09/09/2013

Nenhum olhar (2000)

“O romance (…) que consagrou José Luís Peixoto nacional e internacionalmente”. Um enredo numa aldeia do Alentejo. Uma realidade com décadas, talvez séculos. Homens e mulheres batidos pelo trabalho, pela solidão, pelo sofrimento e abatidos pela morte. A esperança parece não existir e a alegria só a raros espaços. As personagens são vazias de tudo e cheias de nada. A atmosfera é densa, pesada. O destino resume-se à negrura da morte, ao colapso da vida pela dor, pela ausência do olhar.

Imagem: Capa de Nenhum Olhar de José Luís Peixoto ( fonte: www.quetzaleditores.pt ).

Os homens são uma parte pequena do mundo, e eu não compreendo os homens. Sei o que fazem e as razões imediatas do que fazem, mas saber isso é saber o que está à vista, é não saber nada.” (p. 81)

Penso: talvez haja uma luz dentro dos homens, talvez uma claridade, talvez os homens não sejam feitos de escuridão, talvez as certezas sejam uma aragem dentro dos homens e talvez os homens sejam as certezas que possuem.” (p. 120)

E morro devagar. Dissipo-me em cada gesto deste mundo que não me pode oferecer mais nada. Tornei-me uma sombra de mim. Tornei-me uma sombra de uma sombra de uma sombra de mim. Dissipo-me no tempo e no silêncio.” (p. 182)

A terra nunca mais. Tenho pressa. Tudo me espera onde não existo. Nada existe onde não estou e não estou em nenhum lado.” (p. 216) 

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