O tempo já não anda, nem corre, voa! Há oito dias que me leva num rodopio até à letargia. A Patrícia diz, com o seu jeito assertivo, que estou em modo “barata tonta” e é verdade: na minha cabeça figura um milhão de peças para encaixar no puzzle que é a nossa existência.
No
dia 28 de abril de 2021, na passada quarta-feira, nasceram os nossos gémeos,
Alexandre e Guilherme, às 11h38 e 11h39, respetivamente (figura 1). A
velocidade do parto foi inversamente proporcional ao tempo necessário para
processar as mudanças familiares. Não tem mal, o mais importante é que os
pequenos e a mãe continuem bem de saúde. Tudo o resto se compõe, como este débil
conjunto de palavras que jamais fará jus à relevância do acontecimento. Em
suma, um dos dias mais felizes da minha vida, no qual se criaram duas linhas de
passe que teremos, como equipa, de manter “abertas” para a vida.
Entretanto,
houve o dia da mãe (2 de maio de 2021). Os meus três filhos, ainda à cata da
noção dos dias, seguiram o meu (mau) exemplo de não o assinalar a preceito. E
porque a desenvoltura da escrita não me permite redigir algo condizente com o que
realmente sinto, sirvo-me das palavras de um dos melhores escritores portugueses contemporâneos para homenagear as três mulheres, todas elas mães, da minha vida – Patrícia, Ana
Paula e Ana Catarina –, deixando um primeiro conselho que valha a pena para o
Alexandre e para o Guilherme.
Sabes
quem se lembra desses anos e os guarda no peito como um coração mais importante
do que o próprio coração? É a tua mãe. (…) Era a tua mãe que gravava dentro da
alma tudo o que testemunhava, e ela vai continuar a guardar essas memórias até
morrer. As mães são as fiéis depositárias da nossa infância, dos primeiros
anos. As tuas memórias mais importantes, mais formadoras, não são tuas, são
dela. E quando a tua mãe morrer, levará consigo a tua infância, perderás os
primeiros anos da tua vida. Por isso, trata-a bem.
(Afonso Cruz, in Flores, p. 80)
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