30/09/2024

Artigo do mês #57 – setembro 2024 | Autogolos no futebol: será que ocorrem aleatoriamente ou exibem padrões sistemáticos?

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto.

 

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Autores: Mehta, S., Schlenger, J., Memmert, D., & Wunderlich, F.

País: Alemanha

Data de publicação: 16-setembro-2024

Título: Own goals in football: do they occur randomly or exhibit systematic patterns?

Referência: Mehta, S., Schlenger, J., Memmert, D., & Wunderlich, F. (2024). Own goals in football: do they occur randomly or exhibit systematic patterns? International Journal of Performance Analysis in Sport, 1–21. Advance online publication. https://doi.org/10.1080/24748668.2024.2402621

  

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 57 – setembro de 2024.

 

Apresentação do problema

A marcação de golos no futebol pode ser considerada uma tarefa altamente complexa. Tendo em conta a média de menos de 3 golos por jogo no futebol de alto rendimento (Li & Zhao, 2021; Michailidis et al., 2013; Zhao & Zhang, 2019), o empenho necessário para marcar um único golo é notável, e a falha em conseguir fazê-lo parece ser uma parte intrínseca do próprio jogo. 

Os investigadores têm analisado a marcação de golos para identificar estratégias mais ou menos promissoras, incluindo aspetos como a área de onde o golo foi marcado (Michailidis et al., 2013), a duração das sequências de passes antes do golo (Wright et al., 2011), o estilo de ataque (González-Rodenas et al., 2019), o papel das bolas paradas (Yiannakos & Armatas, 2006) ou o posicionamento dos defesas durante a finalização (Schulze et al., 2018). No entanto, nem todos os golos são marcados através de estratégias sistemáticas, como defendido por Lames (2018) e Wunderlich et al. (2021), que encontraram influências aleatórias (i.e. caóticas ou não planeadas) no processo de marcação de quase metade dos golos no futebol de elite. 

O presente artigo foca-se num tipo de golo que parece contrastar com a ideia de estratégias sistemáticas: os autogolos (figura 2). Um autogolo resulta de uma ação incorreta, acidental ou malsucedida de um defensor que termina em golo. Este tipo de golo difere de um desvio, pois se o defesa tocar a bola após um remate já direcionado à baliza, o golo será atribuído ao atacante. Casos típicos de autogolos incluem passes, cruzamentos ou remates que, sem a intervenção do defesa, não iriam na direção da baliza, mas acabam por entrar devido a uma tentativa de alívio/corte. Nos principais campeonatos de futebol, os autores de autogolos são oficialmente anunciados, permitindo-nos confiar na informação publicada.

 

Figura 2. Autogolo do guarda-redes Emiliano Martínez no Aston Villa 3 x 3 Liverpool, da FA Premier League 2023/2024 (imagem não publicada pelos autores).

 

Este tema ganhou relevância pública durante o Campeonato Europeu de 2021, onde foram registados 11 autogolos. Apesar de os autogolos terem sido considerados parte de padrões gerais de concretização (Li & Zhao, 2021) ou como um fator de motivação individual no desempenho do jogo (Hüffmeier et al., 2020), a análise específica e aprofundada de autogolos tem sido negligenciada. Os autogolos têm até sido excluídos de análises devido à sua “natureza muitas vezes aleatória” (Anzer et al., 2021, p. 2526). Embora alguns resultados sobre autogolos tenham sido reportados, como a sua maior frequência na Premier League em comparação com as ligas italiana e espanhola (Li & Zhao, 2021), é necessário obter mais informação sobre outros fatores associados a estes golos para melhor entender a sua ocorrência. 

No futebol, como em outros desportos, são usados indicadores de desempenho para compreender quais as decisões ou as ações que são mais promissoras, através de modelos sistemáticos e estruturados do jogo (Lepschy et al., 2018, 2020; Rein et al., 2017). Contudo, abordagens estruturadas não constituem as únicas determinantes dos resultados, já que estes estão muitas vezes caracterizados pela incerteza e imprevisibilidade (Gibbons, 1997; Kahneman & Tversky, 2012; Tversky & Kahneman, 1992). O estudo destas influências aleatórias tem recebido menos atenção na investigação em ciências do desporto. Portanto, esta investigação centrou-se nos autogolos como um aspeto do jogo que parece aleatório e apenas parcialmente influenciável. O propósito do trabalho foi averiguar se os autogolos seguem padrões semelhantes aos golos normais, sugerindo sistematicidade, ou se contrastam, indicando padrões completamente aleatórios ou erráticos.

 

Métodos

Amostra: baseou-se num levantamento completo de golos de uma das principais ligas de futebol da Europa – Premier League inglesa –, abrangendo 7 épocas consecutivas, de 2012/2013 a 2018/2019. Durante este período, foram registados mais de 7000 golos, dos quais 253 foram identificados como autogolos, garantindo uma amostra suficientemente grande. Um autogolo do jogo entre o Crystal Palace e o Newcastle United, realizado a 21 de dezembro de 2013, foi excluído devido à falta de dados. 

Dados: para cada jogo, foram recolhidos metadados (e.g., data, equipas, probabilidades de apostas) e informações detalhadas sobre o autogolo (e.g., minuto, resultado corrente, equipa beneficiada) e o processo de marcação do autogolo (e.g., organização defensiva, zonas do campo das ações anteriores e do golo, número de jogadores nas zonas perigosas). Os dados sobre a existência de autogolos, bem como os metadados dos jogos, foram obtidos de várias fontes online, como football-data.co.uk ou www.whoscored.com. As variáveis relacionadas com o processo exato de marcação dos autogolos foram anotadas manualmente por observadores especializados, utilizando vídeos dos respetivos golos. 

Observação sistemática: as filmagens incluíam diferentes ângulos de câmara, repetições em câmara lenta e uma sequência suficientemente longa antes do golo, o que assegurou uma melhor observação dos dados. A fiabilidade interobservador foi apurada após a anotação de 50 autogolos da amostra por 2 observadores experientes e treinados para o efeito, obtendo bons resultados. As variáveis observadas a partir das filmagens foram: número de adversários (i.e., atacantes) na área de penálti; número de adversários na proximidade direta (definida como um raio de 3 metros em torno do defesa que marcou o autogolo); organização defensiva (organizada ou desorganizada); parte do corpo (cabeça, braço, tronco, membros inferiores); parte específica dos membros inferiores (pé, perna, coxa); tipo de ação precedente (cruzamento, passe, duelo, drible, remate, cabeceamento); zona da ação precedente e zona do autogolo, distinguindo entre 8 zonas do campo, conforme definido por Rathke (2017). As variáveis contextuais (e.g., probabilidades de apostas, situação de jogo, minuto do golo, resultado corrente) foram obtidas de fontes online ou de um estudo anterior (Wunderlich et al., 2021). 

Análise estatística: na ausência de dados comparáveis para todos os golos, foram apresentadas estatísticas descritivas sobre como os autogolos aconteceram. Quando disponíveis, testaram-se diferenças entre autogolos e todos os golos através de testes de Qui-quadrado, considerando significativas as diferenças abaixo de 5%. Para resultados significativos, indicou-se também a dimensão de efeito (Cohen’s w). O mesmo procedimento foi aplicado para comparações dentro do mesmo tipo de golo, como verificar se as equipas da casa marcaram mais autogolos que as visitantes. Para evitar confusão, as equipas foram descritas como beneficiadas por autogolos, em vez de marcadoras. Assim, comparam-se as equipas que marcaram golos com as que beneficiaram de autogolos. Todos os golos foram incluídos nos resultados para garantir comparabilidade com outros estudos; no entanto, nos testes estatísticos, os autogolos foram comparados com golos normais (excluindo autogolos) para evitar duplicações.

 

Principais resultados

 

·     Localização do jogo

As evidências mostram que as equipas da casa foram significativamente mais bem-sucedidas tanto em golos normais como em autogolos, mas não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o tipo de golo (normal ou autogolo) e se a equipa joga em casa ou fora.

 

·     Situação de jogo

Não foi revelada uma associação significativa entre a situação de jogo (jogadas corridas vs. bolas paradas) e a ocorrência de autogolos em relação aos golos normais, mas, quando os dados foram divididos por diferentes tipos de bolas paradas, observou-se que os autogolos quase nunca resultaram de penáltis, sendo bem mais comuns após pontapés de canto.

 

·     Resultado no marcador e ordem do golo

Os resultados indicam que a maioria dos autogolos ocorreu em situações de empate, em comparação com quando uma equipa estava a ganhar ou a perder. Embora não tenha sido encontrada uma associação estatisticamente significativa entre autogolos e o resultado corrente do jogo (ganhar, perder ou empatar), os autogolos tendem a ser mais frequentes como o primeiro golo do jogo e quando o resultado está empatado. Importa destacar que foi identificada uma diferença significativa quanto à ordem do golo, sendo os autogolos mais comuns como o primeiro tento do jogo.

 

·     Qualidade da equipa

As equipas favoritas, com base nas probabilidades de apostas, beneficiaram significativamente mais de autogolos do que as outsiders. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas nos padrões de autogolos entre equipas favoritas e outsiders. Analisando a força absoluta, as equipas do topo da tabela beneficiaram mais frequentemente de autogolos do que as do fundo, mas a ocorrência de autogolos foi semelhante quando equipas do topo enfrentaram outras de topo ou quando equipas do fundo jogaram entre si. Tal sugere que a força relativa entre equipas influencia mais a ocorrência de autogolos do que a força absoluta ou a qualidade geral do jogo.

 

·     Efeitos relativos ao tempo

Não foram encontradas diferenças significativas entre autogolos e golos normais relativamente ao tempo de jogo, quando este foi dividido em intervalos de 15 minutos. Também não houve diferenças significativas em relação à jornada dentro da época ou à distribuição de autogolos ao longo das diferentes épocas analisadas.

 

·     Zonas do campo

Os dados mostram uma forte tendência para os autogolos serem marcados mais perto da baliza do que os golos normais, com mais de metade dos autogolos ocorrendo na zona 1 (pequena área entre os postes), enquanto essa zona representa apenas 22,3% dos golos normais. A zona 2 (pequena área fora dos postes) foi responsável por 13,4% dos autogolos, mas apenas 1,2% dos golos normais. Quase nenhum autogolo foi marcado fora da área de penálti, contrastando com 15,7% dos golos normais (figura 3). Foi identificada uma associação estatisticamente significativa entre as zonas dentro da área de penálti e a ocorrência de autogolos.

 

Figura 3. Distribuição da origem dos autogolos com base nas zonas marcadas em metade do campo de futebol. Cada zona é indicada com números (Z1 a Z7), juntamente com a contagem de golos, percentagem do total de autogolos e densidade de golos (média de golos por metro quadrado). A cor mais escura representa uma maior densidade de golos. Note-se que as zonas Z2, Z4, Z5 e Z7 têm dois segmentos em cada lado da linha central do campo.

 

Cruzamentos ou passes diagonais, vindos das zonas 4, 5 e 7, foram responsáveis pela maioria das ações que antecederam os autogolos.

 

·     Organização defensiva

Cerca de 63% dos autogolos surgiram apesar de a defesa estar organizada. Do ponto de vista estatístico, a defesa estava significativamente mais organizada do que desorganizada aquando da marcação de autogolos. Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre a organização defensiva e o estatuto da equipa que sofreu o autogolo (visitada ou visitante).

 

·     Ação prévia ao autogolo

Quase um terço de todos os autogolos ocorreu após um remate da equipa adversária (30,2%), enquanto cruzamentos e passes representaram mais de um quarto dos casos cada (27,9 e 26,9%, respetivamente). A “ação anterior” refere-se à última ação do adversário antes da bola chegar ao jogador que marcou o autogolo.

 

·     Parte do corpo

O pé e a cabeça, apesar de serem as partes do corpo mais utilizadas deliberadamente no futebol, representaram apenas cerca de 50% dos autogolos. O segmento da perna, por exemplo, originou 23% dos casos.

 

·     Oponentes em zonas perigosas

Em média, 3,88 adversários estavam na área de penálti no momento do autogolo, sendo mais comum a presença de 4 (27,7%) e 3 atacantes (24,5%) nessa zona. Ao redor do marcador do autogolo, num raio de 3 metros, estiveram em média 0,87 adversários, com 1 atacante nas proximidades em 55,3% das ocasiões, seguido de 0 atacantes em 30,8% das vezes.

 

·     Análise combinada do tipo de ação prévia e zona do autogolo

Em relação ao tipo de ação prévia e zona do autogolo, a combinação remate com autogolo na zona 1 ocorreu em 15,4% das vezes, seguido de passe, cruzamento e cabeceamento com autogolos concedidos também na zona 1 em 13,0%, 11,5% e 10,3% das ocasiões, respetivamente.

 

·     Análise combinada da qualidade da equipa com a zona do autogolo e o tipo de ação prévia

As equipas favoritas dominaram significativamente os autogolos derivados das zonas 3 (71,9%) e 6 (78,1%), enquanto os outsiders beneficiaram mais de ações dentro da área (zonas 3 e 1) ou assistências diagonais das laterais (zona 7). Em termos de ações precedentes, os favoritos foram superiores em cruzamentos, remates e passes, representando cerca de ~67% dos golos nessas categorias. Os cabeceamentos foram a única ação onde os outsiders conseguiram nivelar os favoritos. As evidências sugerem que a superioridade dos favoritos está mais associada a vantagens técnicas do que físicas.

 

·     Análise combinada da situação de jogo

Quase três quartos (73,9%) dos autogolos resultantes de cantos foram marcados na zona 1. Da mesma forma, mais de metade (54,5%) dos autogolos provenientes de livres também ocorreram nessa zona. Além disso, quase metade (43,7%) dos autogolos em lances de bola corrida foram registados na zona 1. Assim, a zona 1 revelou-se uma área crucial para a ocorrência de autogolos, independentemente de se tratar de bolas paradas ou de jogadas corridas, sendo especialmente proeminente em situações de canto.

 

Aplicações práticas

Com base nos resultados obtidos, identificaram-se 5 aplicações práticas que podem ser aproveitadas pelos treinadores para melhorar a performance das suas equipas, quer no sentido de provocar, quer no de prevenir autogolos. Estas aplicações focam-se em otimizar as estratégias ofensivas e defensivas para reduzir a probabilidade de autogolos e aproveitar momentos de desorganização adversária, permitindo uma abordagem mais sistemática e informada em campo. 

1. Treinar para aproveitar ou evitar situações caóticas: algumas situações de jogo mais caóticas e inesperadas podem levar a autogolos. Os treinadores devem preparar exercícios específicos que simulem estas situações, tanto ofensivas quanto defensivas, para treinar os jogadores a provocarem erros nos adversários ou a evitá-los na própria equipa. A análise de desempenho deve focar-se nos momentos de jogo caóticos que podem influenciar o resultado de forma imprevisível, explorando a relação entre ordem e caos nas decisões. 

2. Considerar o contexto do jogo na preparação estratégica para a competição: a vantagem de jogar em casa também influenciou a ocorrência de autogolos, o que indica que este processo não é completamente aleatório. Os treinadores devem ter em mente que equipas favoritas, especialmente quando jogam em casa, tendem a beneficiar mais de autogolos, possivelmente devido à menor qualidade defensiva e dos guarda-redes das equipas menos cotadas. Assim, a equipa deve estar preparada para explorar o contexto de jogar em casa, tirando partido da vantagem psicológica e tática, treinando ainda ações que coloquem pressão adicional sobre adversários menos qualificados. 

3. Trabalhar a organização defensiva em situações de bola parada: os autogolos são mais frequentes em pontapés de cantos, possivelmente devido à elevada presença de jogadores na área em comparação com outras situações de jogo. As equipas técnicas devem propor exercícios que aprimorem a organização defensiva durante os cantos, simulando cenários com vários atacantes dentro da área (4 ou mais). O objetivo passa por desenvolver comportamentos coletivos e individuais que minimizem os riscos de desorganização e reduzir a probabilidade de autogolos, nomeadamente através de uma melhor comunicação entre os jogadores e um posicionamento defensivo mais eficaz. 

4. Prevenir autogolos em zonas próximas da linha de baliza: a maioria dos autogolos ocorre na pequena área entre os postes da baliza (zona 1), enquanto zonas mais afastadas raramente resultam em autogolos. Os profissionais do treino devem estimular os defensores a adotar comportamentos específicos em situações de passes e cruzamentos laterais adjacentes à zona 1. É essencial uma organização defensiva adequada para evitar situações de infortúnio ou erro, uma vez que ações indiretas, como cruzamentos e passes, são mais propensas a gerar autogolos do que remates diretos. 

5. Minimizar autogolos por contactos acidentais: mais de metade dos autogolos foram marcados com partes do corpo que não o pé ou a cabeça, indicando que os mesmos resultam mais de contactos acidentais do que de falhas técnicas ao tentar intercetar ou aliviar a bola. Para minimizar este tipo de ocorrências, recomenda-se que, no treino, sejam recriados momentos de pressão dentro da área, onde é comum a presença de vários atacantes. A ênfase deve estar na organização defensiva e na consciência posicional dos jogadores, mesmo em situações de pressão intensa.

 

Conclusão

Este estudo revelou que os autogolos, embora frequentemente considerados aleatórios, seguem padrões específicos que podem ser explorados tanto ofensiva quanto defensivamente. Equipas favoritas, especialmente em casa, tendem a beneficiar mais de autogolos, enquanto situações caóticas ou com múltiplos atacantes na área aumentam o risco destes eventos raros do jogo. A maioria dos autogolos ocorre na pequena área entre os postes, sobretudo após cruzamentos ou passes laterais, mesmo com uma defesa organizada. Assim, uma preparação tática cuidadosa e o treino de situações imprevisíveis podem não só minimizar o risco de autogolos, como também criar oportunidades para explorar fragilidades adversárias em momentos críticos do jogo.

 

P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rubrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista International Journal of Performance Analysis in Sport.