No futebol, a utilização de caneleiras no processo de treino não é consensual. Constata-se, inclusivamente, existir uma espécie de aversão generalizada a este material, que não possui outro fim que não seja a protecção das pernas dos praticantes.
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| Foto: Jogadores da equipa sénior do SLB a treinar... sem caneleiras. |
O treino assume, por natureza, o objectivo primordial de preparar a equipa para o fenómeno competitivo. A especificidade, princípio metodológico amplamente difundido com as correntes ou ideias contemporâneas da periodização do treino, parece não adquirir expressão no simples uso desta protecção. Enquanto estudante na área de Metodologia do Treino - especialidade Futebol, o professor advertia que não deixava ninguém treinar sem caneleiras, precisamente porque as circunstâncias do treino devem assemelhar-se ao máximo às particularidades das diversas situações de jogo.
Então, interrogo-me porque é que vislumbro, constantemente, jogadores de alto rendimento a descurar este pequeno pormenor em treino. Neste contexto, deixa de haver contacto físico? Não ocorrem choques? A desculpa esfarrapada de ser incómodo serve de pretexto para não "consciencializar" o jogador a utilizar o material? Durante um jogo, admitindo que seja incómodo - eu não o considero - é obrigatório; no treino, deveria ser igual. Sejamos coerentes.
Não sei se sou eu que sou mesquinho, porém, é um aspecto que me cria uma confusão tremenda. Nas minhas equipas, todos usam caneleiras; é regra. Nas equipas dos outros, quem gere os procedimentos disciplinares não sou eu, o que não me impede de discordar ou concordar com a adopção de determinadas normas de conduta.
Acima de tudo, eu proponho que qualquer norma como a exemplificada seja aplicada de forma coerente e convenientemente explicada ao jogador. A mera obrigação não pode transcender o seu entendimento e posterior respeito. É através deste "código de acção" que o grupo formará a linguagem universal de base, subjacente à sua evolução no "saber", no "fazer" e, sobretudo, no "saber fazer" colectivo. É neste sentido que julgo ser perigoso neglicenciar o "pormenor".
2 comentários:
Concordo com este teu ponto de vista! É tudo uma questão de princípio e de coerência. Quem tem por objectivo preparar a sua equipa para o contexto competitivo e faz questão de o mencionar, afirmando presunçosamente que o princípio da Especificidade está sempre presente no seu processo de treino, com a bola sempre presente, em contexto de jogo etc, não pode - pelo menos não devia - descurar este tipo de questões. O uso de caneleiras surge no âmbito da protecção dos jogadores. Ora sendo este uso obrigatório, não tem qualquer tipo de lógica permitir que os jogadores treinem sem elas... Se as caneleiras fossem de uso facultativo, aí a conversa seria outra, mas não é! Olhando para outros desportos, não vemos nadadores treinar sem touca, jogadores de futebol americano treinar sem capacete e protecção do tronco, ciclistas sem capacete, etc. É mais uma das "manias" inerentes ao futebol... No que a mim me diz respeito, não abdico deste princípio, sem caneleiras não treinam! Dou o benefício da dúvida da primeira vez, mas na segunda e infracções seguintes, simplesmente não treinam.
Quanto às queixas do incómodo que, supostamente, as caneleiras causam, não têm qualquer fundamento. Se assim fosse, também não se treinava quando chovesse ou fizesse muito frio. Porque incomoda...
Abraço
Caro amigo Luís,
Sublinho e subscrevo o teu comentário. :)
Um abraço!
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