18/10/2012

A ausência de um “10” na seleção portuguesa

Para quem, nos anos mais recentes, viu Rui Costa ou Deco a jogar pela seleção portuguesa, de imediato reconhecerá a falta que faz um jogador com características de um “10” no meio-campo de Portugal.
 
Foto: Rui Costa a atuar por Portugal (retirado de www.google.pt).

Até ao momento, as quatro jornadas da qualificação para o Mundial 2014 – isto sem esquecer o magnífico Euro 2012 realizado pela seleção – demonstraram que, por muita qualidade que possam ter João Moutinho, Raúl Meireles e Miguel Veloso (os habituais titulares), nenhum deles é verdadeiramente um “10”.
Destaco, acima de tudo, predicados como a criatividade, a espontaneidade e a inteligência de jogo que distinguem os grandes craques que envergam ou envergaram a camisola “10”. Em conjunto, estes atributos possibilitam que um “10” saiba encontrar (e concretizar eficazmente) soluções para problemas contextuais do jogo que poucos (ou nenhum) companheiros de equipa conseguiriam discernir e executar. São estes jogadores que jogam e fazem jogar uma equipa; contagiam um jogador menos evoluído, técnica ou taticamente, a praticar um futebol vistoso e, simultaneamente, objetivo. São estes jogadores que melhor entendem os ritmos de jogo: quando é preciso circular mais a bola para recuperar ou pacientemente conduzir a equipa adversária a entrar em desequilíbrios defensivos; ou quando é necessário acelerar processos para aproveitar desequilíbrios já presentes na estrutura defensiva oponente (ataque rápido ou contra-ataque). São estes jogadores que só sabem jogar bem!
Sem desprimor para qualquer um dos excelentes médios que figuram nas opções iniciais de Paulo Bento, não temos um “10” em Portugal. A ausência das ideias de um “10” ficou por demais evidente diante da Rússia e da Irlanda do Norte. E que jeito daria um Rui Costa ou um Deco a Cristiano Ronaldo e a Nani nas alas. As cotações (leia-se, performances) destes jogadores na seleção subiriam em flecha.
Por último, não posso deixar de fazer figas para que as gerações futuras do futebol português sejam mais prendadas que esta no que toca à matéria de um “10”: uma espécie em vias de extinção que urge preservar e… saber formar.

1 comentário:

Pedro F. disse...

Gostei imenso da sua opinião.