Circula pela internet um vídeo de uns miúdos gregos a marcarem um golo, após uma sequência de 20 passes consecutivos. Por esta altura, não deve ser novidade para ninguém. As imagens são estas:
Numa breve pesquisa consegui perceber que se trata da equipa de Infantis (Sub-13) do AO Giannina; no jogo em causa, venceu a formação congénere do Atromitos por 6-1. Trabalho com miúdos do escalão Sub-13 há sete épocas e posso assegurar que não é nada comum assistir a um processo ofensivo tão bem construído e finalizado, coletivamente, nestas idades. Além disso, por não se tratar de uma equipa pertencente a uma academia de futebol de um clube de elite, mais motivos temos para aplaudir e atribuir o mérito a quem de direito: a estes jovens jogadores e à sua equipa técnica.
Se não estou em erro a sequência ofensiva envolve todos os jogadores da equipa (o onze), 20 passes e 48 toques sobre a bola. A qualidade dos miúdos está patente no modo como recebem a bola, quase sempre orientando-a convenientemente para executar a ação seguinte (salvo um par de dribles e o remate, essencialmente, o passe). Nota-se uma cultura tática assinalável para o escalão etário. O cumprimento dos princípios específicos, bem como alguns gerais, é bastante evidente. Por exemplo, após o passe os jovens jogadores não descuram a cobertura ofensiva, o apoio ou a mobilidade, oferecendo, invariavelmente, solução ao portador da bola.
O princípio espaço é muito bem concretizado pelo lateral esquerdo aos 00:20 do vídeo; o rapaz abre uma linha de passe para o seu guarda-redes, posicionando-se praticamente em cima da linha de fundo. Quantos praticantes federados de futebol, com 12-13 anos, fazem isto? Eu não arriscaria uma percentagem muito elevada. A saída de uma zona de pressão no corredor direito ao primeiro toque é um regalo (a partir dos 00:34), havendo logo a preocupação de mudar o lado do centro do jogo. Parece simples. Quantos miúdos deste escalão sairiam daquele enredo de jogadores ao primeiro toque?
Há quem relativize a jogada. Há quem faça uma analogia com a equipa principal do Barcelona FC. Depois, há ainda quem aplauda e reveja a sequência ofensiva vezes sem conta. Não é um golaço do meio-campo, ou uma bicicleta do Ibrahimovic sem preparação. É “apenas” uma grande jogada coletiva protagonizada por uma equipa infantil, de um clube grego perfeitamente desconhecido à escala internacional.
Só por isso, aqui fica o meu voto de louvor. Magnífico!