Ontem, dia 3 de Setembro de 2010, foi um dia macabro para as equipas nacionais Sub-21 e "A" de Portugal. Na sequência da embrulhada que envolve Carlos Queiroz, a selecção Sub-21 falhou redondamente o apuramento para o Europeu da categoria no próximo ano. Não só é um facto grave, como assistir ao jogo se transformou numa "aflição" praticamente sem precedentes.
Durante o encontro, dei por mim a indagar o que se treina com os jovens Sub-21. Sim, porque não parece existir nenhum modelo de jogo ou, pelo menos, simples indicações que traduzam um estilo de jogo consentâneo com as características dos jogadores. Abusou-se do jogo directo, o que, claramente, favoreceu a missão do processo defensivo inglês. A dinâmica do processo ofensivo foi extremamente limitada para uma formação que tinha a obrigatoriedade de ganhar, ainda para mais a jogar no seu país. A distância entre os jogadores era enorme e assim é impossível jogar rápido e de forma apoiada. Alarma-me que ninguém da equipa técnica tenha procurado corrigir esse aspecto. As opções iniciais também não foram as melhores e o Oceano demorou a mexer na equipa, mesmo vendo-se a perder desde cedo. Não será o cargo de seleccionador nacional, inclusivamente nas camadas ditas jovens, uma função que deve ser atribuída a treinadores competentes nessa matéria, mas que já possuam provas dadas no futebol português? Sim, respondo. Então, porque é que o Oceano inicia a sua carreira de treinador logo como seleccionador Sub-21? Não havia outras opções de maior qualidade?
No que diz respeito à equipa "A", o empate (4-4) diante do Chipre foi mítico. Agostinho Oliveira refere na comunicação social que a "produção atacante foi extraordinária", ainda assim a nossa selecção cometeu um feito assinalável: empatar com os cipriotas. Não nos podemos queixar apenas dos erros defensivos, pois ofensivamente falhámos imenso. Com o resultado em 4-3 tivemos três/quatro oportunidades magníficas para "matar" o jogo. Não o fizemos e pagámos caro.
Na minha perspectiva, a inclusão de Miguel no onze não se justifica, pois é um jogador que já não tem a capacidade física de outrora, erra demasiado no passe e não cria qualquer desequilíbrio no sector ofensivo. Ontem, esteve associado a três dos quatro golos cipriotas, devido a evidentes desatenções na ocupação do espaço e/ou no acompanhamento a jogadores adversários. No primeiro golo cripriota, não recuperou defensivamente e deixou o autor do golo progredir pelo seu corredor até realizar o "chapéu" ao Eduardo. No terceiro, permitiu que o avançado oponente efectuasse a diagonal pelas suas costas até finalizar na cara do guarda-redes português. No último golo, coloca em posição regular os dois jogadores cipriotas que procuraram a recarga ao primeiro remate. Enfim, é muita responsabilidade para um jogo só. Quando se pretende renovar a selecção e há Sílvio no banco de suplentes, não compreendo porque não se aposta no jovem do Sporting Clube de Braga.
O drama das substituições voltou a ser evidente. Tirar o Manuel Fernandes, o melhor centro-campista português durante o jogo, e deixar o Raúl Meireles em campo foi um erro crasso. O Raúl estava, literalmente, a arrastar-se na partida e Manuel Fernandes era dos poucos que objectivava manter a posse de bola e partir para transições ofensivas controladas. Ao retirar-se Manuel Fernandes do jogo perdeu-se clarividência na construção do processo ofensivo. Por sua vez, a entrada de Yannick Djaló para render Hugo Almeida também não me pareceu acertado. Naquele período do jogo, em que um golo adversário se torna complicado contornar, é lógico reforçar o meio-campo e controlar a posse de bola. Em vez disso, Agostinho Oliveira colocou Yannick Djaló na frente, forçando a a equipa a adoptar um estilo de jogo mais vertical. Não só não criámos mais situações de finalização, como as consequências finais foram altamente nefastas.
Muito mais há para reflectir, até porque não há tranquilidade no seio da equipa. Por muito que pretendamos colocar os jogadores à margem do "caso Queiroz" há legados que persistem e que o processo de renovação não resolveu. O próximo jogo na Noruega é fundamental para retribuir confiança ao grupo ou, ao invés, remeter-nos para mais contas logo à partida. É imperioso que a equipa técnica tome as melhores opções e os jogadores encarem a partida com responsabilidade. Neste grupo H, Portugal tem a obrigação de não perder mais qualquer ponto.
Força, Portugal!
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