém a sua importância relativa não é estanque ao longo do processo, devendo o treinador procurar consagrar cumulativamente o papel destes dois princípios no decurso de cada etapa de formação. O princípio orientador da Periodização Táctica é, precisamente, a especificidade, havendo pouco tempo para o trabalho de carácter geral ou multilateral.

Este facto inviabiliza quase por completo a aplicabilidade deste modelo de periodização nos escalões de base (Sub 11, Sub 13), na medida em que cerca de metade das preocupações se deve centrar no potenciar do desenvolvimento equilibrado das capacidades condicionais e coordenativas nas fases sensíveis, sem o qual não se evoluirá, nem de forma eficiente, nem de forma estável, no aprofundamento do rendimento desportivo futuro (Martin, 1999; Marques & Oliveira, 2001; Stafford, 2005; Martin et al., 2008).

Nestas idades, sobretudo no escalão Escolas (Sub 11), a estrutura cognitiva das crianças não permite a assimilação e retenção integral de conceitos abstractos. Como tal, a aprendizagem na dimensão táctica é restrita, devendo cingir-se a pouco mais que aos princípios específicos (ofensivos e defensivos), através de jogos reduzidos e/ou condicionados (Pacheco, 2001; Stafford, 2005). Por isso, o objectivo passa por dotar as crianças/jovens de simples regras de acção para solucionar problemas resultantes do contexto situacional do jogo e não propiciar uma aquisição progressiva de princípios e sub-princípios, conducentes a uma dinâmica organizada do “jogar” da equipa, em pleno respeito pelo modelo de jogo. Pretende-se que os jovens aprendam a pensar e a tomar decisões de forma autónoma, independentemente de factores extrínsecos que condicionem a manifestação do seu potencial individual, sejam eles o modelo de jogo a cumprir ou a obediência, célere e eficaz, de ordens provenientes do treinador (Ajamil & Escalona, 1998)."