06/12/2009

Histórias do subconsciente

Não posso precisar a data e o local do acontecimento. Algures num futuro não muito distante e numa praia cravada de falésias, com um traçado muito similar ao observado na costa sul do Algarve. Foi num bonito dia de Verão, onde o Sol iluminava fortemente as centenas de banhistas que aproveitavam as suas férias. Eu e mais um grupo de amigos fazíamos o mesmo. O mar estava um pouco agitado e as crianças brincavam alegremente com as ondas que rebentavam ainda longe do areal.

Decidi ir também molhar-me, o Sol queimava-me a pele. Entrei na água, mas, subitamente, dei de caras com uma onda anormalmente grande. Não tinha muito tempo para reagir, mergulhei e senti-me enrolado pela força daquela massa de água. Quando vim à superfície, reparei que um helicóptero militar tinha acabado de se despenhar naquela zona.

- "Que raio?" - questionei-me, enquanto um aglomerado de pessoas circundava o destroço.

Ao sair da água, instalou-se uma sombra esquisita sobre o local. Olhei para céu e vislumbrei bastantes objectos longos e delgados a cobrir o Sol. Moviam-se a elevada velocidade e pareciam estar em fase descendente no seu trajecto para a... praia.

- "Meus deus, são mísseis" - alguém gritou. - "Fujam!".

À medida que se aproximavam deu para perceber que se tratava de algo metálico com a ponta encarnada. Naquele instante, molhado e em tronco nu, percebi duas coisas vitais: a) que iríamos mesmo ser atingidos e b) teria que me afastar das falésias para não ficar soterrado. O pânico estava bem presente, todos corriam, gritavam e os mísseis começaram a cair.

Afastei-me da multidão, procurei ler a trajectória dos projécteis e correr para longe da provável zona de impacto. Num curto espaço de tempo, corri para a frente, para trás, para a direita e para esquerda com um único propósito: sobreviver. Por três ou quatro vezes, escapei a explosões bem próximas; muitos outros não tiveram a mesma sorte. O extenso areal fora pintado por manchas vermelhas resultantes da investida. Um horror!

Passados uns cinco minutos, o Sol voltou a brilhar. O ataque terminou. Os poucos sobreviventes procuravam encontrar os seus familiares ou amigos e sair da praia. O clima de estupefacção e de consternação era evidente.

- "Fomos alvo de um massacre" - era a conclusão unânime, embora não nos ocorressem motivos ou razões que justificassem aquela atrocidade. Provavelmente, estaríamos no meio de uma guerra.

Tudo não passou de uma encenação do meu subconsciente numa das minhas recentes jornadas de sono. Os sentimentos, as emoções, os raciocínios e as imagens constam na minha memória com uma nitidez medonha. Acordei em profundo sobressalto e invadido por um pensamento dominante:

"O mundo do subconsciente é misterioso e absolutamente fantástico".

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