Vinte e quatro de
janeiro de 2016. Podia ser um domingo qualquer, mas era dia de eleições
presidenciais e visita à Academia do Sporting CP, em Alcochete. Não foi uma
estreia; há cerca de 11 anos foi-nos apresentada a academia numa reunião para
estágio no clube que, para mim, nunca chegou a acontecer. A vida ditou outro
rumo e o Atlético Clube de Portugal apadrinhou a minha estreia como treinador
no futebol de formação.
Antes da visita à
Academia Sporting com os miúdos do Portimonense SC (2003 e 2005), o dia
começou com o cumprimento de um dever cívico: votar nas eleições presidenciais.
Se não fui o primeiro a votar no concelho de Monchique, fui certamente um dos
primeiros. À porta do quartel dos bombeiros, o casal responsável pelas
sondagens à boca da urna ainda tomava o seu pequeno-almoço. Saímos de Portimão
por volta das 9h, almoçámos em Grândola e entrámos na Academia às 14h15, com
uma forte e animada falange de apoio; os familiares dos miúdos mobilizaram-se
massivamente. Em pouco menos de meia hora, os rapazes vestiram-se, ouviram as
indicações estratégico-táticas e a palavra de ordem: honra. Honrar o convite
que nos foi endereçado, honrar o Portimonense e, sobretudo, honrar o trabalho
efetuado desde o início da época. Sermos iguais a nós próprios e divertirmo-nos
com responsabilidade. Assim foi.
Imagem. A nossa chegada à Academia Sporting. |
O encontro consistiu num
triangular de Futebol 7 com o Sporting CP (2004) e o GD Teixosense (2003). Duas
partes de 20 minutos por jogo e um plantel de 16 jovens para gerir. Dois jogos
consecutivos, praticamente sem paragens. A informalidade do evento – sem árbitros
e com os próprios treinadores a gerir o tempo de jogo – tornou o encontro ainda
mais sui generis. O clima de treino imbuído
num regime de competição, com uma elevada dose de fair-play entre as três equipas participantes. Se no primeiro jogo
vencemos a equipa de Teixoso por números expressivos, o desafio contra a
rapaziada da casa foi mesmo isso: um (enorme) desafio. O jogo foi muito bem
disputado pelas equipas e a palavra «problema» apareceu regularmente diante dos
nossos miúdos. Para «problema» tem de surgir «solução» ou «soluções» e, no
fundo, é deste modo que se evolui no futebol, ou em outra qualquer área de
atividade. Ao contrário das Presidenciais 2016, o resultado final (1-1) deu
origem a uma segunda volta: as grandes penalidades. Neste particular, o
Sporting revelou-se mais competente e venceu-nos por 2-0.
Imagem. As equipas do Portimonense SC (2003 e 2005) na Academia Sporting. (fonte: Pedro Simões) |
Acima de tudo, fica o
valor formativo da experiência e, desde logo, saliento a forma como fomos bem
recebidos pelo Sporting CP. Partilhar os campos de treino com jogadores da
academia, de diversas idades, que se encontravam a praticar informalmente a
modalidade; utilizar balneários que, muito provavelmente, acolheram craques
como Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Nani, João Mário, entre outros, é uma
oportunidade que os jovens devem mais tarde poder recordar com alegria
e saudosismo. E que o sonho do futebol continue a ser, cuidadosamente,
alimentado com estas ações, pois se agora assim não for, não o será seguramente
quando tiverem 30 ou 40 anos.
Até sempre, Alcochete.
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