Ponto prévio: nada tenho
contra Jorge Jesus.
Em tempos houve um
Jesus – o Messias – que fez os seus discípulos para disseminarem a Sua palavra.
Esse Jesus é figura central no Cristianismo. Atualmente, temos um outro Jesus –
o Mestre da Tática, como se autoproclama – que diz que a preparação estratégica
do Benfica diante do Barcelona vai fazer seguidores. Não sou eu que o digo,
podemos ler aqui as palavras do mestre. Este é figura central do panorama
futebolístico português.
Ora, ou sou eu que
sou muito limitado, porque não percebi que a equipa do Barcelona manteve a sua
identidade e qualidade, ou então é o “mestre” Jesus que é um gabarola, porque aquele
Barcelona esteve a anos-luz da máquina de jogar futebol que todos conhecemos. A
isto não estará alheio as ausências de elementos como Iniesta, Xavi, Fàbregas,
Dani Alves, Busquets, Jordi Alba, Piqué e Messi do onze inicial. Portanto, o
sucesso (que é muito relativo, pois também não triunfou) que a abordagem da equipa
do Benfica teve neste desafio foi extremamente influenciado pela qualidade da
oposição que, quer queiramos ou não, não era o verdadeiro FC Barcelona.
Para além disso, o
FC Barcelona já tinha o primeiro posto do grupo assegurado. Sim senhor, os
milhões são importantes, mas o contexto do jogo, ao invés do que sucedeu para
os jogadores benfiquistas, não constituiu um grande estímulo emocional para o
coletivo “culé”. Mesmo que os jovens da cantera
catalã quisessem “mostrar serviço” a Tito Vilanova, não possuem o mesmo nível
competitivo de Iniesta, Xavi ou Fàbregas. Precisasse o Barcelona de vencer o
jogo e estou em crer que Jesus não estaria por agora a “vender” uma abordagem
estratégica como se fosse o Santo Gral. Aliás, viu-se a aflição de 10 jogadores
do Benfica (excetuando o guardião Artur) a correrem atrás de Messi, quando este
encetou uma das poucas tentativas de progressão com bola de que dispôs. Paremos
essa jogada a meio e observemos os espaços vazios nas costas da linha defensiva
encarnada. Estivessem lá os outros artistas…
Teve o seu mérito,
mas é essencial que percebamos o contexto do jogo e esse foi, sem dúvida,
determinante para a ocorrência dos eventos a que assistimos. Que o siga, quem
não quis ver; que o perdoe, quem já conhece a peça.
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