30/12/2010

I Jornadas Jovens de Monchique (Balanço)

Ontem decorreram as I Jornadas Jovens de Monchique, organizadas pela Freguesia de Monchique. Devo confessar que fiquei extremamente satisfeito por ter tido a oportunidade de assistir às excelentes exposições que foram feitas. Para além disso, é muito aprazível perceber que as instituições autárquicas locais (Município e Freguesia de Monchique) se interessam e estão atentas ao trabalho académico e profissional dos jovens do nosso concelho.



A primeira apresentação foi realizada pelo amigo e Professor Doutor Bruno Medronho (Químico) que, animadamente, fez uma retrospectiva do seu percurso académico (de Monchique a Coimbra) e uma síntese do trabalho que actualmente desenvolve no âmbito de um pós-doutoramento. Segundo o que percebi, o Bruno investiga um dissolvente capaz de transformar celulose em fibras têxteis, o que contribui, em última instância, para a preservação ambiental do nosso planeta.

Seguidamente, o "nosso" advogado Jorge Sampaio dissecou um tema muito em voga actualmente: a revisão constitucional. Resumindo, falou-se da crise que o Estado Social atravessa em Portugal e abordou-se algumas propostas que foram efectuadas, no sentido de resolver algumas das questões mais prementes do nosso país. O Jorge também colocou em causa algumas dessas propostas por, supostamente, violarem direitos fundamentais presentes na Constituição.

A terceira exposição pertenceu a Ana Maria Pinto (Historiadora da Arte), com o tema "A paisagem histórico-artística de Monchique como contributo para o desenvolvimento sustentável do concelho". Pessoalmente, não a conhecia, mas a sua comunicação deixou bem claro que se trata de uma pessoa muito competente e com uma enorme estima por Monchique. Da sua intervenção, destaco a sua sensibilidade para a necessidade de preservar e potenciar o património histórico-social de Monchique, nomeadamente através da criação de roteiros turísticos. O estado do Convento de Nossa Senhora do Desterro, bem como a inacessibilidade às ruínas de uma fortaleza no Alferce e à fonte santa da Fornalha foram alvo de debate com a plateia, onde interveio também o presidente do Município de Monchique Dr. Rui André.

Mais tarde, foi a vez de Tiago Marques (Enfermeiro) e Patrícia Nunes (Estudante de Enfermagem) abordarem a temática: "Suporte básico de vida (adulto)". Como bem esclareceram, cada cidadão deve estar a par das linhas orientadoras para executar estas manobras. Elas podem valer uma vida. A apresentação teórica foi, posteriormente, muito bem complementada por uma demonstração prática, atentamente observada pelo público presente.

Por último, mas não menos importante, surgiu a temática "Iniciativa, Emprego e Empreendedorismo", devidamente comunicada pela Tânia Sousa (Gestora). Foram dados preciosos conselhos aos jovens para as primeiras incursões no mercado de trabalho. Desde como elaborar um curriculum, até ao modo como se comportar numa entrevista, nada passou despercebido. Em termos de empreendedorismo, a Tânia transmitiu ainda diversas formas de conseguir, por exemplo, crédito ou apoio para a criação de uma pequena ou micro empresa.

O nível geral destas I Jornadas Jovens superou as minhas melhores expectativas. A organização foi exemplar e os jovens conferencistas colocaram a fasquia bem alta para a próxima edição em 2011. Esta iniciativa merece o meu louvor e homenagem. Espero que constitua a rampa de lançamento para muitas mais.

A Freguesia de Monchique está de parabéns!

25/12/2010

BOAS FESTAS!

Em nome do Linha de Passe, desejo a todos os leitores que amiúde passam por este pequeno espaço virtual um óptimo Natal e um ano de 2011 cheio de saúde e felicidade.

Por muito baixas que estejam as nossas expectativas em relação ao futuro próximo que se avizinha, devemos encará-lo de cabeça erguida e com a força e a determinação suficientes para contornar os problemas que nos assolam. Optimismo, confiança e esperança acima de tudo.

Um grande bem-haja,

Carlos Almeida

12/12/2010

Precariedade da Arbitragem na Formação de Jovens

Nos recentes jogos dos escalões de formação que tenho presenciado (leia-se, Benjamins, Infantis e Iniciados), a arbitragem tem constituído um factor nefasto para o bom desempenho dos jovens praticantes e para a sua respectiva formação.

Do mesmo modo que as competências de um treinador do futebol juvenil não devem ser necessariamente as mesmas do que um treinador do alto rendimento, também os árbitros não devem tratar miúdos de 10-15 anos como se tratassem de adultos. Atenção que não me refiro estritamente a competências técnicas na análise das situações de jogo, mas sim dos comportamentos e das atitudes tomadas perante cenários menos apropriados ou educados da parte dos jovens. Será que a mera exibição do cartão vermelho resolverá o problema? A qualidade do jogo com uma equipa em inferioridade numérica é indutora de uma melhor formação das crianças/jovens?


Entramos, obviamente, no âmbito da Pedagogia do Desporto. Salvo raras excepções, a nossa arbitragem é muito precária nesse sentido. Nos escalões etários referidos, o cumprimento das regras do jogo deve ser mediado pelo bom senso, pela tolerância e pelo exercício a priori do diálogo.

Na minha perspectiva, abolia convictamente a admoestação de cartões amarelos e vermelhos até aos Sub-17. Caso surgissem contextos de reincidência de comportamentos de indisciplina, julgo que os treinadores deveriam ser aconselhados a substituir o jogador em causa, em vez destes serem expulsos e/ou castigados por dois ou três desafios. Haveria lugar à intervenção de outro jovem no jogo, a qualidade da oposição seria, em princípio, mais relevante e o próprio infractor teria mais possibilidades para, em conjunto com a equipa técnica ou psicólogo, corrigir atitudes e comportamentos menos apropriados.

Porque se diz que os melhores treinadores deveriam servir nos escalões de formação de base, os melhores árbitros também deveriam ser nomeados para encontros destas categorias. O futebol português na sua generalidade teria muito a ganhar com isso, ainda que a norma tenda a privilegiar o inverso: pensar no produto, descurando o processo.