Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto.
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Autores: Towlson, C., MacMaster, C.,
Gonçalves, B., Sampaio, J., Toner, J., MacFarlane, N., Barrett, S., Hamilton,
A., Jack, R., Hunter, F., Stringer, A., Myers, T., & Abt, G.
País: Inglaterra
Data de publicação: 19-dezembro-2021
Título: The effect of bio-banding on technical and tactical indicators of talent identification in academy soccer players
Referência: Towlson, C., MacMaster, C., Gonçalves, B., Sampaio, J., Toner, J., MacFarlane, N., Barrett, S., Hamilton, A., Jack, R., Hunter, F., Stringer, A., Myers, T., & Abt, G. (2021). The effect of bio-banding on technical and tactical indicators of talent identification in academy soccer players. Science and Medicine in Football. https://doi.org/10.1080/24733938.2021.2013522
Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 26 – fevereiro
de 2022.
Apresentação do problema
A relação assíncrona da taxa de crescimento de uma criança e o desenvolvimento da sua condição física com a idade cronológica pode confundir a identificação de talentos no futebol infantojuvenil (Philippaerts et al., 2006; Towlson et al., 2018). Esta situação pode resultar num viés de seleção de jogadores com maturação precoce para programas de desenvolvimento de futebol. Normalmente, estes jogadores apresentam vantagens antropométricas e físicas temporárias derivadas da maturação (Deprez & Boone et al., 2014; Lovell et al., 2015; Emmonds et al., 2016), mesmo sendo a técnica um fator-chave a ter em atenção por quem recruta (Towlson et al., 2019) e que o desenvolvimento técnico de jovens pertencentes a academias de futebol é influenciado pela maturação biológica (Moreira et al., 2017).
Há, por isso, uma necessidade premente das academias de futebol em explorar abordagens de identificação e desenvolvimento do talento que neguem a influência (in)consciente que vantagens maturacionais podem ter na avaliação de características técnicas e táticas dos jogadores por parte dos treinadores (Cumming et al., 2017b; Helsen et al., 2021). Uma solução que tem sido avançada para contornar este viés passa por agrupar os jogadores de acordo com o seu desenvolvimento biológico, ou estatuto maturacional, em vez de pela tradicional idade cronológica, processo designado por “bio-banding” (Abbott et al. 2019; Towlson et al. 2020a; Moran et al. 2021).
Estudos sobre este processo têm utilizado dois tipos de
métodos para emparelhar jovens jogadores: (1) determinando
o tempo de/para a maturação completa, que representa o número estimado de
anos (para menos ou para mais) a que os jogadores estão do Pico de Velocidade
em Altura; (2) estimando a percentagem atingida da estatura adulta predita
(método Khamis & Roche, 1994; figura 2). Embora investigações no âmbito do
“bio-banding” sugiram que jogos entre pares com maturação similar controlem as
exigências físicas e exponham os jogadores a contextos técnicos mais
desafiantes (Abbott et al., 2019), foram constatadas evidências idênticas em
jogos disputados por jovens de diversos estatutos maturacionais (Towlson et
al., 2020a), o limita as inferências que podem ser feitas sobre a eficácia do “bio-banding”
na manipulação de resultados de cariz físico.
Figura 2. “Bio-banding” por via da estimação do estatuto
maturacional com base na percentagem atingida da estatura adulta predita
(fonte: ussoccer.com; imagem não publicada pelos autores).
Do corpo de evidências existente, ainda permanece por revelar o modo como o “bio-banding” pode afetar a emergência de comportamentos táticos nos jogadores, em particular os deslocamentos e a tomada de decisão (e.g., exploração espacial, centroides das equipas), nos diversos contextos situacionais do jogo (Gonçalves et al., 2017). Isto é de extrema importância para os técnicos responsáveis pela identificação de jovens talentos, uma vez que, sob determinados constrangimentos, como áreas relativas por jogador mais amplas, os jogadores com maturação precoce podem usufruir de superioridade tática devido a diferenças antropométricas, físicas e decisionais passageiras (Lovell et al., 2015; Towlson et al., 2017; Gonçalves et al., 2020).
Dada a crescente utilização do “bio-banding” por várias
entidades que tutelam o futebol além-fronteiras (Helsen et al., 2011), a
realização de estudos que analisem a eficácia deste emparelhamento em contexto
de jogo são fundamentais para que os profissionais do treino tenham uma noção
da valia prática que esta estratégia pode ter na avaliação/seleção de jovens
jogadores para academias de futebol. Assim, o principal objetivo do estudo foi
examinar o efeito do emparelhamento maturacional (“bio-banding”) em ações
técnicas e táticas basilares no decurso da prática de jogos reduzidos.
Adicionalmente, os investigadores procuraram analisar o efeito da utilização de
diferentes métodos de “bio-banding” (Khamis & Roche, 1994; Fransen et al.,
2018) na análise da performance técnica dos jogadores em jogos com e sem
emparelhamento maturacional, quer “in loco” por treinadores experientes, quer
através de vídeo-análise.
Desenho do estudo: o estudo decorreu em 3 semanas, com um design de medidas repetidas: semana 1 – jogos reduzidos com emparelhamento maturacional através da percentagem atingida da estatura adulta predita (Khamis & Roche, 1994); semana 2 – jogos reduzidos com emparelhamento maturacional através da determinação do tempo de/para a maturação completa (Fransen et al., 2018); semana 3 – formato sem emparelhamento maturacional. Em função da semana, os jogadores foram distribuídos por uma de 6 equipas consoante o método suprarreferido. Foram propostos 5 jogos reduzidos 4v4 (18,3 x 23 metros), com uma duração de 5 minutos (25 minutos de jogo no total) e que tiveram lugar um campo sintético 3G. Em cada extremidade do campo havia uma baliza central (2 m x 1 m), sem guarda-redes e apenas foram permitidas ações de finalização no meio-campo ofensivo. Não foi dada qualquer instrução/feedback sobre a performance durante os jogos reduzidos. O protocolo de atividade foi simular nas 3 semanas.
Participantes: 92 jogadores pertencentes a 3 academias de futebol, duas inglesas e uma escocesa (Sub-13: n = 31; Sub-14: n = 32; Sub-15: n = 26; Sub-16: n = 3). Do grupo inicial, 72 foram participantes efetivos e 20 foram reservas para prevenir lesões e/ou ausências.
Medidas antropométricas e de maturação: para o método Khamis-Roche (1994) foi recolhido a estatura, a massa corporal, a idade decimal e a estatura média ajustada dos pais biológicos (medida de erro estimada de 2,1%), por cada participante. Os grupos definidos foram: pós-Pico de Velocidade em Altura (PVA) (92.0–95.0%); cerca-PVA (87.0–92.0%); pré-PVA (85.0–87-0%). Para a determinação do tempo de/para a maturação completa foi utilizada a equação de predição de Fransen et al. (2018), sendo necessário recolher a estatura, a massa corporal e a idade cronológica de cada participante. As categorias definidas foram as seguintes: pré-PVA (< -1.0 anos para o PVA); cerca-PVA (-1.0 a 0.0 anos para o PVA); pós-PVA (> 0.0 anos do PVA).
Medidas técnicas de avaliação pelos treinadores: 4 técnicos (qualificação de nível 2 a 3 pela Football Association) avaliaram independentemente os jogadores nas seguintes ações técnicas: “cobertura/apoio”, “comunicação”, “tomada de decisão”, “passe”, “primeiro toque”, “controlo”, “um-contra-um” (1v1), “remate”, “assistência” e “marcação”, de acordo com o definido por Fenner et al. (2016). Por via de uma tabela de pontuação técnica, os profissionais efetuaram a avaliação individual dos jogadores mediante uma escala de Likert de 5 pontos: 1- pobre, 2- abaixo da média, 3- média, 4- muito bom e 5- excelente.
Medidas técnicas de avaliação por vídeo-análise: todos os jogos foram gravados com uma camara digital 4K. A análise de vídeo foi executada no software Sportscode, considerando os seguintes indicadores: “passes” (bem-sucedidos/malsucedidos), “mudanças de direção com bola”, “golos”, “remates” (no alvo/fora), “duelos com bola no solo”, “interceções” e “dribles”. Foram cumpridos procedimentos intra e interobservador para testar a fiabilidade da análise.
Comportamentos táticos: cada jogador utilizou um colete pediátrico contendo um GPS a 10 Hz (Catapult). As coordenadas posicionais foram transformadas para metros e processadas no software Matlab R2014b para calcular as variáveis “índice de exploração espacial”, “distância média para o colega/opositor mais próximo”, “distância para os centroides da própria equipa e da equipa adversária” (centroide: distância média de todos os jogadores de campo da equipa/equipa oponente) (Gonçalves et al., 2017).
Análise
estatística: as diferenças entre as categorias maturacionais (pré,
cerca e pós-PVA) foram determinadas através de uma série de modelos
hierárquicos Bayesianos ajustados com diferentes distribuições de resposta e
com diferentes estruturas de efeitos aleatórios e fixos, em função do tipo de
variável dependente (ratings, contagens ou medidas métricas). Os ratings dos
treinadores foram modelados com um modelo ordinal Bayesiano, com as diferenças
reportadas como desvios-padrão (dimensão de efeito similar a Cohen’s d).
Quando as variáveis dependentes foram frequências ou contagens de certas ações
técnicas, foram utilizados modelos de regressão Poisson inflacionado de zeros.
Para variáveis genuinamente métricas, os modelos Bayesianos foram ajustados
recorrendo a uma distribuição Gaussiana. Neste caso, as dimensões de efeito
foram calculadas através de Delta total (delta t > 0.4). Foram,
ainda, usadas duas técnicas para averiguar que equação de emparelhamento
maturacional (Khamis & Roche, 1994; Fransen et al., 2018) melhor explicaria
os dados no que se refere ao poder preditivo fora da amostra: R2 Bayesiano
(Gelman et al., 2019) e validação cruzada “Leave-One-Out” (Vehtari et al., 2017).
Todas as análises foram executadas no programa R (R Core Team, 2020).
Principais resultados
· Variáveis técnicas
Vídeo-análise: excetuando os “duelos com bola no solo”, as maiores diferenças nas restantes ações técnicas foram registadas nos jogos com emparelhamento maturacional. Contudo, apenas foram observadas dimensões de efeito acima de 1 para a “mudança de direção com bola” nos jogos cerca-PVA vs. cerca-PVA (método Khamis-Roche) e para os “passes bem-sucedidos” em todos os emparelhamentos maturacionais, com ambos os métodos (diferença de probabilidade, dp = 93.77% to 100%). Nos grupos sem emparelhamento maturacional, apenas os golos marcados produziram uma diferença superior a 1 (dp = 99.50% to 99.58%). Para o tempo despendido a driblar, a única diferença estandardizada acima do limite de 0.4 ocorreu quando equipas cerca-PVA jogaram entre si. O método Khamis-Roche originou a maior diferença individual para a variável “passes bem-sucedidos”, quando equipas pré-PVA jogaram entre si (dimensão de efeito = 1.87).
Ratings dos treinadores:
com exceção das classificações para o “passe” e para o “remate”, as maiores
diferenças apuradas para as outras variáveis foram verificadas nos jogos com
emparelhamento maturacional. A única variável que não obteve uma dimensão de
efeito acima de 0.4 foi o “passe”. Embora o método Khamis-Roche tenha
determinado a maior diferença individual para as variáveis técnicas, quando
equipas pós-PVA se defrontaram entre si (“comunicação”: 0.85; dp = 99.24%), o
método Fransen et al. (2018) produziu o maior número de diferenças nas classificações
técnicas acima do valor de corte (0.4). No global, as diferenças nas
classificações técnicas dissiparam-se nos grupos sem emparelhamento
maturacional, com valores ≥ 0.4 nas seguintes variáveis: “cobertura/apoio”
(pré-PVA vs. pós-PVA*), “controlo” (cerca-PVA vs. pós-PVA**), “remate” (pré-PVA
vs. cerca-PVA*) e “passe” (cerca-PVA vs. pós-PVA*; pré-PVA vs. pós-PVA*).
* (Fransen et al., 2018); ** (Khamis & Roche,
1994)
· Variáveis táticas
Excetuando o “índice de exploração espacial”, as únicas diferenças
estandardizadas ≥ 0.4 para as variáveis táticas foram constatadas nos jogos
entre equipas pós-PVA, para ambos os métodos. Independentemente do método, os
valores mais elevados ocorreram na variável “índice de exploração espacial” em
jogos entre equipas cerca-PVA (dp Khamis-Roche = 97.17%); dp Fransen et al. =
92.90%). A única diferença > 0.4 para os grupos sem emparelhamento
maturacional foi vislumbrada para o “índice de exploração espacial” (dp =
96.15%). O método Fransen et al. (2018) produziu a maior diferença
estandardizada para as variáveis táticas, designadamente para a “distância para
o colega mais próximo” em jogos entre equipas pós-PVA (dp = 99.52%).
· Variância explicada pelas duas equações
A equação de Fransen et
al. (2018) alcançou a percentagem mais elevada de variância explicada pelo
modelo no âmbito das classificações dos profissionais do treino (67%). Contudo,
ao nível das variáveis técnicas e táticas, ambas as equações explicaram valores
idênticos da variância observada (R2). Os valores inerentes à
predição “fora da amostra” mostraram que a equação de Fransen et al. (2018)
obteve os melhores resultados em 19 das 25 variáveis investigadas.
Discussão
Este estudo logrou
alcançar 3 grandes evidências que se encontram discutidas a seguir.
1)
Apesar das diferenças observadas para o grupo emparelhado pós-PVA, poucas
diferenças táticas se manifestaram para os restantes grupos emparelhados (pré e
cerca-PVA) e não emparelhados, independentemente do método de “bio-banding”.
Os
indivíduos com maturação precoce possuem, geralmente, mais força e potência nos
membros inferiores (Lloyd et al., 2015; Peña-González et al., 2019), o que lhe
concede a possibilidade de efetuar passes longos mais frequentemente. Esta é
uma explicação plausível para o aumento das distâncias entre companheiros e
adversários. Contudo, como o protocolo experimental envolveu jogos reduzidos
(52.6 m2/jogador), os autores abstiveram-se de estabelecer uma
relação causa-efeito para os resultados apurados.
2)
Não houve diferenças consistentes entre os métodos de “bio-banding” na
avaliação técnica dos jogadores pelos treinadores ou por vídeo-análise, durante
jogos reduzidos com e sem emparelhamento maturacional.
Esta
evidência contraria resultados anteriores acerca da eficácia do “bio-banding”
na manipulação de comportamentos técnicos em jogos reduzidos (Abbott et al.,
2019). Trata-se, portanto, de um dado de óbvia importância, visto que a
habilidade técnica dos jogadores é para os técnicos um fator crucial tanto na
seleção de jogadores, como na respetiva alocação a diferentes posições de jogo
em função do timing do PVA (Larkin & O’Connor, 2017; Towlson et al., 2019).
3)
Os métodos Fransen et al. (2018) e Khamis e Roche (1994) explicaram níveis
similares de variância nas diversas variáveis analisadas, mas o primeiro
produziu o modelo mais ajustado quando foi utilizada a validação cruzada “Leave-One-Out”.
Apesar
desta evidência, tal não significa que o método Fransen et al. (2018) seja
melhor para determinar o estatuto maturacional noutras amostras. Embora ambos
os métodos ofereçam estimativas da maturação biológica não-invasivas, baratas e
rápidas (Towlson et al., 2020a, 2020b), as limitações associadas a cada um devem
ser consideradas aquando do agrupamento de jovens futebolistas mediante “bio-banding”.
Aplicações práticas
Propor jogos com agrupamento maturacional (“bio-banding”) não parece influenciar substancialmente o desempenho técnico dos jovens jogadores, comparativamente a jogos sem emparelhamento maturacional. Deste modo, para uma identificação mais precisa de jogadores tecnicamente dotados, o recurso aos dois tipos de formato de jogo (com e sem “bio-banding”) pode constituir uma estratégia mais profícua.
A curta duração dos jogos (5 minutos) e a pequena área relativa por jogador (52.6 m2/jogador) podem ter mascarado as vantagens táticas previstas para os jogadores pós-PVA nos jogos sem emparelhamento maturacional. Inadvertidamente, este estudo sugere que a restrição espacial do jogo podem ser uma estratégia interessante para atenuar as diferenças maturacionais entre os jovens jogadores.
Os profissionais das academias/escolas
de futebol devem ponderar cuidadosamente o método de “bio-banding” (Fransen et
al., 2018; Khamis & Roche, 1994) e o formato de jogo (com ou sem
emparelhamento maturacional) a implementar, no sentido de proporcionar aos
jovens praticantes o melhor ambiente contextual possível. No caso, o contexto
deve pressupor que os avaliados tenham a oportunidade de mostrar os atributos definidos
como mais relevantes pelos profissionais da academia/escola de futebol responsáveis pela seleção e pelo recrutamento de jovens talentos.
Conclusão
Este estudo sugere que o agrupamento maturacional de
jovens jogadores (“bio-banding”) teve um impacto limitado nas performances
técnicas e táticas em jogos reduzidos de futebol. A mesma tendência foi verificada
em jogos sem emparelhamento maturacional, o que condiciona as conclusões que podem
ser formadas a propósito da eficácia do “bio-banding”. Por outro lado, a redução
do espaço de jogo pode fomentar ambientes práticos que limitem a manifestação
de comportamentos técnicos e táticos associados a diferenças de maturação. O grau
de incerteza das medidas técnicas e táticas constatado neste trabalho implica que
os resultados sejam interpretados com a devida cautela. Este facto suscita um
ponto pertinente de discussão acerca da necessidade de treinadores e outros
profissionais do treino, investigadores e entidades responsáveis empreenderem
uma abordagem coordenada no desenho de estudos, para efetivamente reunirem
recursos, conhecimento e amostras mais amplas passíveis de providenciar inferências
e conclusões mais concretas.
P.S.:
1- As ideias que constam neste texto foram originalmente
escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;
2- Para melhor compreender as ideias acima referidas,
recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;
3- As citações efetuadas nesta rúbrica foram utilizadas pelos
autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão
original publicada na revista Science and Medicine in Football.
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