17/06/2015

Um olhar sobre as grandes penalidades na Liga NOS 2014/2015

As grandes penalidades são situações muito peculiares no jogo de futebol. A comum interação entre os 22 jogadores é momentaneamente reduzida ao confronto direto entre o jogador responsável pela marcação da grande penalidade e o guarda-redes adversário. Por se tratar de um lance iminente de golo, com níveis de incerteza e ansiedade bastante elevados, a grande penalidade é um dos eventos que mais interesse suscita durante uma partida.

Na recente edição da Liga Portuguesa – Liga NOS 2014/2015 – foram marcados 83 golos de grande penalidade, o que corresponde a 10,9% da totalidade dos golos concretizados pelas 18 equipas ao longo das 34 jornadas (763 golos). A figura 1 estabelece um termo comparativo entre a distribuição do resultado das grandes penalidades relativamente à época anterior (2013/2014).

Figura 1. Valores relativos (%) do resultado das grandes penalidades (golo, defendida pelo GR ou falhada), em função da época desportiva (2013/2014 e 2014/2015).

A distribuição do resultado das grandes penalidades foi idêntica, embora a percentagem de concretização tivesse decrescido cerca de 2,5 pontos percentuais. Na tabela 1 podemos encontrar, de forma sucinta, o rendimento de cada equipa na marcação de grandes penalidades, no decurso da época que agora finda (2014/2015).

Tabela 1. Grandes penalidades a favor e contra: o rendimento das equipas na liga portuguesa 2014/2015.
(por favor, clique para ampliar)

O destacado Vitória de Guimarães (14), o Porto, o Paços de Ferreira e o Penafiel (8) foram os clubes que maior número de grandes penalidades tiveram a seu favor; pelo contrário, o Boavista foi o conjunto que dispôs de menos grandes penalidades a favor (2). Relativamente aos penáltis assinalados contra, o Estoril (10), o Rio Ave, o Boavista e o Setúbal (8) foram as equipas dominantes, enquanto que o Porto (2), o Benfica, o Sporting e o Guimarães (3) foram os clubes que concederam menos grandes penalidades aos seus adversários.

No topo das equipas mais concretizadoras da marca dos 11 metros estão o Guimarães (11 golos) e, curiosamente, o lanterna vermelha Penafiel, com 8 golos. Em contexto inverso, surgem o Boavista (1 golo), o Moreirense e o Arouca (2 golos) como as equipas que menos grandes penalidades concretizaram em golo. Em termos de eficácia, o Penafiel (8 golos em 8 penáltis), o Braga (5 golos em 5 penáltis), o Marítimo e o relegado Gil Vicente (4 golos em 4 penáltis) foram as equipas mais eficazes nestas situações de bola parada, todas com 100% de aproveitamento. Nas grandes penalidades contra, o Braga e o Nacional somente sofreram golo em metade das finalizações dos oponentes (2 golos em 4 penalidades contra).

Passemos agora à análise do desempenho individual dos jogadores que marcaram as grandes penalidades (tabela 2).

Tabela 2. Grandes penalidades marcadas: o rendimento dos jogadores na liga portuguesa 2014/2015.

Para evitar publicar uma tabela demasiado extensa, decidi retirar todos os jogadores que apenas cobraram uma grande penalidade. Nesta lista, 59,1% dos jogadores são médios e 40,9% são avançados (incluindo extremos). O médio vimaranense André André (entretanto transferido para o Porto), foi o jogador que mais golos marcou de grande penalidade nesta edição da liga portuguesa (8 golos). Recordo que na edição anterior (2013/2014) havia sido o médio Adrien Silva, com 7 golos. Contudo, o jogador mais eficaz foi o avançado Guedes do Penafiel, com 5 tentos marcados em outros tantos penáltis (100% de eficácia). Entre os jogadores menos eficazes da marca dos 11 metros surgem nomes como David Simão (Arouca), André Simões (Moreirense), Bernard (Guimarães), Hassan (Rio Aves) e Manuel José (Paços de Ferreira), todos com 50% de aproveitamento.

No que se refere à performance dos guarda-redes, os resultados constam na tabela 3.

Tabela 3. Grandes penalidades contra: o rendimento dos guarda-redes na liga portuguesa 2014/2015.

Na época 2013/2014, o título “rei dos penáltis” foi atribuído ao guarda-redes Eduardo (Braga), uma vez que foi o que defendeu mais grandes penalidades (2) e, conjuntamente, obteve a melhor eficácia (40%) de entre os seus concorrentes diretos Ricardo Nunes (Académica) e Vagner (Estoril). E na temporada 2014/2015, qual foi o “rei dos penáltis” da Liga NOS?

O jovem brasileiro Matheus Magalhães (Braga) e o uruguaio Mauro Goicoechea (Arouca) foram os guarda-redes que mais penáltis defenderam (2), no entanto, o primeiro fê-lo em 4 grandes penalidades (50% de eficácia) e o segundo em 6 grandes penalidades (33,3%). Assim, o “rei dos penáltis” da principal liga portuguesa foi o guarda-redes do Braga Matheus. Finalmente, destaco o guardião Artur Moraes do Benfica; foi o único que obteve 100% de eficácia na temporada em questão (defendeu a grande penalidade em que foi chamado a intervir, logo na primeira jornada, diante do Paços de Ferreira).

Em síntese, nesta época, a taxa de conversão de grandes penalidades decresceu ligeiramente (cerca de 2,5%) relativamente à anterior. O melhor marcador foi o médio André André (Guimarães) e o mais eficaz o avançado Guedes (Penafiel). O “rei dos penáltis” foi o jovem guarda-redes bracarense Matheus, sucedendo no trono ao seu antecessor Eduardo.

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