Na entrada do século XXI, a maioria das associações regionais de futebol adoptou o Futebol 7 como o contexto competitivo primordial para os escalões de formação de base. Tarde se percebeu que o Futebol 11 era uma situação competitiva que apresenta inúmeras desvantagens para a formação de crianças/jovens na modalidade: o número de vezes que os aprendizes intervêm sobre a bola é reduzido, o número de remates executados é irrisório, a construção de jogo fica extremamente dependente das capacidades físicas dos miúdos mais desenvolvidos, entre outras. Até na marcação de pontapés de canto é vulgar observar um jogador a levantar a bola para outro chutar para o interior da grande área.
A perspicácia e a sensatez de alguns ilustres e a força das conclusões de investigações no âmbito na análise do jogo nos jogos reduzidos, permitiu compreender que o Futebol 7 seria a condição de jogo mais favorável para a aquisição e o aperfeiçoamento de competências táctico-técnicas específicas na base da pirâmide evolutiva da formação. Esta forma competitiva possibilita que as crianças/jovens se relacionem mais com a bola em contexto de jogo, efectuem um maior número de acções de finalização e se envolvam com maior frequência em missões defensivas.
Foto da autoria de Pedro Inácio.
É, portanto, uma variante de jogo adaptada às características dos jovens praticantes e que augura um maior potencial formativo. A própria dinâmica do jogo é muito mais aproximada à observada no jogo de Futebol 11 dos adultos. Apesar disso, e negligenciando todas as evidências teóricas e empíricas existentes sobre a matéria, alguns técnicos e dirigentes pertencentes à Associação de Futebol do Algarve acharam "interessante" e "benéfico" voltar a propor o Futebol 11 aos clubes inscritos no escalão de Infantis (Sub-13). Segundo apurei, o pretexto na base da proposta relacionou-se com a "maior facilidade de adaptação dos jovens ao Futebol 11".
Na minha perspectiva, não é mais do que queimar etapas no processo de formação, fomentando a especialização precoce. É importante que se entenda que a formação não se faz no curto prazo; é preciso tempo para adquirir, desenvolver e consolidar competências. Do escalão de Infantis (Sub-13) até aos Juniores (Sub-19) é tempo mais do que suficiente para que os jovens se adaptem às exigências do Futebol 11. Felizmente, parece que a proposta preconiza a opção de continuar a competir no Futebol 7 para os clubes que assim o entendam. Haja alguma ponta de bom senso no meio deste retrocesso.
Do mal, o menos!
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