26/09/2014

O escolhido é Fernando Santos. E agora: que opções?

Depois de nos depararmos com o pior cenário possível no arranque da fase de qualificação para o Euro 2016, com a derrota caseira diante da pior equipa do grupo (Albânia), Paulo Bento foi demitido. Não estavam reunidas as melhores condições de trabalho e a Federação Portuguesa de Futebol tomou uma decisão. Dizem que o timing não foi o melhor, porém «mais vale tarde que nunca».

O treinador escolhido para o cargo foi Fernando Santos. Confesso que, para mim, foi um alívio não anunciarem o brasileiro Tite ou o italiano Mancini. Se havia melhores opções (certamente escassas), piores eram às dezenas. E agora, qual é o projeto? No imediato, qualificar a seleção para o Euro 2016, em França, mas simultaneamente renovar um conjunto de elementos há muito conformado.

Aliás, penso que o pior pecado de Paulo Bento foi conceder estatuto (de selecionável) a jogadores que, nos respetivos clubes, não justificavam sequer a presença no lote de pré-selecionáveis. E é como refere Rui Vitória: um selecionador deve ter uma visão mais alargada. Quem representa a seleção deve fazê-lo com orgulho e motivação e, acima de tudo, deve justificar a convocatória com o trabalho apresentado no seu clube.

Na ordem do dia está também a renovação da seleção portuguesa. Não acredito em cortes dramáticos com o passado. Uma renovação, para ser sustentável, deve ser progressiva e muito bem ponderada. Com esta premissa em mente, decidi propor um lote de jogadores passíveis de, por um lado, assegurar a presença no Euro 2016 (o objetivo imediato) e, por outro lado, garantir a renovação progressiva da equipa. Não estou à espera que esta proposta seja unânime, longe disso; contudo, procura responder à noção que tenho de «coletivo» e à dinâmica que acredito que seria possível implementar com estas individualidades.

Figura. Seleção portuguesa num sistema de jogo 1-4-3-3, com 2 ou 3 opções por posição.
(p.f., clique para ampliar)

1 – Rui Patrício (Sporting), Beto (Sevilha) e Anthony Lopes (Lyon)
2 – Cédric Soares (Sporting), João Cancelo (Valência) e Diogo Figueiras (Sevilha)
3 – Luís Neto (Zenit) e Rúben Vezo (Valência)
4 – Pepe (Real Madrid) e José Fonte (Southampton)
5 – Fábio Coentrão (Real Madrid), Antunes (Málaga) e Eliseu (Benfica)
6 – William Carvalho (Sporting), André Almeida (Benfica) e Danilo Pereira (Marítimo)
8 – João Moutinho (Mónaco), Adrien Silva (Sporting) e André Gomes (Valência)
10 – Danny (Zenit), João Mário (Sporting) e Bernardo Silva (Mónaco)
7 – Nani (Sporting), Rafa Silva (Braga) e Ivan Cavaleiro (Deportivo)
9 – Hélder Postiga (Deportivo), Éder (Braga) e Tomané (Guimarães)
11 – Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Vieirinha (Wolfsburg) e Ricardo Horta (Málaga)

Outros jogadores equacionados: Pedro Tiba (Braga), Rúben Neves (Porto), André Silva (Porto) e Gonçalo Paciência (Porto).

De momento, as minhas opções seriam estas. Independentemente de outras escolhas que possam vir a ser formuladas por Fernando Santos, quero, desde logo, desejar os maiores sucessos desportivos para a nova equipa técnica da seleção.


Força Portugal!

17/09/2014

Benfica 0 x 2 Zenit (Champions League): A diferença esteve em… Jardel

Quando uma equipa ganha, ganham todos; quando perde, perdem todos também. Esta velha máxima dos desportos coletivos não inviabiliza, porém, que não se responsabilize individualmente, em particular, quando nos referimos a contextos de alto rendimento.

Na primeira jornada da fase de grupos da UEFA Champions League, o Benfica recebeu e foi derrotado, por 0-2, pelo vice-campeão russo FC Zenit, do treinador português André Villas-Boas. Tendo em consideração o potencial da equipa visitante, não é um resultado que possamos estranhar, tal como outro resultado não o seria. A diferença entre os dois coletivos esteve, arrisco-me a dizer, no domínio individual, sobretudo, na figura do defesa central Jardel. Senão, vejamos:


Dois erros técnicos grosseiros na ação de passe que originaram, primeiro, o golo de Hulk (minuto 5) e, depois, a expulsão direta do guardião Artur (minuto 18). O Jardel é voluntarioso, trabalhador, não contesta as opções do treinador e tem registado uma evolução interessante; é daqueles jogadores que todos os treinadores gostam de ter no plantel, contudo, para uma Champions, as suas lacunas técnicas são, não raras vezes, letais. Como pudemos constatar, lacunas destas pagam-se muito caro com equipas de nível superior.

Imagem: Jardel (fonte: www.slbenfica.pt).

Ontem, a discrepância entre os orçamentos das equipas esteve na dimensão técnica do jogo, mais resumidamente, em dois passes falhados de Jardel.

É o determinismo aplicado ao futebol: nada acontece por acaso.