Nota prévia: O artigo
científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes
critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com
revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3)
associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do
Desporto.
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Autores: Clemente, F. H., Afonso, J., Silva, R. M., Aquino, R., Vieira,
L. P., Santos, F., Teoldo, I., Oliveira, R., Praça, G., & Sarmento, H.
País: Portugal
Data de publicação: 20-novembro-2023
Título: Contemporary practices of
Portuguese and Brazilian soccer coaches in designing and applying small-sided
games
Referência: Clemente, F. H., Afonso, J., Silva, R. M., Aquino, R.,
Vieira, L. P., Santos, F., Teoldo, I., Oliveira, R., Praça, G., & Sarmento,
H. (2024). Contemporary
practices of Portuguese and Brazilian soccer coaches in designing and applying
small-sided games. Biology of Sport, 41(2), 185–199. https://doi.org/10.5114/biolsport.2024.132985
Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 48 – dezembro de
2023.
Apresentação do problema
Os jogos reduzidos são exercícios que simplificam a complexidade do jogo formal e, por meio do recurso a constrangimento da tarefa, visam aprimorar comportamentos específicos dos jogadores (Davids et al., 2013). A popularidade destas atividades jogadas tem vindo a aumentar devido à sua capacidade para, por um lado, exacerbar os comportamentos desejados e, por outro lado, proporcionar esforços intensos (Clemente et al., 2021). Na perspetiva do treinador, as configurações destas tarefas podem ser manipuladas para fomentar a concretização de determinados objetivos, incluindo o número, a forma e a disposição das balizas, o tamanho e a forma do campo, limitações na coordenação intra e interpessoal (e.g., restrição do número de toques), constrangimentos temporais e diversas relações numéricas. Consequentemente, os jogos reduzidos oferecem uma integração abrangente das várias dimensões de desempenho, abrangendo aspetos tático-técnicos (Clemente et al., 2020; Clemente & Sarmento, 2020; Ometto et al., 2018), físico/fisiológicos (Clemente et al., 2021; Moran et al., 2019) e psicológicos/sociológicos (Arcos et al., 2015).
Nas últimas duas décadas, os investigadores têm-se focado cada vez mais em examinar os efeitos da modificação dos constrangimentos neste tipo de exercícios, uma vez que os jogos reduzidos proporcionam um ambiente de treino enriquecedor que fornece múltiplas oportunidades de ação e que garante que os jogadores permaneçam envolvidos em dinâmicas específicas da modalidade (Dellal et al., 2012; Owen et al., 2012). Por exemplo, formatos de jogo mais reduzidos (i.e., com menos jogadores envolvidos) tipicamente suscitam cargas internas mais elevadas (Lacome et al., 2018) e aumentam a frequência de ações tático-técnicas individuais (Clemente & Sarmento., 2020; Silva et al., 2014). Ao invés, jogos com dimensões >100 m2/jogador aumentam as exigências de carga externa, como a distância percorrida a alta velocidade (Casamichana & Castellano, 2010), e a ocorrência de comportamentos coletivos, tais como a mobilidade e a exploração dos corredores laterais (Castelão et al., 2014).
Apesar da extensa investigação e do estabelecimento dos jogos reduzidos na literatura científica, há uma escassez de estudos especificamente direcionados à análise (1) da frequência com que os treinadores desportivos incorporam estas tarefas práticas nos seus processos de treino e (2) dos fatores que influenciam a sua aplicação (Clemente et al., 2015). Parece ser fundamental transmitir perceções sobre as práticas reais de treino relacionados com os jogos reduzidos, respondendo à questão: como é que os treinadores têm integrado os jogos reduzidos na sua atividade diária? Previamente, Gonçalves et al. (2021) monitorizaram os tipos de exercícios empregues por um treinador profissional ao longo de 5 meses. Os autores mostraram que, em média, foram dedicados 19.8 ± 13.4 minutos das sessões de treino a jogos de dimensões reduzidas (de 1v1 a 5v5), e mais 19.2 ± 7.4 minutos a formatos de maiores dimensões (de 6v6 a 11v11).
Em 2017, Alves e colaboradores realizaram um estudo qualitativo com 2 treinadores de futebol experientes acerca da implementação de jogos reduzidos no treino. Os resultados indicaram que os treinadores reconhecem a importância destas tarefas, devido ao seu potencial em combinar princípios táticos e componentes da condição física, o que concorre para um transfer positivo da performance para os jogos competitivos. Um outro estudo qualitativo explorou como os treinadores concebem os jogos reduzidos e articulam a respetiva elaboração com os seus objetivos em contextos reais de prática (Clemente et al., 2015). Este trabalho revelou que treinadores experientes foram mais efetivos a implementar constrangimentos da tarefa para obter o estímulo fisiológico desejado, com uma correlação forte (r = 0.827) entre a frequência cardíaca (FC) estimada pelo treinador e a FC registada pelos jogadores. Apesar destes estudos explanarem a utilização e a importância dos jogos reduzidos no processo de treino no futebol, é evidente que são necessárias mais pesquisas para alcançar uma compreensão mais abrangente dos vários fatores que influenciam a conceção e a aplicação destas atividades pelos treinadores, em particular em contextos desportivos com nuances (e.g., culturas, métodos e abordagens de treino) próprias, como sucede em diferentes países.
Os casos de Portugal e Brasil são paradigmáticos no
concerne com a utilização de jogos reduzidos (figura 2). Em Portugal, o
desenvolvimento da Periodização Tática (Delgado-Bordonau &
Mendez-Villanueva, 2012) e a emergência de figuras influentes, como José
Mourinho, fomentou a adoção de exercícios ecológicos, incluindo os jogos
reduzidos, nas práticas de treino. Por inerência, tem havido uma expansão
concomitante de literatura relacionada com os jogos reduzidos. O Brasil seguiu
de perto esta tendência, com os jogos reduzidos a adquirir popularidade como
uma abordagem de treino fundamental, quer para jovens futebolistas, quer para
seniores (Aquino et al., 2016; Greboggy & Silva, 2018). Dada a implementação
dos jogos reduzidos em ambos os países, torna-se especialmente premente explorar
e comparar as suas aplicações práticas no quotidiano de treino diário.
Figura 2. Exemplo de um jogo reduzido aplicado na aprendizagem do
jogo em idades infantojuvenis, em Portugal (imagem não publicada pelos
autores).
Os principais objetivos deste estudo consistiram em
realizar um inquérito sobre a utilização dos jogos reduzidos no treino de
futebol. A abordagem quantitativa envolveu a distribuição de questionários a
treinadores em Portugal e no Brasil, com o intuito de proporcionar perceções
valiosas, esclarecer práticas atuais e formular recomendações para aprimorar a
eficácia da implementação destas tarefas no processo de treino. Além disso,
procurou-se oferecer uma visão direta de como os treinadores estão a aplicar os
jogos reduzidos, verificando se esse uso está alinhado com a literatura
científica mais recente, a fim de identificar lacunas que possam contribuir
para melhorar a formação contemporânea dos treinadores.
Métodos
Desenho do estudo: de
natureza transversal, o trabalho visou examinar e descrever as práticas atuais
de treinadores de futebol portugueses e brasileiros no que respeita à conceção
e à implementação de jogos reduzidos no treino. O tamanho da amostra foi
calculado a priori no software G*power (versão 3.1), atendendo aos
seguintes parâmetros: dimensão de efeito pequena (0.3), valor de p de
0.05, potência de 0.95 e 2 graus de liberdade (duas nacionalidades). O tamanho da
amostra recomendado foi de 172. Um grupo diversificado de treinadores,
incluindo treinadores principais, treinadores-adjuntos e preparadores físicos,
foi convidado a participar no inquérito e partilhar as suas práticas e
perspetivas sobre a utilização de jogos reduzidos no treino de futebol. Antes de
responder ao questionário, foi obtido o consentimento informado de todos os
participantes, cuja participação foi totalmente voluntária.
Participantes: foram recolhidas 187 respostas válidas, por parte de indivíduos de Portugal e do Brasil, sendo 82 homens portugueses e 105 homens brasileiros. Estes treinadores desempenhavam diversos papeis no seio da equipa técnica, com 63 a atuarem como treinadores principais, 38 como treinadores-adjuntos, 38 como preparadores físicos e 48 noutras funções, como analistas de jogo e fisiologistas. Além disso, os participantes treinavam escalões competitivos jovens (n = 102) e seniores (n = 59), embora alguns não estivessem à data a trabalhar num clube ou a desempenhar funções de treinador.
Procedimentos: o inquérito online foi realizado através do Google Forms e esteve disponível para preenchimento entre 9 e 18 de julho de 2022. O recrutamento dos participantes ocorreu durante um webinar concretizado no dia 9 de julho de 2022. Aos interessados foram apresentados, de modo abrangente, os conceitos fundamentais e a importância dos jogos reduzidos no futebol. O desenvolvimento do inquérito sobre os jogos reduzidos envolveu os “quandos”, os “comos” e os “porquês” da sua utilização, sendo primariamente elaborado por 3 investigadores com base na literatura existente. De modo a assegurar a qualidade do instrumento, 3 académicos especialistas em jogos reduzidos foram convidados a rever o esboço, determinando uma série de melhorias. O inquérito foi, então, enviado a 4 treinadores de futebol, 2 com formação académica em Ciências do Desporto e 2 sem. Após incorporar os feedbacks destes, a versão final foi enviada aos especialistas iniciais para avaliação final. Após aprovação, o inquérito foi lançado online, com os participantes a receber explicações claras sobre o propósito do instrumento e as devidas garantias de anonimato. O questionário abordou aspetos demográficos e questões sobre a implementação dos jogos reduzidos, incluindo 18, 14, e 43 perguntas nos domínios “quando”, “como” e “porquê”, respetivamente.
Recolha dos dados e procedimentos estatísticos: os dados recolhidos do inquérito foram exportados e
compilados num ficheiro Excel. Para questões de resposta fixa, foi realizada
uma análise de frequência, que permitiu uma avaliação quantitativa das escolhas
e das preferências dos participantes dentro das categorias de resposta
predefinidas. O teste do Qui-quadrado foi aplicado para investigar potenciais
relações entre duas variáveis categóricas, como a nacionalidade e a questão em
causa. O teste de Mann-Whitney U foi utilizado para escalas ordinais, também para
detetar diferenças entre as nacionalidades. Os testes estatísticos foram
realizados através do software SPSS (versão 28.0), com significância
estatística definida em p ≤ 0.05.
Principais resultados
·
Perspetiva global
Independentemente do país, a maioria dos treinadores
propõe jogos reduzidos duas a três vezes por semana, quer na pré-época, como no
período competitivo. Para o grosso dos participantes, a duração dos jogos
reduzidos varia entre os 16 e os 30 minutos, situando-os nas partes inicial
(aquecimento) e fundamental. Os treinadores concebem jogos reduzidos para melhorar
a aptidão aeróbia e as mudanças de direção e fazem-no menos frequentemente para
desenvolver a performance em sprint. O treino técnico e tático é, para a grande
maioria, o principal objetivo que decorre da aplicação de jogos reduzidos. Os
treinadores preferem formatos mais pequenos (1v1 a 4v4) para estimular a
aptidão aeróbia, as mudanças de direção e as habilidades técnicas. Ao invés, os
formatos médios (5v5 a 8v8) são mais idealizados para desenvolver
comportamentos táticos e ações de sprint.
Os
treinadores tendem a integrar frequentemente os jogos reduzidos nos seus planos
de treino, embora não o façam em todas as sessões de treino. Houve associações
significativas entre a nacionalidade e a frequência de jogos reduzidos na
pré-época e no período competitivo. Na pré-época e no período competitivo, os
treinadores brasileiros tendem a propor duas sessões de treino semanais com
jogos reduzidos, enquanto os portugueses privilegiam 3 sessões práticas por
semana. Na parte do retorno à calma, 33% dos brasileiros refere não utilizar
jogos reduzidos, porém, 43% dos portugueses confessaram implementar abaixo de
metade do número de sessões de treino definidas. As diferenças nas outras
distribuições – duração das sessões de treino, o tempo despendido em jogos
reduzidos e as frequências de jogos reduzidos no aquecimento e na parte
fundamental – não foram significativas.
· “Como”? (para melhorar
a condição física)
As associações
significativas ocorreram entre a nacionalidade e (1) o desenvolvimento do
sprint, (2) de mudanças de direção, (3) o tempo despendido para o treino
aeróbio e (4) a frequência de jogos reduzidos para aprimorar as ações de
sprint. Em concreto, 56% dos treinadores brasileiros usam os jogos reduzidos
como método de treino para treinar a velocidade máxima, mas 52% dos participantes
portugueses referiram não o fazer. Também, 76% dos treinadores brasileiros
utilizam jogos reduzidos para desenvolver as mudanças de direção, valor que
baixa para os 66% no caso dos treinadores portugueses. Os treinadores
brasileiros dedicam mais tempo de treino para desenvolver a aptidão aeróbia
(21–30 min; 39%), comparativamente aos portugueses (11–20 min; 41%). Os
treinadores brasileiros também mencionaram recorrer a mais sessões para
potenciar a performance em sprint: 1–2 sessões (38% vs. 37% portugueses); 3–4
sessões (16% vs. 2% portugueses).
· “Como”? (para melhorar
habilidades técnicas e comportamentos táticos)
O estudo revelou
associações significativas entre a nacionalidade e o uso de jogos reduzidos
para desenvolver habilidades técnicas e comportamentos táticos. Contudo, as
associações entre nacionalidade e (1) escolha do tipo de jogos reduzidos, (2) relações
numéricas propostas, (3) o tempo alocado para os jogos reduzidos e (4)
frequência semanal de jogos reduzidos apenas foram significativas para o treino
técnico, o que não aconteceu para o aperfeiçoamento tático. Comparativamente
aos treinadores portugueses, os técnicos brasileiros afirmaram utilizar mais os
jogos reduzidos para o desenvolvimento técnico (86% vs. 71%) e tático (84% vs.
70%). Enquanto os treinadores portugueses preferem utilizar jogos de dimensões
mais reduzidas (49%) para aprimorar a técnica, os brasileiros referem combinar mais
do que um grupo de formatos (40%). Na dimensão técnica, os portugueses preferem
situações de igualdade numérica (41%), mas os técnicos do Brasil optam mais por
jogos com superioridade/inferioridade numéricas (48%), concedendo mais tempo
aos jogos reduzidos (11–30 min vs. 11–20 min).
· “Como”? (caracterização
dos objetivos das tarefas)
Não houve associações
significativas entre a nacionalidade e as dimensões do espaço para o treino
fisiológico, acelerações/desacelerações e o desenvolvimento de habilidades
técnicas. No entanto, houve associações significativas entre a nacionalidade e
as dimensões do espaço para potenciar o sprint e as ações táticas. Para
promover a velocidade de corrida e os comportamentos táticos, os técnicos
portugueses propõem espaços amplos (> 1/8 do campo formal) mais
frequentemente (85% vs. 71% e 93% vs. 76%, respetivamente). Para o
desenvolvimento de habilidades técnicas, houve ainda uma associação
significativa entre a nacionalidade e o objetivo dos jogos reduzidos, com os
treinadores brasileiros a proporem mais situações de posse de bola (52%) e os
portugueses a utilizar jogos com alvos, i.e., com direcionalidade (56%).
· “Porquê”? (importância
de desenvolver diferentes capacidades)
Os resultados mostraram
associações significativas entre a nacionalidade e a importância dos jogos
reduzidos para potenciar (1) a condição física de base (aeróbia), (2) mudanças
de direção, (3) agilidade, (4) habilidades técnicas ofensivas, (5) habilidades
técnicas defensivas, (6) comportamentos táticos ofensivos, (7) comportamentos
táticos defensivos e (8) o modelo jogo. Não houve nenhuma associação entre a
nacionalidade e a importância dos jogos reduzidos para estimular a força
máxima. Enquanto os treinadores brasileiros consideram os jogos reduzidos muito
importantes para desenvolver princípios táticos ofensivos e defensivos, a
maioria dos treinadores portugueses considera-os apenas importantes. Analogamente,
a maioria dos treinadores brasileiros vê os jogos reduzidos como muito
importantes para melhorar a aptidão aeróbica e a agilidade, enquanto os
portugueses não enfatizam tanto essa relevância.
Aplicações práticas
Os resultados e a
discussão do estudo levaram-me a formular 5 sugestões práticas que julgo poderem
ser úteis para melhorar o planeamento e a aplicação de jogos reduzidos no
processo de treino no futebol, a saber:
1. Personalizar os planos de treino: para otimizar a eficácia dos jogos reduzidos nas sessões de treino, os constrangimentos da tarefa propostos devem atender às preferências e aos objetivos específicos da equipa técnica. Uma abordagem personalizada permitir direcionar o desenvolvimento tático, técnico, físico e psicossocial no sentido pretendido, tendo em consideração as necessidades individuais e coletivas do plantel.
2. Ajustar a periodização do treino: ao equacionar variações na frequência e na duração dos jogos reduzidos ao longo da temporada, os treinadores podem ajustar estrategicamente a periodização, equilibrando a relação entre carga de treino e recuperação. Adaptar o planeamento com base na cultura, na filosofia e nas nuances metodológicas locais permite rentabilizar o desempenho dos jogadores.
3. Promover a variedade nos formatos de jogo reduzido propostos: os treinadores devem incorporar diversos formatos de jogo reduzido no seu processo de treino para trabalhar as dimensões do rendimento de forma holística. Formatos diferentes de jogo permitem usualmente atingir objetivos específicos, do ponto de vista tático, técnico, físico e fisiológico. Os formatos mais reduzidos (1v1 a 4v4) são mais propícios para o desenvolvimento técnico, da aptidão aeróbia e da componente neuromuscular (i.e., acelerações, desacelerações e mudanças de direção). Já os formatos médios (5v5 a 8v8) ou grandes (9v9 a 11v11) aparentam ser mais efetivos para o aperfeiçoamento de comportamentos táticos e para estimular ações contextualizadas de corrida em velocidade (sprint).
4. Potenciar a integração dos jogos reduzidos nas
sessões de treino: a integração de jogos reduzidos nas sessões de treino deve
ocupar até, aproximadamente, 40 minutos da sessão. Não é de todo descabido
propor jogos reduzidos ao longo de todo o microciclo semanal, mas nunca
descurando o binómio “esforço – recuperação”. Além disso, os jogos reduzidos
podem ser implementados na parte inicial da sessão (vulgo aquecimento), pois fomentam
respostas agudas nos indivíduos relacionadas com as exigências subsequentes da
sessão ou do jogo. A parte final (retorno à calma) também pode conter situações
jogadas, desde que concebidas de modo a fazer jus às particularidades desta
fase da sessão (e.g., inclusão de jogadores neutros ou jokers, ou utilização de
restrições espaciais, em períodos de esforço curtos).
5. Facilitar a diversidade de movimentos e multiplicidade
de oportunidades de ação: os treinadores devem explorar a diversidade de
movimentos e multiplicidade de oportunidades de ação (affordances) por
meio da manipulação das características estruturais da tarefa. Alterações simples
do jogo em termos espaciais, numéricos, temporais, materiais ou regulamentares
podem ter um impacto considerável nos esforços físicos produzidos e nas
habilidades tático-técnicas executadas.
Conclusão
O inquérito realizado permitiu caracterizar a aplicação
de jogos reduzidos por treinadores portugueses e brasileiros, procurando
compreender os “quandos”, os “comos” e os “porquês” da utilização destas
atividades de treino. Os treinadores preferem realizar jogos reduzidos duas a 3
vezes por semana, com uma duração média de 16 a 30 minutos por sessão. Os jogos
são principalmente utilizados para estimular a aptidão aeróbica, mudanças de
direção, habilidades técnicas e comportamentos táticos. Os formatos mais
reduzidos (1v1 a 4v4) são mais selecionados para potenciar a aptidão aeróbia e
as capacidades neuromusculares e técnicas, embora os treinadores ajustem os
constrangimentos da tarefa conforme necessário. No geral, os treinadores
consideram os jogos reduzidos altamente importantes para aprimorar a aptidão
aeróbica, as habilidades técnicas e os comportamentos táticos. As evidências
contribuem para uma compreensão mais profunda de como os treinadores incorporam
os jogos reduzidos no processo de treino, fornecendo inúmeras perspetivas sobre
como otimizar o planeamento e diversificar as práticas no contexto do futebol.
P.S.:
1- As ideias que constam neste texto foram originalmente
escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua
portuguesa;
2- Para melhor compreender as ideias acima referidas,
recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;
3- As citações efetuadas nesta rúbrica foram utilizadas pelos
autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão
original publicada na revista Biology of Sport.
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