Podia ser um concurso televisivo, mas não é.
Face ao estado da nação no que se relaciona com a tolerância, o respeito e a compreensão, nos seus níveis mais básicos da nossa existência em sociedade, poucos são aqueles que se sujeitam, sistematicamente, a insultos, calúnias ou difamações, frequentemente injustificados.
Quem trabalha nos escalões de formação de futebol sabe o quão habituais são as faltas de comparência dos árbitros nomeados pelas associações regionais. Então, no Algarve, é sintomático: não há árbitros ou organização suficientes para tantas equipas. Mas não me estranha que tal aconteça, basta, em qualquer nível de competição, assitir ao aquecimento das três equipas antes do jogo. Seja qual for o árbitro e as respectivas competências, virtudes ou defeitos, mal pisam o terreno de jogo já estão a ser insultados ou assobiados e, mais grave, até mesmo por crianças. É constrangedor!
Como se sabe das ciências sociais e humanas, a imitação é um mecanismo básico de aprendizagem. Os exemplos, positivos ou negativos, dos adultos são facilmente absorvidos, como água na esponja, pelas crianças. Em Portugal, arrisco a constatar que os valores transmitidos pelos adeptos do desporto às geração mais jovens, são, na generalidade, tudo menos educativos.
A nossa sociedade não está preparada para fazer do desporto uma festa, um meio para adquirir bens de personalidade, desenvolvimento moral e bem-estar social consentâneos com as suas potencialidades formativas. A arbitragem é, em primeira instância, um breve exemplo disso mesmo, por isso, atiro a pergunta: "Quem quer ser árbitro em Portugal?".
Eu não, obrigado!