Nota prévia: O artigo
científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes
critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com
revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3)
associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do
Desporto.
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Autores: Caldbeck, P., & Dos’Santos,
T.
País: Inglaterra
Data de publicação: 27-fevereiro-2023
Referência: Caldbeck, P., & Dos’Santos, T. (2023). How
do soccer players sprint from a tactical context? Observations of an English
Premier League soccer team. Journal of Sports Sciences, 1–12. Advanced
online publication. https://doi.org/10.1080/02640414.2023.2183605
Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 39 – março de
2023.
Apresentação do problema
As ações de sprint (≥7.0 m/s ou ≥25.2 km/h) detêm especial importância no futebol (Sweeting et al., 2017), estando associadas a momentos decisivos do jogo, como, por exemplo, à marcação de golo, à assistência para golo e a comportamentos defensivos de risco (Faude et al., 2012; Martínez Hernández et al., 2022). Para além do seu papel ao nível da performance, o sprint também surge frequentemente associado a lesões musculares nos isquiotibiais (hamstrings), acarretando inúmeras implicações negativas para a equipa e para o clube (i.e., prejuízo financeiro, período de reabilitação e risco de recidiva) (Schuermans et al., 2017). A verdade é que as distâncias percorridas em sprint têm vindo a aumentar em jogos da Premier League inglesa (Barnes et al., 2014; Bush et al., 2015) e é expectável que assim continue na próxima década (Nassis et al., 2020). Por estes motivos, é fundamental que a condição física dos jogadores seja monitorizada e convenientemente preparada, de forma a poderem tolerar as crescentes exigências mecânicas do sprint.
A monitorização da frequência e da distância percorrida
em sprint constitui uma tarefa crucial para a otimização do processo de treino
de futebol, sobretudo no que se refere à prescrição da carga e do volume
(Kalkhoven et al., 2021); apesar disso, ainda não há muita informação
relacionada com as exigências situacionais e com o contexto tático em que ocorrem
as ações de sprint em jogo. Por outras palavras, o conhecimento sobre o
“porquê” de se realizarem sprints no jogo de futebol é limitado. Uma compreensão
mais detalhada da frequência de sprints, em função dos múltiplos contextos
táticos, providenciará uma representação mais válida e credível das demandas
físicas provocadas pelo jogo competitivo. Este intento permite que os
profissionais do treino sejam capazes de aumentar a especificidade da prática,
criando métodos de treino da agilidade, exercícios físico-táticos (i.e.,
atividades físicas com propósitos táticos; Bradley et al., 2018) ou situações
de jogo mais bem contextualizados no que ao sprint e à velocidade em jogo diz
respeito.
Figura 2. Erling Haaland numa ação de sprint, ainda no Borussia
Dortmund (imagem não publicada pelos autores; fonte: ntv.de).
O acoplamento perceção-ação é o resultado de uma interação entre o jogador e o seu envolvimento (Dos’Santos et al., 2022; Seifert et al., 2016). Para que a agilidade e a velocidade possam ser melhoradas, como parte de um programa de treino a longo prazo, os jogadores devem realizar exercícios e tarefas inseridos num contexto específico e representativo do jogo e, designadamente, num determinado cenário tático. A prática deve facilitar a “repetição sem repetição”, sendo a aprendizagem alcançada por meio da exploração e da resolução de problemas num envolvimento propício para a manifestação de ações específicas que requeiram agilidade e velocidade (Dos'Santos et al., 2022; Jeffreys et al., 2018). O transfer de comportamentos e capacidades do treino para a competição apenas pode ser potenciado se, por um lado, compreendermos os contextos físico-táticos em que ocorrem em competição e, por outro lado, conseguirmos recriá-los nas sessões de treino.
Recentemente, os investigadores têm procurado caracterizar os contextos físico-táticos nos quais ocorrem as corridas de alta intensidade (i.e., ≥5.5 m/s) no futebol (Ju et al., 2021; Ju, Doran, et al., 2022). Embora nem todas as ações sejam necessariamente um sprint, estes investigadores facultaram uma boa perspetiva do “porquê” de ocorrerem corridas de alta velocidade no decurso de um jogo de futebol. Por exemplo, quando em posse de bola, sabe-se que o contexto tático em que ocorrem os esforços de corrida varia em função da posição de jogo (Ade et al., 2016; Ju et al., 2021; Ju, Doran, et al., 2022): (1) os defesas centrais procuram, predominantemente, progredir rapidamente no terreno de jogo (i.e., subir a linha defensiva); (2) os defesas laterais e os médios-ala executam mais ações de alta velocidade ao longo do corredor lateral; (3) os médios-centro e os avançados realizam, tipicamente, ações de condução ou de rotura no corredor central (Ade et al., 2016).
Posto isto, ao examinar os aspetos físico-táticos dos
esforços de sprint em jogo, é razoável assumir que existam diferenças entre
posições específicas. Esta possibilidade pode ter implicações consideráveis, já
que o sprint, pela sua natureza, está a ser cada vez mais ligado ao resultado
do jogo no futebol profissional (Faude et al., 2012; Martínez Hernández et al.,
2022). O estudo destas ações pode ajudar a contextualizar, física e
taticamente, a prática em treino, contribuindo para o aumento da performance em
momentos importantes do jogo, como pode ajudar no desenvolvimento de planos
de retorno à prática no processo de reabilitação de lesões (Buckthorpe, 2021;
Taberner et al., 2019). O objetivo do estudo passou por quantificar e contextualizar,
em termos táticos e situacionais, as ações de sprint de uma equipa da Premier
League inglesa em situação de jogo, no intuito de se reunir informação mais
específica sobre o “porquê” de se efetuarem sprints em jogo no futebol profissional.
Métodos
Amostra: 10 jogos analisados de uma equipa da Premier League inglesa, na época 2017/2018. Metade dos jogos foram disputados em casa (5) e a outra metade na condição de visitante (5), englobando um total de 9 equipas adversárias e 21 jogadores analisados. Os resultados dos jogos foram 3 vitórias, 4 empates e 3 derrotas. Nestas partidas, a equipa observada utilizou o dispositivo tático 4-5-1 em 5 ocasiões, o 4-4-2 em 3 e o 5-3-2 em duas. Foram registados 901 episódios de sprint, sendo avaliados, em média, 12.8 ± 0.4 jogadores por jogo. Apenas os jogadores de campo cumpriram esforços de sprint e os elementos que não cumpriram a totalidade dos jogos também foram incluídos na análise, i.e., substitutos e substituídos, pelo que foram analisados todos os esforços de sprint executados nos 10 jogos da amostra.
Procedimentos: o sprint foi classificado com uma atividade de corrida que atinja um valor igual ou superior (≥) a 7.0 m/s (Barnes et al., 2014). Para classificar os episódios de sprint, o vídeo oficial da partida foi obtido a partir do sistema online da Premier League inglesa (DVMS; Premier League, UK), um portal com todas as filmagens dos jogos desenvolvido pela Hudl (Hudl; USA). Baseando-se nas imagens em bruto de jogos, foram obtidas as coordenadas das atividades locomotoras dos jogadores através das fontes oficiais da Premier League, Tracab (Chyron Hego, USA). Posteriormente, os dados brutos foram processados e filtrados através de um sistema de gestão de carga para gerar dados velocidade-tempo (OpenField, Catapult Sports, Aus.). A partir deste ponto, foram anotados os instantes de início e final de cada esforço classificado como sprint, tendo como referência o cronómetro do jogo. Os investigadores recorreram a múltiplos ângulos para avaliar as ações de sprint: (1) perspetiva tática (visão alta, com uma perspetiva aberta do campo); (2) perspetiva alta à retaguarda (ângulo alto, atrás de uma das balizas); (3) transmissão televisiva. O ângulo principal de análise do estudo foi a perspetiva tática. A análise primária focou-se em todos os jogadores, mas foi ainda conduzida uma análise adicional considerando as diversas posições de jogo através de dois métodos: (1) categorização de 5 posições (defesas centrais; CB; defesas laterais, FB; médios-centro, CM; médios-ala, WM; avançados-centro, CF); (2) agrupamento de posições de acordo com a localização do campo: central (CB, CM e CF) e lateral (FB e WM).
Classificação do contexto tático do sprint: para classificar as ações de sprint foi
utilizado um sistema previamente validado – o sistema de classificação do
contexto tático do sprint no futebol [Football
Sprint Tactical Context Classification System
(STC)] (Caldbeck, 2020). Este sistema permite que os registos de vídeo sejam,
sistemática e qualitativamente, analisados, de modo a classificar o contexto
tático do sprint em função da fase/momento do jogo (i.e., fases de organização
ofensiva e organização defensiva e momentos de transição ofensiva e transição
defensiva) e da consequência tática (i.e., o contexto exato de cada ação de
sprint, quer em posse de bola, quer sem a posse da bola) (ver tabela 1).
Tabela 1. Especificação
das categorias e da descrição das respetivas ações do sistema de classificação do
contexto tático do sprint no futebol (adaptado de Caldbeck & Dos’Santos, 2023).
Fiabilidade: foram apuradas as fiabilidades intra e interobservador na utilização do sistema. O primeiro autor foi o principal responsável pela análise dos sprints, contando com alguns anos de experiência no âmbito das Ciências do Desporto. A fiabilidade intraobservador foi excelente (k = 0.97), após reavaliados 97 sprints com 7 dias de diferença entre a primeira e a segunda observação. A fiabilidade interobservador foi verificada após a avaliação de 66 sprints por um outro observador, também ele um investigador experiente nesta área de intervenção, sendo obtido um valor excelente (k = 0.97).
Análise estatística: os
dados recolhidos de cada sprint foram registados numa folha Excel (Microsoft
Corporation, USA) e, depois, processados no software SPSS, v. 26.0 (SPSS,
Chicago, USA). O processamento incluiu o cálculo das médias de cada ação, por
jogo, estando os sprints agrupados por posições de jogo e grupos posicionais.
Após a verificação da normalidade dos dados, mediante o teste Shapiro-Wilk, correram-se
análises de variância de uma via (one-way ANOVA) para determinar as
diferenças estatísticas entre médias dos sprints para cada “fase/momento do
jogo” e para cada “consequência tática”. As comparações entre pares de categorias
foram executadas através do teste post hoc Tukey HSD. O nível de
significância foi estabelecido em p ≤ 0.05 e a dimensão de efeito foi
observada através do d de Cohen, de acordo com as seguintes magnitudes: trivial
(<0.20), pequena (0.20–0.59), moderada (0.6–1.19), grande (1.20–1.99) e muito
grande (>2.0) (Hopkins, 2002). Por fim, a proporção de sprints classificados
segundo o sistema utilizado foi calculada para os grupos posicionais e agrupada
entre as diversas posições.
Principais resultados
· Fase/momento de jogo
A maioria dos sprints
ocorreu na fase de organização defensiva, seguindo-se nos momentos de transição
ofensiva e transição defensiva (ver figura 3). A frequência de sprints na fase
de organização ofensiva foi significativamente mais baixa relativamente à fase
de organização defensiva e aos dois momentos de transição (dimensão de efeito
pequena).
· Consequência tática
De todas as categorias, o
maior número de sprints ocorreu no contexto tático de “encurtar/pressionar”.
Esta ação ocorreu significativamente mais vezes que todas as demais
consequências táticas, à exceção da segunda ação mais frequente: “cobertura”
(figura 4). O contexto tático menos frequente foi a “interceção” e cerca de 60%
dos esforços de sprint foram executados quando a equipa não estava em posse da
bola. As categorias mais observadas em processo defensivo (i.e., sem a posse de
bola) foram: “encurtar/pressionar”, “cobertura”, “corrida de recuperação”,
“bola no corredor” e “acompanhar o adversário” (cada uma entre os 14 e os 28%).
Em processo ofensivo (i.e., em posse de bola), as categorias mais frequentes
foram: “penetração na área de penálti”, “progressão no terreno de jogo”,
“corrida no corredor”, “corrida para o espaço atrás da linha defensiva” e
“corrida com bola” (cada uma entre os 11 e os 25%).
Figura 4. Média e desvio-padrão do número de sprints executados em
jogo, em função da consequência tática, quer em posse de bola, quer sem a posse
de bola. Categorias em posse de bola: Penetração na área de penálti; “Overlap”;
Progressão no terreno de jogo; Corrida no corredor; Corrida para o espaço atrás
da linha defensiva/penetração; Movimento interior; Movimento no corredor
central; Corrida com bola; Outros. Categorias sem a posse da bola: Encurtar/pressionar;
Interceção; Cobertura; Corrida de recuperação; Bola por cima; Bola no corredor;
Acompanhar o adversário; Outros (Caldbeck & Dos’Santos, 2023).
· Comparando o contexto tático do sprint entre posições
As maiores proporções de sprints para os médios-ala (37%)
e para os avançados-centro (52%) foram registadas durante o momento de
transição ofensiva. No caso dos defesas laterais e centrais, a maioria dos
sprints foi observada na fase de organização defensiva (34% e 54%,
respetivamente). Os médios-centro completaram a maioria dos sprints no momento
de transição defensiva (45%). À exceção dos defesas centrais, os jogadores das
outras posições executaram mais sprints nos momentos de transição. No que
respeita ao agrupamento posicional por localização do campo, o grosso dos
esforços de sprint foi observado na fase de organização defensiva (central:
39%; lateral: 33%).
Comparação entre posições
por consequência tática
Sem a posse de bola, os principais contextos táticos dos sprints dos defesas centrais foram “bola no corredor” e “cobertura”, totalizando 61% do total de sprints efetuados. Os defesas laterais realizaram sprints de uma forma bastante diversificada, com proporções semelhantes entre as diferentes ações de sprints (3–14%). Os médios-ala realizaram mais sprints a “encurtar/pressionar” (21%), 3 vezes mais que em “cobertura” ou a “acompanhar o adversário” (7% cada). A ação de sprint mais comum dos médios-centro e dos avançados-centro foi em “cobertura” (31%) e a “encurtar/pressionar” (23%), respetivamente.
Em posse de bola, os defesas centrais e os médios-centro pouco sprintaram. Apenas 19% dos sprints dos médios-centro ocorreram em processo ofensivo. Os médios-ala e os avançados-centro foram os que mais sprintaram em posse de bola: 58% e 70% do total de ações de sprint, respetivamente. Os médios-ala sprintaram predominantemente para “correr no corredor” (16%) e “correr com a bola” (11%), enquanto os avançados-centro sprintaram essencialmente para “correr no corredor (23%), “correr para o espaço atrás da linha defensiva” (18%) e “mover-se no corredor central” (10%).
Os jogadores do corredor central sprintaram quase o dobro
das vezes em “cobertura”, comparativamente aos alas (20% vs. 9%). Outra
diferença evidente foi que os jogadores do corredor central sprintaram mais
frequentemente em contexto de “bola no corredor” (11% vs. 7%). Em posse de
bola, os jogadores do corredor central sprintaram menos vezes que os jogadores
do corredor lateral. Os jogadores mais periféricos realizaram mais sprints que
os jogadores interiores em “overlap” (+8%), “corrida com bola” (+6%) e “corrida
no corredor lateral” (+4%). As únicas duas ações em que as posições centrais
suplantaram as posições laterais no que refere a sprints foram “correr para o
espaço atrás da linha defensiva” (+3%) e “movimento no corredor central” (+3%).
Aplicações práticas
Os resultados do estudo sugerem que cerca de 33% dos esforços de sprint ocorrem na fase de organização defensiva. Não deixa de ser curioso que as consequências táticas mais predominantes na ação de sprint sejam o encurtamento/pressão e a cobertura. Mesmo com um bloco compacto e equilibrado, pode-se esperar que os jogadores realizem sprints para fechar espaços de progressão para a equipa adversária ou linhas de passe que comprometam a integridade do método defensivo adotado para proteger a baliza de ameaças.
Do ponto de vista ofensivo, o momento de transição ofensiva sobressaiu em termos de frequência de sprints. É precisamente nestes instantes que as equipas que recuperam a posse de bola podem explorar eventuais desequilíbrios defensivos existentes na equipa oponente. Posto isto, não é admirar que a “corrida no corredor”, a “corrida para o espaço atrás da linha defensiva”, a “corrida com bola” e a “penetração na área de penálti” tenham sido as categorias mais comuns em posse. Na conceção de exercícios ou de situações mais representativas, estes resultados podem servir para promover uma espécie de “engenharia reversa”, de modo que as ações suprarreferidas sejam de facto contextualmente trabalhadas (i.e., conhecimento situacional, perceção visual, estratégia de movimento, ritmo, etc.) e passíveis de promover a transferência para a situação competitiva.
No que se refere ao contexto tático em que os sprints
ocorrem, houve diferenças inequívocas entre as diversas posições de jogo.
Assim, no desenvolvimento da velocidade geral ou específica, é fundamental
atender às necessidades particulares de cada posição, tendo em consideração as
características dos jogadores e os princípios subjacentes ao modelo de jogo da
equipa. De maneira a incrementar a validade ecológica e o ritmo de jogo em
situações contextualizadas, ou a fomentar o transfer de exercícios
analíticos de sprint, os treinadores devem ponderar aos seguintes pontos:
· Os defesas laterais tendem
a cumprir mais sprints na fase de organização defensiva, mas também o fazem
para atacar (34%), o que evidencia a importância da progressão dos laterais
pelos respetivos corredores no futebol moderno;
· Os defesas centrais
raramente sprintaram no momento de transição ofensiva e na fase de organização
ofensiva; contudo, pela especificidade das posições mais recuadas e pela
natureza dos esforços de sprint efetuados, recomenda-se que os laterais e os
centrais formem grupos de trabalho separados e cumpram programas de treino de
velocidade distintos;
· Os médios-ala e os avançados-centro apresentaram
características contextuais semelhantes na ação de sprint, com a maioria dos
esforços a ocorrem nos momentos de transição ofensiva, seguindo-se a fase de
organização defensiva. Este tipo de ações justifica-se, por um lado, pela
possibilidade de apanhar os adversários desposicionados, o que permite romper a
respetiva organização defensiva de forma mais eficaz; por outo lado, os
esforços de pressão de alta intensidade dos jogadores mais adiantados têm-se
relevado essenciais para que as equipas sejam bem-sucedidas na fase defensiva
ao nível da elite;
· Encurtar espaço/pressionar são ações fulcrais dos
jogadores do corredor central e dos jogadores mais avançados na fase de
organização defensiva (ver figura 5), enquanto a “corrida no corredor” e a “corrida
para o espaço atrás da linha defensiva” são os esforços que produzem mais
impacto ofensivo no resultado do jogo.
Figura 5. Possível exercício para trabalhar ações contextualizadas
de sprint para o(s) avançado(s)-centro: (1) durante uma circulação de
bola pelo setor defensivo adversário, o avançado-centro sprinta para encurtar/pressionar
o defesa central e, depois, o defesa lateral; (2) na recuperação da posse
de bola, o médio interior n.º 8 coloca a bola em profundidade para que o
avançado explore o espaço atrás da linha defensiva e encare o guarda-redes para
marcar golo (imagem não publicada pelos autores).
Um melhor entendimento dos contextos táticos em que os
sprints surgem faz com que os profissionais do clube possam aumentar a
especificidade de programas de reabilitação e da avaliação da performance em
sprint. Por consequência, será possível cumprir com mais rigor o propósito de
expor progressivamente o jogador a reabilitar aos estímulos e aos padrões de
movimento com que se depara no treino quotidiano e no jogo competitivo.
Falamos, por exemplo, de passar de exercícios gerais e lineares de sprint para
situações mais específicas e associadas a determinados contextos táticos, com
ou sem bola, mas nas quais a carga cognitiva e a solicitação fisiológica vão
gradualmente aumentando.
Conclusão
Em primeira instância, este estudo evidenciou que os sprints
realizados por jogadores de uma equipa da Premier League ocorreram em função
de múltiplas circunstâncias táticas e durante as duas fases e os dois momentos
de jogo, havendo diferenças notórias entre as posições de jogo. O trabalho
consistiu numa primeira tentativa para contextualizar taticamente a emergência
do sprint em situação de jogo competitivo no futebol profissional de elite,
sendo que os (novos) resultados apurados podem ter implicações relevantes para
a preparação física dos jogadores no futuro. Uma compreensão mais detalhada das
exigências do jogo contemporâneo dá azo a que a periodização e o design de
tarefas de treino sejam mais específicos e ecologicamente válidos para cada uma
das posições de jogo. Em última instância, os treinadores e os outros profissionais
(e.g., fisioterapeutas, médicos, preparadores físicos, etc.) podem não apenas potenciar o transfer de ações de alta intensidade do treino para o
contexto de desempenho, como também preparar o retorno à prática após
lesão com mais eficácia e minúcia.
P.S.:
1- As ideias que constam neste texto foram originalmente
escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua
portuguesa;
2- Para melhor compreender as ideias acima referidas,
recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;
3- As citações efetuadas nesta rúbrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Journal of Sports Sciences.
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