No cenário de crise,
descontentamento e tristeza em que estamos inseridos, julgo que Portugal
acordou hoje, pelo menos, um bom bocado mais alegre que ontem. A nossa seleção
apurou-se para o Mundial 2014 no Brasil. Estamos lá!
Imagem: Festa portuguesa em Solna (fonte: Getty Images).
O playoff com a
Suécia
Dois jogos em que a
seleção portuguesa foi claramente superior. Estou convicto que a equipa poderia
ter ido a Solna mais descansada, pois fez por merecer o 2-0 no Estádio da Luz.
A vantagem de 1-0 não era negativa, porém também não dava a tranquilidade que o
mister Paulo Bento tanto aprecia. Aliás, este apuramento foi tudo menos
tranquilo. À boa maneira “tuga”, não se previne, remedeia-se, desenrasca-se.
Ontem, desenrascou-se o apuramento, não sem a dose de sofrimento do costume. Se
os jogadores interpretaram convenientemente o que a equipa técnica solicitou,
então devo enaltecer os dois planos de jogo (planos estratégico-táticos) elaborados
para a eliminatória. Neste particular, o líder Paulo Bento e os seus pares
foram competentes, embora continue a achar que poderiam ter sido tomadas outras
opções na pretérita fase de grupos.
Cristiano Ronaldo, a Ballon
d’Or e os outros
Não sou hipócrita. Em
ocasiões anteriores, critiquei Cristiano Ronaldo e defendi a eleição de Messi
como o melhor jogador do mundo. Critiquei algumas atitudes do capitão
português, sobretudo no Mundial 2010 e, de facto, insurgi-me perante a
contestação de alguns portugueses acerca de Ronaldo merecer a Bola de Ouro da
FIFA. Hoje, no ano de 2013, estou rendido e lamento não o ter suportado mais
anteriormente. Depois de ver Joseph Blatter ridicularizar o nosso capitão, quer
queiramos ou não um símbolo de Portugal, depois de ver Ronaldo,
consistentemente, a somar dois ou três golos por jogo e a ser por demais
decisivo no seu clube e na seleção, só posso ficar rendido às evidências: FIFA Ballon
d’Or 2013!
Quem alega que Ronaldo
não ganhou nada a época transata, então que se relembre que esta distinção é
individual e não coletiva. Franck Ribéry não é evidentemente o melhor do mundo,
mas esteve integrado num super Bayern Munique que venceu tudo o que havia para
vencer em 2013. No caso de Lionel Messi, coloco em causa a sua regularidade.
Este último semestre do ano tem sido fatídico para o argentino. A mudança de
treinador e de filosofia de jogo no Barcelona não têm potenciado os seus
desempenhos e as sucessivas lesões também não têm contribuído. Por tudo isto,
2013 é ano para Ronaldo. Até a FIFA alargou, em duas semanas, o prazo de
votação para o melhor jogador do mundo. Na realidade, seria altamente
inteligente permitir que se votasse num jogador sem saber quais as seleções
apuradas para o Mundial…
Esta parece ser uma
opinião que transcende sentimentos patrióticos exacerbados. Senão, vejamos as
palavras do internacional inglês Rio Ferdinand:
“Ronaldo acabou hoje com a discussão sobre a Bola de Ouro… Se não ganhar
é porque o Blatter fez o ranking.”
(19-nov-2013, via Twitter)
Ponto!
A classe de João Moutinho
Se Cristiano Ronaldo é,
por agora, o maior, então o João Moutinho vem logo a seguir. Um médio de classe
mundial. Ora, sobre Moutinho já havia escrito um texto no Linha de Passe (recordar aqui).
Imagem: O comandante Ronaldo e o maestro Moutinho a caminho do Brasil 2014 (fonte: sportsworldreport.com).
A meu ver, é um jogador importantíssimo
na equipa nacional. É a formiga incansável a trabalhar defensivamente (n.º 6), é
o grande maestro que serve Ronaldo e os outros atacantes na perfeição (n.º 10)
e é o “box-to-box” que, simplesmente, está sempre dentro dos processos
coletivos da equipa e a cumprir com critério (n.º 8). Só lamento que atue num
clube que não esteja nas competições europeias e que não compita numa liga de
topo. Espero que tenha a felicidade de um dia poder jogar num clube europeu tão grande
como ele.
E no Brasil?
Certamente que Portugal
não irá para sambar. A seleção irá para competir e confio numa boa prestação.
Ainda falta muito tempo para o certame e, por isso, apenas refiro as minhas
preferências (por ordem decrescente em cada pote) para o sorteio dos grupos do Campeonato
Mundial 2014, que se realizará no próximo dia 6 de dezembro:
Pote 1: Suíça,
Uruguai, Colômbia, Bélgica, Argentina, Espanha, Brasil e Alemanha.
Pote 2: Honduras,
Irão, Costa Rica, Austrália, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos da América e
México.
Pote 3: Argélia,
Camarões, Gana, Equador, Nigéria, Costa do Marfim, Chile e França.
Pote 4: pote de
Portugal (Holanda, Itália, Inglaterra, PORTUGAL, Grécia, Bósnia-Herzegovina,
Croácia e Rússia).
Teoricamente, o grupo
mais acessível para Portugal seria com a Suíça (de Joseph Blatter), as Honduras
e a Argélia. Ao invés, um grupo complicado seria, por exemplo, com o Brasil, o
México e a França. Deixemos agora que o destino faça a sua parte. Venha quem
vier, é bola para a frente.
Força, PORTUGAL!
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