03/06/2012

Radamel Falcao: a classe em modo “ponta de lança”

O colombiano Radamel Falcao (26 anos), atualmente ligado ao Atlético de Madrid, após passagens bem-sucedidas por River Plate e FC Porto, é um jogador que dispensa apresentações. Despoletou a atenção do velho continente com duas épocas de luxo no FC Porto (51 jogos, 41 golos) e por Espanha continuou a brilhar ao serviço do Atlético, onde viria recentemente a conquistar a segunda UEFA Europe League consecutiva.


Na minha perspetiva, Falcao é tudo o que um “ponta de lança” deve ser e sabe fazê-lo com classe. Para muitos o "ponta de lança" é a referência no ataque de uma formação, posicionando-se, geralmente, entre os centrais adversários e assumindo-se como o principal responsável pelas ações de finalização da equipa. Julgo que é uma conceção vulgarmente aceite pela maior parte da comunidade adepta de futebol. Eu discordo. O futebol moderno exige que o "ponta de lança" transcenda os habituais “jogar entre os centrais” e “marcar golos”.

Acima de tudo, é um jogador que deve provocar o desequilíbrio da organização defensiva adversária e, por isso, deve ser dotado de alguma mobilidade. Mesmo que não seja um jogador capaz de romper por meio da qualidade técnica e da velocidade, deve ser suficientemente ativo e móvel para apoiar companheiros de equipa para, dessa forma, criar os tais desequilíbrios defensivos da equipa oponente, através de combinações táticas. 

Voltemos a Falcao. Primeiro, destaco o sentido posicional altamente apurado, o que está subjacente à inteligência a ler o jogo e que, por sua vez, permite que antecipe ações de companheiros e adversários. Segundo, é exímio a finalizar, seja a cabecear, com o pé direito, com o esquerdo, à meia volta, de bicicleta, colocando a bola em arco, etc. Terceiro, é um jogador dotado de uma mobilidade excelente. “Baixa” para combinar com os parceiros, cai facilmente nos corredores laterais para procurar o espaço vazio e, se tiver que partir para o 1x1 (um-contra-um), possui argumentos técnicos e velocidade para o executar com êxito. Quarto e, sublinho, não menos importante: não tem qualquer problema, nem dificuldade, a assistir um companheiro melhor posicionado para fazer golo.


A frequente ideia de que o “ponta de lança” está lá para “fazer golos” e que, portanto, “é quem assume a finalização”, a meu ver, não pega. O “ponta de lança” é, como qualquer outro jogador, um elemento que contribui para o sucesso do coletivo. Neste particular, assistir um companheiro melhor colocado para finalizar não só é sinónimo de inteligência, como também é sinónimo de qualidade e competência. Radamel Falcao, como referi, é tudo o que um “ponta de lança” deve ser. Permitam-me o atrevimento de acrescentar que Falcao não é um “ponta de lança” é o “ponta de lança”. É classe!

Pergunto-me porque é que em Portugal, com todas as qualidades que são reconhecidas aos técnicos, às academias e aos respetivos prospetores, não surge um “ponta de lança”. Podia ser um meio Falcao, decerto que estaríamos, por agora, muito melhor servidos.

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