18/05/2017

Construir, criar e finalizar pelo corredor central: O melhor exemplo do SL Benfica 2016/2017

Afastado das lides do blogue há algum tempo, por manifesta falta de tempo, eis que surgiu no passado sábado uma autêntica lufada de ar fresco no futebol português e, em particular, no campeão SL Benfica. Talvez naquele que foi o jogo mais conseguido da equipa na presente temporada, a qualidade do seu jogo interior (i.e., pelo corredor central) foi, por diversas ocasiões, capaz de desmontar por completo a organização defensiva do Vitória de Guimarães (somente o 4º classificado da LIGA NOS).

Embora tenham ocorrido mais jogadas dignas de registo, atentemos ao processo ofensivo que dá origem ao golo de Pizzi (3-0).


Numa era em que a esmagadora maioria das equipas vive do jogo exterior (corredores laterais) para criar situações de finalização, estas imagens mostram-nos como é possível construir, criar e concretizar golo, circulando a bola apenas pelo corredor central.

Figura 1. Etapa de construção e o passe vertical de Fejsa.
  
Na etapa de construção, Fejsa, posicionado na linha dos centrais, realiza um passe vertical para Pizzi que, sabiamente, apareceu no (enorme) espaço entre os setores defensivo e intermédio do Vitória SC.

Figura 2. As ações de Pizzi a «fixar» o adversário e a procurar a profundidade.

Enquadrado para a baliza no corredor central, Pizzi progrediu, «fixou» a oposição do adversário direto que se encontrava em recuperação defensiva, procurando logo uma desmarcação em profundidade (mobilidade).

Figura 3. O papel de Jonas na sequência ofensiva: determinante.

Por último, Jonas. Não acompanhou o movimento de recuo da linha defensiva, explorando novamente o espaço entre linhas em apoio. Enquadrou com a baliza, «fixou» os dois centrais adversários e concluiu com mestria a combinação tática direta com Pizzi. Parece tudo demasiado fácil... Daqui até à finalização foi um instante.

O jogo interior, quando bem aplicado, tem este condão: a eficiência de processos. Com apenas 3 jogadores envolvidos, 3 passes, 14 toques sobre a bola e em cerca de 9 segundos, o Benfica conseguiu romper a organização defensiva adversária pelo corredor central e obter sucesso (golo). Note-se que, quando Fejsa estava com a bola (etapa de construção do Benfica), a equipa de Guimarães tinha todos os jogadores atrás da linha da bola no seu meio-campo defensivo.

Este exemplo de sequência ofensiva deveria constar em qualquer compêndio sobre como jogar bom futebol. Bravo!

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