As grandes penalidades
são situações muito peculiares no jogo de futebol. A comum interação entre os
22 jogadores é momentaneamente reduzida ao confronto direto entre o jogador
responsável pela marcação da grande penalidade e o guarda-redes adversário. Por
se tratar de um lance iminente de golo, com níveis de incerteza e ansiedade
bastante elevados, a grande penalidade é um dos eventos que mais interesse
suscita durante uma partida.
Na recente edição da
Liga Portuguesa – Liga NOS 2014/2015 – foram marcados 83 golos de grande
penalidade, o que corresponde a 10,9% da
totalidade dos golos concretizados pelas 18 equipas ao longo das 34 jornadas
(763 golos). A figura 1 estabelece
um termo comparativo entre a distribuição do resultado das grandes penalidades
relativamente à época anterior (2013/2014).
Figura 1. Valores
relativos (%) do resultado das grandes penalidades (golo, defendida pelo GR ou
falhada), em função da época desportiva (2013/2014 e 2014/2015).
A distribuição do
resultado das grandes penalidades foi idêntica, embora a percentagem de
concretização tivesse decrescido cerca de 2,5 pontos percentuais. Na tabela 1 podemos encontrar, de forma
sucinta, o rendimento de cada equipa na marcação de grandes penalidades, no
decurso da época que agora finda (2014/2015).
Tabela 1.
Grandes penalidades a favor e contra: o rendimento das equipas na liga
portuguesa 2014/2015.
(por favor, clique para ampliar)
O destacado Vitória de
Guimarães (14), o Porto, o Paços de Ferreira e o Penafiel (8) foram os clubes
que maior número de grandes penalidades tiveram a seu favor; pelo contrário, o
Boavista foi o conjunto que dispôs de menos grandes penalidades a favor (2). Relativamente
aos penáltis assinalados contra, o Estoril (10), o Rio Ave, o Boavista e o
Setúbal (8) foram as equipas dominantes, enquanto que o Porto (2), o Benfica, o
Sporting e o Guimarães (3) foram os clubes que concederam menos
grandes penalidades aos seus adversários.
No topo das equipas mais
concretizadoras da marca dos 11 metros estão o Guimarães (11 golos) e,
curiosamente, o lanterna vermelha Penafiel, com 8 golos. Em contexto inverso, surgem
o Boavista (1 golo), o Moreirense e o Arouca (2 golos) como as equipas que
menos grandes penalidades concretizaram em golo. Em termos de eficácia, o
Penafiel (8 golos em 8 penáltis), o Braga (5 golos em 5 penáltis), o Marítimo e
o relegado Gil Vicente (4 golos em 4 penáltis) foram as equipas mais eficazes
nestas situações de bola parada, todas com 100% de aproveitamento. Nas grandes
penalidades contra, o Braga e o Nacional somente sofreram golo em metade das
finalizações dos oponentes (2 golos em 4 penalidades contra).
Passemos agora à análise
do desempenho individual dos jogadores que marcaram as grandes penalidades (tabela 2).
Para evitar publicar uma
tabela demasiado extensa, decidi retirar todos os jogadores que apenas cobraram
uma grande penalidade. Nesta lista, 59,1% dos jogadores são médios e 40,9% são
avançados (incluindo extremos). O médio vimaranense André André (entretanto
transferido para o Porto), foi o jogador que mais golos marcou de grande
penalidade nesta edição da liga portuguesa (8 golos). Recordo que na edição
anterior (2013/2014) havia sido o médio Adrien Silva, com 7 golos. Contudo, o
jogador mais eficaz foi o avançado Guedes do Penafiel, com 5 tentos marcados em
outros tantos penáltis (100% de eficácia). Entre os jogadores menos eficazes da
marca dos 11 metros surgem nomes como David Simão (Arouca), André Simões
(Moreirense), Bernard (Guimarães), Hassan (Rio Aves) e Manuel José (Paços de
Ferreira), todos com 50% de aproveitamento.
No que se refere à
performance dos guarda-redes, os resultados constam na tabela 3.
Tabela 3.
Grandes penalidades contra: o rendimento dos guarda-redes na liga portuguesa
2014/2015.
Na época 2013/2014, o título “rei dos penáltis” foi atribuído ao guarda-redes Eduardo (Braga), uma vez que foi o que defendeu mais grandes penalidades (2) e, conjuntamente, obteve a melhor eficácia (40%) de entre os seus concorrentes diretos Ricardo Nunes (Académica) e Vagner (Estoril). E na temporada 2014/2015, qual foi o “rei dos penáltis” da Liga NOS?
O jovem brasileiro
Matheus Magalhães (Braga) e o uruguaio Mauro Goicoechea (Arouca) foram os
guarda-redes que mais penáltis defenderam (2), no entanto, o primeiro fê-lo em
4 grandes penalidades (50% de eficácia) e o segundo em 6 grandes penalidades
(33,3%). Assim, o “rei dos penáltis” da principal liga portuguesa foi o guarda-redes
do Braga Matheus. Finalmente, destaco o guardião Artur Moraes do Benfica; foi o
único que obteve 100% de eficácia na temporada em questão (defendeu a grande
penalidade em que foi chamado a intervir, logo na primeira jornada, diante do Paços de Ferreira).
Em síntese, nesta época,
a taxa de conversão de grandes penalidades decresceu ligeiramente (cerca de
2,5%) relativamente à anterior. O melhor marcador foi o médio André André
(Guimarães) e o mais eficaz o avançado Guedes (Penafiel). O “rei dos penáltis”
foi o jovem guarda-redes bracarense Matheus, sucedendo no trono ao seu
antecessor Eduardo.
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