09/12/2012

O Jesus da nova Era quer fazer discípulos


Ponto prévio: nada tenho contra Jorge Jesus.
 
Em tempos houve um Jesus – o Messias – que fez os seus discípulos para disseminarem a Sua palavra. Esse Jesus é figura central no Cristianismo. Atualmente, temos um outro Jesus – o Mestre da Tática, como se autoproclama – que diz que a preparação estratégica do Benfica diante do Barcelona vai fazer seguidores. Não sou eu que o digo, podemos ler aqui as palavras do mestre. Este é figura central do panorama futebolístico português.

 Foto: O mestre da tática - Jorge Jesus. Fonte: http://www.record.xl.pt

Ora, ou sou eu que sou muito limitado, porque não percebi que a equipa do Barcelona manteve a sua identidade e qualidade, ou então é o “mestre” Jesus que é um gabarola, porque aquele Barcelona esteve a anos-luz da máquina de jogar futebol que todos conhecemos. A isto não estará alheio as ausências de elementos como Iniesta, Xavi, Fàbregas, Dani Alves, Busquets, Jordi Alba, Piqué e Messi do onze inicial. Portanto, o sucesso (que é muito relativo, pois também não triunfou) que a abordagem da equipa do Benfica teve neste desafio foi extremamente influenciado pela qualidade da oposição que, quer queiramos ou não, não era o verdadeiro FC Barcelona.
 
Para além disso, o FC Barcelona já tinha o primeiro posto do grupo assegurado. Sim senhor, os milhões são importantes, mas o contexto do jogo, ao invés do que sucedeu para os jogadores benfiquistas, não constituiu um grande estímulo emocional para o coletivo “culé”. Mesmo que os jovens da cantera catalã quisessem “mostrar serviço” a Tito Vilanova, não possuem o mesmo nível competitivo de Iniesta, Xavi ou Fàbregas. Precisasse o Barcelona de vencer o jogo e estou em crer que Jesus não estaria por agora a “vender” uma abordagem estratégica como se fosse o Santo Gral. Aliás, viu-se a aflição de 10 jogadores do Benfica (excetuando o guardião Artur) a correrem atrás de Messi, quando este encetou uma das poucas tentativas de progressão com bola de que dispôs. Paremos essa jogada a meio e observemos os espaços vazios nas costas da linha defensiva encarnada. Estivessem lá os outros artistas…
 
Teve o seu mérito, mas é essencial que percebamos o contexto do jogo e esse foi, sem dúvida, determinante para a ocorrência dos eventos a que assistimos. Que o siga, quem não quis ver; que o perdoe, quem já conhece a peça.

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