28/05/2014

Análise das grandes penalidades na Liga Portuguesa 2013/2014: Parte 1

As grandes penalidades são situações fixas muito peculiares num jogo de futebol. O confronto entre o jogador responsável pela marcação, geralmente um especialista neste tipo de lances, e o guarda-redes adversário gera um enorme entusiasmo e, não raramente, expectativas opostas: “vai marcar”, “vai falhar”, ou “o guarda-redes defende esta”. São, por isso, eventos muito interessantes e que decidem, por vezes, o desfecho final de uma partida. Na última edição da Liga Portuguesa – Liga ZON Sagres 2013/2014 – foram marcados 84 golos de grande penalidade, cerca de 14,8% da totalidade dos golos concretizados, nas 30 jornadas, pelas 16 equipas (569 golos).

Neste âmbito, procurei compilar uma série de dados que demonstrasse, de uma forma muito sintética, qual o rendimento obtido por cada equipa, no que se refere à marcação de grandes penalidades, na liga portuguesa 2013/2014 (tabela 1).

Tabela 1. Grandes penalidades a favor e contra: o rendimento das equipas na liga portuguesa 2013/2014.
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O Porto (13), o Sporting e o Vitória de Setúbal (11) foram as três equipas que mais grandes penalidades tiveram a seu favor; ao invés, a Académica (3), o Rio Ave e o Paços de Ferreira (2) foram os conjuntos que dispuseram de menos grandes penalidades. De resto, a Académica (9), o Estoril, o Rio Ave e o Olhanense (8) tiveram mais grandes penalidades assinaladas contra si, enquanto que os três grandes (Benfica, Sporting e Porto) e o Belenenses foram as equipas que viram os árbitros conceder menos grandes penalidades aos seus adversários (4).

No topo das equipas mais concretizadoras da marca dos 11 metros estão o Sporting e o Porto, com 10 golos. Em contexto inverso, o Rio Ave, o Belenenses e o Paços de Ferreira apenas marcaram 2 golos nesta edição da liga. O Nacional e o Arouca (5 golos em 5 penáltis), o Guimarães e o Olhanense (4 golos em 4 penáltis), a Académica (3 golos em 3 penáltis) e o Rio Ave e o Paços de Ferreira (2 golos em 2 penáltis), respetivamente, foram as equipas mais eficazes nestas situações de bola parada, todas com 100% de aproveitamento. Em seguida, surgiu o Sporting com uma eficácia de 90,9% (10 golos em 11 episódios). Nas grandes penalidades contra, o Braga sofreu golo em apenas 42,9% das tentativas dos oponentes (3 golos em 7 penalidades contra), sendo que o Estoril apenas sofreu golo em metade (50%) dos penáltis assinalados para os adversários (4 golos em 8 penalidades contra).

Passemos agora à análise do desempenho individual dos jogadores que marcaram as grandes penalidades (tabela 2).

Tabela 2. Grandes penalidades marcadas: o rendimento dos jogadores na liga portuguesa 2013/2014.
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Para evitar publicar uma tabela demasiado longa, decidi retirar todos os jogadores que apenas “bateram” uma grande penalidade. Nesta lista, 60,9% são avançados (incluindo extremos) e 39,1% são centrocampistas. O médio sportinguista Adrien Silva foi o jogador que mais golos marcou de grande penalidade na liga portuguesa 2013/2014 (7 golos). O jogador mais eficaz foi, no entanto, o médio Evandro do Estoril, com 6 golos marcados em outros tantos penáltis. Pela negativa, destaco os avançados portugueses Hugo Vieira (Gil Vicente), Ricardo Horta (Vitória de Setúbal) e Ricardo Quaresma (Porto), respetivamente, todos com eficácias de remate dos 11 metros iguais ou inferiores a 60%.

No que diz respeito à performance dos guarda-redes, os resultados constam na tabela 3.

Tabela 3. Grandes penalidades contra: o rendimento dos guarda-redes na liga portuguesa 2013/2014.
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O português Ricardo Nunes (Académica) foi o guarda-redes que mais participou em grandes penalidades, na edição 2013/2014 da principal competição portuguesa de futebol. Porém, será que foi o “rei dos penáltis” conforme noticiou o jornal Record, no dia 13 de abril de 2014?

Figura 1. Ricardo Nunes: o "rei dos penáltis" (fonte: Record online, 13 de abril de 2014).

De facto, Ricardo Nunes (Académica), juntamente com Vagner (Estoril) e Eduardo (Braga), foi dos guarda-redes que mais penáltis defendeu (2), contudo, a avaliar pela eficácia defensiva, o título de “rei dos penáltis” deveria ser entregue a Eduardo (Braga), com 2 penáltis defendidos em 5 ocasiões, seguido de Vagner (Estoril), com 2 defesas em 6 castigos máximos. Destaco, ainda, os guarda-redes portugueses João Manuel (Estoril, 20 anos), Ricardo Ribeiro (Estoril, 24 anos) e Ventura (Rio Ave, 26 anos), pois obtiveram 100% de eficácia em situações de grande penalidade (1 penálti defendido cada). Curiosamente, os três guarda-redes do Estoril defenderam penáltis, garantido, para o seu clube, a melhor proteção da baliza na liga portuguesa 2013/2014, no que respeita a esta tipologia de eventos de bola parada.

A primeira parte desta análise fica assim concluída. Em breve, talvez no decurso do próximo mês, será publicada a segunda parte, que incluirá dados mais específicos acerca do desempenho dos jogadores (zonas de remate, lateralidade do jogador, etc.) e algumas informações sobre variáveis contextuais (localização, resultado corrente, etc.) dos jogos em que ocorreram episódios de grande penalidade.

Fiquem atentos.

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