31/03/2014

Deixem passar o homem invisível (2009)

Um romance de Rui Cardoso Martins que nos retrata as peripécias de um cego, de nome António. Um dilúvio avassalador abre um buraco na capital lisboeta. António e João, um escuteiro de 8 anos, são arrastados pela torrente na esperança vã de se salvar mutuamente: o miúdo ao cego e o cego ao miúdo.

Imagem: Capa de Deixem passar o homem invisível.
(fonte: www.leyaonlina.com)

«Nos subterrâneos da cidade, dois sobreviventes tentam subir à calçada, ao céu azul de Portugal.» Nessa escuridão labiríntica, o enredo toma proporções de ensaio sobre a cegueira e… sobre a magia. O (ainda) sobrevivente António e o mágico italiano Serip (Pires ao contrário), que surge como colaborador dos sapadores de Lisboa em auxílio de António e João, recordam a sua mais que improvável amizade.

«As últimas letras que li na vida com os olhos foi o cabeçalho dum jornal desportivo. Estava escrito que não seria intelectual o meu futuro, de qualquer modo um futuro português, a maioria das pessoas que conheço usa a vista para ler notícias da bola, as revistas de mexericos, as contas da casa, as cartas do fisco e a chave do euromilhões, a vida inteira.» (p. 163-164)

«O Serip dizia que há truques que parecem milagres até conhecermos o segredo, foi aliás a sua entrada no mundo da magia e o conhecimento dos mecanismos da ilusão os motivos que o começaram a afastar da crença cristã. De repente havia mistérios que já podia explicar e até repetir na camarata do seminário, se o quisesse, foi o que o fez entrar na “dúvida da fé”, resumiu Serip num dos seus oximoros ligeiros, isso e o facto de desejar dormir com todas, todas, mas todas as mulheres do mundo, incompatível com um cristão verdadeiro.» (p. 201)

«Viver não é magia nem milagre, mas às vezes temos de acreditar.»

23/03/2014

O futebol e o fator humano

«A grande revolução do futebol está no fator humano.»

A frase pertence ao professor catedrático Manuel Sérgio e fez eco no debate «A importância da ética na sociedade moderna», que decorreu, no passado mês de fevereiro, no Ginásio Clube Português, em Lisboa.

Não deixa de ser estranha a coincidência de se discutir a ética no desporto e vermos, poucos dias depois, Jorge Jesus a mostrar 3 dedos a Tim Sherwood (treinador do Tottenham), na sequência do terceiro golo do SL Benfica, na primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Europa League, em White Hart Lane. O respeito, o bom senso e a humildade deveriam ser predicados obrigatórios para um treinador de elite e o treinador, em si, deve estar à altura da grandeza do clube que representa.

Imagem: Jorge Jesus e os três dedos mostrados a Tim Sherwood.
(fonte: www.thesun.co.uk)

O gesto do atual treinador do Benfica foi de uma baixeza deplorável e, pior, foi reincidente. Relembremos os 4 dedos mostrados a Manuel Machado (treinador do Nacional), em pleno Estádio da Luz, em outubro de 2009. Nessa ocasião, Jorge Jesus desculpou-se com «a linha de 4 homens no meio-campo», desta vez, o tiro saiu-lhe pela culatra, tornando o enredo ainda mais hilariante: «O n.º 3 é o Luisão, 1, 2, 3… Luisão.», quando, na realidade, o capitão do Benfica é o n.º 4. Portanto, parece-me óbvio que a revolução do fator humano ainda não atingiu o futebol de Jorge Jesus.

Contudo, dou a mão à palmatória, nem só de defeitos vive este treinador: trabalha bem as suas equipas, ofensiva e defensivamente; sabe aproveitar e potenciar as qualidades individuais de alguns jogadores; transmite disciplina, rigor e exigência. No que se refere ao lado humano, e no qual deverá residir boa parte das competências de um treinador de excelência, não me coíbo de subscrever a célebre afirmação de Manuel Machado:

«Na vida, um vintém é sempre um vintém e um cretino é sempre um cretino.»

21/03/2014

Dia Mundial da Árvore


Foto: Parque Aventura da Foia (6-agosto-2013).

As árvores,
Erguem-se acima do nosso olhar
Protegem-nos, dão-nos vida
Na ténue esperança
De nos recordar
Que o planeta Terra,
Da barbárie humana,
Devemos preservar.