As grandes penalidades são
situações fixas muito peculiares num jogo de futebol. O confronto entre o
jogador responsável pela marcação, geralmente um especialista neste tipo de
lances, e o guarda-redes adversário gera um enorme entusiasmo e, não raramente,
expectativas opostas: “vai marcar”, “vai falhar”, ou “o guarda-redes defende
esta”. São, por isso, eventos muito interessantes e que decidem, por vezes, o desfecho final de uma partida. Na última edição da Liga Portuguesa
– Liga ZON Sagres 2013/2014 – foram marcados 84 golos de grande
penalidade, cerca de 14,8% da
totalidade dos golos concretizados, nas 30 jornadas, pelas 16 equipas (569
golos).
Neste âmbito, procurei
compilar uma série de dados que demonstrasse, de uma forma muito sintética,
qual o rendimento obtido por cada equipa, no que se refere à marcação de
grandes penalidades, na liga portuguesa 2013/2014 (tabela 1).
Tabela 1.
Grandes penalidades a favor e contra: o rendimento das equipas na liga
portuguesa 2013/2014.
(p.f., clique para ampliar)
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O Porto (13), o Sporting
e o Vitória de Setúbal (11) foram as três equipas que mais grandes penalidades
tiveram a seu favor; ao invés, a Académica (3), o Rio Ave e o Paços de Ferreira
(2) foram os conjuntos que dispuseram de menos grandes penalidades. De resto, a
Académica (9), o Estoril, o Rio Ave e o Olhanense (8) tiveram mais grandes
penalidades assinaladas contra si, enquanto que os três grandes (Benfica,
Sporting e Porto) e o Belenenses foram as equipas que viram os árbitros
conceder menos grandes penalidades aos seus adversários (4).
No topo das equipas mais
concretizadoras da marca dos 11 metros estão o Sporting e o Porto, com 10
golos. Em contexto inverso, o Rio Ave, o Belenenses e o Paços de Ferreira apenas marcaram 2 golos nesta edição da liga. O Nacional e o Arouca (5 golos em
5 penáltis), o Guimarães e o Olhanense (4 golos em 4 penáltis), a Académica (3
golos em 3 penáltis) e o Rio Ave e o Paços de Ferreira (2 golos em 2 penáltis),
respetivamente, foram as equipas mais eficazes nestas situações de bola parada,
todas com 100% de aproveitamento. Em seguida, surgiu o Sporting com uma
eficácia de 90,9% (10 golos em 11 episódios). Nas grandes penalidades contra, o
Braga sofreu golo em apenas 42,9% das tentativas dos oponentes (3 golos em 7
penalidades contra), sendo que o Estoril apenas sofreu golo em metade (50%) dos
penáltis assinalados para os adversários (4 golos em 8 penalidades contra).
Passemos agora à análise
do desempenho individual dos jogadores que marcaram as grandes penalidades (tabela 2).
Tabela 2.
Grandes penalidades marcadas: o rendimento dos jogadores na liga portuguesa
2013/2014.
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Para evitar publicar uma
tabela demasiado longa, decidi retirar todos os jogadores que apenas “bateram”
uma grande penalidade. Nesta lista, 60,9% são avançados (incluindo extremos) e
39,1% são centrocampistas. O médio sportinguista Adrien Silva foi o jogador que
mais golos marcou de grande penalidade na liga portuguesa 2013/2014 (7 golos).
O jogador mais eficaz foi, no entanto, o médio Evandro do Estoril, com 6 golos
marcados em outros tantos penáltis. Pela negativa, destaco os avançados
portugueses Hugo Vieira (Gil Vicente), Ricardo Horta (Vitória de Setúbal) e
Ricardo Quaresma (Porto), respetivamente, todos com eficácias de remate dos 11
metros iguais ou inferiores a 60%.
No que diz respeito à
performance dos guarda-redes, os resultados constam na tabela 3.
Tabela 3.
Grandes penalidades contra: o rendimento dos guarda-redes na liga portuguesa
2013/2014.
(p.f., clique para ampliar)
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O português Ricardo
Nunes (Académica) foi o guarda-redes que mais participou em grandes penalidades, na
edição 2013/2014 da principal competição portuguesa de futebol. Porém, será que
foi o “rei dos penáltis” conforme noticiou o jornal Record, no dia 13 de abril de 2014?
Figura 1. Ricardo Nunes: o "rei dos penáltis" (fonte: Record online, 13 de abril de 2014). |
De facto, Ricardo Nunes
(Académica), juntamente com Vagner (Estoril) e Eduardo (Braga), foi dos guarda-redes que mais penáltis defendeu (2), contudo, a avaliar pela eficácia
defensiva, o título de “rei dos penáltis” deveria ser entregue a Eduardo
(Braga), com 2 penáltis defendidos em 5 ocasiões, seguido de Vagner (Estoril),
com 2 defesas em 6 castigos máximos. Destaco, ainda, os guarda-redes
portugueses João Manuel (Estoril, 20 anos), Ricardo Ribeiro (Estoril, 24 anos)
e Ventura (Rio Ave, 26 anos), pois obtiveram 100% de eficácia em situações de
grande penalidade (1 penálti defendido cada). Curiosamente, os três guarda-redes
do Estoril defenderam penáltis, garantido, para o seu clube, a melhor proteção
da baliza na liga portuguesa 2013/2014, no que respeita a esta tipologia de eventos de bola parada.
A primeira parte desta
análise fica assim concluída. Em breve, talvez no decurso do próximo mês, será publicada a
segunda parte, que incluirá dados mais específicos acerca do desempenho dos
jogadores (zonas de remate, lateralidade do jogador, etc.) e algumas informações
sobre variáveis contextuais (localização, resultado corrente,
etc.) dos jogos em que ocorreram episódios de grande penalidade.
Fiquem atentos.