Jorge Jesus confirmou ontem o falhanço do SL Benfica na presente edição da Liga ZON Sagres. Após apresentar uma vantagem de cinco pontos sobre o FC Porto à 17ª jornada, ou seja, a 13 jornadas do final, seria difícil esperar que estivesse 6 pontos atrás do atual bicampeão a duas jornadas do final.
Assim é. Uma segunda volta que foi, a todos os níveis, desastrosa, da mesma forma que classifico a eliminação da Taça de Portugal, diante do Marítimo. Do plantel de Jesus, foram excluídos dois internacionais portugueses - Carlos Martins e Rúben Amorim - até ao momento sem justificação lógica. E que jeito dariam estes jogadores nesta (brilhante) segunda volta.
Dizem que Jorge Jesus é teimoso. Apostou forte em Roberto na época passada; nesta época a "sorte" recaiu em Emerson, relegando para segundo plano jogadores como Nolito, Capdevilla e Saviola, em momentos chave da temporada. Além disso, e perdoem-me a minha frontalidade, parece-me que o ainda técnico benfiquista peca em demasia na leitura que faz dos acontecimentos do jogo.
No encontro de ontem, por exemplo, questiono a mudança efetuada ao intervalo. Retirar Matic, que equilibrou o setor do meio-campo durante a primeira parte, para "lançar" Saviola, em situação de vantagem no marcador (1-2), tem tanto de audaz como de irracional. O SLB consentiu o empate aos 49 minutos e, verdade seja dita, não sofreu o terceiro golo por mero acaso. Foi precisamente nos instantes em que os visitantes estiveram sem o típico médio de cobertura que o Rio Ave se sentiu mais confortável na partida, dispondo de imenso espaço no meio-campo para progredir no terreno e, subsequentemente, explorar a velocidade dos seus extremos.
Curiosamente, ou não, a entrada de Javi García trouxe o condão de equilibrar a ocupação do espaço no setor intermediário, conduzindo a nova preponderância do Benfica no jogo. Tarde demais: o empate não foi desfeito. Talvez muitos não concordem comigo, mas a prestação do Cardozo voltou a ser uma lástima. Não admito que um avançado de um clube grande entre somente em campo para marcar grandes penalidades. Cardozo é bom a finalizar, mas pouco ou nada cria, pouco ou nada contribui para desorganizar o método defensivo adversário. Não raras as vezes, fica arredado do jogo, perdendo bolas aparentemente fáceis de controlar e adotando uma atitude passiva na dinâmica coletiva da equipa. E quando se pensa que, pela sua estatura, pode ganhar duelos em bolas aéreas ou proteger a bola para esperar apoios ou roturas dos seus companheiros, como faz Fernando Llorente no Athletic Bilbao, deparamo-nos com uma certa incapacidade, por vezes confrangedora. Por muito lógicos que sejam os argumentos em contrário, não perceberei porque atuou os 90 minutos.
Resumindo, ontem Jorge Jesus voltou a fazer "mais do mesmo". Opções duvidosas a sustentar um plano de jogo, quiçá, inexistente ou mal elaborado. No final, o treinador benfiquista ainda proferiu o seguinte: Fizemos o mais difícil. Sabíamos que o Rio Ave no seu estádio é uma equipa que complica as formações grandes. Invertemos um resultado de 0-1 para 2-1. Na segunda parte quando pensamos que podíamos fazer mais não conseguimos. (in Record). Ora, se a equipa reagiu bem à desvantagem e estava por cima no jogo, diante de um conjunto que complica a vida aos grandes no seu reduto, então porquê mudar? Porquê pensar em "fazer mais", quando na realidade se fez muito menos? Algo não bate certo.
Não sei se vai embora, ou fica mais um ano. Sei sim que, particularmente na edição 2011/12 da I Liga, o FC Porto bem pode agradecer a teimosia e a arrogância do autoproclamado "mestre da tática".
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