19/12/2009

Leis da Física aplicadas ao Futebol

Quem está minimamente familiarizado com o futebol conhece algumas pérolas jornalísticas de comentadores, analistas ou pseudo-analistas. Por força da estação do ano em que estamos emerge frequentemente uma apreciação impregnada de vulgaridade e de incorrecção.

No calor do jogo é uma delícia constatar que "(...) quando a bola toca no relvado [molhado] ganha velocidade". O que faria Newton se ouvisse esta afirmação?

Em primeiro lugar, a bola (em trajectória aérea) está sujeita à acção da força gravítica (direcção vertical; sentido de cima para baixo), pelo que se "ganhar velocidade" será sempre em trajectória descendente. Porém, quando a bola toca no relvado gera-se uma força natural resultante do contacto mecânico entre os dois corpos (bola e solo): o atrito. O atrito depende das características das partículas que compõem as superfícies em contacto, da força normal entre os dois corpos (i.e., força que tende a fazer com que uma superfície penetre na outra) e da massa do(s) corpo(s). A fricção inerente ao atrito determina que haja a dissipação de energia sob a forma de energia térmica, ou seja, a bola ao tocar no relvado, esteja molhado ou não, tende sempre a perder energia cinética e a diminuir a sua velocidade.

Deste modo, podemos concluir que a bola quando toca no relvado molhado não ganha velocidade, mas, devido à alteração das características das superfícies de contacto, perde menos velocidade ou sofre uma menor desaceleração. Não sei de fará, empiricamente, muito sentido, mas estou convicto que esta explicação desmistifica a erroneidade patente num comentário estranhamente usual.

06/12/2009

Histórias do subconsciente

Não posso precisar a data e o local do acontecimento. Algures num futuro não muito distante e numa praia cravada de falésias, com um traçado muito similar ao observado na costa sul do Algarve. Foi num bonito dia de Verão, onde o Sol iluminava fortemente as centenas de banhistas que aproveitavam as suas férias. Eu e mais um grupo de amigos fazíamos o mesmo. O mar estava um pouco agitado e as crianças brincavam alegremente com as ondas que rebentavam ainda longe do areal.

Decidi ir também molhar-me, o Sol queimava-me a pele. Entrei na água, mas, subitamente, dei de caras com uma onda anormalmente grande. Não tinha muito tempo para reagir, mergulhei e senti-me enrolado pela força daquela massa de água. Quando vim à superfície, reparei que um helicóptero militar tinha acabado de se despenhar naquela zona.

- "Que raio?" - questionei-me, enquanto um aglomerado de pessoas circundava o destroço.

Ao sair da água, instalou-se uma sombra esquisita sobre o local. Olhei para céu e vislumbrei bastantes objectos longos e delgados a cobrir o Sol. Moviam-se a elevada velocidade e pareciam estar em fase descendente no seu trajecto para a... praia.

- "Meus deus, são mísseis" - alguém gritou. - "Fujam!".

À medida que se aproximavam deu para perceber que se tratava de algo metálico com a ponta encarnada. Naquele instante, molhado e em tronco nu, percebi duas coisas vitais: a) que iríamos mesmo ser atingidos e b) teria que me afastar das falésias para não ficar soterrado. O pânico estava bem presente, todos corriam, gritavam e os mísseis começaram a cair.

Afastei-me da multidão, procurei ler a trajectória dos projécteis e correr para longe da provável zona de impacto. Num curto espaço de tempo, corri para a frente, para trás, para a direita e para esquerda com um único propósito: sobreviver. Por três ou quatro vezes, escapei a explosões bem próximas; muitos outros não tiveram a mesma sorte. O extenso areal fora pintado por manchas vermelhas resultantes da investida. Um horror!

Passados uns cinco minutos, o Sol voltou a brilhar. O ataque terminou. Os poucos sobreviventes procuravam encontrar os seus familiares ou amigos e sair da praia. O clima de estupefacção e de consternação era evidente.

- "Fomos alvo de um massacre" - era a conclusão unânime, embora não nos ocorressem motivos ou razões que justificassem aquela atrocidade. Provavelmente, estaríamos no meio de uma guerra.

Tudo não passou de uma encenação do meu subconsciente numa das minhas recentes jornadas de sono. Os sentimentos, as emoções, os raciocínios e as imagens constam na minha memória com uma nitidez medonha. Acordei em profundo sobressalto e invadido por um pensamento dominante:

"O mundo do subconsciente é misterioso e absolutamente fantástico".

02/12/2009

É por estas e por outras...

(...) que o futebol é um desporto apreciado por muitos milhões de pessoas em todo o mundo. Simplesmente, é impossível prever o que cada jogo nos traz.

19/11/2009

Missão cumprida!

Como havia vaticinado no dia 10 de Setembro de 2009, a selecção portuguesa apurou-se para o Mundial de 2010 na África do Sul. Ao invés de muitos conterrâneos "tugas", sempre acreditei na qualificação e, apesar de não concordar com algumas opções do Prof. Carlos Queiroz, nunca duvidei da sua competência.

De facto, é um marco importantíssimo no futebol nacional, até porque dá continuidade ao excelente trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na selecção portuguesa. Desde que Portugal, infelizmente, não conseguiu apurar-se para o Mundial 1998 em França, tem estado sempre presente nas grandes competições internacionais: Europeu 2000 (Bélgica e Holanda), Mundial 2002 (Coreia do Sul e Japão), Europeu 2004 (Portugal), Mundial 2006 (Alemanha), Europeu 2008 (Suíça e Aústria) e, agora, Mundial 2010 (África do Sul).

Nunca na história do futebol português houve uma década assim: "sem espinhas". Independentemente do que venha a acontecer na África do Sul, creio que a missão deste pequeno país à beira-mar plantado já foi cumprida. Não podemos cair no erro de exigir uma selecção campeã do mundo, quando em competição estão as melhores formações nacionais do planeta. Ainda assim, ninguém tem o direito de nos roubar o sonho de ver Portugal a conquistar um grande título internacional.

A partir daqui, nada é impossível. Então, FORÇA PORTUGAL!

07/11/2009

Tecnologia: declínio Vs. ascensão

Tudo será então uma questão de escolhas... a Evolução!

















Contudo, actualmente, “a liberdade joga-se talvez na capacidade de amarmos a própria incerteza do que somos”.

30/10/2009

Episódio claustrofóbico

23h29: Fecho o saco do lixo e decido ir levá-lo ao ecoponto. Levo o telemóvel? Não, sim, não, sim, é melhor, já é tarde e nunca se sabe o que pode acontecer.

23h32: Carrego no botão "0" do elevador, de modo a descer os dois andares. É raro não utilizar as escadas, mas no final do dia a "preguicite aguda" manifesta-se de forma avassaladora.

23h34: - Estou sim? Desculpa estar a acordar-te, mas podes dirigir-te ao elevador? Fiquei preso algures entre o resto-chão e o primeiro andar. (...) Não, a luz foi-se (...).

23h37: - Boa noite. É do piquete de serviço da Elevis? Estou preso num elevador da vossa empresa. (...) Estou no prédio da rua (...). Julgo que o elevador parou devido a uma falha eléctrica no prédio. Está muito abafado aqui dentro. (...) Ok, eu vou ficar calmo. Está muito longe? (...) Até já.



00h28: - Muito agradecido! Fogo, já não sabia o que havia de fazer lá dentro. Imagine se tivesse deixado o telemóvel em casa (...).

Por diversas vezes já tinha equacionado o quão hilariante seria ficar preso num elevador, porém sem prever qualquer sensação associada a claustrofobia. Acreditem que de interessante não tem nada.

E saber que, passados cinco dias, o maldito elevador ainda continua avariado. Pessoalmente, nunca me fez grande diferença; agora muito menos. Subo/desço as escadas e contribuo para o dispêndio energético diário. Episódio encerrado.

25/10/2009

Um homem pode fazer a diferença?

Este tem feito. Se é bem verdade que o SL Benfica ainda não ganhou nenhum troféu na "era Jesus", é certo que há uns largos anos que não observava a equipa principal do Benfica a jogar como tem jogado.

Um regalo para qualquer sócio/simpatizante descrente pelo passado recente do clube. Que venham mais jogos, mais vitórias, mais golos em abundância e, claro está, os títulos.

Força SLB!

14/10/2009

O ridículo de Maitê Proença

Maitê Proença é notícia pelas piores razões. Em 2007 fez este vídeo, no qual desrespeitou por completo o povo português. O conteúdo da peça é repugnante e a consagrada actriz brasileira deveria ter evidenciado outro tipo de humor que não desprezasse e ridicularizasse Portugal, a sua população e todo o nosso passado histórico.

Perante a indignação dos portugueses, Maitê vem agora pedir desculpas pelo sucedido, apresentando motivos absurdos para justificar o seu comportamento. Já diz o povo: "as desculpas não se pedem, evitam-se". Decerto que a actriz ficaria a ganhar se, no dia em que fez aquela triste figura, tivesse ficado sossegada em casa, especialmente sabendo que tem interesses pessoais e profissionais no nosso país.

"Ahhh, cabecinha pensadora!"

29/09/2009

Saúde, Corpo e Sociedade

A saúde... o que é? Como se pode relacionar tal ideia com o corpo? Como se enquadram estes dois conceitos (saúde e corpo) na sociedade?

Actualmente, as ciências biomédicas esforçam-se por solucionar ‘problemas’ biológicos que estão na origem da doença. À medida que estas ciências evoluem, a esperança média de vida da população tende a aumentar, sendo perfeitamente aceitável que surjam questões como a colocada por Fernando Salvater: “Até onde é lícito ir demasiado longe?”. Na minha humilde perspectiva, reformularia um pouco a pergunta e colocaria-a do seguinte modo: Até onde é necessário irmos demasiado longe? Valerá mesmo a pena?

Naturalmente, cairemos na subjectividade das respostas. Eu terei a minha, o leitor terá a sua e, embora estas possam parecer iguais, nunca o serão verdadeiramente. Quando nascemos somos, no imediato, introduzidos na sociedade. Hoje em dia, sobretudo nas sociedades mais desenvolvidas, a pessoa que nos diz ‘Olá!’ pela primeira vez é um funcionário do hospital (um médico ou um enfermeiro). Mas porquê um médico ou um enfermeiro, porque não a minha avó ou o meu pai? Porque, até durante o parto, há riscos, colocando-se desde logo em prática o conceito de saúde. Salvater, em O Conteúdo da Felicidade, refere que a saúde é imposta à sociedade e assim o é, logo! Desde o nosso nascimento que estamos sujeitos a certos comentários como: “oh bebé, não come isso que faz mal”; “não faças aquilo que cais e ficas mal”; “olha que a saúde não é de ferro” e por aí fora. Enfim, educam-nos na distinção do que é mau e do que é bom, limitam-nos os comportamentos, modulando-os na tentativa de nos tornarem, única e exclusivamente, úteis. Mas, úteis para quê? Para funcionarmos bem, para no futuro mostrarmos rendimento, sermos produtivos e só assim se justifica a saúde como objectivo geral do Estado.

E o prazer do ser humano, não conta? Para o Estado se não for rentável é supérfluo, sem qualquer importância. Pois é, e para o próprio ser humano? O que seria a vida de um Homem sem prazer? De que serve vivermos 90 anos se nos é vedado ou censurado o acesso aos pequenos prazeres que nos põem um sorriso na cara? Valerá a pena? Eu acho que não!

Então, não será esta ideia de saúde um enorme paradoxo no seio da nossa sociedade? O Estado quer-nos bem de saúde para trabalharmos, para sermos alguém, no entanto, segundo Salvater, está-se nas tintas para se vivemos felizes ou não, se temos prazer ou não. Por muito trivial que isto possa parecer, tem fundamento e revela-se um ponto crucial. Fornecem-nos saúde e neglicenciam determinadas necessidades que nos são essenciais – os prazeres. Tudo isto origina, no meu ponto de vista, um círculo vicioso: "Saúde - Doença - Saúde - (...)".

Não admira que apareçam notícias indicando que mais de 90% da população mundial ande depressiva. Ora, neste facto surge outra problemática associada à sociedade. Impõem-nos saúde, mas para vivermos bem, também nos impõem uma sociedade de medidas, onde a imagem corporal é altamente relevante. Nós podemos ser indivíduos fisiologicamente saudáveis, mas em termos de imagem corporal fora de padrões estipulados pela sociedade. Embora continuemos a ser ‘úteis’, muitas são as situações onde tal utilidade não é aceite. Psicologicamente, ficamos arrasados, doentes e mais cedo ou mais tarde essa doença repercute-se pelo todo como uma praga que nos dilacera, o vai ao encontro do referido por Gómez de la Serna, em O Homem da Barba: “(...) de uma ideia exasperada pode brotar a doença e a hecticidade que mata”.

Assim, concluo deixando uma pergunta no ar: Seremos apenas escravos de uma ideia abstracta estúpida ou, pelo contrário, reis manipulados cuja doença surge em função da saúde como elemento a conquistar?

19/09/2009

Extravazar de alegria prejudica a saúde?

Manuel Fernandes, ex-jogador do Sporting Clube de Portugal e treinador com cinco promoções no seu currículo, confessou que a ascenção à I Liga com a União de Leiria na época 2008/2009 foi a mais saborosa.

O vídeo seguinte mostra a festa da dita promoção dos leirienses e, particularmente, do técnico aquando da vitória em Aveiro, diante do Beira-Mar. Contudo, nem tudo foi motivo de festa para Manuel Fernandes...

Apreciem o extravazar de alegria do "mister" e... ups... uma "roturazinha" muscular aos 31 segundos do clip. Imaginem só se fosse a primeira promoção da vida do homem. Seria o quê, um enfarte agudo do miocárdio?

Livra!

10/09/2009

A Selecção e o Mundial 2010

Se partirmos do pressuposto que a selecção portuguesa vence a Hungria e Malta em Portugal e a Suécia ainda vai jogar diante dos líderes na Dinamarca, penso que há toda a legitimidade de sonharmos com a presença no Mundial da África do Sul em 2010.

Não posso deixar de concordar que foram cometidos alguns erros impensáveis durante a campanha, mas também é certo que o factor sorte, ao invés do que tem acontecido com a equipa sueca, não tem estado do nosso lado. Torço para que os nossos jogadores e equipa técnica consigam chegar ao "playoff" e formar uma verdadeira equipa de futebol, porque até ao momento não se tem extraído o potencial máximo individual de cada elemento.

Nunca gostei do cenário de depender de terceiros, porém, ingenuamente, eu acredito no apuramento.

04/09/2009

Santa ignorância!

A política em Portugal está ao rubro. Em ano de eleições legislativas e autárquicas já se fazem sentir as campanhas dos mais diversos candidatos. Distribuem-se beijinhos, prometem-se "mundos e fundos" e sorri-se a todos os que aparecem pelo caminho. Na realidade, acredito que nas cabeças de alguns candidatos surja algo mais recondito do género: "tirem-me daqui!" ou "o que uma pessoa tem de fazer para poder tomar decisões importantes?". Outros não, gostam das multidões, de aparecer e de mostrar que podemos contar com eles.

Tudo isto me faz confusão. Sem dúvida que um líder tem de ir ao terreno e sentir - na verdadeira acepção da palavra - os problemas, mas nunca num clima de "caça ao voto". Registam-se ideias, vendem-se soluções, muitas vezes infundadas, mas os problemas persistem e caem no vazio do esquecimento. Para além disso, é sempre mais importante retribuir uma boca ao candidato de um partido contrário.

Se duas cabeças pensam melhor do que uma e se quatro mãos trabalham mais do que duas, porque é que raramente observamos todos os partidos políticos empenhados em propostas seriamente benéficas para a população? Será que só as ideias de um partido é que são boas? Não me coibo de pensar que a tomada de decisão na política é, predominantemente, um processo de índole ideológica, sobressaindo determinados interesses individuais, de um grupo ou de uma classe, e que nem sempre vai ao encontro das necessidades da população e, por inerência, do país.

Se há ciências que não entendo, mas não entendo mesmo, são as Ciências Políticas. Como sou um leigo nessa matéria, decerto que pouco ou nada me adianta tentar compreender as dinâmicas relacionais e decisórias que se geram para (des)governar um país, mas chamar este fenómeno de ciência, isto é, passível de ser estudado de forma objectiva e segundo metodologias experimentais rigorosas e fiáveis, ainda me faz parecer mais tolo.

Santa ignorância!

25/08/2009

Mundo Cão - Ordena que te ame (2009)

Na minha modesta opinião, uma das melhores bandas portuguesas da actualidade. Desde a letra até à nota mais insignificante do baixo, este single é fantástico!

24/08/2009

Uma... "ave rara"

No passado dia 15 de Agosto de 2009, Didier Drogba deu a vitória ao Chelsea FC na abertura da Premier League, época 2009/2010. Perante um Hull City muito batalhador, foi necessário esperar quase até ao final do jogo para que o avançado costa-marfinense fizesse o golaço da vitória.

Posteriormente, quando lhe perguntaram se tinha tentado rematar ou cruzar, o jogador foi peremptório a afirmar a sua felicidade na jogada, visto que tentou cruzar. Um acto de humildade e honestidade muito raro de se vislumbrar no futebol de alta competição.

A não esquecer.

18/08/2009

Invasão Espanhola?

Após a invasão de 1580, será que Portugal está novamente a sofrer uma invasão espanhola? Bolas...

Excelente desempenho, Nélson!

Apesar da excelente marca de 17.55 metros, Nélson Évora não repetiu o ouro de Pequim na prova de triplo salto. O britânico Phillips Idowu fez uns impressionantes 17.73 e ficou com a primeira posição nos mundiais de Berlim.

Face às diferenças (ainda) existentes nos processos de treino de atletas portugueses e estrangeiros, não posso deixar de congratular o Nélson e os seus técnicos por mais um feito para o desporto nacional de alto rendimento.

Continuem assim!

07/08/2009

De marés (boas ou más) vivem as mentalidades...

Se fosse supersticioso diria que estou numa maré de azar. Esta manhã, chego ao meu carro para ir trabalhar e qual não é o meu espanto quando vejo o pára-choques dianteiro todo no chão.

- Filhos da mãe, bateram-me durante a noite e piraram-se - percebi logo a situação.

Passados alguns segundos, na azáfama de resolver a minha mais que provável ausência do trabalho e a deslocação do carro para uma oficina vizinha, surge-me uma senhora de meia-idade que estava a abrir o seu estabelecimento comercial a questionar se o carro era meu.

- Sim - respondi, tentando perceber os danos provocados por algum noctívago embriagado. Mas porquê, a senhora viu alguma coisa? - ainda perguntei na esperança de obter alguma informação sobre o sinistro.

- Não - assentiu. Se o senhor tirar daqui o seu carro, avise-me. Assim, estaciono o meu mesmo à frente da loja - complementou.

Fiz um enorme esforço para manter o controlo emocional. Então, eu tinha o carro espatifado à frente da senhora e ela queria é que eu o tirasse dali para pôr o dela?

Bolas, que mundo é este em que vivemos hoje?

PS - Escusado será dizer que com tanta coisa em que pensar, só passadas duas horas me lembrei da conversa da senhora. Provavelmente, não ficou mesmo com o lugar.

03/08/2009

Como interromper um treino de força - Parte 2

Um homem deixa de lado o seu treino no ginásio para auxiliar uma jovem em apuros...

... desvia o olhar para não ver as partes intímas e ainda dizem que já não há cavalheiros? Haja alguma consideração pelo género masculino.

27/07/2009

A infância que vale por uma vida

Arrisco-me a dizer que a infância é o melhor período da nossa vida. Não quero com isto ferir susceptibilidades; eu sei que há infâncias e infâncias. Mas se fizéssemos um estudo sobre "taxas de felicidade pura" nas diversas etapas da vida, atrevo-me a prognosticar que na infância se obteriam os valores mais elevados.

Em primeiro lugar, seria necessário definir o conceito de "felicidade pura". Na minha modesta opinião, não é um sentimento de fácil descrição, mas perfeitamente identificável quando acontece. Lembro-me que, durante a minha infância, todas as tardes sentia a "felicidade pura" e, sem preocupações, lá partia libertino para mais um período de brincadeira.

Contudo, os anos passam, as responsabilidades aumentam e a liberdade restringe-se. A liberdade de fazer o que nos apetece, sem pensar em problemas, em trabalho, ou neste e naquele pormenor que não pode ser descurado.

Não me parece que seja um sentimento exclusivo da minha pessoa, porque quando observo crianças a brincar consigo identificar-lhes a "felicidade pura". Só existem elas e o momento. Somente o presente interessa. Não há futuro e o passado, por mais horrendo que seja, desvanece-se. O mundo pára e elas ali estão... verdadeiramente felizes.


20/07/2009

Para além do fim: o mistério

Qual de nós não pensou no fim. Uma simples palavra que tem tanto de breve, como de sinistro e misterioso. Pessoalmente, eu não acredito no fim.

Nós - seres humanos - não somos apenas matéria, somos muito mais que isso: um fenómeno de energia. Porém, nas rotinas de vida ocidentais acabamos por ser demasiado básicos. Utilizámos os músculos para mover as peças ósseas e o cérebro para cumprir com pensamentos lógico-dedutivos e abstractos meramente necessários. A cultura oriental cultiva muito mais a mente do que nós. As horas que os monges budistas passam a meditar colocam-os num patamar existencial muito superior à mesquinhez do nosso quotidiano ocidental. Já ouviram falar em bio-energia? Provavelmente não, mas garanto-vos que é uma coisa fascinante, senão mesmo transcendental, e que requer anos de prática para que consigamos controlar os fluxos energéticos gerados pelo organismo.

Por outro lado, foram documentadas algumas experiências do ser humano em curtos períodos em que o organismo está temporariamente morto (p. ex., uma paragem cárdio-respiratória). Curiosamente, nas experiências quase-morte, designação aceite pela comunidade científica, os pacientes revelam pormenores que assumem uma certa padronização: uma enorme sensação de leveza, a observação dos factos que estão a decorrer num plano exterior ao corpo, um sentimento profundo de paz e alegria, e uma forte atracção por uma luz.

Será que há mesmo um fim?

Porque é que algumas religiões crêem na reencarnação? A reencarnação já foi postulada pela igreja cristã, tendo sido abolida, segundo reza a história, por um imperador romano (Júlio César, salvo erro), por forma a neutralizar as eventuais infidelidades e revoltas dos seus súbditos. A governação pelo medo e pela força sempre foi um grande aliado da cadeira do poder.

Não sei. Simplesmente, não creio que tudo se resuma a um fim. No meio de tanta ciência, avanço tecnológico e conhecimento, será que somos cada vez mais cultos, ou afundamo-nos constantemente num poço de ignorância existencial?

O mistério persiste.

13/07/2009

E um circuito de manutenção cá na terra?

Há uns tempos que se fala na possibilidade de avançar com um circuito de manutenção em Monchique. Face às potencialidades do meio, não seria uma obra totalmente descontextualizada e viria enriquecer a oferta desportiva gratuita ao ar livre.

Eu, pessoalmente, não me coibiria de dar umas "corridinhas" e umas voltinhas de bicicleta, saboreando a frescura e pureza destes ares revitalizantes. Fossas à parte, imaginem o que seria termos uma coisa assim:

12/07/2009

Oeiras Alive!09 - Metallica sempre em Alta!

Como havia enunciado anteriormente, sempre me desloquei a Lisboa para assistir ao primeiro dia da terceira edição do festival Oeiras Alive!09. Depois do metal cru dos Mastodon, da agressividade dos Lamb of God e Machine Head e do entusiasmo dos Slipknot, surgiram os magníficos Metallica.

E que concerto! Na minha opinião, ao nível da actuação no festival Super Bock Super Rock em 2007. Um alinhamento bem coerente com a constituição "heavy" do festival e com uma excelente integração dos temas do álbum mais recente "Death Magnetic". Foram quase 40 mil espectadores a delirar com um desempenho soberdo de James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich. Os Metallica são, sem qualquer margem para dúvidas, uma banda de referência no panorama mundial.

Ora fiquem com um brevíssimo excerto da música "Nothing Else Matters" captado pelo meu telemóvel.

Foi lindo, não foi?

07/07/2009

Reflexões sobre... condução automóvel

Se as capacidades dos seres humanos regridem a partir de certa idade, variável de pessoa para pessoa, sobretudo em termos das capacidades perceptivas e de coordenação motora, porque é que não se fazem exames progressivamente mais frequentes à medida que a idade vai "pesando" na arte de conduzir um automóvel na via pública?

- Depois queixam-se que os velhotes entram nas auto-estradas em contra-mão e têm uma certa propensão para causar acidentes, por vezes mortais.

Se está comprovado que o ser humano aprende mais efectivamente mediante o reforço positivo (elogio, recompensa, etc.), porque é que só se multa em situações de infracção e não se beneficia/distingue pessoas em circunstâncias de desempenho exemplar ou meritório?

- Depois admiram-se que o pessoal ande revoltado por multas por excesso de velocidade (+ 1 Km/h que o permitido) ou desrespeito pelo traço contínuo numa recta de 1 Km.

Se os automóveis estão a evoluir em matéria de segurança, conforto e desempenho e as estradas são progressivamente mais seguras, porque é que os limites de velocidade se mantêm há décadas?

- Depois só se vê pessoal a conduzir, em média, a 140 Km/h na auto-estrada e 110 Km/h nos itinerários complementares e, claro, a ser multado por excesso de velocidade.

03/07/2009

Como interromper um treino de força - Parte 1

Imaginem-se num ginásio a trabalhar os grandes peitorais numa máquina Peck-Deck ou Butterfly. À vossa frente contam com um inestimável estímulo adicional quando, de repente, o treino é interrompido pelo acontecimento mais improvável. :)

It's Evolution, baby!

O Município de Monchique promoveu, na passada terça-feira, a visita dos alunos da Ginástica Sénior ao Zoomarine. Com todas as freguesias representadas - Alferce, Monchique e Marmelete - surgiu a oportunidade de experienciar as maravilhas do cinema 4D.

Com equipamento a condizer, não faltou quem tentasse matar uma serpente virtual com o belo do cajado. Tecnicamente, o sr. Manuel queria "enfiar o cajado na boca da cobra", por não gostar de tais bichos. Felizmente, ninguém saiu da sessão com um galo na cabeça. Em suma, com ou sem manobras perigosas da assistência, o progresso da tecnologia encantou os meus conterrâneos.

- "Ahhhh, que côsa más linda!"

28/06/2009

Avenged Sevenfold - Afterlife

A qualidade de uma banda define-se muito pelo nível da sua sonoridade ao vivo. Estes meninos americanos dos Avenged Sevenfold demonstram que qualidade não lhes falta. Ultimamente, têm sido uma autêntica lufada de ar fresco no rádio no meu carro, apesar de não serem propriamente um conjunto recente.

27/06/2009

Assim se fecha mais um ciclo...

No término de cada ano lectivo, muitos são os professores que fecham ciclos de longa data com algumas turmas. Não são momentos fáceis, afinal de contas foram anos de uma relação, por vezes, estudada ao pormenor. As estratégias para ensinar a matéria X ou para compatibilizar o aluno A com o aluno Z, entre outras, tornam-nos conhecedores natos das virtudes e dos defeitos dos miúdos. Arrisco-me a dizer que, frequentemente, acabamos por conhecer melhor o aluno que os próprios pais.

Mas, que mais podemos dizer no momento do "adeus" ou do "até breve"? Resumir uma série de emoções, informações, diálogos, monólogos, elogios ou reprimendas num par de parágrafos não se afigura como uma tarefa simples. Colocaram-me esse desafio e eu fi-lo da seguinte forma:

"Caros alunos,

Foi um enorme privilégio acompanhar o vosso desenvolvimento pessoal e escolar ao longo dos últimos três anos da vossa infância. Fico muito feliz por observar que todos vós, uns com mais e outros com menos dificuldades, conseguiram terminar com sucesso o vosso percurso na Actividade Física e Desportiva (actividade de enriquecimento curricular), estando, por isso, preparados para superar os desafios na disciplina de Educação Física, no 5º ano de escolaridade.

Espero que tenham gostado de trabalhar comigo, tanto quanto eu gostei de o fazer convosco. Quando precisarem, podem sempre contar com este vosso professor. Decerto que nos voltaremos a encontrar. :)

Desejo-vos as maiores felicidades para o futuro,

Carlos Almeida"

Mesmo que não entendam tudo por agora, fica para mais tarde recordar. E assim se fecha mais um...

18/06/2009

A falsificação no futebol de formação

A arte de falsificar jogadores nos escalões de formação de futebol não é uma novidade para ninguém. O anseio pela vitória deturpa as mentalidades dos agentes desportivos, conduzindo-os facilmente a enveredar por caminhos ilegais que em nada dignificam a modalidade desportiva em si e o processo de formação de futuros cidadãos saudáveis, activos e moralmente bem desenvolvidos.

Infelizmente, eu tive a oportunidade de assistir e comparticipar em algumas destas trafulhices. Por um lado, posso alegar que era menor de idade e não tinha bem consciência do que estava a fazer, o que acaba por não ser mentira nenhuma. Por outro lado, já com a consciência bem formada, apenas saliento que não me deram alternativa, pois tratou-se de num caso muitíssimo complexo (apenas tinha cinco jogadores disponíveis e acabei por fazer alinhar um jogador mais velho). Fi-lo essencialmente para salvaguardar, física e psicologicamente, os meus cinco miúdos e não para obter qualquer vantagem no plano desportivo.

Anteontem recebi um e-mail de um colega a denunciar uma situação flagrante no escalão Infantis (Sub-13), no âmbito da fase final do campeonato distrital de Futebol 11 da Associação de Futebol de Lisboa (AFL). O Real Sport Clube de Massamá decidiu, pelo que me foi dado a entender, a utilizar um jogador com uma maturação excepcionalmente avançada. Tão excepcional que induz qualquer pessoa minimamente conhecedora do meio a conjecturar: "Se este puto tem 12 anos, eu já estou na terceira idade".

Atentem na expressão do jogador do centro, como que a indagar: "Será que o gajo [árbitro] me topou?". Por sua vez, o seu companheiro da esquerda parece preparar-se mentalmente para o que seria o melhor "round" de sempre do boxe nacional, caso o árbitro entendesse que não estariam reunidas as condições para participarem no encontro.

Pelos vistos jogaram mesmo e o clube visitado - Sport Grupo Sacavenense - enviou um comunicado à AFL a manifestar a sua indignação. Se a irregularidade for comprovada e os responsáveis da AFL forem tão drásticos como foram os da Associação de Futebol do Algarve (AFA) com o Império FC (Olhão) num caso análogo, o Real Sport Clube poderá incorrer numa pena bem nefasta para os seus jovens nos escalões de formação, enquanto o treinador e os dirigentes poderão continuar a exercer sem qualquer penalização.

Nos dias que hoje correm condeno todo o recurso à falsificação de jogadores sob qualquer tipo de pretexto, sobretudo porque ao se proporcionar tais discrepâncias maturacionais está-se, explicitamente, a aumentar a probabilidade da ocorrências de lesões desportivas e de maior gravidade, para além de se desconsiderar todos os princípios éticos que deveriam reger o fenómeno desportivo.

13/06/2009

Da condição humana, ninguém se livra

Estava a ler um artigo e subitamente lembrei-me de um episódio, no mínimo, hilariante. Numa aula do mestrado, o conceituado professor de uma cadeira extremamente secante, muito entusiasmado pela matéria que estava a leccionar, decidiu apelar aos alunos que procurassem no google a seguinte expressão: "ten mil steps".

De entre a soberba gaffe "portinglesa", a cumplicidade dos olhares cruzados e as gargalhadas mudas que foram dadas naquela sala somente nos confirmam que da condição humana, ninguém jamais se livra. :)

11/06/2009

Portagem 16

Quantos de nós - algarvios - após um percurso de mais de 250 km não ficamos retidos às portas de Lisboa, nas portagens da Ponte 25 de Abril? Para quem, como eu, nunca teve paciência para a via verde, está-se sujeito a enormes períodos de espera para entrar na capital.



Contudo, uma pessoa que muito estimo alertou-me para uma escapatória perfeitamente legal. Chama-se Portagem 16. Exceptuando o período entre as 6 e as 10h dos dias úteis (aberta exclusivamente a transportes públicos), esta portagem já me poupou, até à data, algumas horas de espera. O único cuidado a ter é ao encostar tudo à direita, cruzando as faixas de rodagem provenientes de Almada. Porque não?

Cristiano Ronaldo = 93 milhões de Euros

Os meios de comunicação social dão conta da transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid CF, pela módica quantia de 93 milhões de Euros.

Depois de contratar Kaká, Florentino Pérez demonstra que mesmo em tempos de crise económica, que tem afectado particularmente a nossa vizinha Espanha, é possível fazer transferências astronómicas. As imagens de Ronaldo e Kaká são capazes, a longo prazo, de reaver o dinheiro investido, porém onde vão estes senhores do Real buscar tanto capital?

Para o jogador, que chegou ao "topo" no Manchester United com a conquista de inúmeros troféus (Champions League, Mundial de Clubes, Premier League, Fifa World Player of the Year 2008, etc), será uma boa mudança para além do ponto de vista monetário?

Tenho as minhas dúvidas, mas só o futuro o dirá!

07/06/2009

Um verdadeiro campeão!


Roger Federer acabou de conquistar o Grand Slam que lhe escapava: Roland Garros. Aquele que é por muitos considerado o melhor tenista de todos os tempos deu, no discurso final, uma lição do que é ser bem sucedido e, simultaneamente, humilde.

Agradeceu ao público, ao treinador, ao seu "staff", à sua esposa e deixou bem claro que a partir de agora não terá a mesma pressão de ter que ganhar em terra batida.

O agradecimento aos pais foi, a meu ver, o ponto alto do seu discurso. O jogador suíço referiu que jamais estaria onde está se os seus pais não o tivessem apoiado da forma como o fizeram.

Os pais são um marco fundamental na vida de qualquer atleta de elite. Ainda assim, tanto podem ser agentes indutores da excelência, como inibidores do seu potencial. Roger Federer foi um privilegiado a esse nível; muitos outros ficaram e continuarão a ficar pelas "ruas da amargura".

Portugal rumo ao Mundial 2010?

Acredito que a selecção portuguesa poderia estar muito melhor posicionada do que está actualmente. Para aceder ao "playoff" de qualificação, a nossa equipa só depende de si própria. Eu tenho algumas reservas, porque aquilo que demonstra em campo está muito aquém das potencialidades individuais dos seus jogadores.


O mister Carlos Queiroz - pessoa que considero bastante competente e indicada para o cargo - pretende revitalizar a formação, no entanto, os progressos não são visíveis. O futebol actual requer muita mobilidade nos sectores intermediário e ofensivo, de modo a assegurar o controlo do processo ofensivo e a explorar zonas de ruptura das organizações defensivas contrárias, senão vejamos o caso mais ilustrativo do Barcelona. Será que colocando um Pepe no meio-campo ou um Hugo Almeida como avançado fixo, conseguimos tirar proveito das capacidades táctico-técnicas e da mobilidade dos jogadores portugueses (laterais e extremos) que mais desequilibram?

Não me parece e ontem ficou comprovado perante uma Albânia com uma organização defensiva recuada e a tentar tirar partido do contra-ataque. A mobilidade ofensiva do Pepe é reduzida e a falta de capacidade de Hugo Almeida em fazer combinações tácticas directas ou indirectas com Cristiano Ronaldo, Deco, Simão, Boa Morte (?) ou Raúl Meireles foi por demais evidente.

Apesar disso, a equipa venceu e continua com francas possibilidades de estar presente na África do Sul em 2010. Não me cabe a mim construir a equipa, nem fazer juízos de valor sobre a competência dos técnicos, mas que Portugal tem obrigação de jogar muito mais e melhor, disso não há margem para qualquer dúvida.

04/06/2009

Metallica: a terceira no Oeiras Alive!09

Os Metallica regressam a Portugal no próximo dia 9 de Julho e eu, em princípio, vou lá estar. A promover o álbum Death Magnetic (2008), será (ou não) a terceira vez que terei o privilégio de assistir ao concerto destes senhores.

Depois do Rock in Rio 2004 e do Super Bock Super Rock 2007, aguardo com expectativa o evento que decorrerá no passeio de Algés (um sítio que conheço muito bem), especialmente para sentir o impacto que músicas como All Nightmare Long (vídeo), Broken Beat and Scarred, The Day That Never Comes ou The End of the Line têm ao vivo.

A ver pelos vídeos do youtube, só posso esperar coisa boa, mas até lá ainda tenho que comprar o bilhete e sobreviver ao massacre do "moche" de Slipknot.

24/05/2009

Ironia do destino!

Depois do apito dourado e do apito final, quem diria que o Boavista e o Gondomar desceriam na mesma época à II Divisão B? O major Valentim e o seu filho João Loureiro devem estar orgulhosos do futuro que, directa ou indirectamente, prepararam para estes dois clubes.

Já diz o povo: "deus escreve direito por linhas tortas".

22/05/2009

Estrutura sólida, resultados mais prováveis

A solidez/estabilidade da estrutura, conjugada com uma inovação sustentada são factores inerentes ao sucesso de uma organização, seja em que ramo for. Um clube de futebol, à luz das circunstâncias actuais, não deixa de ser uma organização com uma estrutura muito peculiar, desde os seus accionistas ou directores até aos elementos que participam nos eventos desportivos.

Ao olhar para o que se passa em Portugal, depresso me apercebo que em breve o FC Porto voltará a ser campeão e o seu presidente continuará a rir desalmadamente dos disparates cometidos pelos concorrentes mais directos. O Sporting CP está à beira de mudar de presidente e, mesmo apregoando-se a uma continuidade do projecto da direcção anterior, haverá sempre mudanças. O SL Benfica já anda no mercado a comprar "jovens craques brasileiros", ainda o campeonato não terminou e, pior, sem se saber se Quique Flores permanecerá ou se virá outro treinador (será que o Jorge Jesus pediu o Patric, o Ramires ou o uruguaio?). Repare-se que não é o treinador que construirá o plantel, apenas se limitará a trabalhar com ele. Um erro! Eu prefiro cortar as unhas com uma tesoura e ficava tramado se chegasse a um sítio e me dessem um corta-unhas como ferramenta. Não é a mesma coisa e até me habituar levaria o seu tempo.

O pior é que quando as unhas começam a ficar "direitinhas", alguém me vai mandar embora e dar o corta-unhas a um outro qualquer que também prefere tesouras. E começa tudo novamente, num ciclo vicioso estúpido, mas por demais profícuo para quem usa sempre a mesma ferramenta e vai ganhando com isso... tempo, dinheiro, admiração e troféus. Tudo por uma questão de solidez, de estabilidade, de mentabilidade, de habituação e de raciocínio prático e eficiente.

Infelizmente para nós - benfiquistas - o ciclo está prestes a começar: "(...) e vai mais uma voltinha, para o menino e para menina."

11/05/2009

Teoria do Funcionamento Probabilístico

A abordagem ecológica do comportamento humano baseia-se em teorias e abordagens que procuram explicar o porquê de actuarmos da forma que actuamos, nos mais diversos contextos. A Teoria do Funcionamento Probabilístico é uma delas, tendo sido proposta por Burnswik, nos meados do séc. XX.

Em traços gerais, esta teoria rejeita a psicologia centrada somente no organismo (i.e., indivíduo) e defende a relevância das relações recíprocas entre o indivíduo e o seu envolvimento. Com base nesta premissa, adquiriu uma forma concreta no modelo da lente, o qual sustenta que o indivíduo não é capaz de percepcionar o descriptor distal directamente (o estado do envolvimento, p. ex., a trajectória da bola), porém deve inferir o acontecimento a partir de pistas ou indicadores “probabilísticos” proximais, mediante os quais efectua julgamentos e tomadas de decisão (Araújo, 2005, 2006; Borba, 2007).

O golo de Pedrão, da equipa brasileira Barueri num jogo contra o Sport Recife, demonstra claramente o que Burnswik sustenta. Contudo, as pistas ou indicadores probabilísticos percepcionados ou calculados pelo defensor do Sport Recife não surtiram muito efeito, na medida em que, qual criança dos escalões de formação de base, deixou a bola bater no solo e entrar, sorrateiramente, na sua baliza.

Muitos dirão: "ah e tal, ele não estava à espera". Pois não estava, a probabilidade de acontecer um golo assim é extremamente reduzida, mas ficar a olhar nunca é solução, nomeadamente naquela zona do terreno de jogo. Sem tirar valor ao jogador do Sport Recife (até porque nunca o vi a jogar), não pude deixar de recordar uma frase batida no meio futebolístico: os bons jogadores evidenciam-se nos momentos mais imprevisíveis do jogo.

REFERÊNCIAS

Araújo, D. (2005). A psicologia ecológica e a teoria dos sistemas dinâmicos. In D. Araújo (Ed.), O contexto da decisão – A acção táctica no desporto (pp. 61-70). Lisboa: Visão e Contextos.

Araújo, D. (2006). Tomada de decisão no desporto. Lisboa: FMH Edições.

Borba, R. (2007). Estudo descritivo e comparativo do processo ofensivo e da utilização do espaço nas variantes de jogo Futebol 4 e Futebol 7. Tese de mestrado não publicada, Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.

07/05/2009

Novas tecnologias no futebol?

No próximo dia 27 de Maio de 2009, poderemos assistir a uma final da Liga dos Campeões com, na minha óptica, as duas melhores equipas europeias da actualidade: Manchester United e Barcelona.

Ainda assim, o jogo Chelsea 1 - 1 Barcelona de ontem foi um autêntico festival de erros de arbitragem. Não foi um nem dois, foram imensos erros e não apenas confinados à grande área da equipa espanhola. A este nível competitivo, com tanta implicação de diversa natureza metida pelo meio, o Chelsea tem muitas razões de queixa.

O futebol tem de evoluir, tem de se modernizar. Não passa apenas pela profissionalização dos árbitros, mas também (porque não!?) pela introdução de novas tecnologias auxiliares ao processo decisional das equipas de arbitragem. O râguebi fê-lo e não foi por isso que perdeu a sua identidade histórica, a sua espectacularidade e deixou de crescer enquanto modalidade desportiva.

Figura I. Bola ADIDAS já equipada com tecnologia de ponta.

O pior são os interesses que estão por detrás dos erros e que, tantas vezes, nos levam a cair na ingenuidade de acreditar que são somente parte da condição humana. Enquanto tal se observar, a tecnologia nunca será instaurada para induzir o desenvolvimento do futebol, nomeadamente da tão apregoada "verdade desportiva".

20/04/2009

A força do FCP

O FC Porto é, de facto, a melhor equipa do futebol português. Caminha a passos largos para o "tetra". Porém, admiro os órgãos directivos do clube por pouco ou nada se insurgirem em relação aos erros de arbitragem. Nunca mais houve "black-out's"?

Das duas, uma: ou são pessoas civicamente muito bem formadas, ou então apita-se pouco para o lado das equipas adversárias. A recente "mão na bola" do Raúl Meireles, frente à Académica, dissipou todas as minhas dúvidas.

Não posso deixar de concordar com o Paulo Bento e com o seguinte ditado popular que o corrobora: "Os cães ladram e a caravana passa". Há quem lucre, e muito, com tudo isto e não sou eu, de certeza!

15/04/2009

Deixa-te ficar na minha casa...

"Tenho livros e papéis espalhados pelo chão"

"Uma frase onde te encontre e me deixe comovido"

"Guardo na palma da mão o calor dos objectos"

"E depois o arrepio, a memória dos afectos"

"Que me deixa mais feliz"

"O luar espera por ti quando for a maré vaza"

"Qualquer coisa que ficou, que é da nossa eternidade"

"Deixa-te ficar na minha casa"

"Há janelas que tu não abriste"

06/04/2009

Quem disse que Grafite não era arte?

O Bayern Munique - sim, a equipa que despachou o Sporting CP (12-1), nos quartos-de-final da "Champions League" - foi humilhada, no passado fim-de-semana, no reduto do Wolfsburg do português e ex-portista Ricardo Costa. O avançado brasileiro Grafite fez 2 golos, o último dos quais foi uma autêntica obra de arte. Ora vejam...

23/03/2009

José Mourinho Doutor pela FMH


José Mourinho foi distinguido com o grau de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Motricidade Humana.

Nos meandros da faculdade que melhor conheço, gerou-se uma enorme controvérsia, pois alguns professores manifestaram-se contra o facto de ser atribuído o título a José Mourinho, antes do actual seleccionador Carlos Queiroz ou do treinador do FC Porto Jesualdo Ferreira.

Polémicas à parte, quem ficou a ganhar com isto tudo foi mesmo a FMH, tal não foi o mediatismo concedido à cerimónia pelos principais órgãos de comunicação do país. Perfeitamente merecido, diga-se de passagem e um enorme orgulho para quem lá estudou, ou para quem ainda lá "vai" com frequência.

(É "F", é "M", é "FMH")

Barcelona: um hino ao futebol!

O Barcelona recebeu ontem o Málaga e venceu por uns meros 6 - 0. Eu posso regozijar-me de ter visto a repetição do jogo. Realmente, a equipa de Guardiola é um hino ao futebol, a todos os níveis, contando com a prestação de jogadores impressionantes: Messi, Xavi, Eto'o, Henry, Iniesta ou Daniel Alves.

A par do Manchester United, a equipa espanhola é, na minha opinião, um grande candidato a levar a "Champions" desta época para "casa".

16/03/2009

Alongamentos estáticos no aquecimento...

Na sua grande maioria, os treinadores das mais diversas modalidades desportivas, em qualquer escalão etário, fazem questão de incluir alongamentos estáticos nas fases preparatórias de sessões de treino e, até mesmo, de competições.

Ora, actualmente, sabe-se que o aumento de temperatura nos músculos se obtém com o aumento da irrigação sanguínea local e que o exercício (alternância de contracções musculares) permite o funcionamento da bomba muscular, a qual favorece a circulação. Contudo, o alongamento provoca uma grande tensão nas fibras musculares, uma vez que, ao comprimir os vasos sanguíneos, dificulta o aporte de sangue ao músculo e, consequentemente, reduz a circulação local.

Para concluir, durante o aquecimento, os alongamentos estáticos prolongados não favorecem o objectivo de aumentar a temperatura muscular, pelo que se recomenda a execução de alongamentos dinâmicos.

Fonte: Mil-Homens, P. (2008). Flexibilidade. Material audiovisual não publicado de Desenvolvimento das Qualidades Físicas do VI Mestrado em Treino do Jovem Atleta. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana.

04/03/2009

Quem quer ser árbitro em Portugal?

Podia ser um concurso televisivo, mas não é.

Face ao estado da nação no que se relaciona com a tolerância, o respeito e a compreensão, nos seus níveis mais básicos da nossa existência em sociedade, poucos são aqueles que se sujeitam, sistematicamente, a insultos, calúnias ou difamações, frequentemente injustificados.

Quem trabalha nos escalões de formação de futebol sabe o quão habituais são as faltas de comparência dos árbitros nomeados pelas associações regionais. Então, no Algarve, é sintomático: não há árbitros ou organização suficientes para tantas equipas. Mas não me estranha que tal aconteça, basta, em qualquer nível de competição, assitir ao aquecimento das três equipas antes do jogo. Seja qual for o árbitro e as respectivas competências, virtudes ou defeitos, mal pisam o terreno de jogo já estão a ser insultados ou assobiados e, mais grave, até mesmo por crianças. É constrangedor!

Como se sabe das ciências sociais e humanas, a imitação é um mecanismo básico de aprendizagem. Os exemplos, positivos ou negativos, dos adultos são facilmente absorvidos, como água na esponja, pelas crianças. Em Portugal, arrisco a constatar que os valores transmitidos pelos adeptos do desporto às geração mais jovens, são, na generalidade, tudo menos educativos.

A nossa sociedade não está preparada para fazer do desporto uma festa, um meio para adquirir bens de personalidade, desenvolvimento moral e bem-estar social consentâneos com as suas potencialidades formativas. A arbitragem é, em primeira instância, um breve exemplo disso mesmo, por isso, atiro a pergunta: "Quem quer ser árbitro em Portugal?".

Eu não, obrigado!

16/02/2009

Coentrão, Benfica, Porto e Selecção

Fábio Coentrão é jogador do SL Benfica e serviu de contrapartida pela vinda de Pablo Aimar do Saragoça. Entretanto, regressou a Portugal e foi emprestado ao Rio Ave. É jovem, português e já representou as selecções nacionais nos escalões de formação. É inconstante e precisa de "rodar"? Tudo bem, mas será que fica a dever alguma coisa ao Balboa ou ao Urretavizcaya? É porque não domina o espanhol?

No Nacional, ele mostrou competências e ontem, no Porto, voltou a fazer um golaço, só ao nível de quem "trata" muito bem a bola. Não é nenhuma estrela, tem potencial, mas como é português não tem espaço no plantel do SL Benfica. É por estas e por outras que já não se vêem jogadores do clube na selecção A.

Por acaso, até gostei bastante de ver o Rúben Amorim no centro do meio-campo. Um espectáculo na ocupação dos espaços e na qualidade de passe. Torço para que o mister Queiroz não se esqueça dele.

Fico constrangido por não figurar nenhum representante do SLB na selecção. Uma tristeza!

Periodização Táctica e treino de jovens




"A Periodização Táctica, como foi mencionado anteriormente, apresenta uma orientação conceptual e metodológica no sentido do alto rendimento. Em última instância, não é o processo de formação de jovens na modalidade que está em causa, mas sim a optimização da forma desportiva dos jogadores e das equipas, no quadro de acções inerentes ao modelo de jogo pretendido pelo treinador.

De uma forma geral, desde o período preparatório que é apanágio treinar-se com intensidades elevadas (Oliveira, 2005; Aroso, 2006; Alves, 2008). Nos escalões de formação de base, a aprendizagem das dimensões técnica e táctica não é um processo imediato, requerendo mais o volume que a intensidade, no intuito de aperfeiçoar acções técnicas, desenvolver a capacidade de raciocínio táctico, evitando, por outro lado, o insucesso que conduz à saturação, desistência e abandono do processo de treino e competição (Stafford, 2005). Obviamente que, para desenvolver a estrutura de rendimento complexo do jogo, é fundamental submeter as crianças/jovens a situações de jogo ou competições que sejam do ponto de vista fisiológico exigentes, embora essa não seja uma condição determinante nos primeiros passos dados no âmbito do treino desportivo.

Uma das questões essenciais na formação do jovem praticante de qualquer modalidade desportiva colectiva é a relação estabelecida entre os princípios da multilateralidade e da especificidade. Ambos são determinantes, porém a sua importância relativa não é estanque ao longo do processo, devendo o treinador procurar consagrar cumulativamente o papel destes dois princípios no decurso de cada etapa de formação. O princípio orientador da Periodização Táctica é, precisamente, a especificidade, havendo pouco tempo para o trabalho de carácter geral ou multilateral.

Este facto inviabiliza quase por completo a aplicabilidade deste modelo de periodização nos escalões de base (Sub 11, Sub 13), na medida em que cerca de metade das preocupações se deve centrar no potenciar do desenvolvimento equilibrado das capacidades condicionais e coordenativas nas fases sensíveis, sem o qual não se evoluirá, nem de forma eficiente, nem de forma estável, no aprofundamento do rendimento desportivo futuro (Martin, 1999; Marques & Oliveira, 2001; Stafford, 2005; Martin et al., 2008).

Nestas idades, sobretudo no escalão Escolas (Sub 11), a estrutura cognitiva das crianças não permite a assimilação e retenção integral de conceitos abstractos. Como tal, a aprendizagem na dimensão táctica é restrita, devendo cingir-se a pouco mais que aos princípios específicos (ofensivos e defensivos), através de jogos reduzidos e/ou condicionados (Pacheco, 2001; Stafford, 2005). Por isso, o objectivo passa por dotar as crianças/jovens de simples regras de acção para solucionar problemas resultantes do contexto situacional do jogo e não propiciar uma aquisição progressiva de princípios e sub-princípios, conducentes a uma dinâmica organizada do “jogar” da equipa, em pleno respeito pelo modelo de jogo. Pretende-se que os jovens aprendam a pensar e a tomar decisões de forma autónoma, independentemente de factores extrínsecos que condicionem a manifestação do seu potencial individual, sejam eles o modelo de jogo a cumprir ou a obediência, célere e eficaz, de ordens provenientes do treinador (Ajamil & Escalona, 1998)."

31/01/2009

Deixem-no jogar... e marcar!

Chamem-lhe coxo, um mito, ou acabado para o futebol, porém o que é certo é faz o que os outros não fazem: golos.

"Deixem o Mantorras jogar!"

21/01/2009

A inteligência de "jogar" com as regras

No recente jogo Manchester United - Chelsea (3-0), decorrido no passado dia 11 de Janeiro, Cristiano Ronaldo fez um golo que, no entanto, foi invalidado. Confesso que só ontem um amigo me chamou a atenção para a jogada, perguntando-me o que achava daquele pontapé de canto.

Tal como há equipas que exploram a marcação rápida de pontapés livres e resultam em golos, após o árbitro ter assinalado a falta, porque não fazê-lo com pontapés de canto? Foi o que o Manchester, numa jogada genialmente concebida, tentou fazer, enganando toda a gente, inclusivamente o próprio árbitro auxiliar que estava a escassos centímetros do desenrolar da situação.

A questão central é que, analogamente ao que sucede com os pontapés livres, uns árbitros deixam prosseguir as jogadas, enquanto que outros não o fazem. Na minha perspectiva, saliento a genialidade deste esquema táctico, que foi de tal forma pensado e executado que conseguiu iludir tudo e todos, mediante a exploração de um aspecto basilar do jogo: as regras.

Venha de lá um óscar para o Sir Alex Ferguson e seus pupilos.

13/01/2009

"FIFA world player of the year 2008"


Cristiano Ronaldo foi condecorado como o melhor jogador de 2008 para a FIFA. Depois Luís Figo (2001) e Eusébio terem arrecadado troféus individuais internacionais, eis que surge mais um português no topo da excelência mundial.

Fico particularmente satisfeito, não porque seja um apreciador acérrimo do Cristiano, mas porque representa um facto inexorável: em Portugal também nascem e se formam craques mundiais. Não é um dado isolado, é o terceiro português que se assume como o melhor. Não faz sentido gastar milhões a trazer, época após época, milhares de estrangeiros, designadamente brasileiros, para o nosso "futebol".

Em suma, apostar na formação é um processo que deve ser fomentado, de norte a sul e nas ilhas, por todos os agentes desportivos. Os factos falam por si.