30/12/2012

De 2012, entre bolsas e valores, para 2013

2012. Um ano marcado por crises, austeridades, revoltas e fins do mundo. Ainda cá estamos, dizem os especialistas para enfrentar mais crises, austeridades, revoltas, mas sem fins do mundo. Acabaram-se as profecias maias.
 
Bolsas. Cada vez menores. Não em tecido, mas em moeda corrente. Parecem mais pesadas, porém a ilusão deriva da matéria do dinheiro. O peso é inversamente proporcional ao seu valor, daí que 2 Euros pesem mais do que 200. O engraçado da coisa é que andamos com as bolsas ou os bolsos cada vez mais pesados, embora tenhamos menor poder de compra. É a crise.

 
Valores. Uma crise que se designa por “económico-financeira”. Guardo para mim que são os valores que se enterram. Administradores de grandes empresas repartem milhões em prémios ou bonificações, resultantes de excedentes, enquanto famílias debatem-se heroicamente para poder comer. Como é um fenómeno à escala planetária, entendo que é a humanidade que está crise. Saber de enredos de senhores de poses a fazer coleções de carros de alta cilindrada, com milhares, milhões ou biliões a passar ou a morrer de fome, é algo que nos devemos de, no mínimo, envergonhar. Uns riem-se maliciosamente dos que pior ficam, uns revoltam-se, a maioria assobia para o lado.
 
2013. As expectativas pessimistas. Se o Homem sonha, a obra nasce, então se o Homem projeta pesadelos, o que de lá virá? As trevas? Há quem nos minta e refira que vai ser melhor; há quem nos queira comprar com o retorno de subsídios, que na prática não nos traz quaisquer benefícios; há quem nos coloque a mão na consciência e nos desperte para o facto de ainda podermos fazer algo por nós próprios. Que nos relembre que somos livres, não de pagar menos impostos, mas de sermos melhores para a sociedade, para uma humanidade em decadência.
 
Para todos, um magnífico 2013. Que os seus dias nos façam partilhar os valores e o bom senso, que jamais qualquer política, crise ou austeridade nos poderá retirar dos(as) bolsos(as).

09/12/2012

O Jesus da nova Era quer fazer discípulos


Ponto prévio: nada tenho contra Jorge Jesus.
 
Em tempos houve um Jesus – o Messias – que fez os seus discípulos para disseminarem a Sua palavra. Esse Jesus é figura central no Cristianismo. Atualmente, temos um outro Jesus – o Mestre da Tática, como se autoproclama – que diz que a preparação estratégica do Benfica diante do Barcelona vai fazer seguidores. Não sou eu que o digo, podemos ler aqui as palavras do mestre. Este é figura central do panorama futebolístico português.

 Foto: O mestre da tática - Jorge Jesus. Fonte: http://www.record.xl.pt

Ora, ou sou eu que sou muito limitado, porque não percebi que a equipa do Barcelona manteve a sua identidade e qualidade, ou então é o “mestre” Jesus que é um gabarola, porque aquele Barcelona esteve a anos-luz da máquina de jogar futebol que todos conhecemos. A isto não estará alheio as ausências de elementos como Iniesta, Xavi, Fàbregas, Dani Alves, Busquets, Jordi Alba, Piqué e Messi do onze inicial. Portanto, o sucesso (que é muito relativo, pois também não triunfou) que a abordagem da equipa do Benfica teve neste desafio foi extremamente influenciado pela qualidade da oposição que, quer queiramos ou não, não era o verdadeiro FC Barcelona.
 
Para além disso, o FC Barcelona já tinha o primeiro posto do grupo assegurado. Sim senhor, os milhões são importantes, mas o contexto do jogo, ao invés do que sucedeu para os jogadores benfiquistas, não constituiu um grande estímulo emocional para o coletivo “culé”. Mesmo que os jovens da cantera catalã quisessem “mostrar serviço” a Tito Vilanova, não possuem o mesmo nível competitivo de Iniesta, Xavi ou Fàbregas. Precisasse o Barcelona de vencer o jogo e estou em crer que Jesus não estaria por agora a “vender” uma abordagem estratégica como se fosse o Santo Gral. Aliás, viu-se a aflição de 10 jogadores do Benfica (excetuando o guardião Artur) a correrem atrás de Messi, quando este encetou uma das poucas tentativas de progressão com bola de que dispôs. Paremos essa jogada a meio e observemos os espaços vazios nas costas da linha defensiva encarnada. Estivessem lá os outros artistas…
 
Teve o seu mérito, mas é essencial que percebamos o contexto do jogo e esse foi, sem dúvida, determinante para a ocorrência dos eventos a que assistimos. Que o siga, quem não quis ver; que o perdoe, quem já conhece a peça.

27/11/2012

Conferência-debate promovida pelo JD Monchiquense

O clube Juventude Desportiva Monchiquense irá promover uma conferência-debate no próximo dia 30-novembro-2012, pelas 21h30, relativa ao tema "A importância do exercício físico e da prática desportiva". A entrada é gratuita e o evento decorrerá no edifício-sede do clube na vila de Monchique.
 

Como é referido do blog oficial do JDM: "O painel de conferencistas é composto pelos seguintes elementos: Dr. Raul Pacheco (Director do Departamento de Medicina Desportiva do Instituto Português do Desporto e Juventude), Prof. Rui Batalau (docente universitário e investigador; Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Prof. José Borges (Coordenador do Departamento Técnico da Associação de Futebol do Algarve) e Pedro Martins (atleta olimpíco na modalidade de badminton), o debate será moderado pelo jornalista Nuno Costa (Sportv).".
 
Portanto, mais uma excelente oportunidade para enriquecermos os nossos conhecimentos acerca de um tema tão importante, como negligenciado, por grande parte da sociedade contemporânea.
 
Compareçam!
 
Mais informações em: http://jdmonchiquense.blogs.sapo.pt/

01/11/2012

"Tiki Taka" a fazer escola no distrital do Algarve

Salvo as devidas comparações entre o FC Barcelona e outra qualquer equipa, o seu estilo de jogo, designado por "tiki taka", inspira muitas mentes no futebol, desde profissionais a amadores, passando pelos jovens em processo de formação.
 
No passado dia 27 de outubro de 2012 soprou uma pequena brisa de "tiki taka" na serra de Monchique, no jogo que opôs o JD Monchiquense e o ACR Alvorense 1º Dezembro, a contar para a 4ª jornada da I Divisão Distrital. O jogo terminou empatado a 3 bolas, sendo este o 2-0 para a equipa serrana (visitados). Ora confiram:
 

 

25/10/2012

The Open Sports Sciences Journal (Vol. 5) | Manipulação de constrangimentos em jogos reduzidos de futebol: Análise da performance e implicações práticas

Após cerca de 15 meses que compreenderam a elaboração do projeto, definição do design experimental, seleção e recrutamento da amostra, recolha e tratamento dos dados, escrita, correções, revisões e mais correções e revisões, eis que é finalmente publicado o produto final.
 
O artigo Manipulating task constraints in small-sided soccer games: Performance analysis and practical implications, em que contei com o inestimável e precioso apoio dos professores António Paulo Ferreira e Anna Volossovitch (FMH – UTL), compõe a edição especial “Training Control and Performance Assessment in Sport” do The Open Sports Sciences Journal (Volume 5).
 
Foto: Perspetiva dos jogos reduzidos (Gr+3v3+Gr).
 
Aqui no Linha de Passe registo com enorme satisfação a ocasião, disponibilizando o respetivo resumo (abstract) e o link onde poderão aceder, gratuitamente, a este e a outros artigos científicos da autoria ou coautoria de investigadores nacionais e internacionais conceituados na área das Ciências do Desporto, em particular na análise do desempenho e no desenvolvimento da excelência no desporto (Ricardo J. Fernandes, Júlio Garganta, José Maia, Isabel Mesquita, Maria Teresa Anguera, Carlos Lago-Peñas ou Mark Williams).
 
Abstract
Since an awareness of key task constraints can be extremely beneficial for coaches, the lack of scientific background about the effects of altered game rules/conditions on individual or team performances during soccer practice is surprising. The aim of the present study was to analyze the influence of different small-sided game (SSG) playing rules (“free-form”, “two touches” and “four passes to score”) on the offensive performance of young soccer players. Eight U-13 male soccer players were divided into two balanced teams. The experimental protocol consisted of three testing sessions separated by one-week intervals. In each session, teams faced each other in the three SSG conditions (3vs.3+goalkeepers) during periods of ten minutes interspersed with five minutes of passive recovery. Simple (i.e. Duration of ball possession, Players involved, Ball Touches, Passes, Shots, and Result of the Offensive Sequence) and composite (i.e. Players involved/ Duration, Ball Touches/Duration, Passes/Duration, Ball Touches/Players involved, Passes/Players involved, Passes/Ball Touches, and Goal/Shots) performance indicators were used to characterize the offensive performance of both teams. Results revealed that the factor “playing rule” had a significant effect on simple and composite indicators (p < 0.05). It was concluded that manipulating task constraints, such as game rules, can direct practitioners towards intended behaviors, and consequently promote skill acquisition and improve performance in youth soccer. Further research is needed to extend the knowledge about the modification of playing rules in team sports practice.
 
Keywords: Constraints-led approach, performance, rules modifications, small-sided games, technical component, youth soccer.

 
 
Aproveito ainda o ensejo para, mais uma vez, agradecer à direção do clube Juventude Desportiva Monchiquense, na pessoa do atual presidente, e a todos os jovens que, a título de jogador ou colaborador, tornaram este trabalho possível.