27/03/2011
O pormenor na génese de um "saber fazer" colectivo
06/03/2011
Núcleo de Futebol da FMH
Hoje foi confrontado com um pedido de amizade no Facebook: "Núcleo de Futebol quer ser teu amigo". Curioso, fui ver de quem se tratava e, tal não foi o meu espanto, quando me apercebi que ex-alunos da Faculdade de Motricidade Humana, alguns meus colegas na instituição, tiveram a brilhante iniciativa de formar um Núcleo de Futebol com a preocupação de debater e melhorar a qualidade dos procedimentos e dos processos inerentes ao fenómeno futebol.
Deram os primeiros passos com a organização de seminários, conferências e palestras, convidando figuras de reconhecida competência do futebol/desporto nacional. Porém, o que mais me deliciou, na verdade acepção da palavra, foi constatar que publicaram recentemente a primeira edição da NFFMH Magazine e com artigos de qualidade (download gratuito aqui).
Novas preocupações, novos anseios e um novo paradigma em prol de um futuro melhor para o futebol e para o desporto nacional.
Os meus sinceros parabéns aos dinamizadores do Núcleo de Futebol da FMH.
02/03/2011
Gonçalo M. Tavares: Um Nobel Professor?
Gonçalo M. Tavares é um escritor português contemporâneo. Apesar de ter apenas 41 anos, conta já com alguns prémios nacionais e internacionais. Conheci-o enquanto professor da cadeira de Epistemologia da Motricidade Humana na faculdade (FMH). Os seus métodos de ensino fugiam bastante do convencional. Nada de exames e leituras irreflectidas. Em cada semana tinhamos de apresentar um trabalho original, fosse uma pintura, um texto ou um filme, sobre uma temática em que o "corpo" estivesse presente (por exemplo, utopia e corpo).
Nas suas aulas sentiamos-nos livres, longe das amarras de um programa a cumprir em x tempo. O que aprendi? Não sei ao certo, talvez muito ou, se calhar, nada, mas pude reflectir e, acima de tudo, ser criativo. Na altura, liamos um livro seu: "O Senhor Valéry" (Caminho, 2002). Lembro-me particularmente da seguinte passagem:
O senhor Valéry conhecia pessoas arrogantes e não gostava delas.
Para o senhor Valéry arrogante era a pessoa que se julgava melhor que a sua tarefa: quer esta fosse servir à mesa, escrever, ou pintar um quadro.
O senhor Valéry explicava:
Conheço pessoas que andam na rua como se fizessem um favor ao acto de andar. É perigoso julgarmo-nos maiores que a nossa tarefa – explicava o senhor Valéry.
- Se a nossa tarefa for fixar um prego na parede...
(...)-...e se nos julgarmos mais inteligentes que essa tarefa, corremos o risco de falhar o prego, acertando em cheio no nosso próprio dedo.
- Deste modo – concluía o senhor Valéry – eu considero-me, em qualquer situação, ao mesmo nível da tarefa. Nem sou o seu chefe, nem o seu empregado. Eu e a minha tarefa somos coisas com igual inteligência que num determinado momento partilham o Destino. E é só.Compreendi a razão do senhor Valéry e atestei o brilhantismo do estranho Gonçalo M. Tavares, aquele que, mais tarde, José Saramago vaticinou como o próximo português Nobel da Literatura.