Paulo Duarte, ex-treinador da União de Leiria e actual seleccionador do Burkina Faso, concedeu recentemente uma entrevista ao Jornal de Notícias muito interessante. De resposta simples, porém de um realismo inegável.
O treinador leiriense - o último caso de sucesso de treinadores portugueses no estrangeiro - sustenta que se valoriza pouco o trabalho desenvolvido pelos treinadores lusitanos em detrimento de estrangeiros. Para além disso, afirma que passou e acompanhou de perto diversos campeonatos europeus (França, Alemanha e Bélgica) e diz, sem rodeios, que os treinadores portugueses trabalham melhor que os outros, não trocando os métodos de treino nacionais por nada.
O ponto alto da entrevista é, em minha opinião, quando o Paulo Duarte crava o dedo na ferida e conclui: "Em Portugal, contratam-se treinadores por dois meses. Gostamos de bater no ceguinho e não damos estabilidade nenhuma. Quando a temos, os resultados aparecem.".
É um problema real e culturalmente enraizado, que pode e deve ser contornado. Todos nós gostamos de ganhar, contudo, nem sempre é possível. Quando não acontece, a culpa não é do avançado que falhou a grande penalidade, ou do guarda-redes que a defendeu, mas frequentemente do treinador. Ridícula esta mentalidade, mas profundamente sustentada em Portugal.
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