01/02/2008

Dialectos de um sentimento estranho

- Já começaste? - a pergunta que resume todo o período de início de uma acção, seja ela qual for.
- Comecei? Não... é estranho. Estou a meio gás, entre o começar e o começado.
- Oh, não sejas assim. Continua que vais bem. - disse-me acenando com um sorriso cheio de confiança.
- Estou a falar a sério, nem comecei, nem deixei de começar. - afirmo, visivelmente confuso com o assunto em causa.
- Qual é o teu problema? - indaga-me com tom de inconformismo na firme voz.
- Nenhum! Simplesmente, não estou a perceber nada disto.
- Era suposto perceberes? - aí vêm as perguntas de cariz avaliativo, pensei.
- Era. Ou não? - procuro dar a volta "à coisa".
- Nada disso. Nem tudo na vida se resume a "ciência" ou "hipóteses confirmadas". Há questões que não podemos procurar a certeza, apenas temos que aprender ou saber lidar com as incertezas. É por isso que a vida é tão gira, não achas? - sorrindo em busca de confirmação da minha parte.
- Sim. - "luz verde".
- Gostava de me sentir assim. - acrescenta, deixando-me perplexo com a sua sinceridade.
- Acredita que não é muito fácil. - complemento com intuito de demover um sentimento estranho.
- Não é suposto ser fácil. Aliás, coisas fáceis tornam-se monótonas e enfadonhas.
- Pois... !
- Hoje sinto-me em estado de "screen saver". - rindo da própria expressão. - Preciso de um "sentimento estranho"... - confessa.
- Queres ficar com o meu?
- Quero!

Um acordo impossível, numa conversa sobre um "sentimento estranho". Há momentos que valem mesmo a pena, por muito ridículos que à primeira vista possam parecer.

2 comentários:

Robles disse...

Cheira-me a paixão...será??? Tenho saudades tuas, amigo! tudo a correr bem! um forte abraço

Carlos Humberto Almeida disse...

Paixão? Talvez... :)

Grande abraço, Paulo. Gostei de te "ver" por aqui. ;)