O colombiano Radamel Falcao (26 anos), atualmente
ligado ao Atlético de Madrid, após passagens bem-sucedidas por River Plate e FC
Porto, é um jogador que dispensa apresentações. Despoletou a atenção do velho
continente com duas épocas de luxo no FC Porto (51 jogos, 41 golos) e por
Espanha continuou a brilhar ao serviço do Atlético, onde viria recentemente a
conquistar a segunda UEFA Europe League
consecutiva.
Na minha perspetiva,
Falcao é tudo o que um “ponta de lança” deve ser e sabe fazê-lo com classe.
Para muitos o "ponta de lança" é a referência no ataque de uma formação,
posicionando-se, geralmente, entre os centrais adversários e assumindo-se como
o principal responsável pelas ações de finalização da equipa. Julgo que é uma conceção
vulgarmente aceite pela maior parte da comunidade adepta de futebol. Eu discordo.
O futebol moderno exige que o "ponta de lança" transcenda os habituais “jogar
entre os centrais” e “marcar golos”.
Acima de tudo, é um
jogador que deve provocar o desequilíbrio da organização defensiva adversária
e, por isso, deve ser dotado de alguma mobilidade. Mesmo que não seja um
jogador capaz de romper por meio da qualidade técnica e da velocidade, deve ser
suficientemente ativo e móvel para apoiar companheiros de equipa para, dessa
forma, criar os tais desequilíbrios defensivos da equipa oponente, através de combinações táticas.
Voltemos a Falcao.
Primeiro, destaco o sentido posicional altamente apurado, o que está subjacente
à inteligência a ler o jogo e que, por sua vez, permite que antecipe ações de
companheiros e adversários. Segundo, é exímio a finalizar, seja a cabecear, com
o pé direito, com o esquerdo, à meia volta, de bicicleta, colocando a bola em
arco, etc. Terceiro, é um jogador dotado de uma mobilidade excelente. “Baixa”
para combinar com os parceiros, cai facilmente nos corredores laterais para
procurar o espaço vazio e, se tiver que partir para o 1x1 (um-contra-um),
possui argumentos técnicos e velocidade para o executar com êxito. Quarto e,
sublinho, não menos importante: não tem qualquer problema, nem dificuldade, a
assistir um companheiro melhor posicionado para fazer golo.
A frequente ideia de que
o “ponta de lança” está lá para “fazer golos” e que, portanto, “é quem assume a
finalização”, a meu ver, não pega. O “ponta de lança” é, como qualquer outro
jogador, um elemento que contribui para o sucesso do coletivo. Neste particular,
assistir um companheiro melhor colocado para finalizar não só é sinónimo de
inteligência, como também é sinónimo de qualidade e competência. Radamel
Falcao, como referi, é tudo o que um “ponta de lança” deve ser. Permitam-me o
atrevimento de acrescentar que Falcao não é um “ponta de lança” é o “ponta de
lança”. É classe!
Pergunto-me porque é que
em Portugal, com todas as qualidades que são reconhecidas aos técnicos, às
academias e aos respetivos prospetores, não surge um “ponta de lança”. Podia ser
um meio Falcao, decerto que estaríamos, por agora, muito melhor servidos.
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