28/11/2007

A Criança, a Fantasia e o Pai Natal.

Diariamente trabalho com inúmeras crianças e jovens, desde os 2 aos 16 anos de idade. Uma das perguntas que tenho por hábito fazer aos mais novos, é: "O que queres ser quando fores grande?". Médico, futebolista, polícia, condutor de camiões, enfermeira, piloto de aviões, astronauta e biólogo marinho, são algumas das profissões mencionadas.

Apesar de achar imensa graça às respostas, umas mais hesitantes que outras, faço sempre um esforço para nunca me rir ou gozar com elas. Pelo contrário, procuro sempre incentivar a criança a seguir o seu sonho, por muito difícil que seja. Se é possivel eu vencer o Euromilhões na sexta-feira, é muito mais provável que uma destas crianças consiga alcançar este seu "sonho de infância".

A vida é bela porque estamos sempre a aprender. Há uma dúzia de anos, pertencia eu, juntamente com alguns amigos da minha terra natal, ao clube local - o Juventude Desportiva Monchiquense - quando em dia de jogo, um dirigente fez questão de ir ao balneário para "dar moral à malta". Éramos crianças. Algures no seu discurso disse: "(...) nenhum de vós será um jogador profissional.". Realista. De facto, os poucos que chegaram aos séniores, nenhum passou dos distritais, contudo recordo-me das expressões tristes e cabisbaixas dos meus colegas e da minha desilusão. Quem não queria ser jogador de futebol naquele grupo?

Ser sincero e realista não são qualidades negativas num adulto, porém quando lidamos com crianças, é necessário sermos sensíveis às suas fantasias e aos seus processos de crescimento e maturação. É tremendamente cruel privar qualquer criança de um sonho, por muito estúpido que possa parecer.

Na minha opinião, devemos ir alimentado esses sonhos, sem ansiedades e sem expectativas demasiado elevadas, uma vez que em determinado momento da nossa vida, variável de sujeito para sujeito, todos nós deixamos de acreditar no Pai Natal.

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