29/05/2024

Artigo do mês #53 – maio 2024 | Análise do efeito da idade relativa na história da Bola de Ouro (1956–2023)

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto.

 

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Autores: Saavedra-García, M. A., Santiago-Alonso, M., Vila-Suárez, H., Montero-Seoane, A., & Fernández-Romero, J. J.

País: Espanha

Data de publicação: 22-abril-2024

Título: Relative age effect analysis in the history of the Ballon d’Or (1956–2023)

Referência: Saavedra-García, M. A., Santiago-Alonso, M., Vila-Suárez, H., Montero-Seoane, A., & Fernández-Romero, J. J. (2024). Relative age effect analysis in the history of the Ballon d’Or (1956–2023). Sports, 12, 115. https://doi.org/10.3390/sports12040115

  

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 53 – maio de 2024.

 

Apresentação do problema

O efeito da idade relativa refere-se ao fenómeno em que indivíduos nascidos mais próximos de uma data de corte, inerente a um processo de seleção por idade cronológica, possuem um conjunto de vantagens sobre os seus pares nascidos mais tarde nesse período de seleção (Musch & Grondin, 2011; Wattie et al., 2014). No desporto, as datas de corte são comumente definidas entre os dias 1 de janeiro e 31 de dezembro do mesmo ano, conferindo aos jogadores nascidos nos primeiros meses uma vantagem desportiva, derivada a aspetos físicos, psicossociais, cognitivos e emocionais. De facto, a maioria dos países utiliza estas datas de seleção (Figueiredo et al., 2021), o mesmo ocorrendo nos torneios juvenis tutelados pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA), desde 1997 (Romann & Fuchslocher, 2013; Simon et al., 2022). Porém, no futebol profissional, a data de corte pode variar entre países. Por exemplo, em Inglaterra utiliza-se o dia 1 de agosto (Pedersen et al., 2022). Apesar destas divergências, os eventos da FIFA apresentam características propícias para estudos sobre o tema no futebol (Ribeiro et al., 2023). 

O efeito da idade relativa é particularmente pronunciado no futebol, no qual a idade influencia significativamente a elegibilidade e a participação (Mujika et al., 2009; Sarmento et al., 2018). A explicação primária para o efeito da idade relativa no futebol gira em torno de atributos físicos, que têm mais influência no jogo do que as habilidades técnicas durante as fases iniciais de desenvolvimento. Além disso, as pressões de seleção enfrentadas pelos futebolistas em idades mais jovens persistem na idade adulta, ao nível da elite (Saavedra-García et al., 2019; Wattie et al., 2014). Embora haja um número considerável de estudos sobre este efeito no futebol, é raro encontrar publicações que o examinem ao longo de um período prolongado (Pedersen et al., 2022; Saavedra-García et al., 2019). 

Os estudos longitudinais identificados incluíram jogadores de seleções nacionais (Saavedra-García et al., 2019) que participam em torneios da FIFA e que experienciaram a extrema dificuldade de seleção numa era marcada por uma enorme pressão competitiva. De facto, a competitividade levada ao extremo está a aumentar o efeito da idade relativa no futebol. No entanto, não foram encontrados estudos associando o efeito da idade relativa à nomeação ou atribuição de prémios individuais, como a Bola de Ouro (Ballon d’Or), promovida pela revista France Football (figura 2). A Bola de Ouro é um dos mais prestigiados prémios anuais de futebol, elegendo o melhor jogador de futebol masculino desde 1956 e a melhor jogadora de futebol feminino desde 2018. Introduzida em 1956 pelo editor-chefe da France Football, a Bola de Ouro era inicialmente exclusiva para jogadores europeus a atuar na Europa. Em 1995, uma parceria entre a FIFA e a France Football fundiu o prémio “FIFA World Player of the Year” com a Bola de Ouro. Em 2016, a FIFA e a France Football separaram os prémios. A FIFA introduziu o “The Best FIFA Men’s Player”, enquanto a France Football continuou a apresentar a Bola de Ouro, prémios que refletem de forma significativa a excelência individual na modalidade.

 

Figura 2. As 5 bolas de ouro ganhas por Cristiano Ronaldo (fonte: https://www.marca.com) (imagem não publicada pelos autores).

 

Na realidade, existem poucos estudos sobre a Bola de Ouro: uns caracterizaram os jogadores nomeados (Shibata & Inuiguchi, 2014), outros examinaram o processo de votação (Coupe et al., 2017; Kopkin & Roberts, 2022) e outros investigaram as celebridades que ganharam o troféu mais vezes (Anderson et al., 2019). Contudo, nenhum destes estudos examinou o efeito da idade relativa neste contexto. Assim, o propósito deste trabalho foi analisar o efeito da idade relativa na história da Bola de Ouro, averiguando a existência e a evolução do fenómeno desde a edição inaugural em 1956 até à atualidade (2023).

 

Métodos

Amostra: todos os futebolistas do sexo masculino nomeados para a Bola de Ouro, de 1956 a 2023. Os dados foram extraídos do website oficial da Bola de Ouro (https://www.francefootball.fr/ballon-d-or/palmares/). No total, foram incluídos 1899 jogadores, com uma idade média de 27.09 ± 3.72 anos. 

Procedimentos: foram analisadas variáveis relacionadas com o ano do prémio, classificação, pontos (valores absolutos e relativos) e data de nascimento. Após a obtenção dos dados, os trimestres de nascimento foram definidos a partir da data de nascimento dos futebolistas. Considerando o número de dias, foi executada uma pequena correção na distribuição de probabilidade uniforme: 0.247, 0.249, 0.252 e 0.252, respetivamente (Doblhammer & Vaupel, 2001; Edgar & O‘Donoghue, 2005). Os jogadores selecionados foram categorizados em trimestres com base no seu mês de nascimento (Q1: janeiro, fevereiro e março; Q2: abril, maio e junho; Q3: julho, agosto e setembro; Q4: outubro, novembro e dezembro). O ano também foi dividido em semestres (S1: janeiro a junho; S2: julho a dezembro). 

Análise estatística: a presença do efeito da idade relativa entre os melhores jogadores de futebol nomeados para a Bola de Ouro de 1956 a 2022, foi investigada através de testes qui-quadrado (χ²) para avaliar as diferenças entre as distribuições observadas e esperadas em cada trimestre de nascimento. Os tamanhos do efeito foram calculados usando o V de Cramer, com os seguintes limites: pequeno entre 0.06–0.17, médio entre 0.18–0.29, e grande para valores superiores a 0.29 (Cohen, 1992). Foram calculados os resíduos estandardizados (testes post-hoc) para identificar os trimestres que se desviavam significativamente dos valores esperados (Garson, 2010; Hancock et al., 2011), com valores absolutos superiores a 1.96 sendo significativos. Valores positivos indicam uma sobrerrepresentação de nascimentos num trimestre, enquanto valores negativos indicam uma sub-representação. Foram, ainda, usados rácios de probabilidades (odds ratios – OR) e intervalos de confiança de 95% para comparar as discrepâncias entre trimestres (Q1 vs. Q2, Q1 vs. Q3, Q1 vs. Q4) e semestres (S1 vs. S2), com dimensões de efeito de 1.22, 1.86 e 3.00 indicando tamanhos de efeito pequenos, médios e grandes, respetivamente (Olivier & Bell, 2013). Todas as análises estatísticas foram realizadas no SPSS, v. 29, com o nível de significância definido em p < 0.05.

 

Principais resultados

 

·     Efeito da idade relativa nos nomeados e nos mais votados (Top 10, Top 3 e vencedor) para a Bola de Ouro

Embora o efeito da idade relativa influencie globalmente os nomeados para a Bola de Ouro, o mesmo não foi observado entre os jogadores que receberam mais votos (tabela 1). Apesar de haver uma clara sobrerrepresentação de jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (Q1: jan–mar), o viés não se verifica entre os que ganharam ou se aproximaram de ganhar o troféu. Na amostra global, a dimensão do efeito foi pequena, com uma sobrerrepresentação significativa de futebolistas nascidos no primeiro trimestre e uma sub-representação de jogadores nascidos no terceiro trimestre (Q3: jul–set).

 

Tabela 1. O efeito da idade relativa na história da Bola de Ouro, no total e por década (Saavedra-García et al., 2024).

Notas: * teste estatístico significativo; V = dimensão de efeito Cramer’s V (s: pequeno; m: médio); Q1 até Q4 = trimestre 1 até trimestre 4; ** residuais estandardizados significativos.

 

·     Evolução do efeito da idade relativa ao longo da história da Bola de Ouro

A evolução do efeito da idade relativa ao longo da história da Bola de Ouro mostra que, nas primeiras décadas (1950 e 1960), houve um efeito invertido, ou seja, com uma sobrerrepresentação de jogadores nascidos no final do ano. Na década de 1950 foi identificado um efeito médio, com uma sub-representação significativa de atletas nascidos no segundo trimestre (Q2: abr–jun) e uma sobrerrepresentação de indivíduos do quarto trimestre (Q4: out–dez), que se manteve ao longo da década de 1960. 

A tendência inversa observada nas décadas de 1950 e 1960 desapareceu nas seguintes, não sendo notado um efeito da idade relativa significativo. Nas décadas de 2000 e 2010, o fenómeno reapareceu, caracterizando-se por uma clara sobrerrepresentação de jogadores nascidos nos primeiros meses do ano. De 2010 a 2020, identificou-se um efeito médio, com uma sobrerrepresentação significativa de futebolistas nascidos no primeiro trimestre e uma sub-representação de nascidos na segunda metade do ano (figura 3).

  

Figura 3. Evolução do dia de nascimento no ano de seleção, por ano e por década. Os intervalos mostram a média ± desvio-padrão. Os pontos e as linhas exibem as médias (Saavedra-García et al., 2024).

 

·     Comparação dos rácios de probabilidade (OR) por semestre e trimestre

S1 vs. S2: comparando os semestres de nascimento, observou-se uma dimensão de efeito grande na década de 2010 (OR = 3.37), média em 2000 (OR = 1.98) e efeitos pequenos nas décadas de 1980 (OR = 1.34), 1990 (OR = 1.44) e no total (OR = 1.25), com uma sobrerrepresentação de indivíduos nascidos no primeiro semestre do ano. 

Q1 vs. Q2: a análise comparativa do primeiro com o segundo trimestre revelou uma dimensão de efeito média na década de 1950 (OR = 2.19) e efeitos pequenos nas décadas de 1960 (OR = 1.27), 1970 (OR = 1.52), 1980 (OR = 1.59), 2010 (OR = 1.22) e no total (OR = 1.22), a favor dos nascidos no primeiro trimestre do ano. 

Q1 vs. Q3: os efeitos atingiram uma dimensão média na década de 2010 (OR = 2.79) e dimensões pequenas nas décadas de 1980 (OR = 1.42), 1990 (OR = 1.33) e no total (OR = 1.34), mais uma vez privilegiando os nascidos nos primeiros meses do ano. 

Q1 vs. Q4: os resultados da comparação demonstraram uma dimensão de efeito média na década de 2010 (OR = 2.19) e dimensões pequenas nas décadas de 1970 (OR = 1.25), 1980 (OR = 1.62), 1990 (OR = 1.35), 2000 (OR = 1.62), 2020 (OR = 1.39) e no total (OR = 1.22), sempre a favor dos futebolistas nascidos mais cedo no respetivo ano.

 

Aplicações práticas

A partir dos resultados anteriores, sugerimos 5 aplicações práticas que devem ser, no mínimo, ponderadas pelos treinadores ou outros profissionais (e.g., olheiros), no âmbito dos processos de recrutamento/seleção e de treino no futebol infantojuvenil:

 

1. Promover ajustes nos escalões etários, consoante o contexto de cada clube: o staff técnico e os dirigentes devem ser sensíveis ao enquadramento dos jovens praticantes nos escalões etários, utilizando, por exemplo, um agrupamento relativo dentro de cada categoria. Esta medida visa garantir uma competição mais justa e oportunidades de desenvolvimento para todos os jogadores, o que ajuda a mitigar as vantagens que os jogadores relativamente mais velhos possam ter devido ao seu mês de nascimento. 

2. Desenvolver programas de treino individualizados: o treino físico complementar já é uma prática instaurada nos programas formativos de clubes de elite. Neste sentido, é imperioso que os programas de treino individualizados considerem a maturidade física e psicológica em vez da idade cronológica. Esta abordagem pode atenuar as desvantagens associadas ao efeito da idade relativa, auxiliando o desenvolvimento de jogadores mais novos ou nascidos mais tarde. 

3. Sensibilizar e educar: um dos mecanismos mais promissores para lidar com o efeito da idade relativa é, precisamente, sensibilizar e educar treinadores, pais e dirigentes desportivos. Ações deste género conduzem a decisões mais informadas sobre a seleção e o desenvolvimento dos jogadores, reduzindo a possibilidade de vieses na identificação e na potenciação do talento. 

4. Monitorizar e avaliar o impacto do efeito da idade relativa nas performances individuais e coletivas: controlar e acompanhar a importância das datas de nascimento no desempenho dos jogadores e das equipas, de modo a perceber claramente se tal influi (ou não) na seleção e na retenção de talentos nos clubes e/ou nas seleções. 

5. Criar uma estrutura de apoio aos jovens relativamente mais jovens: proporcionar apoio adicional e orientação para os jogadores mais jovens ou nascidos mais tarde que possam apresentar desvantagens devido ao efeito da idade relativa. Esta intenção pode passar por propor sessões de treino extra, alternância de escalões etários na instituição, apoio psicológico e mentoria de jogadores mais velhos ou mais experientes.

 

Conclusão

A análise da história da Bola de Ouro permitiu identificar alguns padrões-chave relativos ao efeito da idade relativa: (1) o fenómeno é evidente e estatisticamente significativo entre os futebolistas nomeados para o troféu, especialmente no século XXI; (2) o efeito foi constatado entre os jogadores que ocuparam as posições de topo nas classificações da Bola de Ouro; (3) a evolução do efeito da idade relativa mostrou variabilidade ao longo do tempo, com um efeito inverso nas primeiras duas décadas do troféu, um período de inexistência (1970, 1980 e 1990) e um ressurgimento nas décadas mais recentes com maior incidências de futebolistas nascidos nos primeiros meses do ano. 

Os resultados destacam a complexidade do efeito da idade relativa no contexto do futebol e de prémios individuais prestigiados como a Bola de Ouro. A natureza dinâmica do fenómeno sugere que o seu impacto pode ser influenciado por fatores que evoluem ao longo do tempo. A inexistência do efeito da idade relativa nos futebolistas mais bem classificados na Bola de Ouro é um resultado intrigante, que requer uma análise mais aprofundada das circunstâncias únicas que podem contribuir para este efeito nos níveis de rendimento mais altos do desporto.

 

P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rubrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Sports.

21/05/2024

Curiosidades da Bola #2 – Os golos na Liga Portugal Betclic 2023/24

No passado dia 18 de maio, o blogue Linha de Passe celebrou a sua maioridade, completando 18 anos. Apesar de não ter assinalado a data no blogue e nas redes sociais, não me esqueci desta ocasião especial, pelo menos para mim. Como forma de comemorar a longevidade de um projeto que, por vezes, esteve moribundo, lanço a segunda edição da rubrica “Curiosidades da bola”, 21 meses após a publicação da primeira. 

Tal como no tema inaugural da rubrica, a Liga Portugal, agora patrocinada pela Betclic e conhecida entre os adeptos de futebol como “Tugão”, surge novamente no foco da análise, juntamente com o golo: a última determinante do sucesso na modalidade e que a torna tão apaixonante e popular. As curiosidades a seguir apresentadas tratam precisamente dos golos concretizados na recém-concluída edição da Liga Portugal Betclic 2023/24.

 

1) Recorde da média de golos por jogo das últimas 30 épocas (1994/95–2023/24)

Na época ora finda, a média de golos por jogo na Primeira Liga foi a mais elevada das últimas 3 décadas (figura 1).

 

Figura 1. Evolução da média de golos marcados por jogo na Primeira Liga portuguesa, entre 1994/95 e 2023/24.

 

Conforme podemos observar, marcou-se uma média de 2,87 golos/jogo em 2023/24, resultado de 877 golos em 306 partidas. De resto, este valor está significativamente acima da média de 2,52 golos/jogo, calculada para o período entre 1994/95 e 2023/24 (t = -11,775; p < 0,001; d = 2,15). A título de curiosidade, o segundo registo mais elevado (2,78) foi obtido na época 2012/13, enquanto o valor mais baixo (2,23) ocorreu em 2005/06. 

Também foi executada uma análise de correlação de Spearman para avaliar a relação entre a variável “Época” e a “média de golos por jogo na Primeira Liga”. Os resultados indicaram uma correlação positiva fraca, não significativa, entre as duas variáveis (rs = 0,224; p = 0,233; n = 30). Este resultado sugere que, ao longo das últimas 30 épocas, não há evidência estatística suficiente para afirmar que houve uma tendência significativa de aumento da média de golos por jogo na Primeira Liga.

 

2) Tipos de golos marcados na edição 2023/24 da Primeira Liga

A figura 2 exibe a distribuição do modo como os golos foram marcados na mais recente edição da principal divisão portuguesa.

  

Figura 2. Distribuição do modo como os golos foram marcados na mais recente edição da Primeira Liga.

 

Sem surpresa, cerca de 70% dos golos foram obtidos através de jogada corrida. Dos 30% de golos marcados através de esquema tático (bola parada), a maior porção derivou de pontapés de canto (n = 110; 12,5%), seguido de grandes penalidades (n = 75; 8,6%). O tipo de bola parada que originou o menor número de golos foi o lançamento lateral (n = 20; 2,3%), embora os pontapés livres diretos tenham tido uma frequência idêntica (n = 21; 2,4%). Volto a insistir: se os esquemas táticos produzem praticamente um terço dos golos marcados, quanto tempo deve ser despendido no microciclo semanal para a prática destas situações específicas do jogo?

 

3) Os penáltis foram menos importantes na obtenção do golo do que nas últimas épocas

Em 2023/24, foram assinaladas 98 grandes penalidades e marcaram-se 75 golos, sendo 70 deles de forma direta e 5 após recarga, o que corresponde a 8,55% da totalidade de golos concretizados. Esta é a percentagem mais baixa de golos marcados através de penálti das últimas 11 épocas, i.e., desde 2013/2014. O jogador mais concretizador da marca dos 11 metros foi o Héctor Hernández (GD Chaves), com 5 golos. Por outro lado, os guarda-redes mais bem-sucedidos foram Anatoliy Trubin (SL Benfica) e Luiz Júnior (FC Famalicão), com 3 defesas cada.

 

Figura 3. Luiz Júnior (FC Famalicão) a defender a grande penalidade executada pelo avançado Adrián Butzke (Vitória SC), aos 90’+2, na jornada 25 (fonte: vsports.pt).

 

4) Os autogolos não são assim tão irrelevantes quanto se possa pensar…

Vinte e seis golos, portanto, aproximadamente 3% dos golos marcados em 2023/24, foram “infortúnios” da equipa defensora, ou seja, autogolos. É interessante constatar que se marcaram mais autogolos que golos através de pontapés livres diretos ou na sequência de lançamentos laterais. Neste particular, é comum atribuir-se a justificativa da aleatoriedade, da chance: “foi infeliz”, “teve azar”, “tem de ir à bruxa”. O que é certo é que, destes 26 autogolos, 16 (61,5%) derivaram de erros na ação defensiva executada (interceção, alívio ou defesa do guarda-redes), ficando a restante parcela destinada a eventos realmente associados ao acaso. O rei dos autogolos foi o defensor Filipe Relvas (Portimonense SC), com 3 ações malsucedidas a desfavor da formação alvinegra. Vejamos abaixo o exemplo de uma delas, em Vizela, à sétima jornada.

  


Parece-me perfeitamente possível preparar os jogadores para evitarem alguns dos erros defensivos ou ofensivos inerentes à marcação de autogolos. Enquanto se adjudicar estas situações de jogo à sorte ou ao azar, jamais poderemos refletir sobre eventuais práticas para reduzir a respetiva incidência em competição. O trabalho individual é altamente recomendado para o efeito; a simples correção da colocação dos apoios pode contribuir bastante para que o erro não surja.

 

Nota final

Assim, fechamos a segunda edição das “Curiosidades da bola”, onde procurámos demonstrar que o conhecimento pode revelar aspetos do jogo que não são imediatamente visíveis. As tendências que identificámos ao longo do tempo resultam frequentemente de uma variabilidade difícil de prever ou quantificar. O futebol não é uma ciência exata e nunca será. No entanto, a arte do treino pode beneficiar substancialmente se estivermos atentos às tendências e padrões que o jogo apresenta em diferentes circunstâncias. 

Esperamos que esta análise inspire treinadores e entusiastas a refletirem sobre a importância de situações estratégico-táticas específicas, incorporando-as no treino diário. Com um entendimento mais profundo de estatísticas, padrões ou tendências, podemos continuar a evoluir na nossa abordagem ao futebol, tornando o jogo ainda mais apaixonante e competitivo.

27/04/2024

Artigo do mês #52 – abril 2024 | Influência da nova regra de substituições nos Campeonatos Mundiais e Europeus de futebol, masculinos e femininos, na última década

Nota prévia: O artigo científico alvo da presente síntese foi selecionado em função dos seguintes critérios: (1) publicado numa revista científica internacional com revisão de pares; (2) publicado no último trimestre; (3) associado a um tema que considere pertinente no âmbito das Ciências do Desporto. 

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Autores: Wei, X., Shu, Y., Liu, J., Chmura, P., Randers, M. B., & Krustrup, P.

País: China

Data de publicação: 12-fevereiro-2024

Título: Analysing substitutions in recent World Cups and European Championships in male and female elite football – influence of new substitution rules

Referência: Wei, X., Shu, Y., Liu, J., Chmura, P., Randers, M. B., & Krustrup, P. (2024). Analysing substitutions in recent World Cups and European Championships in male and female elite football – influence of new substitution rules. Biology of Sport, 41(3), 267–274. https://doi.org/10.1080/02640414.2024.2309814

  

Figura 1. Informações editoriais do artigo do mês 52 – abril de 2024.

 

Apresentação do problema

Uma das adaptações estratégico-táticas mais comuns feitas pelos treinadores de futebol durante os jogos passa pela realização de substituições, que podem ser utilizadas para modificar o dispositivo tático, promover mudanças no estilo de jogo da equipa ou manter níveis elevados de performance física, de modo a alcançar as intenções da equipa técnica (Siegle & Lames, 2012; Reilly et al., 2008). Na realidade, a competência dos substitutos é frequentemente considerada como um indicador de qualidade de uma equipa (Gómez et al., 2016; Hills et al., 2018). Em 2020, a Fédération Internationale de Football Association (FIFA) adotou a regra das 5 substituições para salvaguardar a condição física e a saúde dos jogadores de elite durante e após a pandemia de COVID-19, e essa regra tem sido mantida desde então. Com base nesta mudança de regra e no aumento da intensidade dos jogos de futebol (Barnes et al., 2014; Ekstrand et al., 2022), Nassis e colegas (2020, 2022) previram que os substitutos se tornariam ainda mais importantes no futebol do futuro, pelo que os treinadores devem ter esse fator em consideração. Neste contexto, é essencial estudar as características das substituições no futebol moderno. 

Através da análise de movimento-tempo, Bradley et al. (2014) e Carling et al. (2009) constataram que os substitutos correm mais em alta intensidade, tanto em termos de corrida acumulada, como em períodos de pico de intensidade. A nível situacional, Janusiak et al. (2024) verificaram que a diferença na distância de sprint entre titulares e substitutos foi maior no final do jogo, entre os 90 e os 95 minutos. Apesar de os substitutos entrarem em campo com intensidades de corrida mais elevadas, a carga física acumulada tende a ser consideravelmente menor do que a dos titulares devido ao menor tempo de exposição ao esforço (Gualtieri et al., 2020; Sydney et al., 2023). Mais recentemente, a investigação tem demonstrado que, sob a nova regra das 5 substituições, as equipas têm um aumento geral no desempenho de corrida, reduzindo, porém, a carga física global e a perceção subjetiva de esforço (Kobal et al., 2022; López-Valenciano et al., 2023; Meyer & Klatt, 2023). Este aspeto é particularmente importante em períodos congestionados de jogos (Tønnessen et al., 2013), enfatizando a importância de se executar múltiplas substituições (figura 2).

 

Figura 2. Múltiplas substituições sob a nova regra que estabelece um máximo de 5 por jogo (fonte: https://www.express.co.uk/) (imagem não publicada pelos autores).

 

Mediante a caracterização estratégico-tática das substituições, Del Corral et al. (2008) e Bradley et al. (2014) identificaram que, na LaLiga e na Premier League, as substituições ocorrem principalmente na segunda parte do jogo e mais frequentemente envolvendo médios. Os resultados mostraram ainda que as substituições na LaLiga ocorrem mais cedo do que na Premier League, e que os defensores são substituídos mais tarde em comparação com os atacantes (Del Corral et al., 2008). Especificamente, o tempo médio de jogo para os substitutos nas equipas da Ligue 1 francesa foi de 23 a 25 minutos (Carling et al., 2010), o que significa que as substituições ocorrem, em média, por volta dos 70 minutos. Além disso, os investigadores comprovaram que as equipas em desvantagem no marcador fazem substituições mais cedo no jogo por motivos estratégicos (Del Corral et al., 2008; Myers, 2012), apresentando maiores probabilidades de alterar o resultado ao realizar as 3 substituições antes dos minutos 58, 73 e 79, respetivamente (Myers, 2012). As substituições tardias são, por vezes, efetuadas para colocar em campo jogadores para os desempates por grandes penalidades, havendo alguma evidência que suporta esta prática (McGarry & Franks, 2000). 

No futebol masculino e feminino, os/as jogadores/as possuem diferentes capacidades e performances físicas (Sonesson et al., 2022; Pappalardo et al., 2021), sendo que as futebolistas tendem a experienciar fadiga mais cedo no jogo, comparativamente com os homens (Krustrup et al., 2005, 2010). Assim, os treinadores podem adotar estratégias de substituição distintas consoante o sexo dos jogadores. Até ao momento, não foi estudada a existência de diferenças entre o timing, o número ou a importância das substituições no futebol de elite masculino e feminino. No entanto, dados recentes sugerem que o futebol masculino é caracterizado por mais corridas de alta intensidade sob a regra de 5 substituições, o mesmo não se verificando no futebol feminino (Ayabe et al., 2022; López-Valenciano et al., 2023; Kobal et al., 2022). Por outro lado, os jogos em torneios internacionais tendem a ser fisicamente mais exigentes, também devido ao calendário mais congestionado (Modric et al., 2023). Neste caso, uma boa rotatividade do plantel é fundamental para o desempenho global da equipa, especialmente para os jogadores mais sobrecarregados (Kołodziejczyk et al., 2021). Portanto, justifica-se que seja realizada uma investigação específica sobre substituições em torneios internacionais. 

Assim, os objetivos deste estudo foram analisar as características das substituições e da marcação de golos nos Mundiais e Europeus de futebol masculino e feminino nos últimos 10 anos, em relação a diferentes regras, sexos, fases, torneios, tempo de jogo regular e desempates por grandes penalidades.

 

Métodos

Amostra: foram analisados um total de 549 jogos e 3738 substituições englobando os Campeonatos do Mundo da FIFA femininos de 2015, 2019 e 2023, os Campeonatos do Mundo da FIFA masculinos de 2014, 2018 e 2022, os Campeonatos Europeus da UEFA femininos de 2013, 2017 e 2022, bem como os Campeonatos Europeus da UEFA masculinos de 2016 e 2020. A regra das 5 substituições foi aplicada em 39,1% e 37,3% do total de partidas examinadas para homens e mulheres, respetivamente. Os dados foram recolhidos dos sites oficiais da FIFA (www.fifa.com) e da UEFA (www.uefa.com) e transferidos para um ficheiro Excel. 

Procedimentos: os dados dos substitutos (i.e., suplentes utilizados) para os diferentes resultados dos jogos (vitória, empate e derrota), fases (grupos e a eliminar), sexos (masculino e feminino) e regras de substituição (3 e 5) foram comparados e analisados separadamente. O tempo médio de substituição foi calculado como a soma total dos tempos de substituição para todos os substitutos dividida pelo número total de substituições. O tempo da primeira substituição foi registado quando o primeiro substituto entrou em campo. Ao comparar o tempo médio das substituições e o número médio de minutos de jogo para os substitutos, os dados dos prolongamentos (tempos extra) foram excluídos para evitar confusão (Liu et al., 2015, 2020). No entanto, os golos dos substitutos no tempo extra foram incluídos na caracterização dos golos. Adicionalmente, o resultado após o tempo de jogo regulamentar foi utilizado como o resultado do jogo. Os golos dos substitutos foram ainda categorizados como golos com ou sem impacto no resultado final, em função de o resultado do jogo ter ou não mudado com o golo do jogador que substituiu um companheiro de equipa. Relativamente aos jogos com prolongamento, os dados estatísticos foram apenas considerados no que se refere à participação dos substitutos no desempate por grandes penalidades. 

Análise estatística: os dados foram analisados através do software SPSS 26.0 (IBM, Chicago, EUA). A normalidade foi verificada através de testes de Kolmogorov-Smirnov. Os dados foram apresentados como médias e desvios padrão. As diferenças de tempo e número de substituições entre os diferentes resultados, sexos, fases, regras, impacto no jogo e torneios foram dissecadas mediante os testes não paramétricos U de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, com comparações post hoc de Dunn. Os testes de qui-quadrado foram aplicados para analisar diferenças nas proporções de golos entre suplentes utilizados e titulares, bem como entre homens e mulheres. O nível de significância foi estabelecido em p < 0,05.

 

Principais resultados

 

·     Tempo médio das substituições

O tempo médio das substituições foi significativamente superior com a regra das 5 substituições, comparativamente à regra das 3 substituições (70,6 vs. 69,2 minutos). Contudo, não foram encontradas diferenças significativas entre sexos, fases e torneios.

 

·     Tempo da primeira substituição

Não foram detetadas diferenças significativas no tempo da primeira substituição para as variáveis sexo, regras e torneios. Apesar disso, o tempo da primeira substituição foi significativamente diferente entre as fases dos torneios, ocorrendo mais tarde na fase a eliminar (59,8 minutos) face à fase de grupos (57,2 minutos).

 

·     Número de substituições

Com a inclusão da regra das 5 substituições foram realizadas mais 48% de trocas de jogadores em competição (4,3 vs. 2,9). No futebol masculino também houve mais substituições comparativamente ao futebol feminino (3,5 vs. 3,2), embora não tenham sido observadas diferenças significativas entre as diferentes fases dos torneios e entre os torneios analisados.

 

·     Características das substituições em relação ao resultado do jogo

Considerando o resultado do jogo, foi verificada uma diferença significativa no tempo da primeira substituição (figura 3), com as equipas vencedoras e as que empataram a fazerem a primeira substituição mais tarde em comparação com as equipas derrotadas (59,3 e 60,2 vs. 55,3 minutos, respetivamente). Quanto ao número de substituições, os testes estatísticos não revelaram diferenças significativas em função dos resultados dos jogos.

 

Figura 3. Caracterização das substituições em relação ao resultado do jogo (Wei et al., 2024).

 

·     Comparação dos golos marcados por titulares e substitutos

A percentagem de golos marcados por suplentes nos Campeonatos Europeus e Mundiais dos últimos 10 anos foi de 13,4%, não sendo observadas diferenças significativas entre sexos (masculino: 14,8% vs. feminino: 11,7%), regras de 5 e 3 substituições (14,7% vs. 12,5%, respetivamente), fases do torneio (13,5% vs. 13,0%) e torneios (13,2% vs. 13,6%). A taxa de sucesso dos jogadores suplentes em desempates por grandes penalidades foi significativamente menor comparativamente aos jogadores titulares (61,4% vs. 73,9%, respetivamente). 

Não houve diferenças significativas entre o futebol masculino e feminino ao nível da contribuição para golos por parte de suplentes em função de diferentes fases dos torneios, regras e impacto no jogo (figura 4). Porém, identificou-se uma tendência para mais golos marcados por suplentes no futebol masculino durante as fases a eliminar (31,0% vs. 19,0%), com uma tendência para um impacto maior nos resultados (54,0% vs. 41,3%), em comparação com o futebol feminino.

 

Figura 4. Distribuição de golos entre jogadores titulares e substitutos durante os Campeonatos do Mundo e Europeus de 2013 a 2023, no futebol masculino e feminino (Wei et al., 2024).

 

Os suplentes que marcaram golo entraram em campo mais tarde nos jogos masculinos do que nos jogos femininos (66,3 vs. 60,3 minutos), e durante a fase a eliminar em comparação com a fase de grupos (61,4 vs. 71,9), enquanto não houve diferenças entre regras, torneios e impacto no resultado do jogo. Os jogadores suplentes que marcaram golos entraram em campo 18,1 minutos antes do golo, sem diferenças para as regras, sexos, fases, torneios e impacto no resultado final.

 

Aplicações práticas

Na sequência dos resultados apresentados, foram elaboradas 5 sugestões práticas para que as equipas técnicas possam rentabilizar a realização de substituições ao nível do futebol de elite:

 

1.  Efetuar substituições estratégicas e devidamente ponderadas: os treinadores devem utilizar estrategicamente as substituições, especialmente nas segundas partes dos jogos, de modo a maximizar o desempenho e manter a frescura da equipa. Ponderar devidamente as substituições é mais relevante em jogos de alta intensidade, como aqueles que ditam a eliminação direta de uma das equipas.

 

2.  Atentar à contribuição que os suplentes utilizados podem ter na marcação de golos: as equipas técnicas devem reconhecer a contribuição significativa dos jogadores substitutos na marcação de golos, com cerca de 50% dos seus golos a influenciar diretamente os resultados dos jogos em Campeonatos Europeus e Mundiais. Planear apropriadamente as substituições pode ter um impacto positivo nos resultados de alguns jogos. 

3. Jogadores substitutos têm uma menor eficácia nos desempates através de grandes penalidades: na preparação de desempates através de grandes penalidades, os treinadores devem equacionar cuidadosamente a seleção de jogadores para a especificidade destes eventos. Os suplentes utilizados tendem a ter uma taxa de erro mais alta devido a fatores como a falta de experiência ou pressão psicológica aumentada. Estar a par destas tendências ajuda a tomar decisões informadas para selecionar jogadores para momentos cruciais. 

4. Garantir uma preparação mental específica para os suplentes utilizados, no caso de entrarem em períodos críticos do jogo: é fundamental estar ciente das exigências mentais de certos períodos (ou eventos) dos jogos, como os prolongamentos e os desempates por grandes penalidades, para assegurar uma preparação mental adequada para os suplentes a utilizar, já que poderão experienciar pressão e ansiedade aumentadas. Por muito competentes que os jogadores possam ser do ponto de vista tático-técnico, se não forem resilientes mental e emocionalmente não conseguirão mostrar o desempenho esperado. 

5. Adaptar o tipo de substituição às fases de torneios internacionais: é conveniente analisar e compreender as tendências estatísticas dos substitutos marcadores de golos. Geralmente, entram mais tarde nas fases a eliminar, visto que as equipas técnicas procuram introduzir jogadores frescos para melhorar o desempenho coletivo no período de prolongamento. Em caso de a equipa estar em desvantagem no marcador, será prudente tentar inverter a tendência do resultado promovendo substituições mais cedo.

 

Conclusão

Os autores observaram um aumento assinalável do número de substituições e do tempo médio de jogo dos substitutos com a introdução da regra das 5 substituições. A fração de golos marcados por suplentes utilizados alcançou um valor próximo dos 15%. Também se verificou que os substitutos marcadores de golo entraram mais tarde nos jogos a eliminar, em comparação com a fase de grupos. Atualmente, são realizadas mais substituições no futebol masculino do que no feminino. Curiosamente, a taxa de sucesso nos desempates por grandes penalidades foi significativamente menor nos substitutos relativamente aos titulares, tanto em torneios internacionais masculinos como femininos. O presente estudo providencia informações valiosas sobre as características das substituições nos torneios internacionais de elite de futebol masculino e feminino. Em termos práticos, os treinadores podem utilizar estas informações para tomar melhores decisões sobre quando e como promover substituições, colocando em campo os jogadores certos para as circunstâncias contextuais em causa, elevando, assim, a probabilidade de obter melhores resultados em competição.

 

P.S.:

1-  As ideias que constam neste texto foram originalmente escritas pelos autores do artigo e, presentemente, traduzidas para a língua portuguesa;

2-  Para melhor compreender as ideias acima referidas, recomenda-se a leitura integral do artigo em questão;

3-  As citações efetuadas nesta rubrica foram utilizadas pelos autores do artigo, podendo o leitor encontrar as devidas referências na versão original publicada na revista Biology of Sport.