15/10/2021

Conto "Além do horizonte" na coletânea Liberdade (2020)

Corria o mês de fevereiro de 2020 quando o Município de Monchique lançou a primeira edição do Prémio Artístico e Literário de Monchique. De entre as cinco categorias de participação possíveis, e julgando estarem asseguradas condições legais para concorrer, submeti o conto “Além do horizonte” na categoria “prosa”. 

Independentemente do resultado do concurso, do qual fui excluído pelo júri e que, em sede própria e a quem de direito, tive oportunidade de manifestar a minha discordância, o conto recebeu uma menção honrosa, com direito a publicação na coletânea Liberdade (1.ª edição, 2020; figura 1), que reúne alguns dos trabalhos que participaram nas diversas categorias: prosa, escultura, fotografia e pintura (poesia não teve trabalhos a concurso).

 

Figura 1. Capa e contracapa da coletânea Liberdade (2020), edição do Município de Monchique.

 

Pessoalmente, deu-me um gozo enorme escrever este conto, não apenas por abordar a liberdade em tempos de confinamento, mas, essencialmente, porque me permitiu conjeturar algumas particularidades e tradições de Monchique em tempos que não tive ocasião de vivenciar. Também não podia deixar de parte a componente filosófica que preenche os entretantos da nossa existência. Aqui, no Linha de Passe, transcrevo o primeiro parágrafo da prosa:

 

Poderia escrever que esta é a história do senhor Jerónimo, mas isso seria mais um dos incontáveis lugares-comuns que encontramos entranhados no quotidiano: os dias repetidos à exaustão, com contornos mais ou menos retos, mais ou menos monótonos. O assunto que vos trago não deveria ser corriqueiro ou desprezível para a tão aclamada humanidade, embora o que reste dela seja apenas alguns espasmos esporádicos que ocorrem sem aviso prévio. A maioria de nós goza o «dado como adquirido» sem esforço, dor, paixão ou memória; um conjunto de intenções, ações e conquistas rebaixado ao valor da indiferença. Porém, as forças que nos impulsionaram para o que somos, ou que nos impelem para o que seremos, nada têm de trivial.

 

Se, por obra do acaso ou da intenção, o livro vos for parar às mãos, espero que o emaranhado de palavras que escrevi vos faça sentido e que a imaginação vos leve “além do horizonte”. 

Expresso os meus sinceros parabéns a todos os participantes e, em especial, aos vencedores do prémio. Faço ainda votos para que o Município de Monchique continue a incentivar a produção cultural local, com esta ou outras iniciativas do género.

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