«A grande revolução
do futebol está no fator humano.»
A frase pertence ao professor
catedrático Manuel Sérgio e fez eco no debate «A importância da ética na
sociedade moderna», que decorreu, no passado mês de fevereiro, no Ginásio Clube
Português, em Lisboa.
Não deixa de ser
estranha a coincidência de se discutir a ética no desporto e vermos, poucos
dias depois, Jorge Jesus a mostrar 3 dedos a Tim Sherwood (treinador do
Tottenham), na sequência do terceiro golo do SL Benfica, na primeira mão dos
oitavos-de-final da UEFA Europa League, em White Hart Lane. O respeito, o bom senso e a humildade deveriam ser predicados obrigatórios para um treinador de elite e o treinador, em si,
deve estar à altura da grandeza do clube que representa.
Imagem: Jorge Jesus e os três dedos mostrados a Tim Sherwood. (fonte: www.thesun.co.uk) |
O gesto do atual treinador
do Benfica foi de uma baixeza deplorável e, pior, foi reincidente. Relembremos
os 4 dedos mostrados a Manuel Machado (treinador do Nacional), em pleno Estádio
da Luz, em outubro de 2009. Nessa ocasião, Jorge Jesus desculpou-se com «a
linha de 4 homens no meio-campo», desta vez, o tiro saiu-lhe pela culatra,
tornando o enredo ainda mais hilariante: «O n.º 3 é o Luisão, 1, 2, 3…
Luisão.», quando, na realidade, o capitão do Benfica é o n.º 4. Portanto, parece-me
óbvio que a revolução do fator humano ainda não atingiu o futebol de Jorge
Jesus.
Contudo, dou a mão à
palmatória, nem só de defeitos vive este treinador: trabalha bem as suas
equipas, ofensiva e defensivamente; sabe aproveitar e potenciar as qualidades
individuais de alguns jogadores; transmite disciplina, rigor e exigência. No que se refere ao lado humano, e no qual deverá residir boa parte das competências de um treinador de
excelência, não me coíbo de subscrever a célebre afirmação de Manuel
Machado:
«Na
vida, um vintém é sempre um vintém e um cretino é sempre um cretino.»
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