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18/05/2025

Retos (Vol. 68/2025) | Dinâmica de marcação do golo nas 5 principais ligas europeias de futebol: Efeitos situacionais e relacionados com o sexo no resultado dos jogos

No dia em que o blogue “Linha de Passe” comemora o seu 19.º aniversário, apraz-nos comunicar o término de mais um trabalho científico: Goal-scoring dynamics in the Big-5 European football leagues: Situational and sex-based effects on match outcome. A ponta do icebergue – publicação na revista espanhola Retos (fator de impacto Scopus: 1.406; CiteScore 2024: 3.6) – coloca-nos, naturalmente, um sorriso no rosto, mas a massa oculta do mesmo foi um processo longo e com inúmeras frustrações.

Eis o contexto: o projeto de investigação “Efeitos de variáveis situacionais no período de concretização do golo: uma incursão nos momentos críticos do jogo de futebol” foi proposto em 2018 e, em resultado dos trabalhos de investigação de alguns dos nossos alunos de licenciatura do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, foram publicados alguns trabalhos. Um deles, primariamente desenvolvido pelo João Lança, acabou mesmo por resultar numa comunicação oral na Conferência Internacional “Ciência e Futebol”, organizada pela Portugal Football School, em abril de 2022. A apresentação suscitou bastante interesse da audiência presente na Cidade do Futebol, o que nos motivou a desenvolver um trabalho com outra dimensão e, eventualmente, outra projeção.

A fim de melhor entender a importância do contexto situacional na dinâmica de marcação de golo no futebol masculino e feminino de alto nível, executámos um estudo observacional retrospetivo abrangente, incluindo a análise de 15366 golos nas 5 maiores ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França). Além do sexo, as demais variáveis independentes foram: país, local do jogo, período do jogo, relação numérica, qualidade da equipa e criticidade do golo), no intuito de perceber o impacto que tiveram no desfecho de todos os jogos disputados em duas épocas consecutivas (2020/21–2021/22). A recolha de dados foi um trabalho de sapa, longo e desgastante. Depois, o modelo principal teve problemas de sobredispersão. O resto foi a azáfama habitual: revisão de literatura, redação de texto, revisões e mais revisões.

Para submeter, pensámos em grande, mas fomos chutados para canto algumas vezes. Frustração é aguardar 8 meses por um parágrafo de 4 linhas a rejeitar o artigo com base na ausência de processo de fiabilidade intra e interobservador. O nosso trabalho não pressupunha análise da performance e consultámos duas fontes de dados independentes, baseadas nos resultados oficiais, para obter a informação necessária. As duas fontes dos dados não revelaram quaisquer inconsistências. Um parágrafo injusto que fomentou a nossa resiliência.

No passado dia 13 de maio, a publicação na Retos encerra um processo que durou aproximadamente 30 meses (figura 1).

 


Figura 1. Página inicial do artigo original publicado na revista Retos (13-mai-2025), com as informações editoriais.

 

Apesar do crescente interesse pelas diferenças entre o futebol feminino e masculino, ainda há muito por compreender sobre como o contexto do jogo influencia o resultado final. No futebol feminino, por exemplo, os resultados foram mais moldados por fatores contextuais e diferenças entre países, sugerindo um maior impacto de elementos como o equilíbrio competitivo ou o nível de profissionalismo. Em ambos os sexos, os golos considerados “críticos” – aqueles que alteram o estatuto competitivo entre as equipas – foram determinantes para o sucesso, sobretudo quando marcados no período final dos jogos (76 minutos – final), especialmente no futebol masculino.


Que contributo pode este estudo trazer para o futebol?

O trabalho aprofunda o entendimento sobre como o contexto e o sexo influenciam o desempenho e o resultado em jogos de futebol ao mais alto nível competitivo. Ao distinguir padrões distintos entre ligas masculinas e femininas, fornece uma base empírica robusta para adaptar estratégias de jogo e políticas de desenvolvimento desportivo, respondendo a uma lacuna persistente na literatura sobre o futebol feminino (figura 2).

 

Figura 2. Futebol feminino em ascensão: Barcelona x Real Madrid (fonte: flashscore.pt; autor: Javier Borrego, Zuma Press).

 

Uma nota final, não menos especial, de agradecimento aos coautores do estudo: Paulo Paixão, José António Jorge (Zé Tó), Pedro Vargas, Ricardo Gonçalves e Rui Batalau, todos pertencentes ao Grupo de Investigação e Formação em Futebol/Futsal (GIFut) do ISMAT. Estou certo de que não ficaremos por aqui.


Referência

Almeida, C. H., Paixão, P., Jorge, J. A., Vargas, P., Gonçalves, R., & Batalau, R. (2025). Goal-scoring dynamics in the Big-5 European football leagues: Situational and sex-based effects on match outcome. Retos, 68, 24–39. https://doi.org/10.47197/retos.v68.111879

17/08/2023

German Journal of Exercise and Sport Research (2023) | Desempenho defensivo no futebol de elite: Uma revisão sistemática

O dia de hoje, 17 de agosto de 2023, encerra um trabalho desenvolvido ao longo de vários anos. No âmbito do seu projeto de doutoramento, o Rui Freitas liderou uma abrangente revisão sistemática sobre o desempenho defensivo no futebol de elite (figura 1) – uma temática que muito me apraz –, e que, na prática, resultou na segunda publicação derivada da sua tese, sob a orientação da Professora Anna Volossovitch (CIPER, Faculdade de Motricidade Humana, SpertLab, Universidade de Lisboa). Além da minha modesta colaboração, contamos também com a contribuição da Professora Veronica Vleck (CIPER, Faculdade de Motricidade Humana, BIOLAD, Universidade de Lisboa).

 

Figura 1. Informações editoriais da revisão sistemática publicada no German Journal of Exercise and Sport Research.

 

Em primeira instância, seria injusto não enaltecer a perseverança, a determinação e a ética de trabalho incansável do Rui – irrepreensível na condução e na gestão de todo um processo que de acessível pouco ou nada teve. Para compreender o esforço subjacente a este artigo, seria necessário vivenciar cada etapa do estudo, cada submissão, cada revisão, cada troca de informação entre os autores. Tamanha dedicação merece, sem dúvida, ser celebrada! 

Em segundo lugar, saliento que não se trata de uma revisão sistemática qualquer. Não estou com isto a procurar ser pretensioso. Apesar de ser um dos coautores, seria injusto assumir que tive a mesma cota parte de responsabilidade no produto final que o Rui ou a Professora Anna. Não há comparação! Contudo, julgo-me apto a reconhecer quando há algo de extraordinário numa peça de cariz científico. Em particular, esta revisão sistemática incluiu 119 estudos, publicados entre 2010 e 2023, envolvendo 20 competições de futebol, tanto nacionais quanto internacionais. Pode-se imaginar quantas revisões sistemáticas incluem 119 estudos ou mais? 

E, para responder à incontornável objeção de que “quantidade não é sinónimo de qualidade”, convido-vos a ler o artigo na íntegra. Como referem os britânicos, there is a lot of food for thought. Que o abstract possa servir como aperitivo (Figura 2).

 

Figura 2. Abstract da revisão sistemática publicada no German Journal of Exercise and Sport Research.

 

No final do dia, um pouco mais de conhecimento não ocupa espaço e pode ajudar a tornar a prática no terreno mais eficaz. Espero que seja útil!

 

Reference

Freitas, R., Volossovitch, A., Almeida, C. H., & Vleck, V. (2023). Elite-level defensive performance in football: a systematic review. German Journal of Exercise and Sport Research, 1–13. Advance online publication. https://doi.org/10.1007/s12662-023-00900-y

19/05/2023

Aniversários: 17.º do blogue Linha de Passe e 10.º de “namoro” com a minha Patrícia

Dezoito de maio de dois mil e vinte e três. Um dia de ocasião e de recordatória. Em 2006, criei o blogue Linha de Passe (figura 1), quase como um instrumento de catarse para os meus pensamentos e desejos, para as minhas dúvidas, crises e vivências. Em 2013, o dia que mudou o estado solitário da minha existência para uma conjuntura inicial a dois e, atualmente, a cinco. É uma data especial, que poderia ter sido comemorada a preceito, mas não foi.

Figura 1. 17.º aniversário do blogue Linha de Passe e, bem mais importante, uma década de "namoro" com a minha esposa.

Foi, sim, um daqueles dias avessos, em que o contrário se funde com o que deveria ser a direção certa. Talvez advenha de um estado de espírito inquieto, um pouco à deriva com o sentido que a vida tomou. O tempo passa e as ideias e os projetos multiplicam-se a uma escala inversamente proporcional às possibilidades que tenho para concretizá-los. Uma existência repleta de afazeres, alguns insignificantes, que pouco ou nada acrescentam. 

Regresso ao início: análise da situação e definição de prioridades. O que importa mesmo? É aqui que tudo se edifica ou que tudo desmorona. É aqui que podemos começar a primar pela diferença: a felicidade em permanente construção.

Parabéns e obrigado, meu amor!

Feliz aniversário, Linha de Passe!

18/05/2022

O 16.º aniversário do blogue Linha de Passe

O blogue Linha de Passe celebra hoje 16 anos de existência (figura 1).

 

Figura 1. O 16.º aniversário do Linha de Passe (18-maio-2022).

 

Por razões que mencionei outrora (link), é um dia duplamente especial para mim. Sem me querer alongar em celebrações, até porque se trata somente de uma data que, por coincidência, me recorda decisões felizes que tomei na minha vida, finalizo com três lições que tenho vindo a assimilar, de há 16 anos a esta parte, com as reflexões e os textos que amiúde por aqui vou escrevendo:

 

1) Opiniões e convicções há muitas, mas se não forem devidamente informadas e fundamentadas, ou são falíveis ou depressa passam à história; 

2) Vivemos na era da (des)informação, confirmar a veracidade dos factos e dos dados é absolutamente crucial e marca a diferença entre a credibilidade e a inutilidade; 

3) Não se altera a essência do ser, porém, as nossas perspetivas, crenças e ideias são moldadas pela idade e pela experiência – o que fazemos ou acreditamos no presente pode não se repercutir no futuro, seja a curto, médio ou longo prazo.

 

Parabéns ao blogue de Linha de Passe!

(https://www.facebook.com/blogueLinhaDePasse)

18/05/2021

15 primaveras de Linha de Passe

Às vezes, a vontade do Criador, das instâncias cármicas, ou o alinhamento dos astros, cravam uma data nas nossas memórias por eventos felizes, embora independentes, que nos acontecem ou realizamos. Há 15 anos, num impulso vespertino, servi-me do então velhinho Compaq para, nas águas-furtadas de uma casa senhorial da rua Sacadura Cabral, na Cruz Quebrada, criar o blogue Linha de Passe. 

A “Reflexão Inicial” deu o mote para mais ações de catarse emocional e registo autobiográfico, que, entretanto, se expandiram para áreas de interesse pessoal. Sim, há textos que atualmente não os escreveria, publicações de que me orgulho e outras que nem por isso. Reconheço que não acertei sempre nas minhas intenções, algumas ficaram por alcançar o que quer que fosse, mas todas elas ainda figuram neste espaço virtual que jamais imaginei que perdurasse por tanto tempo. Por si só, comemoro a persistência das 15 primaveras (figura 1), exclusivamente assente em motivação intrínseca. 

Figura 1. As 15 primaveras do blogue Linha de Passe (18-maio-2021).

 

Sete anos mais tarde, neste mesmo 18 de maio, iniciaria o namoro com a minha esposa e mãe dos meus três filhos. Se não foi de todo propositado, certamente não foi por acaso que sucedeu num período em que o Linha de Passe andava mais “apagado”. 

Não sei quantos mais dias 18 de maio aí virão, pelo que irei encher um copito de medronho do meu sogro e brindar a preceito. Que daqui a 15 anos possamos cá estar todos. Saúde!

06/05/2021

28-abril-2021: O dia dos gémeos

O tempo já não anda, nem corre, voa! Há oito dias que me leva num rodopio até à letargia. A Patrícia diz, com o seu jeito assertivo, que estou em modo “barata tonta” e é verdade: na minha cabeça figura um milhão de peças para encaixar no puzzle que é a nossa existência. 

No dia 28 de abril de 2021, na passada quarta-feira, nasceram os nossos gémeos, Alexandre e Guilherme, às 11h38 e 11h39, respetivamente (figura 1). A velocidade do parto foi inversamente proporcional ao tempo necessário para processar as mudanças familiares. Não tem mal, o mais importante é que os pequenos e a mãe continuem bem de saúde. Tudo o resto se compõe, como este débil conjunto de palavras que jamais fará jus à relevância do acontecimento. Em suma, um dos dias mais felizes da minha vida, no qual se criaram duas linhas de passe que teremos, como equipa, de manter “abertas” para a vida.

 

Figura 1. Os nossos recém-nascidos Guilherme e Alexandre.

Entretanto, houve o dia da mãe (2 de maio de 2021). Os meus três filhos, ainda à cata da noção dos dias, seguiram o meu (mau) exemplo de não o assinalar a preceito. E porque a desenvoltura da escrita não me permite redigir algo condizente com o que realmente sinto, sirvo-me das palavras de um dos melhores escritores portugueses contemporâneos para homenagear as três mulheres, todas elas mães, da minha vida – Patrícia, Ana Paula e Ana Catarina –, deixando um primeiro conselho que valha a pena para o Alexandre e para o Guilherme.

 

Sabes quem se lembra desses anos e os guarda no peito como um coração mais importante do que o próprio coração? É a tua mãe. (…) Era a tua mãe que gravava dentro da alma tudo o que testemunhava, e ela vai continuar a guardar essas memórias até morrer. As mães são as fiéis depositárias da nossa infância, dos primeiros anos. As tuas memórias mais importantes, mais formadoras, não são tuas, são dela. E quando a tua mãe morrer, levará consigo a tua infância, perderás os primeiros anos da tua vida. Por isso, trata-a bem.

(Afonso Cruz, in Flores, p. 80)

06/06/2018

4-junho-2018: Olá mundo!

Quatro de junho de dois mil e dezoito. Cacimbava em Monchique, um dia pouco convidativo e radiante para viajar até ao hospital de Portimão. Apesar de tudo, não deixou de ter a sua luz e 24 horas. No bloco operatório o parto foi ao estilo Vietnam e o que mais impressiona é como um ser humano de 3.230 kg e 46 cm consegue resistir com tanto afinco a um batalhão de especialistas meticulosamente preparados e equipados. O nosso maior tesouro, o incondicional ou o imortal, segundo Jorge de Sena em a “Visão Perpétua” (obrigado Edu!), nasceu às 12h58.

Quatro de junho de dois mil e dezoito, o dia em que o amor de duas pessoas gerou vida ou, nas palavras da professora de Biologia do 12.º Ano, o momento em que completámos o nosso ciclo biológico ao produzirmos descendência.

Quatro de junho de dois mil e dezoito, o dia em que a nossa família cresceu e o bebé Carlos disse “Olá!” ao mundo. Que se mantenha sempre saudável, resiliente e firme nas batalhas que travar pela vida fora.



PS. Ainda me custa a acreditar que já sou pai.

10/02/2018

Portugal: Campeões da Europa em Futsal (2018)

«A superação em todos os momentos é o que faz uma equipa campeã». 
(Jorge Braz, Antena 1)

Imagem. Festa de Portugal no Campeonato da Europa de Futsal 2018, na Eslovénia. 
(fonte: uefa.com)

O que me ocorre? Apenas, orgulho em ser português.

24/12/2016

Boas Festas!

O blogue Linha de Passe deseja a todos os leitores e amigos boas festas neste final de 2016.

Fonte: www.mixtamusic.com.

Embora não esteja a ser possível escrever com a regularidade que gostaria, continuarei a publicar textos nos próximos tempos.

Um até breve!

11/07/2016

EURO 2016: Portugal campeão europeu e as chapadas de luva branca

Aos 10 dias do mês de julho de 2016, a seleção portuguesa sagrou-se campeã europeia, pela primeira vez na sua história, ao vencer a França no Stade de France – Saint-Denis, na final do Campeonato da Europa de 2016 (figura 1).

Figura 1. Portugal, vencedor do EURO 2016 (fonte: pt.euronews.com).

É histórico e a história desta conquista dos nossos «heróis do mar» é bonita de tão inesperada. Ao contrário do EURO 2004, em Portugal, no qual a nossa seleção praticava um futebol vistoso, aproveitando parte da equipa de um FC Porto vencedor da Champions League e com um plantel de luxo, esta fase de grupos mostrou-nos uma equipa com… falta de recursos, pouco ambiciosa e condicionada por um senhor chamado Cristiano Ronaldo: três vezes bola de ouro da FIFA. Sim, condicionada, porque muitas vezes o portador da bola tinha inúmeras opções de passe, mas a bola seguia sempre para o mesmo destinatário – Cristiano Ronaldo – mesmo quando essa não era a melhor decisão a tomar. E quando a bola não chegava ao capitão, ele barafustava de impaciência. À partida, os jogadores estavam condicionados pelo melhor do mundo. Fernando Santos adaptou a equipa à incapacidade de Ronaldo fechar defensivamente numa ala, com um 1-4-4-2 com dinâmicas, por vezes, confusas e eu referi a várias pessoas de boca cheia: «enquanto Portugal tiver Ronaldo na equipa, por muito bom que ele seja (e é), nunca iremos ganhar uma competição internacional». Disse-o e, agora, não tenho medo de o reassumir. Aliás, também referi que o Éder não era jogador para ser convocado para este europeu e o «patinho feio» resolveu a competição a nosso favor (figura 2). Por esta altura, já contabilizo duas chapadas de luva branca.

Figura 2. O «patinho feio» da seleção foi decisivo: Éder (fonte: abola.pt).

Depois, veio a fase a eliminar e o jogo com a Croácia mostrou-nos dois aspetos muito importantes: (1) um selecionador Fernando Santos realista, pragmático e, ao contrário do comum dos adeptos portugueses, ciente das limitações da equipa e dos pontos fortes das seleções adversárias; (2) um grupo unido, coeso, repleto de personalidade, atitude e comprometido com as palavras do seu líder Fernando Santos: «apenas iremos voltar a casa no dia 11 de julho de 2016» (hoje). Desde então, vimos Fernando Santos a corrigir aspetos menos conseguidos na fase anterior, uma equipa forte em organização defensiva e a primar pelo equilíbrio em todos os momentos de jogo, um capitão Cristiano Ronaldo a ser decisivo, um Pepe absolutamente fantástico na linha defensiva, um Rui Patrício brilhante na final, entre muitos outros elogios que poderia fazer a todos os outros jogadores.

Porém, a maior chapada de luva branca foi a do engenheiro Fernando Santos (figura 3). 

Figura 3. Fernando Santos: o engenheiro do EURO 2016 (fonte: rr.sapo.pt).

Dou a mão à palmatória e friso que soube interpretar muito bem o contexto da competição e, em termos estratégico-táticos, preparar a equipa para ultrapassar as diversas eliminatórias e vencer a final. Portugal não jogou da mesma forma contra a Croácia e contra a França; também não jogou do mesmo modo contra a Polónia e contra o País de Gales. Houve particularidades estratégico-táticas que foram trabalhadas e implementadas e isso foi obra do mister Fernando Santos e da sua equipa técnica. Por exemplo, ao ceder a iniciativa de jogo ao País de Gales, defendendo num bloco médio, Portugal salvaguardou-se das transições ofensivas adversárias, com Gareth Bale na frente sempre pronto para explorar o espaço atrás da nossa linha defensiva. Contra a França, Portugal tentou sempre controlar o ritmo de jogo com saída de bola curta pelo guarda-redes, algo que não se verificou nos jogos anteriores.

Em suma, não assistimos a um futebol de posse, rendilhado, de encher o olho, mas vimos Portugal ser realista e eficaz. A seleção jogou o suficiente para ser bem-sucedida quando outrora com Eusébio, Coluna, Bento, Chalana, Humberto Coelho, Manuel Fernandes, Fernando Gomes, Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, etc., nunca fora. E esta página do futebol português é sublime porque nos coloca no topo da Europa e nas bocas do mundo. Daqui a uns anos, lembremo-nos que uma equipa em que poucos acreditavam fez por merecer e foi feliz. Enfim, com 33 anos vi a seleção principal de futebol de Portugal conquistar uma grande competição internacional. Muitos outros viveram uma vida inteira sem nunca ter tido esse privilégio.

O meu orgulho está com este grupo: jogadores, equipa técnica e restante comitiva. Hoje, o meu orgulho é do tamanho da nossa pátria: viva Portugal!

18/05/2016

Uma década de Linha de Passe

Faz hoje dez anos que escrevi a «Reflexão Inicial”. Faz hoje dez anos que surgiu a analogia com um qualquer jogo desportivo coletivo: «a vida não é mais que uma questão de linhas de passe». Uma analogia que serve de mote para este blogue.

Figura. Décimo aniversário do blogue Linha de Passe.

Entretanto, abriram-se múltiplas linhas de passe, fecharam-se outras tantas. Por vezes, o passe chegou ao destinatário, noutras ocasiões foi um fracasso total. Dez anos de alegrias, tristezas, pensamentos existenciais, homenagens, textos técnicos e um punhado de publicações de cariz científico. A minha cara-metade, que teve a santa paciência de ler todos os 370 textos escritos, diz que mudei ao longo dos anos. Que cresci e amadureci. Quis o destino que o dia 18 de maio fosse também o nosso dia, tal como o dia do Linha de Passe.

Haja temas para, pelo menos, mais dez anos de Linha de Passe. Haja saúde para, no mínimo, mais cinquenta com o meu amor Patrícia; a melhor linha de passe que a vida me proporcionou.

18/05/2015

9º Aniversário do «Linha de Passe»

Há 9 anos atrás, quando comecei a escrever neste blogue, quase que por brincadeira, não imaginava que, passado este tempo, ainda aqui escreveria. Pelo meio, ficam 350 textos, 281 comentários e mais de 54 000 visitas. Sim, são estatísticas longe de tornarem o blogue famoso ou virtualmente aclamado, mas essa nunca foi a minha pretensão.

Escrevo porque gosto, quando quero ou quando posso e sobre o que quero. Não quero compromissos despropositados, nem tão pouco que me colem rótulos. Se ultimamente tenho escrito mais sobre futebol e ciências do desporto, é porque é nessas temáticas que atualmente encontro mais motivos para escrever. Este blogue não é sobre nada em particular; é sobre tudo o que cativa o meu interesse. Infelizmente, o tempo não me permite refletir sobre todos os meus interesses.

Quando hoje assinalo o 9º aniversário do blogue, torço para que no futuro haja tempo para mais mensagens e comentários porque, aconteça o que acontecer, o espaço em si já tem o seu historial. Por esta e por outras razões, o dia 18 de maio será sempre um dia muito especial.


Parabéns, Linha de Passe!

12/01/2015

Cristiano Ronaldo: o português Tri Bola d’Ouro

Se o ano passado ainda houve celeuma quanto ao eventual vencedor da FIFA Ballon d’Or, este ano penso que poucas dúvidas restavam. Aliás, segundo os dados apurados através da votação, a diferença para o segundo classificado (Lionel Messi) aumentou de 3,27% para 21,9%; falamos de uma diferença de 18,63 pontos percentuais. Esclarecedor!

Imagem: Cristiano Ronaldo, FIFA Ballon d'Or 2014 (fonte: www.facebook.com).

De facto, Cristiano Ronaldo teve um ano 2014 fantástico, individual (61 golos em 60 jogos) e coletivamente (UEFA Champions League, Supertaça Europeia, Taça do Rei e Mundial de Clubes), apenas pecando por não conquistar o título espanhol e não ter chegado mais longe, com a seleção portuguesa, no Mundial 2014 do Brasil.  

De entre os imensos golos que apontou, houve um em particular que ainda ressoa na minha memória:


O modo como acelera para o defensor, a velocidade com que realiza o drible para o desequilibrar e a qualidade do remate com o seu pé não dominante traduzem na íntegra o talento, o potencial atlético e a capacidade volitiva que, cumulativamente, fazem de Cristiano Ronaldo um jogador absolutamente soberbo.

O ano passado, por esta altura, questionei para quando teríamos outro jogador português a vencer duas vezes a Bola d’ Ouro da FIFA. Desta feita, não incorro no risco de assumir cenários utópicos. O melhor jogador português de sempre já é Cristiano Ronaldo e não acredito que surja outro capaz de o superar.

O tempo assim o justificará.

21/03/2014

Dia Mundial da Árvore


Foto: Parque Aventura da Foia (6-agosto-2013).

As árvores,
Erguem-se acima do nosso olhar
Protegem-nos, dão-nos vida
Na ténue esperança
De nos recordar
Que o planeta Terra,
Da barbárie humana,
Devemos preservar. 

30/12/2013

Um feito em 31

Faz hoje 31 anos que nasceu.
 
Lembro-me de nós, em crianças, a correr atrás da bola e a andar de bicicleta na pista do cerro do alto de São Roque. Recordo-me, mais que tudo, das aventuras. A vida, por essa altura, era uma aventura… feliz! Passados que estão 20 anos, somos tudo e não somos nada. Eu, por exemplo, gosto de jogar futebol, mas jamais entrarei num estádio repleto de adeptos entusiastas para me ver jogar; gosto de treinar jovens, mas estou a milhentas léguas de possuir a competência e o conhecimento de José Mourinho; gosto de “arranhar” na guitarra, mas fascina-me quem sabe “solar” de cima a baixo, e de forma melódica, nas cordas do instrumento. Ele não, tem jeito para a escrita; aliás, muito jeito para a escrita. Talento puro. Todos veem isso, mas ninguém se parece importar muito. Os «muito bons» comentados no facebook, as palmadinhas nas costas acompanhadas de singelos «escreves bem, pá!», são simpáticos, porém, manifestamente insuficientes.
 
Tenho para mim que uma arte somente adquire expressão quando é mostrada ao mundo, quando é exposta para todos podermos apreciar. Que beleza teria o Mosteiro dos Jerónimos envolto em tecido negro? O que falta é isso mesmo: mostrar ao mundo, sob a forma de obra. Um livro publicado far-lhe-ia alguma justiça, mas não toda. Infelizmente, é muito mais fácil criticar e/ou subestimar; é mais cómodo. É precisamente por esse motivo que as pessoas são melhores depois de mortas; dão menos trabalho.
 
Revolta-me poder fazer pouco. Talvez o pouco de alguns, um dia, possa ser suficiente para lhe prestar o devido reconhecimento, colocando à margem os incautos egocentristas que não veem, ou fazem, maliciosamente, de conta que não veem. Provas? Têm-nas no blogue Terra Ruim, em prosa ou em poesia; é à vontade do freguês.
 
Um dia, digo eu.
 
E porque a vida é um caminho, que se faz caminhando, espero que bem aprecie esta “aventura” escrita:
 
Imagem: Capa de Patagónia Express de Luis Sepúlveda (Porto Editora, 2011).

Parabéns, amigo Eduardo Duarte!

01/10/2013

Dia Mundial da Música

É hoje, no primeiro de outubro. A efeméride é comemorada desde 1975 pelo International Music Council, “uma instituição fundada em 1949 pela UNESCO, que agrega vários organismos e individualidades do mundo da música” (fonte: http://www.calendarr.com/portugal/dia-mundial-da-musica/).

Segundo o escritor francês Georges Braque, “o vaso dá uma forma ao vazio a música ao silêncio”. A música não se limita a moldar-se aos nossos estados de espírito, transcende-os. É impulso, é motivação, é alegria, é tristeza, é barulho, é melodia, é ritmo. Impele-nos para a ação. Sim, “a música pode mudar o mundo porque pode mudar as pessoas” (Bono Vox).

No Linha de Passe, o dia é assinalado com o tema Walk, do último álbum de originais dos Foo Fighters.


I'm learning to walk again
I believe I've waited long enough
Where do I begin?