06/05/2021

28-abril-2021: O dia dos gémeos

O tempo já não anda, nem corre, voa! Há oito dias que me leva num rodopio até à letargia. A Patrícia diz, com o seu jeito assertivo, que estou em modo “barata tonta” e é verdade: na minha cabeça figura um milhão de peças para encaixar no puzzle que é a nossa existência. 

No dia 28 de abril de 2021, na passada quarta-feira, nasceram os nossos gémeos, Alexandre e Guilherme, às 11h38 e 11h39, respetivamente (figura 1). A velocidade do parto foi inversamente proporcional ao tempo necessário para processar as mudanças familiares. Não tem mal, o mais importante é que os pequenos e a mãe continuem bem de saúde. Tudo o resto se compõe, como este débil conjunto de palavras que jamais fará jus à relevância do acontecimento. Em suma, um dos dias mais felizes da minha vida, no qual se criaram duas linhas de passe que teremos, como equipa, de manter “abertas” para a vida.

 

Figura 1. Os nossos recém-nascidos Guilherme e Alexandre.

Entretanto, houve o dia da mãe (2 de maio de 2021). Os meus três filhos, ainda à cata da noção dos dias, seguiram o meu (mau) exemplo de não o assinalar a preceito. E porque a desenvoltura da escrita não me permite redigir algo condizente com o que realmente sinto, sirvo-me das palavras de um dos melhores escritores portugueses contemporâneos para homenagear as três mulheres, todas elas mães, da minha vida – Patrícia, Ana Paula e Ana Catarina –, deixando um primeiro conselho que valha a pena para o Alexandre e para o Guilherme.

 

Sabes quem se lembra desses anos e os guarda no peito como um coração mais importante do que o próprio coração? É a tua mãe. (…) Era a tua mãe que gravava dentro da alma tudo o que testemunhava, e ela vai continuar a guardar essas memórias até morrer. As mães são as fiéis depositárias da nossa infância, dos primeiros anos. As tuas memórias mais importantes, mais formadoras, não são tuas, são dela. E quando a tua mãe morrer, levará consigo a tua infância, perderás os primeiros anos da tua vida. Por isso, trata-a bem.

(Afonso Cruz, in Flores, p. 80)

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