30/07/2021

Da componente metodológico-estratégica ao fator humano: de Jorge Jesus a Rúben Amorim, passando por Vítor Oliveira

Em plena era do fenómeno “Big Data” no futebol e no desporto em geral (figura 1), a componente metodológico-estratégica é cada vez menos uma arte e cada vez mais uma ciência. Os números e as quantidades prosperaram de tal modo que se tem esquecido os predicados e as qualidades do jogador e, contundentemente, do ser humano.

 

Figura 1. A análise do jogo de futebol na era do fenómeno “Big Data” (fonte: https://www.linkedin.com/pulse/impact-big-data-analytics-football-chris-pearson/).

 

O sucesso de treinadores portugueses, como José Mourinho ou Jorge Jesus, tem sido reiteradamente associado ao nome de Manuel Sérgio (ex-professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana), uma fonte de inspiração e conhecimento para o processo de treino e competição na modalidade. Não que o prof. Manuel Sérgio fosse um especialista em futebol, o próprio refere que nunca o foi, mas porque um treinador de excelência deve ser, antes de tudo, um líder capaz de potenciar relações humanas, fazendo do “todo” muito mais do que a mera soma das suas “partes”. 

Quem só sabe de futebol, de futebol nada sabe.

(Manuel Sérgio)


Este é o ponto de partida para este texto: até que ponto o fator humano se sobrepõe ou se coaduna com a metodologia de treino e a preparação estratégico-tático empregues pelo treinador contemporâneo? No início da pré-época, Filip Krovinović deixou duras críticas ao seu treinador Jorge Jesus após não ser utilizado num jogo contra o SC Covilhã:


Imagina se estás na minha situação. Ontem tiveram jogo e eu fui o único jogador que não entrou nem um minuto. Jogaram duas equipas e não entrei. Depois o treinador adjunto foi perguntar ao Jesus se eu entrava e ele [Jorge Jesus] disse 'não, fica lá. Se alguém se lesionar, entra'. Mano, que filho da p***, pá, incrível! Tipo, não conseguia sair para casa e tinha de ficar lá...

(fonte: O Jogo, 9 de julho de 2021)

 

Sim, são declarações que não são admissíveis a um profissional pago a peso de ouro e que culminaram com a sua transferência para o Hadjuk Slipt, na sequência de um processo disciplinar instaurado pelo clube ao médio internacional croata. Este incidente permite-nos refletir um pouco sobre o “fator humano” no desporto profissional. Foi somente o jogador que esteve mal? A sua venda, quiçá precipitada, não poderia ter sido evitada (e posteriormente rentabilizada), sabendo que se tratava de um simples jogo de preparação contra uma equipa de um escalão inferior? Decidi, por isso, analisar o perfil de substituições em jogos subsequentes dos designados “três grandes” e respetivos adversários, durante o período preparatório, no intuito de retirar mais algumas ilações sobre a gestão dos ativos (humanos) que cada treinador tem ao seu dispor (figuras 2, 3 e 4).

 

Figura 2. Substituições no jogo Sporting CP 3 x 2 Olympique Lyonnais, 25-jul-2021 (fonte: flashscore.pt).

 

Figura 3. Substituições no jogo FC Porto 2 x 0 LOSC Lille, 25-jul-2021 (fonte: flashscore.pt).

 

Figura 4. Substituições no jogo SL Benfica 1 x 1 Olympique de Marseille, 25-jul-2021 (fonte: flashscore.pt).

 

Rúben Amorim (Sporting CP), Peter Bosz (Lyon) e Jorge Sampaoli (Marseille) deram, pelo menos, 20 minutos aos últimos jogadores que entraram nos jogos. No caso de Jocelyn Gourvennec (Lille), os últimos dois substitutos tiveram pouco mais de 10 minutos para jogar, enquanto Jorge Jesus (Benfica) e Sérgio Conceição (Porto) proporcionaram cerca de 5 minutos a Carlos Vinícius, Paulo Bernardo, Florentino Luís, Gedson Fernandes e Romário Baró. Note-se, por exemplo, que os três derradeiros elementos da lista foram recentemente vice-campeões europeus na categoria Sub-21. Se estes treinadores contam com os jogadores para a época, porque é que entraram tão tarde? Se não contam, porque renderam os colegas quase sem tempo para se adaptarem às circunstâncias situacionais do jogo e/ou gerir eventuais estados de fadiga dos jogadores substituídos?

Do ponto de vista estratégico-tático são alterações que não fazem muito sentido em contexto de pré-época. Porém, se nos debruçarmos exclusivamente sobre a gestão da individualidade e do grupo (i.e., preparação física, motivação, relações interpessoais), atrevo-me a escrever que, ao invés de acrescentarem algo de positivo, apenas causam mal-estar. Nenhum jogador gosta deste tipo de substituição, muito menos se se tratar de um jogo em pleno período preparatório. Quem comigo priva sabe que considero que os jogadores são os principais representantes e executores do modelo de jogo criado pela equipa técnica e do plano estratégico-tático engendrado para cada partida. A interpretação de princípios táticos e o desempenho eficaz de comportamentos individuais e coletivos são facilitados, não determinados, pela relação interpessoal que o(s) treinador(es) estabelecem com o(s) jogador(es). Não ser empático com outro ser humano gera uma barreira, que pode ser mais ou menos transponível consoante a capacidade de abstração e determinação do atleta, para a identificação, interpretação e aplicação de uma dada mensagem ou matéria. 

Não é a primeira vez, e duvido que seja a última, que Jorge Jesus recorre a este género de opções estratégicas. Não só provocam afastamento de jogadores tidos como “menos importantes”, como fomentam clivagens desnecessárias no seio do grupo. Quando o malogrado Vítor Oliveira (figura 5) foi há tempos questionado sobre o “segredo” para o seu estupendo sucesso na II Liga, o mister referiu a relação com os jogadores como um aspeto crucial: tratá-los a todos, sem exceção, como se fossem filhos, primando pela justiça e frontalidade. Justiça, porque o grupo é extremamente sensível às (in)justiças cometidas pelos treinadores; frontalidade, porque tudo o que se tem para expor deve ser feito na cara, sem rodeios, seja para elogiar, criticar construtivamente ou penalizar. Estando prestes a iniciar uma nova época desportiva em Portugal, e admitindo que em termos metodológico-estratégicos os treinadores dos "três grandes" possam estar equiparados, é na liderança, na comunicação e na gestão de grupo que as equipas técnicas podem marcar a diferença.

 

Figura 5. Homenagem a Vítor Oliveira no Estádio do Mar, em Leixões (fonte: record.pt).

 

As substituições constituem um fator explícito de gestão de grupo e liderança, e um fator implícito, mas potente, de comunicação para o grupo. Rúben Amorim é, na minha perspetiva, um líder muito mais assertivo neste âmbito que Jorge Jesus e Sérgio Conceição. Independentemente do investimento que possa ser realizado em contratações pelos três clubes mencionados, acredito que o Sporting CP parte na “pole position” para a época 2021/2022; se será o clube mais bem-sucedido ou não, só o tempo o dirá. 

Retornando às palavras de Manuel Sérgio, “não há chutos na bola, há Homens que chutam”. É tempo de deixar de lado estilos autoritários e diretivos mais tradicionais, e começar a envolver mais os nossos representantes nos processos de preparação e decisão para competição, incluindo a elaboração do plano de jogo. Equacionar diversos tipos de substituição em função de diferentes contextos situacionais (e.g., a vencer por 3–0 aos 45’, empatados aos 60’, a jogar “fora”) e discuti-los, aberta e democraticamente, com os jogadores, de maneira a utilizar as melhores ideias/soluções em jogo. Talvez possa parecer estapafúrdio, talvez alguns grupos não tenham maturidade para isso, talvez possa resultar e produzir efeitos positivos. Caberá a cada treinador perceber de que modo pode rentabilizar a massa humana, além da massa atlética, de um “todo” que se quer uma verdadeira “equipa”.

24/07/2021

Artigo do mês #19 – julho 2021 | Ações de alta velocidade durante um microciclo competitivo no futebol profissional

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto.

 

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Autores: Campos-Vazquez, M. A., Zubillaga, A., Toscano-Bendala, F. J., Owen, A. L., & Castillo-Rodríguez, A.

País: Espanha

Data de publicação: 10-maio-2021

Título: Quantification of high speed actions across a competitive microcycle in professional soccer

Revista: Journal of Human Sport and Exercise

Referência: Campos-Vazquez, M. A., Zubillaga, A., Toscano-Bendala, F. J., Owen, A. L., & Castillo-Rodríguez, A. (2021). Quantification of high speed actions across a competitive microcycle in professional soccer. Journal of Human Sport and Exercise. https://doi.org/10.14198/jhse.2023.181.03

  

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 19 – julho de 2021.

 

Apresentação do problema

Em tempos recentes tem havido um aumento da investigação em torno das exigências físicas do jogo, com a indicação das características do esforço requerido ao mais alto nível no futebol (Bradley et al., 2009; Di Salvo et al., 2010; Suarez-Arrones et al., 2015). Alguns resultados destes estudos revelaram que jogadores de futebol de elite percorrem distâncias entre os 9 e os 12 Km por jogo (Di Salvo et al., 2007, 2013; Stolen et al., 2005), com um tipo de atividade intermitente. Neste contexto, a distância cobrida a alta velocidade é uma variável crucial para a performance dos jogadores no decurso dos jogos, variando entre os ≈700 m e os ≈1000 m (Di Salvo et al., 2009), embora seja influenciada por fatores estratégicos e contextuais, como a estrutura tática de base (Tierney et al., 2016), a qualidade da oposição (Rampinini et al., 2007) ou a localização do jogo (Lago et al., 2010). 

O impacto que este tipo de atividades (i.e., corrida em velocidades alta, muita alta e em sprint) pode ter no resultado de um jogo é atualmente reconhecido, visto que boa parte dos golos são precedidos de sprint (Faude et al., 2012) e os avançados e os médios tendem a percorrer maiores distâncias em sprint em jogos que culminam em vitória, em comparação com jogos em que saem derrotados (Andrzejewski et al., 2017). De facto, evidências recentes sugerem que as distâncias percorridas em alta velocidade e em sprint têm aumentado progressivamente em ligas de futebol profissionais (Barnes et al., 2014; Bush et al., 2015). 

O acréscimo de exigência nas ações de corrida de alta velocidade deve ser tomado em consideração na preparação das sessões de treino, pois é fundamental perceber a carga física que os jogos suscitam nos jogadores para desenvolver situações de treino mais específicas (Owen et al., 2017). Se o treino não estimular, ou mesmo intensificar, os esforços de alta velocidade exigidos em competição, a performance física em jogo pode ficar comprometida (Di Salvo et al., 2007) e o risco de lesão aumentar (Gabbett, 2016; Malone et al., 2017). No entanto, apesar de ser relevante saber se as ações de alta velocidade em competição estão a ser replicadas no processo de treino (figura 2), poucos estudos analisaram as diferenças entre as demandas físicas em contexto de jogo e as proporcionadas em treino durante um microciclo competitivo.

 

Figura 2. Monitorização das exigências físicas em treino através de GPS (imagem não publicada pelos autores; fonte: https://www.cadizcf.com/).

 

Desta maneira, o propósito da investigação foi comparar as distâncias percorridas por jogadores profissionais de futebol em velocidades elevadas durante jogos oficiais, com os valores alcançados nas mesmas variáveis durante sessões de treino integradas num microciclo competitivo. Além disso, entre as partidas e as diferentes sessões de treino, foi ainda comparado o número de ações realizadas a velocidade alta e muita alta, em diversas distâncias de referência.

 

Métodos

Participantes: 12 futebolistas profissionais de futebol (defesas, n = 6; médios, n = 4; avançados, n = 2; idade: 28.1 ± 4.7 anos; estatura: 179.7 ± 4.1 cm; massa corporal: 78.2 ± 7.2 kg; % massa gorda [Faulkner]: 12.1 ± 1.6). Todos os jogadores competiram na mesma equipa na Liga BBVA (primeira divisão espanhola, época 2015/2016). 

Desenho experimental: foi empregue um desenho observacional descritivo. O estudo decorreu durante 10 semanas durante a primeira metade do período competitivo da época. Contudo, apenas sessões de treino de microciclos compostos por um jogo competitivo e cinco sessões prévias foram incluídas na análise (i.e., um total de seis microciclos competitivos). Cada sessão de treino teve uma duração média de ≈85 minutos (amplitude: 75 a 95 minutos). As sessões de treino foram agrupadas em diferentes tipos em função do número de dias de distância para o jogo competitivo – match day (MD) (Owen et al., 2017): 6xMD-5, 6xMD-4, 6xMD-3, 6xMD-2, 6xMD-1 (tabela 1). As sessões MD-2 não foram monitorizadas, uma vez que o seu propósito era a recuperação fisiológica do esforço realizado nos dias anteriores e, por isso, efetuadas em contexto de ginásio. Todos os registos de jogadores que não completaram as sessões de treino (lesão, gestão da carga, etc.) foram excluídos da análise. Um total de 24 sessões de treino e 222 registos individuais satisfizeram os requisitos de inclusão no estudo e foram sujeitos a análise.

 

Tabela 1. Conteúdo usual de cada tipo de sessão de treino (adaptado de Campos-Vazquez et al., 2021).

 

Durante o período sob investigação foram disputados nove jogos oficiais. A estrutura tática de base da equipa foi sempre a mesma (1–5–3–2) e, de modo a reduzir a possível influência da fadiga, de alterações estratégico-táticas (e.g., métodos de jogo, substituições, etc.) e do próprio resultado na performance física, apenas foi analisada a primeira parte dos jogos (45 minutos + tempo adicional). Um total de 69 registos individuais cumpriram os requisitos definidos (e.g., primeira parte completa) e foram utilizados no estudo. Todos os jogadores foram monitorizados, em treino e em competição, através de dispositivos GPS (Minimax S4; Catapult Innovations, Melbourne, Australia), a uma frequência de 10 Hz. Os dados foram, posteriormente, transferidos para computador a analisados através do software Openfield v.1.10.0 (Catapult®, Camberra).

Análise espaciotemporal: a carga externa de cada sessão de treino e jogo oficial foi avaliada de acordo com as seguintes variáveis: velocidade máxima (maximum velocity, MV), distância total percorrida (total distance covered, TD), distância a velocidade alta (distance at high velocity, DHV: >14.4 Km/h), distância a velocidade muito alta (distance at very high velocity, DVHV: >19.8 Km/h) e distância em sprint (sprint distance, DSP: >25.2 Km/h). Foi ainda analisada a quantidade de esforços com mais de 1 segundo realizados a velocidade alta (N-HV>14.4 Km/h), a velocidade muito alta (N-VHV>19.8 Km/h) e em sprint (N-SP>25.2 Km/h), em quatro categorias de distância (0–5 m, 5–15 m, 15–30 m, >30 m). Por último, o número de esforços repetidos de alta intensidade (repeated high-intensity efforts, N-RHIE), definidos como a realização de, pelo menos, três esforços (> 1 segundo) a uma velocidade superior a 14.4 Km/h e com um período de recuperação inferior a 21 segundos (Casamichana et al., 2012), também foi incluído na análise. Para viabilizar comparações entre jogos competitivos e os diferentes tipos de sessão de treino, os valores destas variáveis (excetuando a velocidade máxima) foram normalizados por minuto de participação (m/min) ou por tempo de participação (número de ações por hora).

Análise estatística: os resultados foram apresentados como médias ± desvios-padrão. A normalidade dos dados em cada variável foi analisada previamente à implementação de testes estatísticos. Após verificada a assunção de homocedasticidade, a Análise de Variância de uma via (one-way ANOVA) foi aplicada para apurar eventuais diferenças entre os jogos e os diferentes tipos de sessão de treino. As dimensões de efeito da ANOVA foram estimadas através de valores de eta quadrado. Não sendo verificados a assunção de homocedasticidade e o requisito de Games-Howell, foram empregues testes post-hoc de Bonferroni para se proceder a múltiplas comparações de pares, complementados com valores de Cohen’s d para apurar as dimensões de efeito. A análise estatística foi executada no software IBM SPPS v.24 e o nível de significância estabelecido em p ≤ 0.05.

 

Principais resultados

A tabela 2 expõe as distâncias percorridas, em diferentes intervalos de velocidade, nos diversos tipos de sessão de treino e nos jogos competitivos.

 

Tabela 2. Comparação das distâncias percorridas, em diferentes intervalos de velocidade, entre o jogo oficial e as sessões de treino no microciclo competitivo. Média ± desvio-padrão (coeficiente de variação em %) (adaptado de Campos-Vazquez et al., 2021).

 

Conforme podemos verificar na tabela (contorno a vermelho), foram nas sessões MD-4 e MD-3 que as exigências físicas mais se aproximaram dos valores observados em competição, embora fossem significativamente inferiores. Ao longo do microciclo houve a preocupação da equipa técnica em fracionar o esforço dos jogadores, de forma a que houvesse um período intermédio de maior intensidade e outro final de recuperação ativa (MD-2 e MD-1), o designado tapering, para o evento competitivo. Um resultado importante a destacar é que a velocidade máxima atingida nos jogos oficiais (29.5 Km/h) foi significativamente superior às velocidades máximas suscitadas pelos diversos tipos de sessões de treino analisados. 

O número de esforços com mais de 1 segundo realizados a velocidade alta, a velocidade muito alta e em sprint, em quatro categorias de distância (0–5 m, 5–15 m, 15–30 m, >30 m) constam nas figuras 3, 4 e 5.

 

Figura 3. Número de esforços a velocidade alta (N-HV>14.4 Km/h), nas diferentes categorias de distância (0–5 m, 5–15 m, 15–30 m, >30 m), ao longo do microciclo competitivo (Campos-Vazquez et al., 2021).

 

Figura 4. Número de esforços a velocidade muito alta (N-VHV>19.8 Km/h), nas diferentes categorias de distância (0–5 m, 5–15 m, 15–30 m, >30 m), ao longo do microciclo competitivo (Campos-Vazquez et al., 2021).

 

Figura 5. Número de esforços em sprint (N-SP>25.2 Km/h), nas diferentes categorias de distância (0–5 m, 5–15 m, 15–30 m, >30 m), ao longo do microciclo competitivo (Campos-Vazquez et al., 2021).

 

·      Sessão MD-5

Treino com cariz de recuperação, no qual a quantidade de esforços a velocidades alta, muito alta e em sprint foi significativamente inferior ao jogo competitivo e às sessões MD-4 e MD-3, sobretudo, em distâncias entre os 5 e os 30 metros. O número de esforços a velocidade alta (>14.4 Km/h) acima dos 30 metros foi significativamente inferior ao obtido para a sessão MD-1.

 

·      Sessão MD-4

Treino de condição física e com algum cariz aquisitivo, no qual o número de esforços a velocidade alta, muito alta e em sprint replicou as exigências experienciadas em competição para distâncias entre os 15–30 m. Contudo, estas semelhanças foram, essencialmente, provocadas por tarefas de condição física, tais como HIIT (high-intensity interval training). Para as distâncias 0–5 m, 5–10 m e >30 m, o número de esforços realizados nos diferentes intervalos de velocidade foi inferior ao apurado em competição.

 

·      Sessão MD-3

Treino de maior expressão aquisitiva no que a conteúdos estratégico-táticos diz respeito. Para as diversas distâncias analisadas (0–5 m, 5–10 m, 15–30 m e >30 m), o número de esforços executados nos diferentes intervalos de velocidade foi sempre inferior ao alcançado no jogo oficial.

 

·      Sessão MD-1

Sessão com diversos propósitos: recuperação ativa, trabalho de velocidade, e aperfeiçoamento estratégico e tático-técnico mais específico (i.e., finalização e esquemas táticos). As principais diferenças para as restantes sessões foram verificadas na categoria de distância 15–30 m, sendo obtidos valores significativamente inferiores nos esforços em velocidade alta, em relação aos outros tipos de sessão (MD-5, MD-4 e MD-3). A quantidade de esforços em velocidade muito alta e em sprint foi apenas inferior ao induzido nas sessões MD-4 e MD-3.

 

Aplicações práticas

No decurso do processo de treino, os futebolistas devem ser regularmente expostos a períodos de ações cíclicas com velocidades alta e muito alta, no intuito de otimizar a sua preparação para as demandas da competição (Malone et al., 2017). Com base nos resultados deste estudo e de outras investigações prévias, as atividades em velocidades elevadas a que os jogadores estão sujeitos durante as sessões de treino são insuficientes para corresponder às exigências competitivas. Este é um fator com especial impacto no risco de lesão, uma vez que uma dose reduzida de distâncias acumuladas em velocidade muito alta e em sprint no microciclo competitivo aumenta o risco de lesão em jogadores de futebol (Malone et al., 2018). 

As tarefas propostas no treino tendem a não permitir que os jogadores atinjam os picos de velocidades que são registados em competição. De acordo com os autores, pode-se especular que certas lesões musculares (e.g., isquiotibiais) que acontecem durante esforços em velocidade máxima nos jogos  possam derivar da estimulação inadequada do tecido musculoesquelético nas sessões de treino (Ekstrand et al., 2016). 

Comparativamente à situação de competição, nenhuma das sessões de treino analisadas correspondeu às exigências de esforço em velocidade elevada na categoria de distância >30 m. Estudos anteriores comprovaram que a velocidade máxima num sprint é atingida entre os 20 e os 40 m (Di Salvo et al., 2010; Suarez-Arrones et al., 2015). As equipas técnicas ou os preparadores físicos devem incluir tarefas analíticas para melhorar a velocidade em distâncias superiores a 30 m, visando alcançar velocidades máximas em circunstâncias análogas às requeridas em competição. 

O microciclo semanal deve ser cuidadosamente estruturado de modo a dosear o esforço exigido aos jogadores e dar resposta aos conteúdos estratégicos e tático-técnicos a desenvolver. Por exemplo, a sessão MD-5 normalmente ocorre até às 48h após o último jogo competitivo e os jogadores não se encontram totalmente recuperados do esforço realizado. Para facilitar a recuperação dos jogadores e evitar a acumulação de fadiga, os técnicos deve planear tarefas (mais ou menos específicas) com menos preocupações ao nível de ações com velocidades elevadas. Na última fase do microciclo, deve ser delineada uma sequência de conteúdos que induza o tapering, diminuindo a atividade geral associada a velocidades elevadas, mas mantendo tarefas que estimulem a velocidade máxima e ações com velocidade elevada em distâncias curtas (<15 m).

 

Conclusão

As distâncias percorridas em velocidades alta, muito alta e em sprint, em competição, não foram reproduzidas em nenhuma das sessões de treino investigadas. A atividade em velocidade máxima também ficou aquém do esperado nas sessões de treino de microciclos competitivos. Se as tarefas e/ou as sessões de treino não estimulam ou intensificam os esforços de alta velocidade solicitados em competição, a performance física no jogo pode ficar comprometida, bem como pode aumentar o risco de lesão. 

Relativamente à situação competitiva, somente a sessão MD-4 possibilitou obter a densidade de esforços em velocidades alta e muita alta para a categoria de distância 15–30 m, mas não para distâncias superiores a 30 m, nas quais a velocidade máxima é frequentemente verificada. Os treinadores e os preparadores físicos devem incluir tarefas de treino para desenvolver a velocidade de corrida em distâncias superiores a 30 m, uma vez que a metodologia de treino e estratégia de tapering ora avaliadas não simularam satisfatoriamente o espetro de atividades em velocidades elevadas observado nos jogos competitivos.


P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rúbrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Journal of Human Sport and Exercise.

02/07/2021

Um comentário sobre a promoção do #(un)EqualGame no UEFA EURO 2020

A UEFA organiza a cada quatro anos o campeonato europeu de futebol. A 16.ª edição do torneio, que era para ter sido disputada no verão de 2020, encontra-se a decorrer um ano depois (2021) em virtude da pandemia mundial da COVID-19 que a todos nos tem afetado (figura 1). A entidade que tutela o futebol no continente europeu continua a apelar ao “respeito” neste evento, através da campanha #EqualGame (“jogo de igualdade”), uma medida de responsabilidade social que, segundo a UEFA (2017), “procura defender e promover a incrível e muitas vezes inspiradora diversidade existente no futebol europeu, com as estrelas, desde as raízes até à elite, a conferirem o seu apoio sempre crucial”.

 

Figura 1. Logotipo da competição UEFA EURO 2020 (fonte: pt.uefa.com).

 

Foi precisamente o “jogo de igualdade”, o tal #EqualGame (figura 2) que tem como propósito promover o “respeito” enquanto valor basilar da nossa sociedade, que me fez tecer algumas considerações sobre outras medidas, a meu ver incongruentes, que a UEFA tomou especificamente para o atual EURO 2020. Se é verdade que o futebol tem o condão de criar e transmitir referências positivas para a sociedade em geral, então o exemplo deveria provir do incomensurável mediatismo que a elite possui. Em bom português, o exemplo deveria vir de cima e não veio, porque o “jogo de igualdade” assente na eliminação de fatores de confusão passíveis de deturpar a qualidade (individual e coletiva) dos protagonistas não foi devidamente salvaguardado a priori. Tentarei, em seguida, fundamentar esta minha opinião em dois pontos distintos: 1) determinação dos potes para o sorteio dos grupos do certame; 2) organização da competição por diversas cidades-anfitriãs.

 

Figura 2. Logotipo da campanha #EqualGame da UEFA (fonte: efdn.org).

 

Determinação dos potes para o sorteio dos grupos do UEFA EURO 2020

Ao contrário do que sucedeu em campeonatos europeus de futebol anteriores, o ordenamento dos potes pré-sorteio da fase de grupos somente considerou o “ranking” global da qualificação europeia que, excluídos os resultados frente às equipas que terminaram em último lugar, foi definido segundo os seguintes critérios: a) posição final do grupo; b) pontos; c) diferença de golos; d) golos marcados; e) golos marcados fora; f) número de vitórias; g) número de vitórias fora; h) total mais baixo de pontos disciplinares (3 pontos por cartão vermelho, incluindo o segundo amarelo, 1 ponto por cartão amarelo por cada jogador num jogo); i) posição global no “ranking” da UEFA Nations League.

A título de exemplo, Portugal alcançou o 2.º lugar do grupo de qualificação, com 5 vitórias, 2 empates e uma derrota. Conjugando os diversos critérios, e como não era um dos países com cidade-anfitriã, pois cada grupo tinha de ter um ou dois países com cidades-anfitriãs, ficou colocado no pote 3. Toda a história recente em competições oficiais da UEFA (vencedor do UEFA EURO 2016 e da UEFA Nations League 2019) não teve nenhum peso na hora de distribuir as seleções pelos potes, o que acabou por originar uma fase de grupos ridiculamente díspar (e.g., Grupo C – Países Baixos #16 ranking FIFA; Áustria #23; Ucrânia #24; Macedónia do Norte #62; Grupo F – França #2 ranking FIFA; Portugal #5; Alemanha #12; Hungria #37). Portanto, os campeões do mundo de 2014 (Alemanha) e 2018 (França), e o campeão europeu de 2016 (Portugal) ficaram no mesmo grupo. 

Posto isto, deixo duas questões para reflexão:

 

1)  Será que, de facto, os novos critérios adotados na fase de qualificação para o EURO 2020 foram uma promoção do #EqualGame e do “fair-play”, ou algumas seleções foram prejudicadas (e outras beneficiadas) face aos regulamentos que vigoraram até este torneio em particular?

2)  Terá sido uma coincidência que todas as equipas do grupo F, o designado “grupo da morte”, tenham ficado pelo caminho nos oitavos-de-final da prova, ou as exigências competitivas experienciadas durante o curto período da fase de grupos, em conjugação com o elevado número de jogos efetuado por grande parte dos jogadores destas seleções ao longo da época, não tenha de alguma forma contribuído para um rendimento abaixo do esperado?

 

Organização da competição por diversas cidades-anfitriãs europeias

Antes do EURO 2020, todas as edições da competição foram disputadas em um ou dois países. Normalmente, o país organizador recebe todas as seleções apuradas; porém, em caso de organização conjunta, os jogos são realizados em dois países, conforme aconteceu em 2012 na Polónia e na Ucrânia. Para a prova que agora decorre, a UEFA tomou a pioneira decisão de dispersar os jogos por 11 cidades-anfitriãs de países diferentes: Amesterdão (Países Baixos), Baku (Azerbaijão), Bucareste (Roménia), Budapeste (Hungria), Copenhaga (Dinamarca), Glasgow (Escócia), Londres (Inglaterra), Munique (Alemanha), Roma (Itália), São Petersburgo (Rússia) e Sevilha (Espanha). 

De acordo com a UEFA, a dispersão do EURO 2020 pelo território europeu foi a melhor solução, de modo a facilitar mudanças caso algum problema sanitário surja numa das cidades-anfitriãs devido aos tempos pandémicos que vivemos. No intuito de acautelar imponderáveis sanitários, esta medida foi bem pensada pela UEFA, no entanto, não se devia ter ignorado um fenómeno bem documentado associado à localização do jogo: o “efeito da vantagem de jogar em casa” (home advantage effect). Este constructo traduz-se na obtenção de melhores resultados desportivos quando um atleta ou equipa compete no seu estádio ou arena, comparativamente a quando o faz no reduto do(s) oponente(s) e é originado por uma rede complexa de fatores: suporte do público, familiaridade com o estádio/arena, territorialidade, efeitos da viagem, parcialidade da equipa de arbitragem, etc. (Pollard, 2008). 

Em especial no futebol, 57–62% dos pontos conquistados nas principais ligas europeias de clubes acontecem na condição de visitado, i.e., em “casa” (Almeida & Volossovitch, 2017; Lago-Peñas et al., 2016; Leite & Pollard, 2018), enquanto nas fases de qualificação para o Campeonato do Mundo da FIFA a magnitude do efeito varia entre os 56 e os 69% (Pollard & Armatas, 2017). A propósito do EURO 2020, 24 jogos da fase de grupos ocorreram com equipas visitadas/visitantes e 12 foram realizados em circunstâncias neutras. A tabela 1 mostra a distribuição dos resultados finais dos 24 jogos realizados com uma equipa a jogar em “casa”.

 

Tabela 1. Frequências absolutas e relativas de vitórias, empates e derrotas em “casa” na fase de grupos do EURO 2020.


Independentemente da qualidade das equipas, aspeto absolutamente fulcral para o resultado desportivo, podemos verificar que, em cerca de 71% dos jogos, a equipa visitada não saiu derrotada no decurso da fase de grupos, uma evidência inequívoca que reforça a relevância do fator “casa” na obtenção de sucesso em competições de futebol de elite. Por si só, este já constitui um fator de desigualdade em relação a campeonatos europeus prévios, mas não nos fiquemos por aqui. Em cada cidade-anfitriã, o número de adeptos permitidos nos estádios diferiu em função da situação epidemiológica vigente em cada país. Se, por exemplo, em Glasgow houve um total de 9847 espetadores no estádio para assistir ao jogo entre Escócia e República Checa, em Budapeste, a Hungria disputou os jogos contra Portugal e Franca, com 55662 e 55998 espetadores, respetivamente. Embora nem todas as investigações científicas tenham produzido conclusões unânimes neste âmbito, alguns estudos demonstraram a existência de uma relação positiva entre o número de espetadores nos estádios e a magnitude da vantagem de jogar em casa (Goumas, 2013; Pollard & Armatas, 2017; Ponzo & Scoppa, 2018), o que aumenta um pouco mais a controvérsia em torno deste novo formato implementado pela UEFA. 

Depois, há ainda que considerar os efeitos das viagens. Em jogos da fase de qualificação para Campeonatos do Mundo da FIFA, Pollard e Armatas (2017) reportaram um decréscimo significativo de 0.05 pontos/jogo por cada fuso horário atravessado pela equipa visitante. Outras investigações mostraram um aumento da magnitude da vantagem de jogar em casa quando a equipa visitante viajou longas distâncias (e.g., ≥ 4000 km) (Goumas, 2014; Pollard et al., 2008). A verdade é que nem todas as seleções mantiveram as mesmas rotinas de um jogo para outro no EURO 2020 (tabela 2). Se a Inglaterra disputou os 4 jogos que fez até ao momento em Londres (Wembley), tal como a Alemanha, a Dinamarca, a Espanha, a Itália e os Países Baixos não saíram de Munique, Copenhaga, Sevilha, Roma e Amesterdão, respetivamente, durante a fase de grupos, a seleção da Suíça, a título de exemplo, teve de viajar mais de 12000 km entre Roma e Baku. Ainda que não determine explicitamente a classificação final no evento, este é outro fator que não se coaduna com a igualdade e o respeito, que tanto a UEFA tem vindo a incitar, pelos principais intervenientes no jogo.


Tabela 2. Número de jogos disputados por cada seleção em "casa", em terreno neutro e fora, incluindo a fase de grupos e os oitavos-de-final do EURO 2020.

Nota: A cinzento constam as seleções apuradas para os quartos-de-final do EURO 2020.


Considerações finais

“Tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias”. É compreensível que a UEFA fizesse algo de diferente para lidar com a pandemia da COVID-19, se bem que as medidas ora discutidas avançaram muito antes da propagação do vírus na Europa. Por um lado, é admissível que a dispersão do evento por diferentes cidades-anfitriãs possibilite uma resposta mais eficaz a eventuais crises sanitárias; por outro lado, é espantoso que a UEFA não tenha equacionado o historial recente das seleções apuradas no ordenamento dos potes, nem a importância que o efeito ancestral da vantagem de jogar em casa pode ter no desfecho do torneio. 

Em edições anteriores, apenas os países organizadores puderam usufruir do fator “casa” e as distâncias percorridas por cada seleção, além de mais uniformes, foram substancialmente mais curtas. Por isso, a campanha de promoção do respeito #EqualGame surge conspurcada por uma série de decisões que primou por tornar o campo inclinado neste EURO 2020: o #(un)EqualGame. O respeito conquista-se e incentiva-se quando há uma convergência óbvia entre aquilo que se apregoa e o que se executa. Neste sentido, a UEFA pecou nas três dimensões do conceito de respeito: pela própria entidade, ao não ser coerente nas suas ações; pelo outro, ao fomentar um jogo desigual entre as diversas seleções; pelo contexto, ao ignorar o historial recente de cada equipa nacional, bem como o vasto leque de evidências científicas sobre o fator “casa”, na tomada de decisões. Na minha perspetiva, o que fica deste evento competitivo faz jus a um conhecido provérbio português: “de boas intenções está o inferno cheio”.

 

Referências

Almeida, C. H., & Volossovitch, A. (2017). Home advantage in Portuguese football: Effects of level of competition and mid-term trends. International Journal of Performance Analysis in Sport, 17(3):244–255. https://doi.org/10.1080/24748668.2017.1331574

Goumas, C. (2013). Modelling home advantage in sports: A new approach. International Journal of Performance Analysis in Sport, 13(2), 428–439. https://doi.org/10.1080/24748668.2013.11868659

Goumas, C. (2014). Home advantage in Australian soccer. Journal of Science and Medicine in Sport, 17(1), 119–123. https://doi.org/10.1016/j.jsams.2013.02.014

Lago-Peñas, C., Gómez-Ruano, M., Megias-Navarro, D., & Pollard, R. (2016). Home advantage in football: Examining the effect of scoring first on match outcome in the five major European leagues. International Journal of Performance Analysis in Sport, 16(2), 411–421. https://doi.org/10.1080/24748668.2016.11868897

Leite, W., & Pollard, R. (2018). International comparison of differences in home advantage between level 1 and level 2 of domestic football leagues. German Journal of Exercise and Sport Research, 48(2), 271–277. https://doi.org/10.1007/s12662-018-0507-2

Pollard, R. (2008). Home advantage in football: A current review of an unsolved puzzle. The Open Sports Sciences Journal, 1, 12–14. https://doi.org/10.2174/1875399X00801010012

Pollard, R., & Armatas, V. (2017). Factors affecting home advantage in football World Cup qualification. International Journal of Performance Analysis in Sport, 17(1-2), 121–135. https://doi.org/10.1080/24748668.2017.1304031

Pollard, R., Silva, C. D., & Medeiros, N. C. (2008). Home advantage in football in Brazil: Differences between teams and the effects of distance traveled. Brazilian Journal of Soccer and Science, 1(1), 3–10.

Ponzo, M., & Scoppa, V. (2018). Does the home advantage depend on crowd support? Evidence from same-stadium derbies. Journal of Sports Economics, 19(4), 562–582. https://doi.org/10.1177/1527002516665794

UEFA (2017). #Equalgame. https://pt.uefa.com/insideuefa/social-responsibility/respect/

  

P.S. – Há duas semanas, a UEFA comunicou a suspensão da regra do “golo fora” nas competições de clubes que organiza. Apesar de a deliberação não ter sido consensual no seio do comité técnico da entidade, passou. Numa era em que treinadores e outros profissionais do treino alertam para a necessidade de haver um maior respeito pela integridade física e psicoemocional dos jogadores, devido à exposição regular a calendários anuais altamente congestionados de jogos, a UEFA volta a ignorar os apelos dos agentes no terreno e suspende a regra do “golo fora”. Consequências? Estilos de jogo mais defensivos adotados pelas equipas visitantes, que não beneficiarão tanto em marcar um ou mais golos fora e, sobretudo, aumento da carga física e emocional fruto de mais tempo de jogo, através de prolongamentos e desempates por grandes penalidades. Tudo em prol do espetáculo e do #EqualGame.