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Apesar de achar imensa graça às respostas, umas mais hesitantes que outras, faço sempre um esforço para nunca me rir ou gozar com elas. Pelo contrário, procuro sempre incentivar a criança a seguir o seu sonho, por muito difícil que seja. Se é possivel eu vencer o Euromilhões na sexta-feira, é muito mais provável que uma destas crianças consiga alcançar este seu "sonho de infância".
A vida é bela porque estamos sempre a aprender. Há uma dúzia de anos, pertencia eu, juntamente com alguns amigos da minha terra natal, ao clube local - o Juventude Desportiva Monchiquense - quando em dia de jogo, um dirigente fez questão de ir ao balneário para "dar moral à malta". Éramos crianças. Algures no seu discurso disse: "(...) nenhum de vós será um jogador profissional.". Realista. De facto, os poucos que chegaram aos séniores, nenhum passou dos distritais, contudo recordo-me das expressões tristes e cabisbaixas dos meus colegas e da minha desilusão. Quem não queria ser jogador de futebol naquele grupo?
Ser sincero e realista não são qualidades negativas num adulto, porém quando lidamos com crianças, é necessário sermos sensíveis às suas fantasias e aos seus processos de crescimento e maturação. É tremendamente cruel privar qualquer criança de um sonho, por muito estúpido que possa parecer.
Na minha opinião, devemos ir alimentado esses sonhos, sem ansiedades e sem expectativas demasiado elevadas, uma vez que em determinado momento da nossa vida, variável de sujeito para sujeito, todos nós deixamos de acreditar no Pai Natal.