O extremo espanhol
Nolito, proveniente do FC Barcelona e atualmente ao serviço do SL Benfica, é um
dos casos mais flagrantes de subaproveitamento no futebol português. Não é de
agora, já se estende desde a época passada, mesmo quando o jogador teimava em
se mostrar decisivo em diversos jogos consecutivos.
Na minha perspetiva, é o
melhor extremo do plantel encarnado; muitos discordarão, pois há Sálvio,
Gaitán, Bruno César, Enzo Pérez e Ola John. Respeito, mas mantenho-me firme no
meu julgamento. Nolito não se restringe à típica ação de extremo de assumir
duelos individuais (1x1) para desequilibrar a organização defensiva adversária.
A sua perceção e leitura do envolvimento, bem como a sua capacidade de executar
com qualidade, consubstanciados numa cultura tática acima da média, determinam
que o jogador explore predominantemente espaços interiores com eficácia, sobretudo partindo do
corredor esquerdo em deslocamentos diagonais. Fá-lo, essencialmente, através de combinações táticas
diretas e indiretas pouco habituais de se observar por parte dos seus companheiros
de posição.
Neste particular, é
evidente a tendência de Nolito para procurar Pablo Aimar (um jogador altamente capaz de compreender e corresponder à comunicação despoletada pelos seus companheiros de equipa), no intuito de executar essas ações coletivas, culminando com
deslocamentos de rotura passíveis de colocar o espanhol em ótimas circunstâncias para assistir
ou finalizar para golo. Para além de explorar com frequência tais combinações
táticas imbuídas de lógica e objetividade, Nolito dribla bem,
assiste com critério, envolve-se em tarefas defensivas quando o contexto assim
solicita, tem um espírito competitivo notável e, para complementar, sabe
finalizar.
Não entendo a gestão que
é feita na sua utilização; o tempo total de jogo é escasso face a tamanha qualidade e competitividade. Custa-me ainda ver o nome do jogador
constantemente associado a outros clubes na imprensa desportiva nacional. O ter
de sair para estar mais próximo da família soa-me a estapafúrdio; Lisboa não é
assim tão longe da sua terra natal.
Manuel Agudo Durán “Nolito” merece
ser valorizado e devidamente aproveitado pela equipa técnica do Benfica. Não há
muitos como ele e Pep Guardiola sabia-o muito bem quando o tentou demover de deixar a equipa catalã.