No futebol, a posição de guarda-redes (GR) distingue-se das demais pelas tarefas e missões atribuídas ao jogador em questão. É o único que pode pode agarrar a bola com as mãos, dentro da área delimitada para tal (i.e., grande área), com o objetivo primordial de defender a baliza da sua equipa das investidas atacantes dos opositores. Mas não é só! O exigente futebol contemporâneo preconiza que o GR seja, forçosamente, um bom jogador de campo. Não é por acaso que se costuma dizer que "um bom GR é meia equipa".
Apesar disso, o talento, as capacidades e as características dos GR não são consensuais entre treinadores, scouts e observadores. Que qualidades são fundamentais para que um jovem seja um excelente GR no futuro? A altura predita na idade adulta é uma variável frequentemente avaliada e de extrema importância nos procedimentos de seleção de talentos. GR baixos são, regra geral, menos admissíveis nas melhores academias de formação. As capacidades técnicas e físicas são também amplamente valorizadas, ao invés do que sucede, por exemplo, com a capacidade de leitura do jogo associada ao ato tático.
Não são raras as vezes em que se observa jovens GR com predicados técnicos, morfológicos e físicos interessantes, mas que pecam bastante no modo como "leem" o jogo e, subsequentemente, se posicionam ou agem para concretizar uma determinada ação específica. Entendo que a capacidade de "ler" o jogo seja mais manipulável que o desenvolvimento de variáveis geneticamente predeterminadas, no entanto, não será algo que deve estar inerente ao talento de um GR promissor?
Na minha perspetiva, sim! É determinante, porque nos dias que hoje correm o GR não é somente o tipo que está entre os postes, mas também aquele que sabe atuar, quando necessário, como líbero em processos defensivo e ofensivo. O futebol de alto nível assim nos tem ensinado: os mais diversos fatores de rendimento - técnico, físico e psicológico - devem estar subjacentes ao fator tático, até para os GRs.